Isca Intelectual: A Oferta – Dissecando uma obra prima

Há coisas que são maiores que a vida. O Poderoso Chefão é uma delas. E quando a Paramount resolveu contar a história de como esse clássico nasceu, eu fiquei com um pé atrás. Uma série com dez episódios? Será que não iam estragar a mística? Será que não iam transformar a obra-prima em novelinha?

Pois bem: The Offer, lançada em 2022 (está na Paramount+), baseada nas memórias do produtor Albert S. Ruddy e estrelada por Miles Teller, me pegou já no primeiro episódio. Bastou acompanhar o roteiro, Coppola, Puzo, Robert Evans e até a máfia metendo o bedelho na produção, para perceber que eu estava diante de algo especial.

The Offer é uma minissérie de 10 horas sobre… como fizeram um filme. E mesmo sabendo o final da história – Brando virou Don Corleone, Pacino virou Michael, e o filme virou a obra-prima que virou – o suspense está lá. Cada negociação, cada briga com o estúdio, cada chantagem da máfia, tudo tem aquele clima de “será que vai dar certo?”.

Para quem é fã da trilogia, como eu, a série é um prato cheio. Por pelo menos três vezes eu arrepiei e numa delas, que envolve “Rocket Man” de Elton John, os olhos se encheram d´água.

Mas nada se compara à sequência em que Marlon Brando, que havia lido o livro que deu origem ao roteiro, e já tinha o personagem na mente, na sala de sua casa, diante dos visitantes assombrados, vai se transformando em Don Vito Corleone. É um momento arrebatador, que tive de retornar para ver mais duas vezes.

Que viagem deliciosa. Giovanni Ribisi como Joe Colombo é um show à parte. Matthew Goode como Robert Evans rouba a cena. E as sequências de Puzo e Coppola criando o roteiro são de arrepiar – é como se escrever fosse uma ópera.

O impacto? Eu, que já vi O Poderoso Chefão mais vezes do que consigo contar, caí na armadilha de novo. Revivi a paixão, a nostalgia e a sensação de que o cinema, quando acerta, nos pega pela jugular. É isso que The Offer desperta: a urgência de mergulhar de novo nesse universo.

A gente não consegue não torcer por aquela turma que se juntou para produzir o maior clássico da história do cinema.

Se vale a pena? Para fãs de cinema, é aula. Para fãs de O Poderoso Chefão, é vício. Para quem nunca entendeu por que esse filme é tão grande, The Offer pode ser a chave. Só não espere a perfeição de Coppola – mas espere, sim, uma viagem apaixonada aos bastidores de um dos maiores feitos da sétima arte.

Agora vou mergulhar na versão que Copolla montou em 1977, reunindo as duas partes num filme só.

Vamos ver quatro lições de Liderança Nutritiva que podemos aprender com O Poderoso Chefão:

  1. Lealdade não é opção. É cimento.

No clã Corleone, lealdade não se pede, se exige. É ela que une o grupo diante das ameaças externas. Na liderança nutritiva, a lógica é parecida: quando a equipe sente que o líder é íntegro e não trai confiança, cria-se um ambiente blindado, onde todos se protegem e se fortalecem. A lealdade verdadeira não sufoca — ela nutre, dá segurança para ousar.

  1. Emoção no bolso, razão na mesa.

Sonny, o irmão explosivo, pagou caro por deixar a raiva comandar. Michael, ao contrário, sabia que decisões tomadas de cabeça fria garantem sobrevivência. O líder nutritivo entende isso: emoção serve para inspirar, mas decisão estratégica exige disciplina emocional. Não é frieza, é clareza.

  1. Favor é moeda. Confiança é banco.

“No dia do casamento da minha filha…” — o clássico pedido de favores no início do filme não é só cena icônica. É a demonstração de que relações sólidas nascem do dar e receber. Liderança nutritiva também se sustenta nessa troca: ajudar primeiro, cultivar confiança e saber cobrar retorno na hora certa. Sem confiança mútua, não há time, só peças soltas.

  1. Enxergar antes, agir na hora.

Michael tinha uma qualidade rara: consciência situacional. Ele lia a sala, observava detalhes, antecipava movimentos. Quando agia, era rápido e certeiro. O líder nutritivo faz o mesmo: observa, conecta padrões, confia no instinto informado por dados e experiência. Não age por impulso, mas também não congela na análise infinita.

A Isca de hoje vai para Lucky Luciano:

Aprendi tarde demais que não se constrói um negócio no medo. Ele precisa ser construído no respeito.

Liderança Nutritiva é um conceito que criei para definir aquele tipo de pessoa que não apenas lidera, mas inspira e impulsiona os outros a realizarem. Liderança Nutritiva é sobre transmitir, de forma leve, natural e ética, conhecimento e suporte emocional e social que realmente fazem a diferença na vida pessoal e profissional de quem está por perto. É a combinação perfeita entre provocar mudanças e nutrir o crescimento.

Saiba mais: lucianopires.com.br/palestras/lideranca-nutritiva