Bárbara: Oi, Babica! Pronta pra mais uma história cheia de ideias pra gente pensar?
Babica: Sempre! Hoje tem o quê? Princesas? Dragões?
Bárbara: Hum… hoje tem um anel mágico!
Babica: Oba! O anel do Senhor dos Anéis?
Bárbara: Quase! Esse é o anel de Giges, da Grécia Antiga.
Babica – Ebaaaaaaaaaaaaa, eu adoro histórias da Grécia antiga!
Bárbara – Eu sou a Bárbara Stock.
Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela.
Bárbara: Somos as apresentadoras do Podcast Café Com Leite.
Babica: Um podcast para famílias com crianças inteligentes…
Bárbara: …e pais que se importam! Vamos à história?
Babica: Vamoooosssss!
Bárbara – Babica, sabe quem contou essa história? Um filósofo chamado Platão.
Babica: Platão? Ahahahahahah
Bárbara: Tá rindo do quê?
Babica: Do nome. Será que o filho dele se chamava Platinho? Parece o Cebolinha falando!
Bárbara: Deixa de ser implicante, menina! Platão era um dos pensadores mais importantes do mundo! Ele escreveu um livro chamado A República, e nele ele conta sobre um pastor chamado Giges.
Babica – Giges… mas não tem um nome que se salve…
Bárbara: A história começa assim: havia um pastor chamado Giges, que cuidava do rebanho de ovelhas de um rei. Um dia, depois de uma grande tempestade, o chão rachou e se abriu em um buraco enorme perto dele.
Babica: Nossa! Tipo um terremoto?
Bárbara: Isso! Giges, curioso, entrou na fenda para ver o que tinha lá dentro. Lá no fundo, ele encontrou um cavalo gigante… feito de bronze! Dentro do cavalo, havia um corpo muito maior que um homem comum, usando apenas um anel dourado.
Babica: Uau! E ele pegou o anel?
Bárbara: Pegou. E quando saiu da fenda, percebeu algo estranho: durante uma reunião com outros pastores, ele mexeu sem querer no anel, girando-o no dedo… e todos começaram a agir como se ele não estivesse mais ali.
Babica: Ele tinha ficado invisível?!
Bárbara: Sim. Quando girava o anel de um jeito, ele desaparecia. Quando girava de volta, reaparecia. Logo ele entendeu que tinha descoberto um poder enorme.
Babica: Nossa! Ele podia brincar de esconde-esconde e sempre ganhar!
Bárbara: Podia… mas Giges pensou em algo muito maior. Usou o anel para entrar no palácio sem ser visto. Seduziu a rainha, matou o rei e tomou o trono para si.
Babica: Eca… que feio! Ele podia ter usado pra ajudar as pessoas.
Bárbara: Pois é, Babica. É aí que Platão faz a grande pergunta: se você pudesse fazer qualquer coisa sem ninguém descobrir… você faria o que é certo ou o que é errado? Será que a justiça existe porque temos medo de sermos pegos, ou porque ela está dentro de nós, mesmo quando ninguém está olhando?
Babica – Hummmmmm
Bárbara – se você tivesse um anel desses, que ninguém pudesse te ver, você continuaria fazendo o que é certo? Ou aproveitaria pra fazer coisas erradas, já que ninguém ia descobrir?
Babica: Hmmm… tipo pegar um chocolate escondido na geladeira?
Bárbara: Exatamente. Ou colar na prova, roubar um brinquedo… Platão queria que a gente pensasse: será que a gente faz o que é certo porque tem gente olhando, ou porque a gente sabe lá dentro do coração que é o certo?
Babica: Ah, Bárbara… se ninguém visse, muita gente ia aprontar. Aposto!
Bárbara: É isso que o Platão queria que a gente refletisse. A frase “é sobre quem nós somos quando ninguém está olhando” vem daí: a verdadeira ética aparece quando ninguém nos vigia, mas a gente escolhe o bem mesmo assim.
Babica: Eu acho que… se a gente só faz o certo quando alguém está olhando, então não é ser justo de verdade.
Bárbara: Exatamente. O anel de Giges é uma prova de caráter. E, segundo Platão, a verdadeira virtude aparece quando a gente escolhe o bem mesmo tendo a chance de fazer o mal sem consequências.
Babica: Então, se eu tivesse um anel desses… ia usar só pra fazer surpresas boas pras pessoas.
Bárbara: E é aí que está a diferença entre um coração justo e um injusto, Babica. Deixa eu te explicar uma coisa importante que tem tudo a ver com a história do anel de Giges: a diferença entre moral e ética.
Babica: Ué, não é a mesma coisa?
Bárbara: Parece, mas não é. A moral é o conjunto de regras e costumes que a gente aprende com a nossa família, escola e comunidade. São coisas que dizem: “isso pode” e “isso não pode”. Por exemplo: na sua casa pode comer doce antes do almoço?
Babica: Nem pensar! Minha mãe não deixa.
Bárbara: Babica, você tem mãe?
Babica: Ué? Você não tem, Bárbara?
Bárbara: Eu tenho, claro!
Babica: Então eu também tenho. Tenho uma avamãe!
Bárbara: Ahahahha um dia eu quero conhecê-la!
Babica: Hummm vou pensar em trazer ela aqui.
Bárbara: Traga! Mas então: não comer doce antes do almoço é uma regra moral da sua avacasa. Agora, na avacasa do Nico, talvez isso seja permitido. Ou seja, a moral muda de lugar pra lugar.
Babica: Entendi. E a ética?
Bárbara: A ética é como um farol dentro da gente, que ajuda a decidir o que é certo ou errado mesmo quando não tem regra escrita. É pensar: “isso faz bem ou faz mal?”, “isso é justo ou injusto?”. Por exemplo: se você achar uma carteira na rua com dinheiro, a moral pode dizer “não é meu, devolve”. Mas mesmo que ninguém veja, a ética é o que vai fazer você querer devolver, porque sabe que é o certo.
Babica: Então a moral é tipo as regras do jogo, e a ética é jogar limpo mesmo quando o juiz não tá olhando?
Bárbara: Perfeito! A moral vem de fora, a ética vem de dentro. A moral pode mudar de acordo com a cultura ou o lugar, mas a ética é o que nos mantém corretos, mesmo que ninguém veja. Se você for na casa do Nico, mesmo que possa, não vai comer doce antes do almoço. Entendeu?
Babica: Então, se eu tivesse o anel de Giges, a ética ia ser o que me impediria de usar ele pra fazer coisa errada?
Bárbara: Isso mesmo, Babica!
Babica: Então o anel de Giges é tipo um teste pra saber se a gente é justo de verdade!
Bárbara: Exatamente, Babica. O anel de Giges é só uma história, mas a escolha… essa é nossa, todo dia. Mesmo sem anel nenhum. Então, Babica, o que podemos aprender com essa história do anel de Giges?
Babica: Que eu quero um anel desses.
Bárbara: Ahahahahaha Não, não é bem isso. Olha só:
Primeiro, o poder revela quem a gente é de verdade. Quando ninguém tá olhando, é que dá pra ver se somos justos ou egoístas.
Babica: Tipo quando dá pra pegar um doce escondido… mas a gente decide não pegar?
Bárbara: Isso. Segundo, agir certo é mais importante que ter medo de castigo. Fazer o bem só porque alguém está vigiando não é virtude de verdade.
Babica: Então a gente tem que ser boa pessoa mesmo quando não tem ninguém olhando?
Bárbara: Exato. Terceiro, nossas escolhas têm consequências, mesmo que ninguém descubra que fomos nós.
Babica: Ah, tipo quebrar o vaso e não contar… mas a mãe fica triste igual.
Bárbara: Isso. E quarto, o caráter é como um músculo: quanto mais você pratica fazer o bem, mais forte ele fica.
Babica: Então, se eu ficar treinando fazer o certo, vai ficar mais fácil sempre escolher o certo?
Bárbara: Sim, Babica. E aí, mesmo que apareça um anel mágico, você não vai precisar dele pra se sentir poderosa.
Babica: Porque o poder de verdade tá dentro da gente!
Bárbara: Olha, de onde veio essa história, tem muito mais! E de vez em quando vamos contar outras.
Babica: Isso mesmo! Visite o podcastcafecomleite.com.br para saber mais!
Bárbara: Café Com Leite! O podcast para famílias com crianças inteligentes…
Babica: …e pais que se importam!
As duas: Tchaaaaaaaaauuuuu!