O trecho que você ouviu é um que traumatizou crianças pelo mundo afora, no clássico da Disney Pinocchio, de 1940.
É quando centenas de crianças são levadas para a Ilha dos Prazeres. Uma ilha cheia de luzes coloridas, barracas de doces, brinquedos espalhados por todos os lados. Crianças correndo, gargalhando, comendo, fumando, bebendo.
Lá não existe escola, não há pais, não tem regras.
Só diversão sem fim.
O grito é: “Faça o que quiser! Aqui tudo é permitido!”
Pinocchio e seu novo amigo Espoleta têm acesso a jogos, a cerveja, a charutos…
E à revelia da consciência, o grilo falante, Pinocchio mergulha na farra.
A garotada se esbalda na ilha dos prazeres…. Mas aos poucos, a festa ganha outra cor.
No meio da bagunça, transformações nas crianças começam a acontecer
As mãos coçam, a voz falha… e quando abrem a boca, sai um… relincho.
Orelhas peludas surgem, dentes se alongam, o rosto se deforma.
Eles tentam gritar, mas já não são mais meninos. Estão se transformando em burros.
Um a um, todos se transformam em animais.
A promessa de liberdade vira escravidão.
A diversão sem limite se revela armadilha.
A conta chegou.
Essa metáfora sombria da Ilha dos Prazeres de Pinóquio, de quase um século atrás, é assustadoramente atual.
Troque os charutos pelos smartphones, os barris de cerveja pelos joguinhos, e os gritos de liberdade pelas notificações que pipocam sem parar… e você verá crianças — e adultos — sendo lentamente transformados em burros digitais.
Mas não é só isso não. Enquanto as telas roubam nossa atenção, as amizades se tornam superficiais, reduzidas a curtidas, emojis e frases automáticas. Vivemos cercados de conexões, mas famintos por vínculos. A mesma lógica que transforma prazer em vício transforma amizade em performance. O resultado? Gente que sabe reagir, mas não sabe se relacionar.
O palco mudou, mas a história é a mesma: estímulo fácil, prazer imediato, razão silenciada — e agora, solidão disfarçada de socialização.
É sobre isso que vamos falar neste episódio: como as telas, as redes e os algoritmos estão treinando nossos filhos a viver abaixo da condição humana — e como o resgate da amizade verdadeira pode ser o antídoto. Porque, sem vínculo real, nenhuma virtude floresce.
Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?
Imagine um cassino em Las Vegas. Máquinas piscando, sinos tocando, moedas caindo, aplausos de vitória. Pessoas hipnotizadas diante das telas, puxando a alavanca, esperando a próxima combinação mágica. Ninguém está ali pelo dinheiro apenas — estão pelo estímulo, pela descarga de adrenalina, pela ilusão de controle.
Eu já estive lá cara, e aquele barulho impressionante de dezenas de moedinhas caindo de dentro de uma máquina caça-níqueis, é hipnotizante.
Agora, troque o cassino pelo celular, as fichas pelas curtidas, e as alavancas pelos dedos deslizando na tela. Eis o retrato menos glamouroso — mas mais real — de uma geração treinada para reagir a estímulos, colecionar recompensas e viver abaixo da condição racional humana.
Não, não é sobre demonizar tecnologia não. É sobre colocar as coisas nos seus lugares. Aristóteles chamaria isso de prudência: decidir antes de clicar.
Por trás de redes sociais e jogos não tem neutralidade, meu cao. Eles não foram feitos para educar, nem para formar caráter. Foram desenhados para capturar atenção. Cada curtida, cada badge, cada brilho, cada “ding!” de vitória aciona circuitos de recompensa — sim, a famosa dopamina — e mantém crianças (e adultos) em alta ativação emocional. Quando o sistema límbico assume o volante, o córtex pré-frontal (o diretor de autocontrole, planejamento, que quer postergar a gratificação), ele tira um cochilo. Resultado? Mais impulso, menos reflexão; mais reação, menos deliberação.
Os algoritmos não buscam o bom, o belo e o verdadeiro; eles buscam engajamento. E o que engaja? Conteúdo que cutuca instintos primitivos. É por isso que vídeos cada vez mais apelativos vencem. Não porque sejam melhores, mas porque são desenhados para ganhar da sua atenção — e da do seu filho — no ringue do curto prazo.
Cara, eu falava isso lá no Brasileiros Pocotó, bicho.
Aristóteles diria que virtude é hábito. Se o hábito é rolar tela, trocar conversa por feed e estudo por pílulas de estímulo, a mente se molda para o imediato. A criança desaprende a esperar, a se concentrar, a se conter. E sem atenção sustentada não há aprendizado; sem autocontrole não existe formação moral.
- S. Lewis, inspirado na tradição clássica, explicou com a simplicidade dos gênios: somos cabeça (razão), barriga (paixões) e peito (a ponte que educa as paixões para obedecer à razão). Quando a educação terceiriza o “peito” pras telas — ou o abandona — formamos “crianças sem peito”: brilhantes para reagir, frágeis para escolher.
Isso aparece no cotidiano: crianças que não suportam tédio, que tratam gente como “conteúdo”, que confundem presença com conexão, e companhia com audiência. Na linguagem de Aristóteles, é o vício em ato: o instinto governa, a razão é silenciada.
O médico e escritor canadense Gabor Maté observa há décadas o mesmo padrão: o vício raramente começa no prazer; ele começa na dor. Falhas precoces de vínculo — não necessariamente violência, mas ausência, distração, sobrecarga — deixam um buraco afetivo. As telas entram como anestesia: dão atenção, previsibilidade e pertencimento (ainda que falsos). O efeito passa, a dor volta, e você precisa de dose maior.
Enquanto houver buraco afetivo, “limitar tempo de tela” parece um castigo. O problema não está no aparelho; está no coração. E coração ferido não se cura com mais estímulo — cura-se com vínculo verdadeiro, presença real e cultivo da razão.
“Fala Luciano, boa noite Luciano, aqui quem fala é Daniel Capello, um ouvinte seu. Já fui da confraria, saí, vai, volta… Bom, a vida tem às vezes essas perturbações.
Mas estou te mandando esse áudio aqui por conta desse podcast maravilhoso, o de número mil. E cara eu acho que você acertou no ponto, que eu acho que você realmente mostrou o seu valor, enquanto produtor de conteúdo, que é justamente fazer essa costura maravilhosa entre literatura, música, cultura, enfim, essa amálgama toda que você conseguiu linkar as coisas muito bem, eu acho que cara, aí está o seu diferencial.
Eu acho que frente as outras fontes aí de de conteúdo de boa qualidade eu acho que você faz de uma forma ímpar. Essa mistura toda mostra pra gente a cultura brasileira.
E cara, sinceramente, eu acho que esse que seria o seu o seu núcleo aí de atividade, porque eu sei que você tem sempre um uma boa bagagem aí, sobre essa questão empresarial, de comportamento humano de tomada de decisão, gera muito conteúdo nessa linha também até mesmo para juntar aí com as palestras e tal.
Mas cara eu vou te contar que com a forma com que você apresenta a cultura brasileira e esse recorte todo para mim, eu acho que é o grande tchan que você sabe fazer como ninguém, cara. Aposta mais nisso, cara.
Cria mais conteúdo nesse nível, juntar Graciliano Ramos com Tim Maia e Vila Lobos, sabe? Coisa desse nível. Faz essas costuras que eu acho que aí é que tá o seu ouro. Tá bom, cara?
Eu quis mandar esse áudio aqui, acho que eu só mandei o áudio pra você uma vez só. Mas vou te contar que eu tô aqui ainda dirigindo, no trânsito aqui, mas eu não pude deixar de enviar esse áudio pra você, porque realmente esse episódio foi um marco, além de ser o número mil, mas é um marco. Acho que você mostrou muito bem aí a essência do seu valor, cara.
Muito bom, muito bom mesmo. Parabéns, parabéns a todos esses anos aí de luta, de você ter se dedicado para construir aí esse legado todo. Parabéns mesmo. Um grande abraço para ti e boa noite.”
Grande Daniel Capelo, muito obrigado pelo comentário. Estão chegando comentários legais por causa do episódio 1000. Você trata de algo que, para mim, é muito delicado: que tipo de conteúdo eu tenho que colocar no mercado, para que o meu propósito seja cumprido, mas que eu também tenha uma fonte de renda. O que eu faço aqui, cara não é hobby, não. Desde que eu comecei meu trabalho como gerador de conteúdo, quando essa denominação nem existia, me esforço para incluir nacos de cultura dentro dos assuntos abordados, sejam eles quais forem. Por isso a música, a literatura, o cinema, as artes estão tão presentes. Eu adoraria mergulhar só nesse caldeirão cultural, cara, mas isso não vende. Ou melhor, vende sim, para meia dúzia. Eu tenho que atuar aqui num equilíbrio, oferecendo temas “mundanos”, que é onde as pessoas percebem algum valor. E mesmo assim, a quantidade de assinantes é ridícula diante do tamanho da audiência. De qualquer forma, cara, muito obrigado pelo comentário.
Ele botou muita pulguinha aqui atrás da minha orelha.
E você aí: já ouviu o Café Brasil 1000?
O comentário do ouvinte é patrocinado pela Vinho 24 Horas.
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Aristóteles descreveu três tipos de amizade: utilidade, prazer e virtude. A primeira some quando o interesse acaba; a segunda, quando a graça passa; a terceira é rara e formativa: querer o bem do outro por ele e não por mim. Em conversa de feed, sem silêncio compartilhado, sem divergência honesta, sem “desculpa, eu errei”, essa amizade não nasce. E sem amizade verdadeira, não há treino para o amor — e sem amor, nenhuma virtude se sustenta.
A cultura dá muita pista pra gente — e dá alertas. Está ai à nossa volta….
Aquela animação Wall-E (2008) mostra uma humanidade obesa de estímulo e anêmica de propósito, sentada em cadeiras que fazem tudo. Quando tudo é fácil, o corpo atrofia; quando tudo é instantâneo, a alma também.
Em outra animação, Divertida Mente (2015) lembramos que emoções não são inimigas. Precisam ser educadas. Tristeza tem papel. Medo tem função. Temperança é harmonia, não é repressão.
No filme Coach Carter (2005), que mencionei num episódio anterior: o treinador tranca o ginásio porque notas caíram. A mensagem? Ambiente educa tanto quanto discurso. Limites liberam.
Em A Sociedade dos Poetas Mortos (1989): “Carpe diem” mal-interpretado vira hedonismo; bem-interpretado é responsabilidade diante do tempo — usar o dia para o que vale a pena.
No Pinóquio (o original) é parábola perfeita da “Ilha dos Prazeres”: estímulo fácil transforma meninos em… burros. Boas intenções, maus hábitos, mesma conta.
No campo dos livros, Connor Gallagher entrega um mapa simples e profundo em “Se o filho de Aristóteles tivesse um iPod”: três eixos (virtude, amizade, felicidade) e um lembrete: pais são “razão emprestada” até que os filhos possam raciocinar por conta própria. Limitar telas, cultivar esforço, praticar espera, permitir frustração, estar presente de corpo e alma.
Uma mãe contou: “Meu filho de 9 anos explodia quando tirávamos o tablet. Fizemos um ‘acordo de tédio’ no jantar: 15 minutos sem tela, só conversa. No começo, ranger de dentes. Na terceira semana, ele trouxe um tema: ‘Por que que o céu muda de cor?’”. O tédio, esse monstro contemporâneo, virou berço de curiosidade. Sem mágica. Só ritual, repetição e presença.
Outro caso: um pai trocou o “parabéns, filho!” automático por feedback concreto: “Gostei de como você esperou sua vez no jogo, foi corajoso e gentil”. Nomear a virtude aponta a bússola: não elogiar o desempenho; reforçar o caráter.
O caminho mais antigo — e que ainda funciona — é lembrar o que os sábios já sabiam há muito tempo e que a ciência só está redescobrindo agora:
Temperança é saber parar antes do exagero. É aprender a dizer “chega” mesmo quando ainda dá vontade. Não é proibir tudo — é controlar a si mesmo.
Fortaleza é aguentar o desconforto quando ele vale a pena. Ficar frustrado não é fracassar — é como fazer musculação para o caráter.
Prudência é pensar antes de agir. Escolher o que é certo, do jeito certo, na hora certa. É decidir antes, e não se arrepender depois que a dopamina passa.
Justiça é lembrar que o mundo não gira só em volta da gente. É respeitar o outro, ser educado, cumprir o combinado. Ter modos é sinal de caráter e não de fraqueza.
E nada disso se aprende só ouvindo palestra ou vendo vídeo motivacional. Virtude se aprende fazendo, repetindo, errando e tentando de novo. Não é um sentimento de fim de semana — é um hábito de todo dia.
E se você é assinante do Café Brasil agora vou trazer o conteúdo extra. Vou falar em mais detalhes das três amizades que Aristóteles descreveu. Se você não é assinante, bem, vai perder… mas não fica triste não. Acesse mundocafebrasil.com e torne-se um assinante.
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“Mas, Luciano, o que eu faço na segunda cedo, hein?”
Sem frescura nem milagre, algumas dicas óbvias:
- Regoverne o ambiente
Telefone fora do quarto à noite, mesa de jantar sem telas, “ilhas de concentração” em casa (30–45 minutos de foco com pausa combinada). Regra pouca e clara é mais eficaz do que regulamento infinito.
- Ritualize vínculos
15 minutos diários de conversa olho no olho (sem pauta, só com escuta). Leitura compartilhada antes de dormir. Caminhada curta sem fone — o mundo ao vivo tem cheiros, cores e imprevistos que nenhum feed entrega.
- Nomeie virtudes
Em vez de “parabéns”, diga o quê, como e por quê: “Você foi paciente com seu irmão; isso é temperança. A casa fica melhor quando você é assim.”
- Introduza espera
Pequenos atrasos deliberados (aquele “minuto de ouro” antes de abrir presente; o “domingo sem compras por impulso”). Postergar gratificação é treino de liberdade.
- Permita frustração segura
Deixe seu filho perder. Deixa ele tentar de novo. Seguro não é “sem risco”; é “com risco pedagógico”.
- Reinstale a amizade real
Chame colegas para casa, promova jogos analógicos, ensine a pedir desculpas e a perdoar. Sem isso, o “nós” não nasce.
- Dê o exemplo
Criança não segue sermão; segue o que você faz. Se o adulto vive em transe de notificação, a pregação vira ruído.
Olha: a gente não está lutando contra os aplicativos em si. Estamos lutando por dentro das pessoas — especialmente das que ainda estão crescendo.
É a diferença entre ensinar alguém a pensar e apenas treinar alguém pra reagir.
Entre formar um consumidor que não pensa e um cidadão que faz boas escolhas.
Entre dopamina, que é prazer rápido, e alegria de verdade, que dura.
Entre ser plateia, que só assiste, e ser comunidade, que constrói junto.
Entre o petisco, que engana a fome por um instante, e o pão, que alimenta de verdade.
Aristóteles diria que ser feliz é usar o que há de melhor dentro da gente — a razão — pra fazer o bem.
Gabor Maté lembraria que, quando faltam vínculos e afeto, a gente tenta tapar o buraco com vícios.
E C. S. Lewis avisaria que, se a gente educar só a cabeça e esquecer o coração, criaremos pessoas inteligentes, mas frágeis — e uma inteligência sem caráter é como um carro veloz sem freio: pode até impressionar, mas é perigoso.
Vamos então ao merchan? Então, o Café Brasil com mais de 1000 episódios na praça, é uma produção independente, sem ter rabo preso com ninguém, sem ter nenhuma fonte de renda a não ser alguns patrocinadores e você, que pode se tornar um assinante.
Então, se você gosta do trabalho da gente, se você curte o podcast, acha que ele vale a pena, vem pra cá, cara! Torne-se um assinante.
Não se trata de ter mais capacidade de consumo de conteúdo, não é isso. É ajudar a gente a continuar a manter essa fabriquinha funcionando.
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Mais uma vez
Renato Russo
Flávio Venturini
Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o Sol já vem
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança
Mas é claro que o Sol vai voltar amanhã
Mais uma vez, eu sei
Escuridão já vi pior, de endoidecer gente sã
Espera que o Sol já vem
Nunca deixe que lhe digam
que não vale a pena acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança
Quem acredita sempre alcança
E é com Renato Russo interpretando Mais uma vez, canção que ele compôs a partir de melodia de Flávio Venturini, e que você ouviu Claudio Venturini contando como surgiu, que vamos saindo… esperançosos.
Essa canção trata de esperança e constância, duas virtudes que sustentam a amizade verdadeira. Num mundo em que as amizades de prazer e de utilidade somem na primeira tempestade, “mais uma vez” fala daquelas que permanecem.
É o amigo que fica quando todo mundo vai embora, que segura tua mão no escuro e diz: “espera, o sol já vem”.
“É claro que o sol vai voltar amanhã… mais uma vez.”
A letra carrega a mesma ideia que Aristóteles chamava de amizade de virtude — o vínculo que se mantém não pelo que se ganha, mas pelo que se é.
Essa amizade não depende de humor, de sucesso, nem de curtida. Depende de caráter, de lealdade, de um tipo de amor que atravessa o tempo. É a música que a gente põe no final do episódio, depois de discutir os três tipos de amizade, pra deixar o ouvinte com o coração quente e a cabeça quieta.
Ela sintetiza o que o mundo parece ter esquecido:
que o segredo da verdadeira amizade — e da vida virtuosa — não é intensidade, é repetição.
é aparecer, mais uma vez.
perdoar, mais uma vez.
ouvir, mais uma vez.
cuidar, mais uma vez.
no fundo, é disso que se trata a amizade de virtude: estar lá… mais uma vez.
Olha, eu sei que dá trabalho. Dá. Mas, como em Coach Carter, às vezes é preciso trancar o ginásio para abrir a cabeça. Como em Wall-E, é preciso levantar da cadeira que desliza sozinha. Como em Divertida Mente, é preciso deixar a tristeza sentar à mesa para aprender com ela. E como nos clássicos, é preciso voltar ao básico que funciona: rotina, vínculo, limite, exemplo, virtude.
Se você quer um guia prático, direto, com cheiro de vida vivida, eu recomendo “Se o filho de Aristóteles tivesse um iPod”, de Connor Gallagher. Não como manual de pânico moral, mas como mapa de resistência cultural: formar crianças com a razão no comando, paixões educadas, amizades verdadeiras e o coração apontado para o bom, o belo e o verdadeiro.
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Olha, educar é um ato de amor com direção. E direção, aqui, é resgatar a condição humana — a do animal racional e social — para que nossos filhos não virem artistas de truque em palco de algoritmo, mas gente inteira, capaz de escolher, amar, construir e, principalmente, dizer não quando todo o resto grita “vai”.
No final do dia, não é sobre tirar a tela da criança. É sobre devolver a criança ao mundo — e devolver o mundo a ela.
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O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.
De onde veio este programa aqui tem muito mais. E se você gosta do podcast, imagine uma palestra ao vivo. E eu já tenho mais de mil e duzentas no currículo. Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com.
Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.
Para terminar, uma frase do filósofo, escritor e jornalista francês Albert Camus:
“Não ande atrás de mim; talvez eu não saiba liderar. Não ande à minha frente; talvez eu não queira seguir. Caminhe ao meu lado e seja meu amigo.”