Café Brasil 995 – A Infância Roubada: Crianças, Telas e a Batalha Invisível Dentro de Casa

Olha: eu andava ressabiado aí com um certo clima de vigilância que tomou conta da internet brasileira. Sabe como é que é? Acho que você também, né?

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Em agosto de 2025, um vídeo sobre adultização infantil explodiu na internet: 41 milhões de visualizações, 5 milhões de menções nas redes sociais e impacto direto em 86 milhões de pessoas. Um tema que antes vivia escondido em teses acadêmicas e seminários fechados rompeu as paredes da universidade e invadiu grupos de WhatsApp de pais, pautou editoriais de jornais e virou assunto de sala de professores.

E o Brasil não é um caso teórico, é um caso prático. Entre 2021 e 2023, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, foram registrados 164 mil estupros de crianças e adolescentes — um caso a cada oito minutos. Em 2024, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos recebeu mais de 289 mil denúncias de crimes contra crianças e adolescentes, uma alta de 22,6% em relação ao ano anterior.

O Cetic.br, que é o Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação, que monitora a adoção das tecnologias de informação e comunicação (TIC) no Brasil. Fez uma pesquisa (https://cetic.br/pt/noticia/tic-kids-online-brasil-2023-criancas-estao-se-conectando-a-internet-mais-cedo-no-pais/) que apontou que 88% das crianças entre 9 e 17 anos já têm perfis ativos em plataformas digitais. Isso significa que praticamente toda a infância brasileira está conectada — muitas vezes sem supervisão adequada.

A questão não é mais se as crianças estão conectadas. Elas já estão. A pergunta urgente é: como estão?

A psicologia do desenvolvimento ensina que infância e adolescência são fases cruciais para a construção da identidade, da autoestima e da capacidade de lidar com emoções. Quando um garoto de 9 anos é empurrado para consumir conteúdo feito para adultos — seja por algoritmos, seja por falta de barreiras —, o resultado pode ser devastador: ansiedade, depressão, distúrbios do sono, isolamento social e enfraquecimento dos vínculos familiares.

Outro dado perturbador: a Pesquisa TIC Kids Online mostra que 30% das crianças brasileiras de 11 a 17 anos já receberam mensagens sexuais pela internet. E 21% declararam ter visto imagens de caráter sexual contra a própria vontade. Mais grave ainda: 11% já relataram ter sido assediadas por adultos em ambientes digitais. Isso não é acidente de percurso — é epidemia silenciosa.

Estamos, sim, diante de uma questão coletiva. O perigo não está apenas “lá fora”, na rua escura ou no estranho que se aproxima. Ele atravessa a tela do celular, entra na sala de estar, deita ao lado do travesseiro e, se não houver filtros — técnicos, emocionais e sociais —, passa a fazer parte da rotina das nossas crianças. Essa é a pegada do episódio de hoje.

Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

Nos consultórios de psicólogos, o refrão é quase sempre o mesmo: “meu filho é viciado em telas”. Pais narram brigas intermináveis para desligar celulares, crianças que burlam regras e ficam até de madrugada escondidas debaixo do cobertor, hipnotizadas pelo brilho azul. Uma cena cada vez mais comum em lares brasileiros.

Mas será que podemos, de fato, chamar isso de vício? Para drogas e álcool temos critérios objetivos: abstinência, tolerância, aumento progressivo do consumo. Mas para telas, a ciência ainda caminha. O risco é patologizar comportamentos que podem ser normais — afinal, uma criança que se irrita quando é desconectada pode não ser uma “viciada”, mas apenas… uma criança reagindo à frustração.

Ainda assim, a preocupação é legítima. O levantamento TIC Kids Online Brasil 2023, do Cetic.br, como eu comentei, mostra que 78% das crianças e adolescentes de 9 a 17 anos usam a internet todos os dias e 66% ficam conectados por mais de três horas diárias. Entre os adolescentes de 15 a 17 anos, esse número dispara: 44% passam mais de seis horas online por dia. Não é surpresa que a linha entre uso saudável e uso problemático se torne cada vez mais tênue.

A pesquisadora Sarah Domoff, que é professora assistente no Departamento de Psicologia da Universidade de Albany, na State University of New York, pegou como base o DSM-5 — que é um manual usado por psicólogos e médicos no mundo todo para diagnosticar problemas de saúde mental — e, em especial, os critérios usados para identificar o transtorno de jogos digitais (quando alguém joga tanto que prejudica a vida real).

A partir disso, ela adaptou esses critérios para criar um questionário específico sobre uso problemático de mídias digitais em geral (não só de jogos).

Esse questionário, chamado Problematic Media Use Measure, traz perguntas que os pais podem responder sobre os filhos, do tipo:

  • “É difícil para meu filho parar de usar mídia digital?”
  • “É a única coisa que o motiva?”
  • “Ele pensa nisso o tempo todo?”
  • “Fica frustrado quando não pode usar?”
  • “O tempo que quer usar só aumenta?”
  • “A mídia interfere nas atividades familiares?”

No Brasil, já vemos ecos disso em pesquisas locais. Segundo o relatório Panorama Mobile Time/Opinion Box 2024, 40% dos pais afirmam que seus filhos usam o celular até de madrugada, muitas vezes escondidos. E 63% dizem que enfrentam conflitos semanais por causa do tempo de tela.

O ponto central não é a palavra “vício”, mas a interferência na vida real. Quando a tela começa a substituir o sono, a brincadeira ao ar livre, a conversa em família, o estudo ou as amizades presenciais, o problema deixa de ser semântico e passa a ser concreto. O perigo não está na quantidade exata de horas, mas no que a criança deixa de viver enquanto está conectada.

Olha, se uma simples parede de sala de aula, cheia de cartazes coloridos, já é capaz de distrair alunos e reduzir a concentração, imagine o efeito de uma avalanche de imagens piscando, sons digitais, recompensas instantâneas e notificações calculadas para liberar dopamina. É isso que muitas crianças enfrentam todos os dias diante das telas.

Pesquisas confirmam que aplicativos infantis são projetados como cassinos de bolso: as recompensas aparecem em tempos aleatórios, mantendo a criança “presa” à expectativa do próximo brilho, da próxima fase, da próxima curtida. O efeito no cérebro? O mesmo que uma pequena dose de droga — um “barato” cerebral que se renova a cada toque.

Um estudo do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino em 2022, mostrou que a exposição prolongada a jogos digitais ativa as mesmas áreas cerebrais associadas ao sistema de recompensa e prazer — as mesmas que respondem a estímulos como chocolate, dinheiro e até substâncias psicoativas. É por isso que “desligar o tablet” pode gerar reações de abstinência em crianças pequenas: irritação, choro, agressividade.

Outro dado preocupante: de acordo com a mesma pesquisa TIC Kids Online 2023, 53% das crianças brasileiras entre 11 e 17 anos afirmaram já ter perdido horas de sono por ficarem conectadas. E sono, a gente sabe, é pilar do desenvolvimento cognitivo e emocional. O que parece apenas uma noite mal dormida pode, na soma, resultar em déficit de atenção, queda no desempenho escolar e aumento de problemas emocionais.

A professora Sherry Turkle, do MIT, vai além: estamos roubando das crianças o direito de aprender a lidar com o tédio. E o tédio é fértil. É no vazio, no silêncio, que uma criança inventa brincadeiras, descobre criatividade, aprende a estar só. Sem o tédio, a mente perde musculatura. eu vou repetir, cara: sem o tédio, a mente perde musculatura.

O problema é que, no Brasil, a ausência de tédio já virou regra. Isso significa que o espaço para a imaginação não é apenas reduzido — está sendo sistematicamente substituído por estímulos externos programados.

Estamos criando uma geração que não sabe esperar, não sabe se entediar, não sabe inventar. E quando a mente infantil deixa de experimentar esses “vazios criativos”, o preço será pago em frustração, ansiedade e dependência de estímulos externos para sentir prazer.

“Bom dia, boa tarde, boa noite, oi Luciano, aqui é a Bruna de Brasília.

Já deveria ter mandado esse recado há mais tempo, sou sua assinante, sou sua fã e sua ouvinte. O programa que eu mais escuto é o Café Brasil Prêmio, mas o meu favorito é o Café com Leite. Sempre aprendo e dou muita risada com a Bárbara e a Babica.

Quero te agradecer pelo seu trabalho, toda a tua equipe, dizer que você é um farol de lucidez nesse oceano tão conturbado que a gente tem vivido e agradecer a Deus pela sua vida, pedir a ele que te abençoe sempre.

E obrigada Luciano por todo o seu trabalho, toda a sua equipe, vida longa ao Café Brasil.”

Muito obrigado, Bruna! Cada vez que eu recebo um elogio ao Café Com Leite, ganho mais um ano de vida, rararararar. É o meu projeto do coração, feito para que as crianças tenham uma chance de encontrar conteúdo pertinente, útil, honesto e que as ajude na construção de caráter. É a nossa contribuição para combater essa loucura que abordamos no episódio de hoje. Muito obrigado por ouvir e por contribuir!

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Então, aqui está o nó: pais temem que, sem tela, a criança se entedie, fique “de fora” do grupo, seja vítima de exclusão. O medo da marginalização digital é real — afinal, como eu já disse que 76% dos adolescentes brasileiros dizem que usam redes sociais para não se sentirem isolados dos colegas. O problema é que, ao entregar o celular como uma chupeta emocional, os pais alimentam um ciclo que pode sair do controle: a criança não apenas evita o tédio, mas passa a depender da tela para regular emoções básicas como frustração, solidão e ansiedade.

É comum ver famílias vivendo num pêndulo cansativo: ora regras rígidas (“acabou, vou tirar o celular e pronto”), que duram dois dias e terminam em gritos e portas batendo; ora o total abandono (“deixa pra lá, não aguento mais brigar”). Essa oscilação constante mina a confiança da criança, que percebe a inconsistência e aprende a manipular as brechas. Resultado: conflitos cada vez mais desgastantes e um ambiente familiar marcado por ressentimento.

Segundo a pesquisa do Panorama Mobile Time/Opinion Box 2024, 63% dos pais brasileiros afirmam enfrentar discussões semanais por causa do tempo de tela dos filhos. E 40% relatam que as crianças usam o celular escondidas, muitas vezes até de madrugada. Esses números revelam que não é apenas um problema de limites: é um problema de coerência na forma como as famílias lidam com a tecnologia.

Não se trata de eliminar a tecnologia — isso seria ingênuo e impossível. O celular já é extensão da vida social, escolar e até da identidade dos jovens. A questão não é a presença da tecnologia, mas a ausência de fronteiras saudáveis. Fronteiras claras, consistentes e negociadas, que ensinem a criança que a tela é ferramenta, não muleta.

E a  luta não acontece apenas dentro de casa, não. A escola também precisa assumir o seu papel como rede de proteção. Afinal, é lá que as crianças passam grande parte do tempo, é lá que aprendem a conviver e, muitas vezes, é lá que os primeiros sinais de sofrimento aparecem.

A Lei Federal nº 13.935, sancionada em 2019, prevê a presença de psicólogos e assistentes sociais na educação básica. A ideia é clara: garantir que a escola tenha profissionais capacitados para mediar conflitos, identificar riscos de autolesão, orientar famílias em situação de vulnerabilidade e articular a rede de proteção social. Na prática, essa lei ainda avança lentamente — segundo levantamento do Conselho Federal de Psicologia (CFP, 2024), apenas cerca de 40% das redes municipais implementaram efetivamente o serviço.

Mas onde ele funciona, os resultados aparecem. Em São Paulo, por exemplo, programas estruturados com psicólogos e assistentes sociais já mostraram queda nos índices de evasão escolar, fortalecimento do vínculo entre alunos e professores e até redução de episódios de violência dentro das unidades. A presença desses profissionais não substitui o papel da família, mas cria uma trincheira coletiva contra os riscos digitais e emocionais que ameaçam a infância.

Esse movimento é urgente porque os números são duros: de acordo com a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, em 2024, foram registradas mais de 289 mil denúncias de violações contra crianças e adolescentes, muitas delas ligadas a situações que começam ou se potencializam no ambiente online. Ignorar essa realidade é fechar os olhos para o impacto direto das telas dentro do ambiente escolar.

Não se trata de demonizar a tecnologia — ela pode ser ferramenta de aprendizagem, inclusão e conexão. Mas precisamos ensinar nossas crianças a viver com ela, e não a serem engolidas por ela. Cabe à escola, em parceria com as famílias, mostrar que existe vida além do algoritmo: feita de relações reais, experiências concretas, vínculos que não podem ser curtidos nem compartilhados, apenas vividos.

A idade do céu
Jorge Drexler
Paulinho Moska

A Idade do Céu
Paulinho Moska

Não somos mais
Que uma gota de luz
Uma estrela que cai
Uma fagulha tão só
Na idade do céu

Não somos o
Que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu

Calma!
Tudo está em calma
Deixe que o beijo dure
Deixe que o tempo cure
Deixe que a alma
Tenha a mesma idade
Que a idade do céu

Não somos mais
Que um punhado de mar
Uma piada de Deus
Um capricho do sol
No jardim do céu

Não damos pé
Entre tanto tic-tac
Entre tanto Big Bang
Somos um grão de sal
No mar do céu

Oh! Oh!
Ah! Ah! Ah!

A mesma idade
Que a idade do céu

 

Que delícia, essa é “A Idade do Céu”, do Paulinho Moska, com ele mesmo, versão em português de uma canção do Jorge Drexler, que tem um sentido profundo quando colocada no contexto da infância roubada.

A letra é quase um manifesto contra a pressa. Ela lembra que a vida não precisa ser corrida, que não devemos nos medir pela pressa dos dias, mas sim pela serenidade do tempo que nos habita. Fala de paciência, calma e respeito ao ritmo natural da existência…

E se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Vou fazer uma reflexão sobre coisas que podemos fazer para ajudar nossas crianças a escapar dessa captura insana pelas telas. Se você não é assinante,  que peninha…você vai perder. Mas não fique ansioso aí não. Acesse mundocafebrasil.com e torne-se um assinante.  


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Vivemos em um mundo cada vez mais visual. Telas por todos os lados. Luzes piscando, cortes rápidos, cores saturadas, sons artificiais. Um verdadeiro carnaval sensorial que sequestra a atenção das crianças — e não devolve. Resultado? Pequenos zumbis digitais. Meninos e meninas com olhos vidrados, corpos imóveis e mentes anestesiadas, consumindo passivamente estímulos que ditam como pensar, como agir, como sentir.

Mas… e se eu te dissesse que existe um antídoto, hein? Simples, ancestral, poderoso — e quase esquecido. Um caminho de volta para a imaginação, para a autonomia, para a formação verdadeira. Esse antídoto se chama áudio.

Quando uma criança ouve, ela participa. Diferente do vídeo, que entrega tudo pronto, o áudio convida o cérebro a imaginar. A preencher lacunas. A construir significados. Pesquisa da University College London mostra que ouvintes de histórias têm respostas fisiológicas mais intensas do que espectadores de vídeos. É o coração acelerado, a pele reagindo, o cérebro inteiro vibrando com a narrativa.

É por isso que, quando uma criança ouve uma história, ela não apenas consome — ela cria. Constrói imagens internas, dá voz ao herói, rosto ao vilão, cheiro à floresta. Ao ouvir, ela desenvolve vocabulário, interpretação, empatia. Ouvir é pensar. Ouvir é imaginar. Ouvir é resistir ao império da distração.

Não à toa, por milênios, a humanidade se educou pela oralidade: a avó contando causos ao pé do fogão, o pai narrando aventuras no caminho da escola, o professor que deixou marcas eternas apenas com a força da voz. A tradição oral não apenas entretinha: ela formava caráter, transmitia valores, criava comunidade.

No Brasil, onde a maioria das crianças entre 9 e 17 anos já estão em plataformas digitais e dizem perder sono para ficar conectados, escolher o áudio como ferramenta de formação é quase um ato revolucionário. Porque, em um mundo que empurra imagens frenéticas, escolher ouvir é escolher pausa, reflexão, conexão humana.

Como disse Anne Fernald, professora de psicologia em Stanford: “O som é o toque a distância.” E é esse toque invisível que precisamos devolver aos nossos filhos — para que deixem de ser reféns da tela e voltem a ser protagonistas da própria imaginação.

E é por isso que o Café Com Leite existe. Porque educar não é encher a cabeça de fatos. É formar gente.

Quatro pilares sustentam nosso projeto.

Primeiro: a base emocional. Sentir, mas não ser refém dos sentimentos.

Depois, vem o caráter. Sem ele, até inteligência vira manipulação.

O terceiro é o raciocínio lógico. Antídoto contra a manipulação, contra a pressa, contra o vazio.

E o quarto é a comunicação eficaz. A ponte entre pessoas.

Base emocional, caráter, raciocínio lógico e comunicação eficaz. Não são blocos separados. São engrenagens:

Emoção molda caráter.

Caráter guia escolhas.

A lógica dá clareza.

E a comunicação transforma tudo em vida compartilhada.

Esse é o Café Com Leite, que nasceu para nutrir mentes e corações. Para que nossos filhos cresçam inteiros num mundo que insiste em fragmentá-los.

Porque no final das contas, criança que só assiste, repete. Criança que ouve, pensa. E é esse pensar, profundo e autônomo, que pode nos ajudar a resgatar o futuro.

Vamos então ao nosso merchan? O Café Brasil é uma produção independente, cara, o Café com Leite é independente, o Café Brasil é independente, o LíderCast é independente, o Cafezinho é independente.

Vai na nossa toada aqui, cara. Não tem ligação nenhuma com sites poderosos, com editora, com milionário, não tem ninguém ajudando não, cara. É nóis com nóis aqui. E precisamos da sua ajuda.

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O leãozinho
Caetano Veloso

Gosto muito de te ver, leãozinho
Caminhando sob o Sol
Gosto muito de você, leãozinho

Para desentristecer, leãozinho
O meu coração tão só
Basta eu encontrar você no caminho

Um filhote de leão, raio da manhã
Arrastando o meu olhar como um ímã
O meu coração é o Sol, pai de toda cor
Quando ele lhe doura a pele ao léu

Eu gosto de te ver ao Sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba

Gosto de ficar ao Sol, leãozinho
De molhar minha juba
De estar perto de você e entrar no mar

Gosto de te ver ao Sol, leãozinho
De te ver entrar no mar
Tua pele, tua luz, tua juba

E é assim então, com Leãozinho, que Caetano Veloso compôs em 1977 em homenagem ao baixista Dadi Carvalho, hoje com 71 anos de idade, que vamos saindo esperançosos.

Dadi era um jovem bonito, cabeludo, do signo de leão e que é mais novo que o Caetano. “Leãozinho” é uma música doce, afetuosa, quase uma canção de ninar. Foi escrita como uma declaração de ternura, cheia de imagens leves, solares e infantis. Ela transmite exatamente aquilo que está em falta quando falamos de infância roubada: acolhimento, inocência, tempo de ser criança sem pressa de virar adulto.

Pais e mães: o problema não está apenas no tempo da tela, mas no tempo de vida roubado. Cada hora diante do celular é uma hora a menos de sono reparador, de conversa em família, de olho no olho, de joelho ralado na rua, de tédio criativo.

Não estamos criando nativos digitais. Estamos criando órfãos do real.

E cabe a nós — pais, mães, professores — devolver a eles o direito mais simples e mais precioso: ser criança no seu tempo, com sua imaginação, seus vínculos e seu ritmo.

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O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

De onde veio este programa tem muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. E eu já tenho mais de mil e duzentas no currículo. Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com.

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Para terminar, uma frase do ativista, escritor e jornalista norte americano Frederick Douglass:

“É mais fácil construir crianças fortes do que consertar adultos quebrados.”