Café Brasil 994 – O abismo – Fé, estratégia e travessia

Olha: eu andava ressabiado aí com um certo clima de vigilância que tomou conta da internet brasileira. Sabe como é que é? Acho que você também, né?

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O ano é 1938. Indiana Jones, o arqueólogo-aventureiro, está na sua busca mais importante: encontrar o Cálice Sagrado, a taça usada por Cristo na Última Ceia. O mito dizia que quem bebesse daquela taça ganharia vida eterna. Mas os nazistas também estavam atrás dela, acreditando que o poder do cálice os tornaria invencíveis.

Depois de pistas, enigmas e perigos mortais, Indy chega às entranhas de um templo escondido numa montanha desértica. Seu pai, ferido por um tiro, está à beira da morte. Só o Cálice poderá salvá-lo. Mas para alcançá-lo, Indy precisa enfrentar as chamadas provas do espírito.

A última delas o coloca diante de um precipício colossal. À sua frente, uma abertura no paredão de pedra, onde está o Cálice. Entre ele e o objetivo, um abismo profundo, sem ponte, sem saída aparente. O vazio absoluto.

O tempo corre. O pai agoniza. A missão de uma vida está em jogo. A maioria recuaria. A maioria diria: “é impossível”. Mas Indy respira fundo, fecha os olhos e dá um passo no nada.

E então, como num milagre, o chão aparece sob seus pés. Uma ponte de pedra sempre esteve ali, camuflada na paisagem. Invisível, até que alguém acreditasse o bastante para pisar.

Essa cena está no filme Indiana Jones e a Última Cruzada, de 1989, dirigido por Steven Spielberg. Indiana, vivido por Harrison Ford, descobre que seu pai, Henry Jones Sr. (Sean Connery), desapareceu durante a busca pelo Cálice Sagrado. A missão de resgatá-lo se transforma em uma corrida contra o tempo para encontrar o cálice antes dos nazistas, que acreditam que ele lhes dará poder e imortalidade.

Aquela ponte invisível é exatamente o que acontece com a inovação em todas áreas até na política. O entusiasmo não basta. O discurso não basta. A militância apaixonada não basta. O abismo engole ideias, startups e revoluções inteiras. O segredo é construir a ponte que a maioria ainda não enxerga.

E quando um atravessa, os outros seguem. Sem isso, ficamos todos parados, olhando para o vazio. Essa é a pegada do episódio de hoje.

Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar? 

Imagina a cena: um grupo de malucos geniais inventa algo novo. Pode ser uma tecnologia, um aplicativo, um movimento social, até uma dieta revolucionária. Eles acreditam tanto que parecem ver o futuro com nitidez. Logo aparecem os entusiastas, os early adopters. Esses não querem apenas consumir: querem ser parte da história. São aqueles que dormem na fila para comprar o novo iPhone, que testam uma plataforma beta cheia de falhas, que defendem uma ideia mesmo quando todo mundo chama de loucura.

Até aqui, tudo parece incrível. Uma chama foi acesa. Só que entre essa empolgação inicial e o dia em que a ideia se torna de fato parte do cotidiano existe um vazio. Geoffrey Moore batizou esse vazio de the chasm. O abismo.

Esse abismo é cruel. Ele separa os apaixonados da massa pragmática. Porque os inovadores e os early adopters acreditam no propósito, no brilho da novidade. Eles se movem pela fé. Mas a maioria? A maioria é cética, prática, desconfiada. Quer ver provas. Quer saber se funciona mesmo, se não vai dar dor de cabeça, se não vai custar mais caro. Pergunta: “O que que eu ganho com isso? Quem já testou? Vale a pena arriscar?”.

É nesse ponto que a maioria das ideias morre. O abismo engole projetos promissores, startups revolucionárias, movimentos que pareciam imparáveis. Quantas vezes você já não viu uma novidade que parecia destinada a mudar o mundo e… puff! Sumiu?

O segredo para atravessar o abismo não é discurso motivacional. Não é campanha de marketing. É estratégia. Geoffrey Moore dizia: escolha um nicho, um mercado pequeno, específico, e prove valor ali. É como construir uma ponte de pedra: uma rocha sólida de cada vez. Se aquele grupo comprar a ideia e tiver resultados visíveis, a maioria olha e pensa: então funciona mesmo. É aí que a travessia começa.

Quer exemplos? Vamos ao Brasil aqui, ó.

O Orkut conquistou milhões. Foi febre. Mas quando chegou a hora de amadurecer, de atravessar o abismo, morreu. Por quê? Porque a massa queria algo mais simples, mais conectado, mais global. O Facebook construiu a ponte que o Orkut não conseguiu.

Agora veja só o Pix. No começo parecia arriscado. Transferir dinheiro instantaneamente? Gratuito? No celular? Muitos desconfiaram. Mas o Banco Central foi astuto. Colocou o Pix na mão de quem mais precisava: pequenos negócios, motoristas de aplicativo, universitários sem paciência para boleto. Criou uma vitrine, prova social. Em poucos meses, atravessou o abismo e virou padrão. Hoje você pergunta: aceita Pix?, antes de perguntar o preço.

E aqui vai uma provocação: esse abismo não é apenas sobre negócios. Ele está na sua vida também. Quem nunca começou uma transformação pessoal cheio de entusiasmo, mas não conseguiu manter? A dieta que morreu na primeira pizza de sexta-feira. O inglês que parou na aula três. A academia que virou doação mensal. A empolgação inicial existe, mas a travessia do abismo exige disciplina, método, estratégia.

E vale para movimentos culturais e políticos. Quantos projetos pela ética, pela liberdade, pela transparência, empolgam os primeiros engajados e depois morrem porque não conseguiram provar valor concreto para a massa? Sem ponte, não há travessia.

O abismo é implacável. Ele não perdoa entusiasmo vazio. Se você não tiver estratégia, se não souber criar provas tangíveis, se não conquistar um nicho que sirva de vitrine, sua ideia vai virar apenas mais uma ossada esquecida no vale dos que tentaram e não conseguiram.

Então, pense comigo: qual é o seu abismo, hein? E que ponte você está construindo para atravessá-lo?

“Oi Luciano, eu tô escutando o 987 agora, como sempre atrasada, e eu só queria comentar que… Eu tô no meio dele ainda, né?

Mas isso que você falou de desperdiçar tempo com discussões sobre política… Nossa, como eu queria que meu marido escutasse, mas sabe, escutasse, não só ouvisse. Mas não adianta, ele passa um tempinho e volta a se envenenar com isso. Passa um tempinho, às vezes, querendo desintoxicar, e depois ele volta a se intoxicar com isso. É uma pena.

Eu tento praticar uma alienação seletiva. Eu procuro saber o que tá acontecendo, mas não saber todos os detalhes do que tá acontecendo pra tentar não adoecer. Eu prefiro gastar meu tempo, investir meu tempo escutando podcast como o seu e tantos outros que eu gosto, que agregam alguma coisa na minha vida, sabe?

Enfim: só pra continuar interagindo, já que eu perdi a vergonha de falar atrasada nos episódios. Um beijo.”

Essa foi a Carol Cirelllo, e eu adorei o comentário, viu? Essa história da intoxicação política é muito real. Tem gente que tenta largar, consegue por um tempo… mas depois volta, como quem volta pro açúcar, pro cigarro. É um vício. Só que não alimenta, só adoece.

A Carol falou em “alienação seletiva” e eu achei ótimo. Não é se desligar do mundo, é escolher onde vale a pena investir atenção. Saber o suficiente pra entender o cenário, mas não mergulhar no esgoto todo dia. Isso é inteligência. Se a gente desperdiça tempo com discussões estéreis, está desperdiçando a vida.

Carol, muito obrigado pela mensagem e parabéns pela sua escolha. Parece pequena, mas é um ato de liderança pessoal. Siga firme na sua alienação seletiva.

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Inovar na política é como inovar no mercado. Funciona igualzinho a lançar uma startup. Primeiro, aparecem as ideias radicais, aquelas que parecem capazes de mudar o mundo. Os visionários abraçam, os militantes vibram, as redes sociais explodem. Mas logo surge o choque de realidade: quando a mensagem sai da bolha dos apaixonados e tenta alcançar o eleitor médio, o pragmatismo dá as caras. E o pragmatismo é frio, calculista. Pergunta: funciona mesmo? Quem paga a conta? Vai mexer na minha vida?

É aí que aparece o abismo de Geoffrey Moore. Aquele espaço traiçoeiro entre os early adopters — os militantes fervorosos — e a maioria pragmática, que só se convence com provas concretas.

Nos Estados Unidos, vimos isso nas prévias democratas. Candidatos radicais conquistaram multidões online. Mas na hora da verdade, o partido se alinhou com os nomes mais “seguros”. A energia revolucionária ficou na margem do abismo.

E o Brasil? Ah, aqui é um festival de ideias atoladas nesse abismo. De um lado, os apaixonados. Do outro, a massa pragmática, desconfiada. E no meio, o vazio. Quem atravessa primeiro corre risco de cair no ridículo… mas, se consegue, abre caminho para milhões.

Foi assim com Tancredo Neves. Quando falar em redemocratização ainda parecia sonho arriscado, ele costurou, articulou e deu o passo. Não chegou a assumir a presidência, mas deixou a ponte: o Brasil atravessou por ela rumo à democracia.

Ulysses Guimarães fez o mesmo com a Constituição de 1988. Chamou-a de “Constituição Cidadã” e transformou um amontoado de artigos em símbolo de esperança. Deu credibilidade ao novo, e a massa embarcou.

Tá certo que aquela Constituição era uma bagunça. Mas ele conseguiu.

Collor, em 1989, foi vendido como o jovem caçador de marajás, o outsider que ia varrer a sujeira. Atraiu o entusiasmo de uma fatia apaixonada. Mas a massa só embarcou quando viu nele a chance de enterrar a “velha política”. Resultado: atravessou o abismo, ganhou — e depois descobrimos que o verniz era frágil.

Bolsonaro, em 2018, é outro exemplo gritante. Começou como piada, apoiado por nichos barulhentos. Mas atravessou o abismo surfando na insatisfação generalizada com o sistema. A massa não votou nele porque acreditava em revolução. Votou porque queria punir os de sempre.

A política só atravessa o abismo quando consegue transformar ruptura em segurança. Ideia bonita por si só não basta. Militância apaixonada também não. O eleitor médio só embarca quando sente que a mudança não vai destruir o pouco que ele já tem.

Mas então, como é que se cruza esse buraco, hein?

Primeiro: é preciso oferecer garantias concretas de estabilidade. Lula só atravessou o abismo em 2002 porque mostrou a tal da “Carta ao Povo Brasileiro”. Era como um selo de garantia: “Sim, eu sou mudança. Mas não vou meter sua vida numa aventura irresponsável”. Mudou a aparência, abrandou o discurso, botou um terninho Armani e pronto. Quem quiser atravessar hoje precisa dessa almofada de segurança. Mesmo que não tenha garantias de que a tal segurança é verdade. Como aprendemos com Lula…

Segundo: tem que construir pontes narrativas entre o novo e o conhecido. O eleitor não aceita salto no escuro, ele quer evolução com continuidade. O Pix fez isso: não derrubou os bancos, apenas simplificou o sistema. Política tem que ser assim também. O novo precisa soar como um passo natural e não como um terremoto.

Terceiro: é usar o nicho como vitrine, não como um gueto. Movimentos como MBL e Renova morreram no abismo porque ficaram falando só para os seus. O mesmo acontece com Ciro Gomes que, com seu discurso ininteligível para  a maioria da população, fala só para os seus. Nicho não vence eleição. Mas se esse nicho vira vitrine, mostrando resultados reais, gente comum que melhorou de vida, aí sim o eleitor médio presta atenção.

Quarto: credibilidade. Sem isso não tem travessia. Não é só discurso inflamado. São compromissos claros, propostas factíveis, símbolos que passem confiança. Bolsonaro atravessou surfando na insatisfação, mas tropeçou quando não construiu consistência institucional.

E quinto: esperança com pragmatismo. O brasileiro quer sonhar, claro que quer. Mas não aceita pagar o preço do caos. A mensagem política precisa ser aspiracional, mas prática. Traduzir sonhos difusos em promessas palpáveis: menos corrupção, mais serviços, mais dignidade.

No fim, é isso: atravessar o abismo não é vender revolução como ruptura violenta. É vender mudança como um caminho seguro, confiável e possível. É dizer para o eleitor: “vem comigo, você não vai se perder no escuro”.

Still haven’t found what I’m looking for
Bono

I have climbed the highest mountains
I have run through the fields
Only to be with you
Only to be with you

I have run, I have crawled
I have scaled these city walls
These city walls
Only to be with you

But I still haven’t found what I’m looking for
But I still haven’t found what I’m looking for

I have kissed honey lips
Felt the healing fingertips
It burned like fire
This burning desire

I have spoken with the tongue of angels
I have held the hand of the devil
It was warm in the night
I was cold as a stone

But I still haven’t found what I’m looking for
But I still haven’t found what I’m looking for

I believe in the Kingdom Come
Then all the colours will bleed into one
Bleed into one
But yes I’m still running

You broke the bonds
And you loosed the chains
Carried the cross and
All my shame
All my shame
You know I believe it

But I still haven’t found what I’m looking for
But I still haven’t found what I’m looking for

Eu ainda não achei o que estou procurando

Eu escalei as mais altas montanhas
Eu corri através dos campos
Apenas para estar com você
Apenas para estar com você

Eu corri, eu rastejei,
Eu escalei estes muros da cidade
Estes muros da cidade
Apenas para estar com você

Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando
Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando

Eu beijei lábios doces
Senti os dedos que curam
Queimava como fogo
Este desejo ardente

Eu falei na língua dos anjos
Eu segurei na mão do demônio
Era quente durante a noite
Eu estava frio como uma pedra

Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando
Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando

Eu acredito na vinda do reino
E então todas as cores sangrarão em uma só
Sangrarão em uma só
Mas, sim, eu continuo correndo

Você quebrou as algemas
Livrou-se das correntes
Carregou a cruz e
Toda a minha vergonha
Toda a minha vergonha
Você sabe que eu acredito

Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando
Mas eu ainda não encontrei o que estou procurando

Olha que delicia. Essa é uma versão gospel de I Still Haven’t Found What I’m Looking For, do U2.

Uma canção que trata de busca, travessia e jornadas inacabadas… e 

Se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Vou fazer uma reflexão sobre coisas que devemos fazer para atravessar o abismo, baseado no que tem feito as start ups. Se você não é assinante, perdeu… mas não fique triste não. Acesse mundocafebrasil.com e torne-se um assinante.  


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O brasileiro quer mudança, mas só a mudança positiva. Quer menos corrupção, melhores serviços, mais dignidade. O que ele não quer é instabilidade, medo, risco. A política inovadora falha quando oferece revolução sem mostrar a ponte.

Porque política não é só ideia bonita, não. É design de consenso. É embalar o novo de um jeito que não assuste quem teme perder o pouco que tem. É traduzir sonhos difusos em propostas palpáveis. É gerar confiança, algo que foi pacientemente desconstruído nos últimos 50 anos, com aquela maldita política do nós contra eles.

A pergunta é: quem vai conseguir atravessar o abismo no Brasil de hoje, hein? Quem vai ser capaz de articular esperança com pragmatismo, inovação com credibilidade, ruptura com segurança?

Porque sonhar alto, meu caro, até influencer de Instagram faz. O desafio real é outro: atravessar o abismo.

O abismo de Geoffrey Moore é um vazio entre os primeiros visionários e a maioria pragmática. É o lugar onde ideias geniais, startups promissoras, movimentos sociais e projetos políticos caem para nunca mais voltar. E atravessar esse buraco não é questão de entusiasmo, é questão de estratégia. Já falei e repito: estratégia.

E a primeira regra é: encontre um caso de uso irresistível. É o problema tão real e tão urgente que as pessoas pedem para você resolvê-lo. Se não existe tração natural, se a dor não é sentida de verdade, não adianta gritar. No Brasil, quantas fintechs já apareceram prometendo “revolucionar os pagamentos” e desapareceram? Enquanto isso, de novo o Pix cruzou o abismo em meses, porque tocou na dor de todos: a burocracia para transferir dinheiro.

Segunda regra: entregue o produto completo. Não basta ser inovador. Tem que funcionar. Tem que estar pronto para  uso. O eleitor médio, assim como o consumidor médio, não compra promessa. Compra solução. De novo, Collor, lá em 89, parecia o caçador de marajás que ia varrer o país. Mas não tinha uma ponte pronta. Caiu no abismo. Lula, em 2002, fez o contrário: escreveu a tal da “Carta ao Povo Brasileiro”, embalou a mudança com pragmatismo. Convenceu a massa e atravessou. Não entregou o que prometeu, mas aí já estava eleito.

Terceira regra: construa uma comunidade que fale por você. Não é o marketing que faz a travessia. É a boca a boca. São os early adopters que testam, aprovam e contam aos outros que funciona. Sem isso, vira só barulho de militância. Quantos movimentos de renovação política surgiram prometendo mudar o Brasil e não resistiram, hein? Muita energia no início, mas nenhum exército de pessoas comuns repetindo: cara, “isso funciona”.

Quarta regra: não se precipite na expansão. Parece tentador: deu certo em um lugar, vamos replicar no resto. Mas cada mercado é um universo, cara. Uma fintech que conquista São Paulo pode morrer em Recife. Uma ideia política que mobiliza jovens de classe média não chega ao eleitor que está preocupado com o preço do feijão. A ponte não é universal. Precisa ser construída pedra por pedra, em cada contexto.

E quinta regra: não subestime os incumbentes. Essa conversa de que os grandes não ligam para mercados pequenos é balela. Olhe só, o  Google e Amazon fazem: quando um serviço novo começa a crescer, eles vão lá e copiam. No Brasil, quantas startups prometeram reinventar o delivery? Todas foram engolidas por iFood, Rappi e Uber Eats. Na política, partidos tradicionais fazem o mesmo: absorvem discursos de renovação para neutralizar quem ameaça o jogo.

O ponto final é um só: valor é subjetivo. Não importa o quanto você acha sua ideia genial. Se o consumidor, o eleitor, o cidadão não sentir que aquilo resolve um problema real dele, não atravessa. E isso exige humildade: perguntar mais, ouvir mais, ajustar a narrativa.

Chegou a hora do nosso merchan. O Café Brasil é uma produção independente, que precisa dos ouvintes que gostam dele pra que tenha continuidade.

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Travessia
Milton Nascimento

Quando você foi embora
Fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar

Minha casa não é minha
E nem é meu este lugar
Estou só e não resisto
Muito tenho pra falar

Solto a voz nas estradas
Já não quero parar
Meu caminho é de pedra
Como posso sonhar?

Sonho feito de brisa
Vento, vem terminar
Vou fechar o meu pranto
Vou querer me matar

Vou seguindo pela vida
Me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte
Tenho muito o que viver

Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço
Com meu braço o meu viver

É cara! “Travessia”, de Milton Nascimento, foi lançada em 1967, no Festival Internacional da Canção.

Era a primeira vez que o grande público ouvia aquela voz diferente, que parecia vir de outro mundo, cara. E olha que simbólico: logo de cara, a música falava de mudança, de passagem, de atravessar o vazio.

O título já entregava: travessia. Mais do que uma canção de amor, é uma metáfora sobre deixar para trás o que já não serve e encarar o desconhecido. “Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver”. Existe dor, tem perda. Mas  também tem movimento: caminhar em direção ao novo, mesmo com medo, mesmo sem garantias.

E não é isso que a gente está discutindo aqui, hein? Atravessar o abismo é sempre isso: abrir mão da zona de conforto, aceitar o risco, enfrentar a solidão. Milton cantava com a alma de quem sabe que mudança dói, mas que ficar parado é pior.

Atravessar o abismo é como o passo de Indiana Jones. Precisa de fé, mas também de cálculo. Precisa de coragem, mas também de disciplina. É jogo de consistência, não de slogan.

E aqui fica a provocação: qual é o seu abismo? O da sua empresa, o do seu movimento, o da sua vida? Você está parado na beira, olhando o vazio, ou já começou a colocar uma pedra por pedra para construir a ponte que os outros ainda não enxergam?

Porque no fim das contas cara, entusiasmo todo mundo tem. Mas atravessar o abismo… ah, isso é só para quem tem estratégia.

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O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, este construtor de pontes, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, completando o ciclo.

De onde veio este programa aqui tem muito, muito, muito muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. Eu falando pra tua equipe na tua empresa, cara. Já são mais de mil e duzentas palestras no currículo. Eu acho que eu sei fazer bem feito. Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com.

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Para terminar, uma frase de Martin Luther King.

“A fé é dar o primeiro passo, mesmo quando você não vê toda a escada.”