Vicente Leporace

Muito inteligente e vivo, ainda era quase um menino, quando começou sua carreira na Rádio Clube  Hertz de Franca, a convite do amigo Blota Junior. Entrou na profissão com um apetite voraz pelo trabalho. E fez de tudo.

Começou como varredor de estúdio, mas logo passou a  radioator.   Quis  também ser discotecário e programador.  Em seguida ,Leporace e seu amigo e conterrâneo Xisto Guzzi, quiseram fazer vôo maior. Foram para Santos, pois a cidade praiana tinha movimento de cassinos, e cafés. Era uma época áurea. Lá estava Leporace, que realmente tinha pendor e qualidades para a profissão. Ao mesmo tempo trabalhava na Rádio Atlântica de Santos. E fez uma peça teatral, sob a direção de Armando Rosas .

Em 6 de maio de 1937, numa quinta feira, Leporace   na capital paulista, recebia 200 convidados para a inauguração da Sociedade Brasileira de Rádio-Difusão, PRH9, com  a companhia entusiasmada de José Nicolini, nome importante em São Paulo, no mundo radiofônico. Um lindo palco, todo ornamentado para a festa de inauguração e uma programação elitista, como desejava Nicolini. Leporace, porém, logo quis popularizar a emissora e contratou cantores, para irem fazendo o crescimento da audiência. Assim contratou um grupo musical, a que deu o nome de Demônios da Garôa. Foi um sucesso.

Leporace não parava. Logo já era  o discotecário chefe. Entendia muito de música. E achou tempo também para participar de vários filmes, como ator.  Participou de: “Luar do Sertão”; “Sai da Frente”; “Nadando em Dinheiro”; “Sinha Moça”;”Uma Pulga na Balança”; “É Proibido Beijar”; “Na Senda do Crime”; “Carnaval em Lá Maior”.Fez alguns filmes de Mazzaropi.

Passou por diversas emissoras e percebeu que o que gostava mais era de jornalismo.Em janeiro de 1951 lançou na PRB9-Rádio Record de São, o programa jornalístico “Jornal da Manhã”, um informativo que ele mesmo escrevia  e apresentava. Ali  ficou onze anos. Depois disso passou,para ter melhoria financeira, para a Rádio Bandeirantes.

Foi na Bandeirante que ele lançou o seu “Trabuco”. E estourou. O programa tinha noticias gerais, era um informativo, mas tinha também o comentário de Vicente Leporace. Quando ele “empunhava ” o seu trabuco e censurava alguém, ou algum acontecimento político ou social, todos tremiam. Ele sempre se responsabilizou por suas opiniões, mas nem por isso deixou de ser chamado inúmeras vezes para a Delegacia de Ordem Política e Social, de onde ficou hóspede  muitas vezes.. Tornou-se um símbolo da defesa os oprimidos.

Ele apresentava o “Trabuco” de peito aberto, mesmo que sob a mira de um fuzil.Isso aconteceu principalmente durante o período do regime militar de 1964. Durante 16 anos seguidos Leporace apresentou seu programa, sendo até hoje conhecido como: “o homem do trabuco”.

Vicente Leporace foi também da televisão. Ele esteve por vários anos na TV Bandeirantes. Foi o apresentador do “Gincana Kibon”, ao lado de Clarisse Amaral. Era  um programa para crianças , onde o apresentador se transformava e era muito querido de todos. E que ficou também 16 anos no ar.

Apresentou também, ao lado de nomes importantes, como Maurício Loureiro Gama , José Paulo de Andrade, Murilo Antunes Alves e outros,o jornal: “Titulares da Notícia”.

Vicente Leporace foi um ícone do rádio e da televisão brasileira. Seu nome ainda é citado como referência. Nunca houve, nem há, quem o critique. Só elogios, nos seus 50 anos de profissão.

Vicente Leporace faleceu em 16 de abril de 1978,  na capital  paulista. No bairro de Campo Belo há uma  rua com o nome do radialista Vicente Leporace.


Vicente Leporace