Incrível como contestadores abnegados, preocupadíssimos com a população em geral e seu sagrado bem estar, brotaram do chão nas últimas semanas. Aqui e no exterior. Devem ser patriotas desprendidos e governos alienígenas totalmente desinteressados, lutando unicamente pelo bem-viver do brasileiro. Que gente tocante.
A dupla que trata Cuba como sua fazenda pessoal, por exemplo: Os irmãos Castro, assassinos-comandantes da ditadura mais antiga das Américas, declararam-se preocupados com o que classificam de “golpe” ocorrido. A dupla, comediante involuntária, teve a ousadia de apontar “falta de eleições”, que referendasse a queda de Dilma. Que bandidos.
Outro “chocado” com o “golpe” é Nicolás Maduro. O bandido leva a Venezuela à guerra civil, criando milícias armadas para impedir protestos contra a destruição econômica e social daquele país, mas encontra tempo para reclamar da “injustiça” contra Dilma. Pelamor. Não está sozinho; Evo Morales, presidente de um narcoestado, segue-o como cachorrinho, abanando o rabo. Há outros, tão safados quanto desimportantes.
Os resolutos defensores do povo brazuca também têm representantes entre nós. Declaram-se preocupadíssimos com a “extinção” (mentira constantemente repetida) do ministério da Cultura e com o “golpe” contra Dilma. Olha que gente sensacional.
Não houve extinção do MinC; houve apenas sua fusão com o ministério da Educação para impedir seu uso ideológico e eliminar mil cargos fantasmas. Além disso, não há (ainda) nenhum plano para redução de verbas. Porém, os pseudo-defensores da “cultura” berram contra essa “monstruosidade”. Pouco importa o déficit público deixado por Dilma, algo em torno de R$ 300 bilhões; lixam-se para a inflação de 11% e 11% de desemprego; não franzem a testa cheia de botox para a redução de 25 mil leitos hospitalares no INSS; não estão nem aí para a corrupção dilmista, nem para a falência da Petrobrás e da Eletrobrás, nem para os rombos do BNDES; importante mesmo é pagar R$ 600 mil para ouvir Maria Bethânia declamando poesias na TV Brasil. Não reclamaram quando Dilma cortou 20% do orçamento da Cultura, embora apenas 50% do orçamento tenha sido efetivamente gasto – e mesmo assim foi o dobro do que o governo investiu em saneamento básico. O dobro! Querem apenas manter sua boquinha e os mil cargos para a turma lulista.
Em entrevista ao Estadão, Sônia Braga confessou que o ridículo “protesto” no festival de cinema de Cannes (acima, a imagem pra rir; abaixo, a verdadeira, pra chorar) foi organizado por lulistas que não aceitam perder o cabide de empregos e ter de trabalhar de verdade para seu próprio sustento – olha que horror! Pois é; considerando que as caixas pretas estão sendo abertas e o fedor se espalha, fica claro que os tais não estão preocupados com Cultura alguma; estão desesperados porque a mamata acabou. E se fingem de indignados, meu Deus, quanta cara de pau. Preocupam-se apenas consigo mesmos, passando por defensores do povo. É a cara do lulismo, aqui ou no exterior.
Estão realmente preocupados com a falta de cultura? Provem, fazendo algo de graça. Vamos ver quanto dura essa preocupação fingida e esse socialismo de araque. Shows gratuitos, aulas de teatro, canto, música para os pobres duas vezes por semana, e aí poderão argumentar. Antes não; é só picaretagem mesmo.
Escreve Luiz Felipe Pondé em seu livro Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, “Pessoas sem culpa são monstros morais”. Eles nunca se sentem culpados. Fingem sempre, vendem ilusões, enganam, trapaceiam; quando tudo dá errado, jogam a culpa nos outros, passando-se por vítimas.
Parabéns a Ney Matogrosso, Regina Duarte e tantos outros que nunca ajoelharam nessa pocilga moral. Regina, por sinal, definiu bem a situação em seu Instagram: Se o país está “em coma”, não entendo a insistência no auto-engano de achar que a Cultura pode se safar, sadia, do desconserto geral que nos abateu. Na teoria (linda!) a prática é outra (dolorida). Sou a favor da ideia de manter a Cultura internada no “Hospital” da Educação. Depois da possibilidade de “alta” vamos ver o que pode ser melhor pra ela e pra todos nós, brasileiros.

