Oportunismo Disciplinado

OPORTUNISMO DISCIPLINADO

 Você já refletiu sobre a forma como nós brasileiros administramos nossos projetos? De um lado, a indisciplina coletiva que beira a irresponsabilidade. De outro um potencial criativo capaz de soluções inacreditáveis.

Brasileiros não se adaptam a planos longos e complexos. Brasileiros querem fazer. Querem ação. E pagam um preço alto por isso.

Mesmo quando obtemos sucesso é difícil explicar nossas ações. Aos olhos dos estadunidenses, japoneses, alemães e outros “primeiromundistas”, somos pouco confiáveis e indisciplinados. Jogamos com uma taxa de risco que lhes é inaceitável. E se der errado?

Mas somos treinados a viver no risco. Nossos planos, quando existem, têm milhares de brechas para um “jeitinho”, enlouquecendo as pessoas mais, digamos, cartesianas.

Flexibilidade, seu nome é Brasil.

Existe outra explicação para as escolas de samba, por exemplo? Pois adotei esse estilo de administração brasileiro, que chamo de “Oportunismo Disciplinado”. Trabalho com a equação “sessenta por quarenta”. Meus planos têm 60% das variáveis sob controle. As outras 40% eu guardo para as oportunidades. O preço disso é manter-se antenado todo o tempo. De repente aparece algo que não estava no plano ou no orçamento, mas é tão bom que tem que ser aproveitado. Pois encaixe-se no plano.

Meu plano é flexível, aberto às oportunidades. E como essa atitude não faz “parte do plano”, mas “É” o plano, as oportunidades surgem naturalmente.  Mais que isso: conto com elas.

Foi assim que surgiu minha viagem ao Everest. O meu livro Brasileiros Pocotó. A minha ação de recuperação do Copersucar. O meu site. A Melô do Pocotó. O meu programa de rádio… E centenas e centenas de coisas que fiz.

Se meu plano fosse 100% definido, ao qual eu estivesse amarrado como um estadunidense, japonês ou alemão, duvido que eu estivesse aqui, escrevendo estas linhas.

Talvez eu fosse hoje um alto executivo de multinacional, trabalhando nos EUA e cuidando de atividades globais. Bem colocado na vida, respeitado, celebrado e… Infeliz.

Foi o “oportunismo disciplinado” que me transformou num executivo / escritor / radialista / montanhista / cartunista / conferencista / provocador e o que mais aparecer pela frente…

Mais que resultado dos 60% de organização e controle, sou os 40% flexibilizados, improvisados e irreverentes. Mas disciplinados.

Que interessante… Não fosse pelo “disciplinado” eu diria que sou um… Brasileiro…