Ao ler Capitães de Areia de Jorge amado ali o encontramos. Encosto é a figura do malandro presente a qualquer região em subdesenvolvimento. O ser de orgulho, que se acha muito, o esperto, o mala, que sobrevive do esforço e trabalho alheio, um “parasita” que muito pouco faz pela vida em sociedade. Jorge Amado o tipificou em sua obra em vários nomes. O encosto está na Ópera do Malandro de Chico Buarque, aparece como personagem de João Ubaldo, é um tipinho recorrente da nossa cultura presentificado na imagem eterna do cunhado que não trabalha, não estuda e sobrevive atualmente de games, celulares e computador… Conhece leitor?
Encosto é outro nome que podemos dar ao ser que sobrevive na vagabundagem, o que não faz nada e pouco quer da vida. Ele está para além do simples preguiçoso que vive em letargia. Nosso encosto ao contrário, tem energia, mas a gasta em pensar formas de sobreviver sem esforço, preferencialmente para subsistir por meio do trabalho alheio. Normalmente são pessoas extremamente orgulhosas, vaidosas, arrogantes, com nariz empinado, com poucos ou raros amigos, e com muita oratória, com ampla capacidade para enrolar, seduzir e encostar. São as pessoas que querem o carro importado de qualquer jeito e forma, e que vão passar a vida toda pensando uma forma de ter o referido bem, sem precisar pagar ou trabalhar.
Fruto de uma criação permissiva e de superproteção o encosto representa o filho(a) mimado criado com várias regalias nas quais papai, mamãe e a empregada fazem tudo. Na infância ele não tem obrigações, apenas mordomia e cresce sem arrumar sua cama, lavar louça, sem ter de arrumar sua própria bagunça, vivendo de regalias. O encosto está presente em todas as classes sociais sem distinção. Denota claramente a paralisia do subdesenvolvimento que amaldiçoa o trabalho e a evolução. “Para que o esforço se é possível conseguir algo melhor sem trabalho”, lema clássico de várias pessoas que hoje subsistem de bolsa miséria sem procurar meios para evoluir.O encosto é muito bom de oratória e de justificativas, tem decorado vários álibis e sabe boa parte da teoria do trauma de Freud de cor usando a como arma para justificar sua estagnação. A culpa de ser assim é de meu pai que gritou comigo quando tinha dois anos de idade. “Sou vítima da perversão social e do jogo do capital” bradam alguns que não saem do lugar. E assim na história de nossa cultura se agrupam, formam partidos, legislam, enfim fazem o diabo para criar meios de enriquecer as custas do trabalho alheio e dá-lhe mais um imposto pra pagar a reforma da piscina de sua nova casa.
Como parte da estrutura do Puer A Eternus são ao mesmo tempo odiosos e cativantes. Eles não têm problema, quem tem problema é quem convive e sofre da obrigação de ter de os carregarem… mas será que isto tem cura?
