O caso é o caso

Sobre a morte do assassino nojento, tudo já já foi dito; Fidel Castro foi tarde e deve estar devidamente instalado no caldeirão-suíte número 13, com aquecedor forte, decoração vermelha e vista pro trono do capeta – não mais a dizer. Idem sobre a “revolução” cubana de 1959, que trocou um ditador, Fulgêncio Batista, por outro muito pior. Chega disso tudo, pela obviedade e repetição .

Espantosa mesmo foi a cobertura da morte desse monstro. Ao menos no Brasil – sem excluir os indefectíveis comunas de sempre na França e Itália (Venezuela, Nicarágua, Bolívia e outras jecarias bolivarianas nem vale a pena mencionar).

Aqui, novidade foi a Rede Globo finalmente deixar de se referir àquele bandido como “presidente” ou “ex-presidente” de Cuba, passando a chamá-lo do que sempre foi: Ditador. E da mais antiga ditadura das Américas. Bom, sempre é um começo, uma pequena promessa de se usar a cabeça para pensar, não para usar boné do MST.

Deu pra rir um pouco com os “entendidos” em Cuba, invariavelmente “socialistas” (raramente alguém se diz “comunista”; é uma tática mais light de se fazer aceitar) de botequim, “artistas engajados” ou “intelectuais” auto-denominados. Taspariu, é de engasgar com essa gente.

Alguns, como Marcelo Rubens Paiva, partiram para o argumento “eu-já-fui-pra-Cuba-e-você-não-foi”. Ah, claro; como se isso desse a eles um diploma de especialistas, advogados dos irmãos Castro e donos da verdade. Paiva afirmou candidamente que “não viu” perseguição a gays, nem a dissidentes, e que, resumindo, é tudo um grande engano. Cuba é realmente um paraíso, gente. É tudo intriga da oposição.

Sobre a conhecida sorveteria Coppelia, em Havana, mais famosa pela fila quilométrica – no mínimo quatro horas em pé – do que pelo sorvete sofrível (apenas 3 sabores), filosofou que é absolutamente normal desidratar e sofrer de insolação por um simples sorvetinho, e que aconteceria “a mesma coisa” em São Paulo se todas as pessoas pudessem tomar sorvete na Brunella. Não, nunca aconteceria a mesma coisa, cidadão. Em poucos dias a Brunella abriria mais umas duzentas sorveterias, gerando mais empregos, mais arrecadação de impostos, mais conforto e, claro, mais sorvete, com tudo funcionando perfeitamente, servindo uns 700 sabores diferentes, sem dinheiro do governo, sem dependência ideológica e sem filas. Enfim, tudo o que você e seus colegas odeiam.

Luís Fernando Veríssimo vestiu a fantasia de sempre; tentou passar uma imagem de isento – como se fosse possível ser isento perante tamanha tirania sem ser absolutamente conivente com a ideia de que os fins justificam os meios. Patético. Aliás, é interessantíssimo como essa gente “justifica” os crimes de Fidel com a tal “educação e saúde” exemplares; primeiro, a educação e a saúde de Cuba são um lixo. Basta ver os “médicos” que vêm de lá e nem ao menos conhecem antibióticos ou posologias simples. Segundo, dá pra confiar em dados e estatísticas de uma ditadura quem não permite a entrada de nenhum organismo internacional para averiguar tais “sucessos”?

Por essa lógica perversa, toda a lulada deveria amar o ditador Augusto Pinochet. Afinal, em muito menos tempo de ditadura, matando muito menos gente, Pinochet fez do Chile o país mais rico, desenvolvido e culto da América Latina. Ah, mas aí não vale, porque não era uma ditadura comunista, claro. Morte, fome, tortura e privações só se justificam pelo marxismo-leninismo, camaradas. É uma espécie de ruindade positiva, ora vejam só.

Vale a pena ler jornalistas que abordam o tema para informar, e não agir como torcida organizada; jornalismo sério, e não bobagem travestida de fato, como fez Augusto Nunes ao relatar sua experiência com Fidel: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/a-ilha-presidio-ficou-sem-o-chefe-dos-carcereiros/

Idem para a visão insuperável de J R Guzzo, que expôs como ninguém o funcionamento dessas carpideiras do genocida: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/direto-ao-ponto/j-r-guzzo-um-mundo-morto/

Ao fim e ao cabo, resta só a hipocrisia da esquerda caviar, que adora Cuba… mas bem de longe. Preferem levar suas vidas mundanas em Paris mesmo, vivendo as delícias do capitalismo. Todo sujeito que defende o comunismo deveria ser condenado a viver nele. A isso se dá o nome de realidade na pele.

Não deseje para o pobre povo cubano o que não deseja para si, ok? Muito menos para nós, brasileiros. Vá sofrer na fila da Coppelia pra poder contar pros amigos depois, bebendo uísque 18 anos e desfrutando de alguma teta estatal sem fazer nada. Ô raça.