Muitas pesquisas já demonstraram que estamos muito melhor que nossos pais e avós estavam quando tinham nossas idades. Se você comparar um pobre de hoje com um rico da Idade Média verá que temos uma condição de vida infinitamente melhor em termos de conforto, expectativa de vida, acesso à cultura e educação. É claro que falo de forma geral, sem aquela babaquice ideológica que diz que nunca estivemos tão mal.
Esse estar melhor quer dizer que deveríamos ter mais tempo e mais dinheiro para investir nos momentos de reunir a família e os amigos, não é?
Mas aquelas festas generosas parece que não existem mais. Ninguém tem mais saco de enfrentar as horas e mais horas de cozinha, a tonelada de louça, as roupas de cama e toalhas para lavar depois. E o dinheiro que custa uma reunião dessas? A tremenda quebra da rotina que aquelas reuniões significavam é hoje um tabu. Ninguém mais quer encarar incômodos. Estamos ocupados demais, cansados demais, apressados demais…
Estamos perdendo aquilo que o cientista político e professor norte-americano Robert Putnan definiu como “capital social”: nos últimos quarenta anos assistimos a redução do envolvimento cívico e político, dos laços sociais informais, da tolerância e da confiança. Passamos menos tempo com os amigos, freqüentamos menos clubes, nos afastamos da política, dedicamos horas e horas à televisão (e agora internet) e recebemos pela mídia uma carga diária de catástrofes que nos transformam em indivíduos medrosos, descrentes e desconfiados.