O cachorro de cinco pernas

Quantas pernas um cachorro tem se você chamar o rabo de perna, hein?
Quatro.
Chamar o rabo de perna não faz do rabo uma perna.
Essa frase é atribuída a Abraham Lincoln e eu a usei na abertura do Cafezinho 147, quando falei da realidade fantasma, a realidade desejada e a realidade em si.
Diante das fontes não confiáveis de informações, apelamos para a realidade desejada, criando em nossas mentes o mundo que queremos, e vivendo nele como se fosse real. É aí que somos enganados, ludibriados, traídos, pela recusa de ver a realidade cruel. Até que aparece alguém que cospe a realidade na nossa cara.
A primeira coisa é entender que a realidade nem sempre é ideal como você a imagina ou colorida como alguém pintou. Comece aceitando-a como ela é. Aceite que a realidade tem coisas boas e ruins e se puder, foque nas coisas boas. Provavelmente você jamais conseguirá mudar a realidade, mas sempre pode mudar o jeito de reagir a ela.
Mas o mais importante é: aceite a realidade, mas não precisa se conformar com ela. Você pode e deve buscar formas de melhorá-la! Esse é o pensamento dos inovadores, dos transgressores que quebram regras e mudam o mundo para melhor. Eles sabem como é a realidade e assumem o compromisso de mudá-la.
Mas tome cuidado para não se transformar em mais um revolucionário de butique, o jovem dinâmico com a cabeça feita por algum dinossauro do século 18, que prega o céu no futuro a custa do inferno no presente. Um céu que jamais chega.
Bote sua energia em mudar a realidade para outra realidade possível, não para transformá-la na realidade fantasma de alguém. Ou na realidade desejada que só existe em seus sonhos.
A realidade fantasma e a realidade desejada têm um baita problema: é nelas que vive a turma que diz que rabo é perna.