LíderCast 054 – Rodrigo Dantas

Luciano         Muito bem, mais um LíderCast. A pessoa que está aqui comigo chegou para mim da forma, para mim mais lisonjeira possível, porque ele entrou em contato comigo para me convidar para escrever o prefácio de um livro dele. Eu nunca tinha visto essa figura, de repente ele me manda um e-mail: Luciano, estou fazendo um negócio assim, queria te convidar para escrever o prefácio do livro e aí a gente se encontrou, batemos um papo lá, a proposta dele era muito legal, o livro é bem interessante, eu aproveitei o embalo, ele veio aqui para me trazer o exemplar do livro em mãos e eu catei o bicho, falei vem cá, nós vamos sentar lá e vamos bater um papo. O programa começa com três perguntas fundamentais que são as mais difíceis, passando por elas, o resto você tira de letra. A primeira pergunta é como é seu nome, qual é sua idade e o que é que você faz.

Rodrigo          Bom, meu nome é Rodrigo Dantas, eu sou empreendedor, montei uma empresa há três anos, na verdade é minha terceira empresa, eu fui executivo do Itaú muito tempo e eu tenho 35 anos.

Luciano          35, você foi executivo no Itaú?

Rodrigo          Fui. Fui durante oito anos.

Luciano          Você é um empreendedor. Dono de puteiro é empreendedor…

Rodrigo          Carrinho de pipoca.

Luciano          Carrinho de pipoca é empreendedor, tudo é empreendedor. O que é empreendedor?

Rodrigo          Empreendedor é um cara que consegue levantar uma sede, eu tenho uma definição bem até polêmica sobre o que é um empreendedor. Empreendedor é o cara que tem um time, tem uma sede, gera receita e tem um CNPJ formal, eu sei que existem muitos empreendedores dentro de grandes corporações, mas eu tenho uma definição como empreendedor o cara tem que levantar um time, tem que ter uma empresa que fature, tem que ter uma sede, tem que ter problema de empresa mesmo.

Luciano          É eu fiz um texto há um tempo onde eu fazia uma comparação… a diferença entre empreendedor independente e o empreendedor corporativo, são empreendedores? Os dois são, o que difere um para o outro? O grau de risco. Para mim ficou muito claro, é o grau de risco, eu fiz o seguinte, é o bungee jump e o wingsuit, os dois são loucos, os dois se arriscam, os dois se atiram no buraco, mas um tem uma corda…

Rodrigo          Um no dia 30 o salário cai…

Luciano          Tem  uma cordinha, se der um rolo tem uma empresa por trás, segura as pontas, o outro está de wingsuit, ou ele vai bater na montanha e vai morrer.

Rodrigo          É mais ou menos isso.

Luciano          Então, de onde é que você vem? Você nasceu aonde, o que você fez na vida?

Rodrigo          Eu sou paulista, tenho uma família que também é baseada em São Paulo, mas o que aconteceu comigo foi assim, eu sou curioso, sempre fui curioso, aí eu fiz dois anos de cinema, contando um pouco da minha vida acadêmica e aí fazendo cinema eu fui crescendo num cargo executivo do banco, então falei espera aí: por que um executivo do banco está fazendo cinema? Acertei um pouco minha carreira, então depois de fazer dois anos de cinema eu me formei em publicidade, foi aí que eu tive uma conexão bem forte com o empreendedorismo e com criatividade também e aí que eu fiquei mais curioso para saber quais seriam meus próximos passos.

Luciano          Você não se formou em cinema?

Rodrigo          Não. Eu fiz dois anos de cinema.

Luciano          E aí você mudou para publicidade?

Rodrigo          Mudei porque, na verdade, o que aconteceu? Eu acabei ganhando um cargo novo no banco e não fazia sentido eu continuar com aquilo, eu falei vou acertar um pouco o meu currículo porque pode ser que eu cresça mais rápido aqui dentro da corporação.

Luciano          Então, então vamos explorar essa coisa que é muito legal. O que te levou a querer fazer cinema, paixão?

Rodrigo          Foi, eu gostava muito de ler, então o curso de cinema ele já tinha essa pretensão de você ter que saber ler roteiro, tem que conhecer um pouco de arte e isso motivava e eu gostava muito de tecnologia digital, então câmera, fotografia, eu sempre gostei disso e era um curso que estava meio que… ninguém queria fazer cinema, ninguém da minha turma queria fazer cinema, então foi uma coisa, eu digo até que foi arriscado o que eu fiz, mas foi muito bom porque isso me condensou a ler mais, obrigatoriamente eu tinha que ler mais, mais do que um curso de administração tal, mas foi uma ótima experiência, hoje eu trago muita coisa do que eu fiz lá e aí eu acertei minha carreira.

Luciano          Então, eu queria explorar um pouco esse lance do “acertei a carreira”, quer dizer, você bota um sonho lá, vou me formar em cinema, não sei se você tinha na tua cabeça que você viria a ser um Steven Spielberg, ou um grande roteirista ou alguma coisa assim e lá na frente você olha e fala o seguinte, eu acho que esse caminho aqui não é o certo, eu vou virar o caminho e a princípio você pega dois anos da tua vida, descarta os dois anos e parte para uma outra coisa que não está, vamos dizer, você não saiu de padeiro para ser advogado, você saiu do cinema, foi para a publicidade e propaganda que está ali, aliás eu costumo dizer que o lugar onde o cinema floresce no Brasil é na propaganda, porque propaganda brasileira é puro cinema…

Rodrigo          É o que dá dinheiro.

Luciano          … mas na hora que você toma essa decisão, vou mudar o rumo aqui, foi uma decisão consciente? Baseada no sucesso que você vinha tendo na tua carreira no banco, foi isso?

Rodrigo          Isso, assim, eu tinha 22 anos e fui promovido para, engraçado que fui promovido para gerente com 23 anos, na minha geração de executivo naquela época não existia isso…

Luciano          Dentro do banco?

Rodrigo          … dentro do banco, então o que aconteceu? Eu falei bom, eu preciso aproveitar um pouco mais minha vida profissional…

Luciano          Que área era?

Rodrigo          … era área empresas do banco, eu ajudei até a criar empresas do Itaú e aí o que aconteceu? Falei bom, eu sei escrever, eu gostava muito de escrever e eu falei já sei, vou aproveitar isso em publicidade, estando no banco meu sonho era falar bom, vou pagar a minha faculdade, vou finalizar e vou trabalhar numa agência, como sei lá, como redator, ou aproveitar uma outra área que eu goste também, mas o que foi acontecendo? Cada vez que eu me dedicava mais para o banco, eu subia um cargo maior e desvencilhava um pouco mais da criatividade, ou seja, eu tinha que cada vez acertar um pouco minha vida profissional fazendo finanças, fazendo cursos de gestão que não era o que eu queria mas acabou sendo o meu destino nesse momento e aí o que aconteceu? Eu fiz um curso de finanças, fiz marketing, sempre tentava colocar um pouco de criatividade também, então fiz marketing, depois que eu fiz marketing eu falei bom, agora já sei o que vou fazer, vou planejar meu próximo passo, então 2010, 2011 mais ou menos eu pensei bom, meu próximo passo tem que ser uma coisa que eu goste mesmo, então vou me formar numa coisa que eu goste e eu acabei indo para fazer um curso em Stanford, de verão e fiquei …

Luciano          Curso de que?

Rodrigo          … um curso de negócio mesmo em tecnologia, que era uma coisa que eu queria fazer e aí eu voltei picado, então voltei falei o empreendedorismo é uma coisa que eu estou vendo as coisas acontecerem no banco, do lado corporativo e eu estou vendo gente realizar isso com muito menos preparo que eu ou com muito menos idade que eu e talvez eu tenha que ter o momento de tomar uma coragem de largar isso aqui e tocar um projeto e aí o que eu fiz? A gente tem aquela, ah tenho família, como é que eu vou largar emprego, não dá, eu fiz um teste, eu montei um e-commerce de perfume em 2011, mais ou menos…

Luciano          Enquanto estava no banco?

Rodrigo          … enquanto estava no banco…

Luciano          É a história do Clark Kent de dia, super homem à noite, é isso?

Rodrigo          … é isso aí, eu e minha esposa passávamos a madrugada cadastrando produto na internet e tal, a minha sogra também, que foi engraçado, por que perfume? Pô o cara é louco, nunca trabalhou com isso. Minha sogra trabalhava numa grande importadora e tinha um conhecimento muito forte disso então eu uni a tecnologia com uma coisa que eu tinha uma segurança que alguém ia me ajudar mais tecnicamente que era perfume. Colocamos no ar, então eu gastei sei lá dois, três mil reais para colocar o negócio no ar e minha sogra falou ah, você não vai vender isso, em 2011 o e-commerce estava engatinhando ainda e quando começou as primeiras vendas eu falei ó, está vendo, já estamos vendendo, o que aconteceu? Cresceu rápido o negócio, aí com o dinheiro que a gente ganhou nisso a gente monteou uma loja física num shopping em São Paulo e aí ficou aquela coisa assim, eu tenho dois negócios, eu tenho um negócio online, uma loja física, então são duas empresas diferentes, como eu lido com isso? Ou seja, saiu um pouco das minhas mãos porque eu não estava no negócio, então falei olha, olhei para minha esposa, ou eu ou você vamos ter que largar o emprego, minha esposa também trabalhava no banco, ela acabou largando e aí virou uma empresa familiar, minha sogra também largou o emprego, virou uma empresa de mãe, filha e genro, então isso começou a complicar porque, empresa familiar é sempre pô, eu não quero ter uma família como sócio porque final de semana você não consegue discutir coisas de família, você consegue discutir coisas de negócio, então começou a complicar um pouco eu falei gente, concluímos o processo, vamos para um próximo passo, eu acabei vendendo essa loja um ano e meio depois, as duas lojas, hoje a loja tem cinco unidades, então…

Luciano          A loja física continua?

Rodrigo          … continua, aí eu vendi a…

Luciano          Como é o nome dela?

Rodrigo          … é Companhia do Perfume, e aí hoje ela tem um outro tipo de gestão, cresce, como deveria ter sido, cumpri meu papel…

Luciano          E o e-commerce?

Rodrigo          … o e-commerce a gente vendeu a base do e-commerce para uma empresa concorrente, de Curitiba e aí o  negócio está na mão certa, então eu entendi que aquilo, aquele movimento foi assim, eu tinha que fazer aquilo, eu tinha que testar aquilo, realizei e agora? Vamos para o próximo passo?

Luciano          Quanto tempo levou esse processo? Desde você falar vou criar um e-commerce…

Rodrigo          Um ano e meio.

Luciano          Até vender

Rodrigo          Até vender.

Luciano          Um ano e meio só?

Rodrigo          Um ano e meio, porque assim, o que aconteceu foi a crise de 2008, ela teve um reflexo em importação de perfume até 2012, mais ou menos, então as pessoas já não estavam viajando mais para os EUA, elas estavam comprando perfume aqui, então esse foi o momento, o timing foi certo, hoje já é um timing difícil, é um produto difícil porque tem muita concorrência e o cara viaja muito.

Luciano          Você ganhou dinheiro?

Rodrigo          Ganhei, eu fiz uma, eu fiz um, o pessoal chama de “exit”, foi um pequeno “Exit”, ai eu falei bom, com esse dinheiro aqui o que eu vou fazer? Vou montar um próximo negócio, falei vou replicar uma coisa que eu aprendi e aí foi minha primeira batida de cabeça porque eu falei bom, entendo de e-commerce, vamos colocar um negócio no ar também, online, mas o que? E aí o que estava… eu pesquisei bastante, estava olhando tendência que estava na minha frente era moda fitness, então minha esposa tinha uma ligação com fitness e tal, então eu falei, não existe um cara que lidera esse negócio online de roupa para academia, acessório para academia e aí a gente começou a colocar o projeto no ar e quando a gente gastou, sei lá, trinta mil em pesquisa, em teste eu falei para. A gente não é desse ramo, “nós vamos se ferrar” aqui, vamos torrar esse dinheiro e eu tenho certeza que não dá certo porque a gente vai passar pela mesma coisa que a gente passou com perfume, aí minha esposa falou então faz o seguinte, eu também não quero mais trabalhar no banco, eu vou estudar, aí então minha esposa tomou um outro rumo na carreira dela e aquilo foi um aprendizado para mim que eu falei bom, qual é meu próximo passo? Eu tinha certeza que para montar meu terceiro negócio tinha que ser… eu tinha que sair.

Luciano          Você falou um negócio muito interessante para mim aí que é o seguinte, depois de investir trinta e poucos mil reais na especulação em torno do negócio, você olha para aquilo e fala não vai dar e vou sair fora. Isso me lembra aquela história da recomendação, se você está num buraco, a primeira coisa que você tem que fazer é parar de cavar, para de cavar para depois sair do buraco e tem gente que continua cavando, ou seja, você podia ter olhado para isso e falado já botei trinta pau, agora eu vou adiante para tentar recuperar os trinta mil que eu perdi aqui e não foi isso que você fez, você olhou para aquilo e falou perdi, está consolidado o prejuízo, fecha, eu não vou nem continuar que é para não aumentar isso. Foi isso que aconteceu?

Rodrigo          Foi e também teve uma coisa assim, eu tinha certeza que o meu próximo negócio, ele tinha que ter uma conexão muito grande comigo e moda fitness não tinha conexão nenhuma, seria só uma oportunidade de uma tendência que estava acontecendo.

Luciano          Como é que você olha para aqueles trinta mil que foram embora?

Rodrigo          Acho que foi bom…

Luciano          Como é que você processa isso? Olhar para aqueles trinta mil e falar o seguinte, que preju.

Rodrigo          … eu sempre fui um cara de risco, eu sempre fui, eu gosto de risco,  então quem olha, maus pais, minha própria esposa acha que eu sou louco nesse ponto, mas eu sou um cara de risco. Mas o importante foi o aprendizado que eu tirei nisso, eu tenho certeza que não ia dar certo, pode até ser que tenha dado certo, mas talvez eu não estaria feliz.

Luciano          O que levou você a concluir que não ia dar certo não foi o resultado da pesquisa que você fez?

Rodrigo          Não…

Luciano          Os trinta mil que você gastou não foram eles que te deram a certeza pelo resultado da pesquisa que foi assim olha, eu fiz uma pesquisa e concluí a partir dela que não vai funcionar, era uma outra coisa que estava te incomodando lá atrás?

Rodrigo          Era, eu cheguei até, só para você ter uma ideia, cheguei até a conversar com panicat, para ser sócia do negócio porque eu sabia que tinha potencial então o negócio ele tinha uma atração do time da época e ainda tem hoje, você vê como é que esta o fitness hoje, é acho que o terceiro ou segundo maior mercado do mundo, mas o que me deu certeza foi: eu não tenho conexão com isso e eu não vou conseguir levar isso adiante muito tempo porque não vai me dar tesão, então eu falei já sei qual que é o meu próximo passo, tem que ter uma conexão muito grande comigo, porque na verdade eu não ia conseguir ficar muito tempo também tocando o negócio, trabalhando no banco e tocando o negócio paralelo, ficando madrugada não, não dá, então…

Luciano          O que que é essa conexão comigo? O que é essa coisa que dá o tesão, o que é? É fazer o que eu gosto de fazer? É lidar com coisa que eu amo lidar? É ter um propósito de vida? É fazer algo que tenha uma consequência mais adiante, que não se mede em dinheiro, o que é? Me explica isso.

Rodrigo          Isso é um negócio muito legal porque eu tenho um sócio, eu tenho um dos sócios assim que acabou sendo um pouco o meu mentor assim, ele fala um negócio que é importante, ele fala assim: “não confunda hobby com trabalho”, então não faça do seu hobby um trabalho que você vai confundir as coisas no frigir da decisão, você vai confundir isso, isso vai ser ruim e aí o que eu tive que fazer nessa análise é assim, qual é minha história? Onde eu comecei? Meu pai foi vendedor muito tempo, meu avô saiu do nordeste veio sem nada para cá, trabalhou na Monark, foi engenheiro sem ter formação nenhuma tal, então pegando na história, minha história familiar, minha história como estudante, minha história acadêmica, depois quais foram as minhas experiências no banco, porque no banco eu tinha uma ligação muito grande com o empreendedorismo, mas o empreendedorismo real, comerciante, industrial, empresário do ramo de serviços, então todas essas visitas que eu fazia, esses negócios que eu fechava com eles, eles viraram booking dentro de mim para falar assim olha, o que você sabe fazer é isso. Eu sei analisar quando uma empresa vai quebrar, eu sabia analisar como emprestar dinheiro para aquele cara que tinha potencial mas não tinha nada para dar de garantia, então eu comecei a olhar na história, na minha história, o que seria o meu próximo passo, só que que aconteceu? Me dei um prazo, então em julho eu chamei um dos meus chefes na época e me dei o prazo, falei em julho de 2013 eu vou sair do banco, se vocês não quiserem fazer um acordo comigo ok, primeiro dia de julho eu saio do banco sem pretensão nenhuma, sem arrumar emprego nem nada e foi o que aconteceu, dia 2 de julho de 2013 eu saí e aí o que aconteceu foi que eu planejei meu próximo passo, vou ficar 3 meses planejando meu próximo asso, vou dar uma descansada, vou fazer uma viagem com a minha família e tal. Uma semana depois eu fui almoçar com uma pessoa e essa pessoa me apresentou um projeto de uma empresa que ia vir para o Brasil e precisava fazer um sistema complexo de pagamento e que o Brasil, ele tem uma, principalmente para o gringo ele tem uma complexidade bem grande, o gringo não sabe o que é parcelado, não sabe o que é boleto e essa empresa procurou esse meu amigo e falou olha, só entro no Brasil se você fizer um projeto desse para mim e aí ele me mostrou aquilo, um rascunho, falei legal, gosto disso, tem a ver comigo, produto financeiro, trabalhei no banco muito tempo, o que acontece foi que dois cafés depois a gente decidiu fazer um projeto para esse cara, colocamos a mão na massa para desenhar, arquitetar um plano de negócio e a  empresa não veio, a empresa acabou não vindo e aí teve até uma história que… o Luis, o fundador da Vinte comigo que foi esse meu amigo que eu encontrei no café, ele falou dá uma analisada e vê qual o tamanho desse negócio no Brasil e aí eu fui para a casa, fiz aquela reflexão e falei é gigante…

Luciano          Era um negócio de que?

Rodrigo          … era billing.

Luciano          Billing?

Rodrigo          Pagamento.

Luciano          Negócio de pagamento.

Rodrigo          É, o cara era uma empresa de games que ia vir para o Brasil e ele sabia, no Brasil eu sei que tem parcelado, tem boleto, eu não quero me meter com isso, então…

Luciano          Ele queria alguém, uma empresa que fizesse isso para ele, tá.

Rodrigo          … que fizesse tudo isso, então você tinha, na época você tinha o que? Pay pall, pag seguro que só fazia a transação, só cobrava, mas e emissão de nota fiscal e conciliação e retentativa de pagamento que não acontece? Então que queria… e aí quando eu olhei para aquilo, olhei para o Brasil eu falei toda empresa de serviço tem esse problema,  aí o que a gente decidiu? Vamos montar esse negócio? Vamos.

Luciano          Que ano era isso?

Rodrigo          2013. Então, vamos montar? Vamos. Aí o que a gente colocou no papel o prazer para montar isso, como é que ia ser…

Luciano          2013 ainda não tinha isso?

Rodrigo          … não tinha uma empresa que fizesse isso de ponta a ponta, o que você tinha é gates de pagamento que fazia a transação e você se virava do seu lado.

Luciano          Sim, quer dizer, dentro da minha empresa eu tinha que botar lá meu contador, minha área financeira, essa coisa toda, eu não podia terceirizar esse processo inteirinho para ninguém porque não existia nem essa prestação de serviço?

Rodrigo          Não. E aí quando a gente colocou esse projeto no ar, eu já estava muito interessado em um negócio chamado assinatura, já estava olhando a tendência americana em assinatura, olhava isso muito de perto, tanto que tem uma história curiosa que é o maior case de assinatura que o Brasil viu no início foi um cara chamado ” Shoes four you”, não sei se você conheceu o shoes four you?

Luciano          Não vou me lembrar.

Rodrigo          Era uma assinatura de sapato, os gringos vieram, montaram uma baita operação aqui no Brasil, eu no banco fiz questão de conhecer eles, para saber como é que era o modelo e tal e eles quebraram, quebraram não, na verdade eles fecharam propositalmente em 2014 com 15 mil assinantes, a empresa dando lucro e tudo e então assim, a conexão que eu tinha com assinatura, estava estudando muito sobre isso nos EUA, o Netflix ainda tinha, para você ter uma ideia, o Netflix entregava DVD em casa ainda, em alguns pontos. Então eu comecei a analisar isso, a mudança do consumo do software também é uma coisa que eu estudava bastante, quando veio esse projeto de pagamento eu falei olha, tem uma conexão aqui, eu sei como é que funciona isso, eu sei como que isso funciona no back office do banco, sei como é que é na ponta do cliente, então quando a gente colocou no ar o projeto no papel na grade, colocamos no papel, beleza, mas quem vai executar isso? Eu não sou técnico, eu não sou programador, minha carreira foi toda em negócio, esse meu amigo Luis não tinha condição de largar, ele tinha uma outra empresa não tinha condição, e aí? Aí a gente foi atrás de uma terceira pessoa que tinha que estar no mesmo momento que eu e que a gente convencesse, cara, você não vai ganhar nada por um ano, está querendo? Então foi muito difícil achar essa pessoa, e a gente encontrou depois de um tempo, essa pessoa pulou para o barco e construiu a primeira versão do sistema…

Luciano          Como é que se busca uma pessoa dessas?

Rodrigo          … então, é difícil, assim, acho que o grande desafio para uma empresa de tecnologia hoje e sempre será quem que vai ser essa pessoa, principalmente pessoa que vai colocar a mão no código para desenvolver um produto, então a gente conversou muito, depois de muitas reuniões, explicar para ele o projeto, olho no olho mesmo.

Luciano          De novo. Como é que você pesca um cara desse, o que você faz?

Rodrigo          É networking, aí você fala tem um cara, um amigo meu, tem um conhecido, será que é a pessoa certa? Vamos analisar um pouco ver como é que é o momento de vida dele, se ele está com família tal porque é crítico porque nem todo mundo tem a sua loucura, nem todo mundo tem essa coisa de arriscar que nem eu, que nem ele.

Luciano          É pior que um casamento, você está botando um projeto de vida na mão de mais alguém.

Rodrigo          Exato, então a gente descobriu a pessoa certa para iniciar esse negócio, que era o Adriano e aí o que aconteceu? Começamos numa sala com duas cadeiras, a gente contratou também uma pessoa, o Leandro que está desde o começo com a gente, então é aquela coisa assim, eu tinha toda uma estrutura funcionando por trás, um gigante funcionando por trás, que era o Itaú, ou seja, caía negócio na nossa mão e eu me vi numa segunda feira com o Adriano numa sala que eu nem sabia por onde começar, o que que eu faço?

Luciano          Dá uma pausa para mim aqui, você vai reparar uma coisa aqui Rodrigo, isso aqui não é entrevista, é um bate papo, até um cara escreveu porra, você entra no meio do que o cara está falando. Eu não estou entrevistando ninguém, eu estou batendo um papo e papo é o seguinte, você entra com a tua conversa, eu vou entrar com a minha e você vai despertar ideias em mim, eu vou fazer questão de botar aqui, essa é a nossa troca, uma troca de conteúdo aqui. Você falou um negócio muito interessante aí e eu quero explorar um pouquinho mais essa coisa de você estar buscando um cara para estar com você, ontem eu estava mexendo no material e eu li um treco interessante lá, que o cara dizia o seguinte: contrate a pessoa pelos valores da pessoa e as habilidades se desenvolvem depois, as habilidades isso a gente não contrate por habilidade, contrate pelos valores e você falou mais ou menos isso, quer dizer, como é difícil encontrar um cara que vai bater comigo e vai estar comigo no negócio, quer dizer, não é tanto a habilidade técnica, a capacidade técnica que o cara tem que ter, que é claro que é importante, se eu quero jogador para o meu time que venha um jogador bom de bola, mas importante é os valores que esse cara vai dividir com você, eu entrevistei aqui o Kiko Loureiro e o Kiko me contando o processo dele para entrar no Megadeth e ele falando, os caras me chamaram lá e  eu reparei, para bater papo comigo porque eles queriam, me botaram num lugar lá eu fiquei indo nos ensaios, conversando e estava muito claro, o cara queria saber quem é esse sujeito que está vindo aqui. Se eu tocava guitarra bem ou não, isso resolvia-se me vendo tocar a técnica, mas esse não era o problema, eles queriam sabe, esse cara vai dividir quarto comigo, vai dividir o ônibus, vai estar comigo, como é a  vida desse cara,  como ele se comporta? Então todos esses valores foram as coisas mais importantes para ele ser o guitarrista do Megadeth e quem olha de fora fala pô, basta ser um baia guitarrista, e não é assim, então esse teu processo de encontrar esse sócio me aprece que bate muito com isso, eu  estou buscando os valores que essa pessoa tem e que não estão necessariamente ligados à qualidade técnica ou a capacidade que ele tem como um bom profissional de tecnicamente resolver o problema.

Rodrigo          Exato e tem outra coisa, se ele não for a pessoa certa também, ele não consegue aprender, ah já sei tudo, então prefiro também uma pessoa que seja disposta a aprender uma coisa nova, então, mas eu acho que  assim, esse é um grande desafio para um monte de empresa, achar a pessoa certa, principalmente para essa figura que é o cara que vai cuidar da  tecnologia que hoje com os salários super inflacionados que tem no Brasil, o cara fica dois meses com você, recebe uma proposta, vai para a Alemanha e te deixa na mão.

Luciano          Você falou duas coisas que ficaram claras aí para mim. Primeiro: você queria um cara capaz de investir num negócio e ficar um  ano sem ganhar nada. Você queria um cara…

Rodrigo          Junto comigo.

Luciano          …  então, isso que eu estou dizendo, junto com você num negócio, quer dizer, esse cara tem que ter paciência, esse cara tem que ter essa ideia de risco, estou assumindo um risco, ele tinha que ter capacidade de compartilhar com você esse sonho, de comprar esse sonho e estar com você junto ali, que mais que você buscava no cara?

Rodrigo          E não, engraçado que ele também tinha família, então ele tinha que ter um risco maior do que o normal porque o cara estava com um filho pequeno e aí a minha responsabilidade também aumentava, porque eu falei esse negócio tem que dar muito certo porque se não, não são mais uma família, são duas famílias que vão ficar com problemas, mas acho que assim, o grande ponto aí foi também boas referências, a gente tinha boas referências dele no passado, com pessoas que dariam feedback real, entendeu? Mas também foi isso, a pessoa pode mudar durante o percurso, então está arriscando em todos os lados, mas o que aconteceu é que ele conseguiu, a gente conseguiu colocar o sistema no ar em agosto, no começo de agosto o sistema tinha um botão para você emitir uma fatura e aí o que eu fiz, na primeira semana, eu falei que eu fiquei um pouco.. caramba, o telefone está aqui, não toca, tem um papel…

Luciano          Você não tinha cliente, nada?

Rodrigo          Não, nada zero.

Luciano          Você tinha a máquina pronta.

Rodrigo          E o que é pior, eu sai do banco, não tinha cliente, o sistema não estava pronto, eu tinha que fazer alguma coisa, o que eu vou fazer? Primeiro eu comecei a conversar com as pessoas do mercado, então bati na porta, eu tinha mapeado, eu tinha feito mais de duas mil visitas em empresas diferentes e eu construí um relacionamento bom, alguns eram meus amigos também, eu comecei a conversar com as pessoas, e aí, compraria isso aqui? O que você precisa, como é que está aqui? Posso dar uma olhada no seu departamento financeiro como é que é? Eu vi coisas assim, caóticas e coisas assim super profissionais, então o que eu comecei a fazer? Como eu fiz cinema, lia bastante gostava de escrever, eu falei já sei, vou documentar, eu sou um publisher assim, não existe um dia que eu não escreva alguma coisa, eu comecei a escrever bastante, antes de a empresa ir no ar, então eu disparei conteúdo sobre cobrança recorrente, assinatura, pagamento online automático…

Luciano          Para aquelas caras que você tinha tido contato.

Rodrigo          … não, eu montei vários blogs de empreendedorismo, recebi om convite para escrever num outro blog e eu comecei a escrever qual que era a mudança do departamento financeiro de três pessoas trabalhando e fazer aquilo ser automatizado, ganhar eficiência, tudo, então antes de o negócio ser realizado assim na prática, antes de um cliente começar a usar o sistema, já tinha, sei lá, oitenta textos explicando o que era isso, porque eu tinha que aproveitar meu tempo ocioso, o que aconteceu? Colocamos uma página no ar e até uma curiosidade, eu nunca contei isso para ninguém, mas o primeiro cara que se cadastrou nessa página é cliente hoje e virou meu grande amigo, que é o Paulo, da Caelun. A Caelun é uma escola de tecnologia aqui, eles ensinam caras a desenvolver código, java, robie, piton e foi o primeiro cara que ele mandou, ele se cadastrou assim, caras, eu preciso muito disso, até que enfim uma empresa que faz isso. Quando eu peguei aquele e-mail eu falei, olha quem se cadastrou, primeiro cadastro e foi engraçado porque eu tentei falar com ele, ele falou ah não, eu estou viajando, depois a gente se fala, não conseguir falar com ele, mandei três e-mails depois, ele tinha uma vida muito atribulada, mas aquilo foi um sinal, porque se um cara com uma escola consolidada daquele tamanho, com uma autoridade que ele tinha em tecnologia, se cadastrou com interesse…

Luciano          E chegou a valor naquilo que você estava propondo?

Rodrigo          … e aí eu falei opa, tem um sinal aqui e aí o que eu fiz? Eu falei vou conversar com cada pessoa em cada segmento, vou numa academia, vou numa escola de tecnologia, vou numa contabilidade, vou num clube de assinatura e vou ver e vou condensar tudo e trazer para a equipe de tecnologia, está aqui, esses caras precisam disso, e foi mais ou menos isso que aconteceu.

Luciano          Deixa eu falar agora com o cineasta. Você vai entrar na loja de um cara e  falar o seguinte, bom dia, eu sou o famoso quem, eu vim trazer para você aqui um negócio que você não sabe que existe, um negócio que você não pensou ainda que precisa ter e vou te propor que você gaste dinheiro comigo comprando um treco que você nunca pensou que você ia precisar na sua vida, topa fazer?

Rodrigo          Foi exatamente isso…

Luciano          E aí?

Rodrigo          … foi exatamente isso, e fui assim, o segundo sinal, que eu tive  na verdade eu sempre fui um bom vendedor, eu sempre fui de rua mesmo, no Itaú eu trabalhei cinco anos com venda direta mesmo, então eu tinha que bater a cara e sou o Rodrigo, eu sou gerente do Itaú, estou aqui te apresentando, então isso para mim foi muito simples, mas o grande sinal, o segundo sinal e foi um grande sinal foi, eu bati na porta de uma rede de academia e falei olha, eu tenho um negócio aqui e vou colocar no ar, já estava em agosto, o negócio estava no ar mas eu não quis mostrar porque o negócio era muito feio mesmo, mas ó, eu vou colocar no ar em dezembro eu queria saber… Cara, eu contrato, eu quero. Por quê? Por isso, por isso e por isso, então esse cara, ele falou assim Rodrigo, você tem um negócio que não é para academia, não é para empresa de serviço, teu negócio é para o Brasil inteiro, porque todo mundo tem esse problema, todo mundo leva tempo para emitir boleto, todo mundo leva tempo para fazer nota fiscal, fazer conciliação, todo mundo, então assim, desde o cara pequeno até o grande e aí ele abriu um pouco a minha mente, ele falou esquece, teu negócio não é assinatura, teu negócio é empresa de serviço, 70% do PIB no Brasil é serviço.

Luciano          Espera um pouquinho, você estava propondo que o cara assinasse o teu programa, era isso?

Rodrigo          Não, o foco era empresas que tinham, no modelo de venda, mensalidade, assinatura e cobrança recorrente…

Luciano          Perfeito, por isso que você foi na escola, foi na academia, ok, caras que vendiam assinatura de um serviço para consumidor.

Rodrigo          … mas ele falou não, você está enganado…

Luciano          Mas por que é que você focou ali, qual era…

Rodrigo          … porque era o meu histórico e o histórico do Luis também, que tinha um clube de assinatura bem grande, ele tem ainda um clube de card games…

Luciano          Já ouvi falar.

Rodrigo          … e aquilo tinha conexão com a gente, eu sabia fazer aquilo, eu sabia como eu ia ajudar os empreendedores a melhorar aquilo, era billing recorrente mesmo.

Luciano          E de repente esse cara te dá um insight.

Rodrigo          … o cara não, você está enganado, toda empresa de serviço no Brasil contrata você, porque todo mundo tem esse problema…

Luciano          O teu universo.

Rodrigo          … ai aumentou…

Luciano          Aumentou não, o teu universo…

Rodrigo          … é então, aí eu falei…

Luciano          … decuplicou ali na hora.

Rodrigo          … ai eu falei então espera ai, não é assinatura, vamos olhar um pouco melhor esse negócio aqui, quer dizer então que o uma consultoria pode usar? Pode usar… aí eu comecei a trazer os insights para a equipe de tecnologia, falei vamos fazer melhor o negócio, vamos colocar um pouco mais de funcionalidade mais simples que funciona para todo mundo, o que aconteceu foi, em dezembro desse ano, 2013, a gente ficou com vinte clientes e aí aconteceu uma outra fatalidade positiva que eu fui vender para o grupo Smart fit Bioritmo, na cara larga também, bati na porta, sou o Rodrigo e tal e aí eu conheci o diretor de tecnologia lá, o Wagner, ele falou esquece, o que eu faço aqui é muito mais profissional que você, tenho quase um milhão de alunos aqui, eu tenho um sistema, eu tenho uma Vindi aqui dentro, então o que você me trouxe aqui é bem preliminar mesmo. Mas foi muito bom o feedback, só que eu senti que alguma chama se acendeu ali sabe, com ele, aí depois de alguns minutos eu voltei da reunião, ele me mandou uma mensagem, gostei da sua empresa, eu falei vem conhecer a empresa e aí ele veio  conhecer o pequeno projeto que a gente tinha, a gente tinha vinte clientes, praticamente não tinha faturamento ainda porque esses vinte clientes eram beta testers, então a gente nem cobrava deles direito e o negócio desse diretor de tecnologia é que três semanas depois ele decidiu largar o emprego de diretor de tecnologia da Smart Fit, do Bio Ritmo e pular para o barco da Vindi nas mesmas condições que o primeiro sócio, sem ganhar um ano para ter uma participação na empresa, para participar de um negócio que tinha um feeling que ia ser um negócio bom, então aí eu descobri que o meu negócio já não era mais, eu não era mais vendedor, eu tinha que trazer as pessoas certas para me ajudar, então esse foi um outro gol porque aí o Wagner acabou trazendo um pouco do, um pouco não, bastante do que ele sabia de billing, recorrente, fazia construiu o billing no  México, no Brasil, eu falei opa, agora eu tenho uma pessoa que pode me ajudar também a desenvolver a versão 2.0, então veio o Wagner, aí com o Wagner a gente também conseguiu um investimento anjo por conta de um cliente, parceiro que a gente tinha…

Luciano          Que é um sócio que vai financiar…

Rodrigo          … que financiou, na verdade quem financiou a primeira etapa da empresa foi o Luis, que é um investidor anjo da Vindi, que é o co fundador comigo, então ele entrou com o dinheiro, eu entrei com o trabalho e aí teve esse segundo investidor anjo, que ai foi um valor um pouco maior, para garantir um pouco mais de tempo da empresa e aí que eu consegui parar e falar opa, agora eu tenho um pouco de capital, posso contratar algumas pessoas para me ajudar, então viramos o ano 2013, 2014 desenvolvendo uma nova plataforma e aí quando a gente começou a crescer, começou a vir parceria, começou a vir cliente, aqueles textos que eu comecei a escrever antes da empresa começou a bombar, entrava cadastro todo dia, entrava trinta, quarenta cadastros por dia, falei pô, tenho uma equipe de venda agora aqui, consigo vender esse negócio em escala, só que aí eu estava cuidando de marketing, financeiro, comercial, então já estava virando uma bagunça tudo isso eu falei preciso de alguém para me apoiar no financeiro no que fui muito bom com planejamento financeiro, esse negócio de fazer uma empresa controlar fluxo de caixa e tal e aí eu coloquei uma vaga no Linkedin, preciso de um gerente financeiro e aí que foi engraçado porque um ex chefe meu me conectou e falou, que empresa é que você  montou? Montou uma empresa? Eu falei almoça comigo um dia que eu te conto tal, ele tinha sido um chefe que ficou bem meu amigo, no Itaú, ele era superintendente lá. Almoçando com ele, ele falou eu estou com uma ideia aqui, eu já estou com uma certa idade bancária, não quero mais trabalhar em banco tal, quero largar um pouco essa vida, estou numa situação financeira legal, você não acha que eu posso tocar essa área financeira para você não? Ai eu me assustei, falei caramba, nunca pensei ter você como funcionário, você era meu chefe no Itaú, eu falei para ele, olha, a empresa é pequena, aconteceu isso, ele falou quero ver, aí ele foi um dia, conheceu meus sócios lá e ele foi numa terça feira, na segunda feira da semana seguinte ele estava trabalhando com a gente, ou seja, eu contratei o meu ex chefe do banco para cuidar da área financeira, só que acho que ele viu como é que estava o espírito da coisa, como é que estava a energia da empresa, ele falou, um mês depois ele falou não dá, eu quero ser sócio desse negócio, não dá para ser funcionário, o que aconteceu que eu trouxe ele como funcionário, um mês depois ele virou sócio também, injetou um pouco de capital, virou um sócio financeiro do negócio e coordenou uma esteira de vendas, porque ele era um cara que tinha coordenado esteiras de venda do Itaú para trezentas pessoas, quatrocentas pessoas, então foi um cara que me apoiou muito para que a empresa crescesse.

Luciano          Vamos dar uma pausa para uma reflexão, olha que coisa interessante que você está colocando aí, aquele primeiro menino que você trouxe, que foi desenvolver a parte técnica, veio para compartilhar com você um propósito e topou o risco, correu o risco ali, o cara da bio…

Rodrigo          Da Smart Fit.

Luciano          … da Smart Fit a mesma coisa, enxergou ali, viu um propósito e largou tudo e pulou para o barco com você, o teu ex chefe a mesma coisa, bateu um papo com você, enxergou um propósito, largou tudo e eram caras que podiam estar buscando mais segurança mas não estavam, eles estavam atrás de um propósito e enxergaram isso naquilo que você estava trazendo ali e acabaram pulando para dentro do barco, talvez por um período ganhando menos do que ganhavam, tendo mais insegurança, mas apostando em algo que ia crescer, está cheio de gente assim no mercado?

Rodrigo          Não, é assim, na verdade assim, você fala o cara que convence ou o cara que topa?

Luciano          Não, o cara que topa, o cara que está buscando um propósito, está desesperado para largar tudo, eu preciso correr atrás de um propósito.

Rodrigo          Eu acho que o cara que topa tem bastante gente, acho que o timing, a pessoa que convida que eu acho que é um grande desafio, uma das coisas que eu recebi de feedback foi cara, mas isso é uma coisa simples para você, você é um cara que convence bem as pessoas, então assim, não entenda que foi ah os caras pularam, você convenceu eles, eles olharam no seu olho e falaram, esse cara está falando com certeza.

Luciano          Esse é o próximo ponto, que eu queria botar aqui, você sabe que esse aqui é um programa que fala de liderança e empreendedorismo, mas eu não quero falar das coisas que a gente aprende na escola porque isso aí se aprende na escola, eu quero falar das coisas que não se ensina em lugar nenhum, então quando eu falo de liderança e empreendedorismo, tem um negócio para mim que é fundamental que é você estar conversando com alguém que tem o brilho no olho e você olha para aquele brilho e fala, tem coisa e eu vou atrás, eu vou me unir a você porque o que eu ouvi em termos de proposta foi legal, em termos de business está legal, estou vendo o número no papel, tudo aquilo que eu codifico em número está interessante, pode dar certo, mas não é isso que me move, o que me move é o brilho no olho, é o tesão da pessoa, é a capacidade que ela tem de convencimento que é o atributo que um bom vendedor tem que ter e que eu não tenho dúvida nenhuma que é o que te fez, o teu ex chefe nem é o problema porque esse cara te conhecia, é o cara da Smart Fit, que senta com você, fala para você o que você tem aí e depois deixa eu conversar contigo. O que que é essa, que raio de atributo é esse? O que que é? Você é bom de bico, é bom de conversa?

Rodrigo          Eu acho que é loucura mesmo. Acho que o cara falou assim, esse cara é tão louco que deve estar certo. Na verdade é assim, o que eu fiz muito bem mesmo com as três pessoas que a gente trouxe na verdade tem até uma quarta e quinta pessoa também que virou sócio investidor também é que acho que vender o sonho, vender o sonho não é aquele sonho, meu Deus do céu se isso acontecer, não, eu tenho um planejamento aqui, daqui cinco anos esse negócio vai ser desse tamanho, eu tenho essa certeza, então…

Luciano          O que o cinema tem a ver com isso?

Rodrigo          … eu acho que está o story telling, esse negócio sabe, contar uma história desde o começo…

Luciano          Eu tinha certeza que você ia falar isso. Eu tinha certeza que você ia falar isso, olha que legal, olha que legal, olha que fantástico isso, você começa a fazer um curso de cinema lá atrás, faz dois anos, decide que aquela não era a praia, muda para outra, mas carrega com você aquilo tudo que você aprendeu ali e vai usar lá na frente, ou seja, você exercitou a história do roteiro, do story telling e o cinema te ajudou acho que de alguma forma a formatar isso, ou a pelo menos refletir a respeito disso e engatar essas coisas de uma forma que virou uma ferramenta, quer dizer, você não perdeu aqueles dois anos de cinema.

Rodrigo          Não, pelo contrário, isso foi engraçado porque assim, agora quando a empresa começou a se estruturar mesmo, quando ela ficou estruturada para vender, para escalar com tecnologia, tem governança, que a gente tem uma governança séria porque a gente trabalha com produto financeiro, aí eu falei assim espera aí, então a empresa não depende só de mim mais, entendeu? Agora eu posso dar alguns pulos mais arriscados também que opa, se eu passar três semanas o negócio continua vendendo, continua crescendo porque a gente construiu uma máquina mesmo e aí eu falei, mas eu tenho que aproveitar aquela coisa que eu sou melhor, que é vender, então hoje eu sou o responsável por uma imagem da empresa, então eu represento a empresa na mídia, represento a empresa nos parceiros, então eu estou fazendo a mesma coisa que eu fazia no banco, ou seja, estou representando a Vindi com esses clientes, então tem uma história, tem duas conexões aí que eu queria falar para você que é o seguinte: meu pai foi muito vendedor, só que o meu pai, ele tem uma história engraçada que ele vendia embalagem de marmitex, a primeira venda dele, ele não sabia, o cara entregou para ele, ó, “tá” aqui, você vai vender marmitex em São Paulo…

Luciano          Se vira.

Rodrigo          … se vira, nunca foi vendedor, aí ele chegou num restaurante e falou assim, eu estou vendendo marmitex. Falou ah não preciso, aí o que aconteceu, ele chegou e falou desculpa, eu tenho que te falar a verdade: não sei vender, estou passando necessidade, estou com filho pequeno, aí o cara foi lá e pegou o talão de pedido, “tá” bom, vou te ajudar e colocou aquilo, saiu um pedido bom, pô vendi. Foi no segundo cara tentava com a primeira estratégia, não dava certo, ele ia para a segunda, que aconteceu? Ele rodou tanto isso que acho que dois, três meses depois ele caiu no mesmo cara que ele tinha vendido, não lembrava, aí o cara falou pô Paulo, você está vendendo, você falou de novo que está passando necessidade e tal? Então aquilo fez ele se condensar a ser um vendedor bom e usar várias estratégias para vender. Mas eu tenho um caso curioso, depois de muito tempo, quando a Vindi já estava até consolidada, pagando a própria conta, eu elaborei uma lista quais são os clientes que a Vindi pode ter e que daria orgulho, trazia uma receita muito grande, então eu coloquei numa lista e comecei a contatar essas pessoas e começar um relacionamento porque eu sabia que eu tinha condições se eu investisse tempo nisso e aí o que aconteceu? O nosso maior case assim que é obvio que eu não vou falar porque se não vai comprometer a minha venda, mas eu fui visitar um cliente, o maior cliente do segmento, do segmento que ele atua e o negócio não foi, eu percebi que não vai, então eu tinha que fazer alguma coisa diferente, aí o que aconteceu? Eu comecei a tomar café porque eu descobri uma informação, pesquei uma informação, eu tomei um café durante três meses na mesma padaria que esse cara frequentava, que era caminho da Vindi mas eu falei, eu preciso ficar perto desse cara que aconteceu? Fui uma vez, o cara não ia, ah o cara não tem um horário, aí eu colocava outro horário, dez horas, o cara não estava, aí eu comecei a descobrir os horários que ele frequentava essa padaria e todo dia encontrava com esse cara de manhã, aí eu opa, tudo bem e tal, aí comecei a entrar um pouco no relacionamento com ele mesmo e isso demorou três meses, quatro meses depois a gente fechou um contrato, mas eu tenho certeza que eu não conseguiria fechar sem essa…

Luciano          A padaria.

Rodrigo          … essa padaria, não conseguia,  problema foi continuar indo na padaria depois de ter fechado o contrato, eu tive que fazer isso ainda, então assim, hoje eu sei que assim, a questão do cinema, a questão da publicidade ela me traz algumas reflexões para que eu continue contanto essa história, contando essa história para os clientes, então essa é uma atribuição que eu tenho hoje mas com certeza tem uma conexão com tudo aquilo que eu fiz com o banco, com tudo aquilo que eu fiz com a faculdade também e bom, contei resumidamente o que aconteceu, teve soco, sangue, suor, lágrima.

Luciano          Imagino. Mas legal, eu queria entrar na tua nova fase então que é aquela que tem a ver com o que desemboca nesse livro aqui, mas antes eu queria voltar um pouquinho no tempo aqui para a gente preparar a cama para esse papo que nós vamos bater na continuidade aqui, vamos falar dessa coisa de assinatura, mas vamos voltar na história, quer dizer, esse negócio da assinatura é um negócio… é tão antigo quanto a história da humanidade, eu me lembro de projetos de assinatura há muito tempo, quando eu era moleque eu assinava o Clube do Livro e para mim tinha um lance ali da assinatura do Clube do Livro que era uma coisa, aquilo era mágico, o carteiro chegar na porta da minha casa, bater na porta, eu moleque, com 13, 14 anos, o carteiro bate na porta e na mão dele tem uma caixinha com o meu nome na caixinha, quer dizer, eu que era o moleque, que era uma criança, recebo uma caixa e tem o meu nome, ao  Sr. Luciano Dias Pires Filho, aquilo para mim me dava uma sensação de que agora eu sou um ser humano, entendeu? Sou um ser humano responsável, pegava aquela caixinha,  entrava, abria e de dentro dela saiam três, quatro livros, eu mergulhava naquilo, eu lia aquilo, eu era assinante do Clube do Livro e assim foi minha vida e me tornei assinante de porradas  e coisas, Seleções, aquelas coisas que aconteciam de montão e aquilo tinha, depois que eu cresci um pouco é que eu fui perceber que tinha toda uma tecnologia por trás daquilo, a da Seleções talvez seja uma das coisas mais bem elaboradas que eu já vi na minha vida, na capacidade que os caras tem de fazer, provocar em você algum tipo de ação, mas basicamente o que é aquilo? É um sistema em que você, em vez de chegar lá e comprar um produto por mil, dois mil, três mil você vai pagando aos pouquinhos e vai recebendo o produto, então tem o clube do vinho, tem o clube da carta, tem clube de tudo quanto é coisa, Netflix é um clube de assinatura e aí essa coisa passa e com o tempo surge a tecnologia, surge a internet e leva esse processo para um nível impensável, quer dizer, quando começa a ficar simples de eu assinar um negócio que me custa um real, porque era um problema fazer isso, era muito pouco dinheiro, começa a ficar simples de eu ter acesso a essas assinaturas do jeito que eu quiser, não tem mais correio, não tem mais carta, não tem mais papel na minha casa, por telefone eu resolvo aquilo, as revistas, a assinatura, o jornal etc e tal, então a gente passou a viver um mundo da assinatura, quer dizer, todo o lado tem coisa assinando, empresas que nascem como esse conceito como você falou da Smart Fit, qual é o lance do cara? É neguinho assinando, meu lance é o seguinte, eu não preciso nem ter ninguém aqui correndo na esteira, eu preciso que o cara assine e que todo mês vem e pintou essa coisa do pagamento recorrente, então do meu ponto de vista, a hora que você quiser me cortar aqui, que eu estou falando do ponto de vista do chutador aqui, eu como cliente, o que acontece com isso? Eu tenho acesso a uma porrada de coisas, pagando um pouquinho em cada uma, que no final do mês eu paguei dez aqui, vinte ali, trinta lá, cento e vinte cento e sessenta, eu tenho um pedaço importante da minha grana vai embora com assinaturas mas me dá acesso a uma porrada de serviços que eu nem percebi que era assim, do meu ponto de vista como o empresário que vive disso, melhor coisa do mundo é eu poder saber que todo mês eu posso contar com dez caras pagando para mim, então eu á sei que isso é recorrente, já tenho controle sobre o que está entrando ali. Isso é uma maravilha, isso é fantástico e aí a gente chega num momento da história da humanidade em que parece que começa a vir uma mudança cultural que é onde vai chegar num ponto do teu livro, que eu começo a perceber que eu já não preciso mais ter coisas, eu preciso ter o acesso às coisas e isso começa a trazer os conceitos da assinatura para coisas que eu nunca imaginei que eu faria na minha vida, nunca pensei que eu ia parar de comprar DVD, eu tenho uma coleção de blue rays na minha casa que é linda, eu olho para aquilo, aquele monte de blue ray e eu nunca mais comprei blue ray…

Rodrigo          E nunca mais assistiu.

Luciano          … que que eu vou fazer com esse treco, está aqui ocupando espaço, juntando poeira e o que que é? Virou lixo aquilo lá. Por quê? Porque meu mindset mudou completamente a partir do momento em que eu começo a perceber e isso está indo para níveis impensáveis e de repente acho que é isso que te leva primeiro a experimentar esse processo até desembocar no livro aqui. Me conta aquela tua história de como é que você montou aquele teu blog, partiu para um primeiro projeto de assinatura que você fez como um ensaio, você falou deixa eu ver se a coisa funciona. Como é que foi aquilo?

Rodrigo          É, foi uma conexão com o livro também, na verdade o que aconteceu foi assim, eu conheci muitos projetos de assinatura de sucesso e de insucesso, através da Vindi, então sentou muita gente nas mesas na Vindi falando cara, eu tenho um negócio aqui, você acha que dá certo, não dá? E eu embarquei muita jornada com esses caras por experimentação mesmo, eu quero ver o que esse cara vai fazer, se vai dar certo, se não vai e tenho cases assim absurdos, tipo assinaturas de lâmina, home shave club, que é o…

Luciano          Lâmina o que, de barbear?

Rodrigo          … barbear, home shave club, que é um copy cast de uma empresa americana que tem mais de um milhão de assinantes que é o dólar shave club, a lâmina custa um dólar. E ai começou a vir esses projetos, caía no meu colo e pedia uma ajuda de como começar, qual tecnologia usar, qual estratégia e eu comecei eu falei, não, espera lá, eu estou aprendendo muito mais com esses caras, na verdade agora eu tenho que ser uma esponja e documentar tudo o que está acontecendo nesse mercado e a gente virou uma espécie de rub de ideias, então chegou assim, o cara eu quero vender ostra por assinatura, dá certo? Cara, ostra por assinatura? Será que tem escala, da onde você vem e tal, aí o cara conseguiu vender ostra para restaurante em São Paulo, ou seja, o restaurante compra ostra recorrente, falei pô, “tá vendo”, então não é…

Luciano          Assinatura de ostra, isso você não está inventando, isso é real?

Rodrigo          … não, não, real, eu falei cara, espera aí…

Luciano          Assina um serviço de entrega de ostra…

Rodrigo          … de ostra, os restaurantes estão comprando, então você vê que qualquer ideia que o cara tenha, não é desprezável, você fala opa, vamos dar uma olhada com calma porque esse cara pode estar falando… isso foi com cachaça, o Thiago, do Quintal da Cachaça que acabou de vender o clube, quando ele chegou com a proposta de ter um clube de assinatura de cachaça eu falei caramba, como é que o cara consome cachaça igual cerveja? Não dá. Foi muito bem o clube, então o que que eu fiz? Eu comecei a me alimentar do que dava certo e o que não estava dando, lógico, fui para fora, nos EUA, olhei o que que faz, como é que faz assinatura pesada lá, cara que chega com milhões de assinantes e isso virou um aprendizado para mim, para a equipe da Vindi lá e eu falei bom, alguma forma eu tenho que aproveitar isso, ou ajudando mais os meus clientes, ou educando o mercado de assinaturas, aí a gente promove um evento que chama “Assinaturas Day”, que está na quinta edição aqui em São Paulo, que a gente traz bons cases de assinaturas no Brasil isso fala assim bom, legal…

Luciano          Que ano é isso?

Rodrigo          … foi 2014, primeira edição, a gente trouxe o Netflix, trouxe a Zendesk, que é um software de atendimento, tal aí eu falei bom, legal temos, nós estamos vendendo muito bem esse produto, minha solução está rodando nos maiores cases de assinatura do país, mas não tem uma coisa documentada, como fazer, o que dá certo, então eu comecei a fazer conteúdo no próprio blog da Vindi, educacional mesmo, só que aí veio a ideia, bom, tem que fazer uma coisa mais, talvez mais profunda, contar um pouco mais quais são as variáveis que um cara que quer começar um negócio de assinatura tem que usar e quais não usar e aí foi um primeiro ensaio do livro, então o que aconteceu também foi que no meio do caminho entrou o Murilo Gun no projeto, que ele tinha uma palestra chamada “Life as a service”, uma palestra que ele rodou o Brasil fazendo também, só que por um motivo pessoal dele, que ele assinou um contrato, a gente não podia seguir adiante com esse livro, então nasceu o “Economia do acesso” que é muito mais um livro de negócio mesmo, de como as empresas estão dando certo nesses modelos novos de compartilhamento, acesso e assinatura, do que simplesmente um manual, embora ele tenha um pouco de manual prático mesmo de como montar um negócio de assinatura e aí o que aconteceu? Eu aprofundei um pouco mais o conteúdo, o conteúdo nos EUA sobre compartilhamento já está bem maduro, tem até uma autora que eu gosto bastante, não sei se você conhece a Lisa Ganski, que ela tem um site chamado “Mexem it” que ela fala muito sobre o compartilhamento, então ela fala assim olha, ela tem um livro que chama “O que é meu é seu”, que é um livro bem legal, para você entender como é que está mudando assim o negócio do consumo e esse livro, a tese do livro é o seguinte, bom, as pessoas já estão passando a propriedade para acesso, então ela tem a teoria da furadeira não faz sentido você ter uma furadeira em casa…

Luciano          Você precisa do furo…

Rodrigo          … você precisa só do furo, o benefício é o furo e ela começa traçar um paralelo com carro, com casa, e ela chega até, incrível, ela chega até a esboçar um paralelo com esposas, se você quer casar para simplesmente ter uma relação amorosa, você não precisa disso, então ela faz alguns exercícios que aquilo, eu comecei a ler esse tipo de conteúdo, tem uma pancada de conteúdo disso, eu falei olha…

Luciano          Faz o paralelo com marido, porque se não nós vamos arrumar um problema terrível aqui…

Rodrigo          … ela faz uma brincadeira nas palestras que, por exemplo, você não precisa de um…

Luciano          … um esposo.

Rodrigo          … só para casar, você tem que gostar da pessoa, para casar, melhor você faz o seguinte, arruma vários namorados e… entendeu? É o acesso, namorada as a service e é legal que ela dá conceitos assim e o próprio livro, o “Economia do sucesso” também faz alguns exercícios de que, o smoking, as pessoas tinham um smoking até tempo atrás em casa, você tinha o smoking para você usar duas vezes a cada cinco anos, faz sentido você comprar um smoking, deixar ele parado?

Luciano          Nenhum.

Rodrigo          … então, acho que o “Economia do acesso” ele tem essa coisa assim de a gente fazer uma reflexão porque que o consumo está mudando e ele está mudando mesmo, o próprio modelo recorrente, ele mudou, nos anos 40 você tinha uma venda na esquina que ele já tinha um processo de assinatura já formatado, você fazia uma compra semanal, no final do mês você ia lá e pagava, era um produto de recorrência, era um produto de assinatura, você tinha o círculo do livro, você tinha entrega de leite em casa, você tinha a  própria editora Abril tinha produtos fantásticos de assinatura, o Maurício de Souza ensinou as pessoas a consumirem assinatura e aí você via que assim é melhor ter o acesso mesmo do que você colocar um dinheiro na frente, comprar uma coisa que talvez você não vá usar e aí qual que é a reflexão do “Economia do acesso”? Existem empresas de tecnologia que elas pressionaram a gente a mudar a nossa forma de consumo e a cultura do consumo mudou tanto que mudaram as empresas de tecnologia, então você pegar Netflix que é o maior case de assinatura do mundo, tem… vai chegar em 100 milhões de assinantes fatalmente este ano, eles mudaram muito o modelo pela mudança de consumo, então não foi o Netflix que inventou a assinatura de filme, não foi, eles entregavam DVD em casa mas ele falou pô, o consumo está mudando, eu vou colocar streaming porque eles fizeram pesquisa para que esse modelo mudasse e depois disso veio os grandes cases de assinatura mesmo, então o consumo mudou? Mudou. Então você já vê pessoas em São Paulo não querendo ter carro, o cara quer usar táxi, quer usar o Uber, por quê? Porque não faz sentido se o cara tem um trajeto pequeno fazer de carro…

Luciano          Eu sou um case fabuloso disso aí, eu a semana passada eu vendi, eu tinha três, somos em três em casa, morando em casa, três carros em casa, semana passada eu vendi o segundo carro, agora eu tenho um carro para nós três em casa, eu, pessoalmente, é Uber e só o Uber, fiz a primeira conta, que era conta burra, que é o seguinte, quanto eu gastava para manter o meu carro parado na garagem, que eu usava muito pouco e quanto me custaria Uber, então deixa eu dar os números aqui porque essa revolução é muito legal: eu tinha um Jeta 2015, maravilhoso, lindo, maravilhoso lá em casa, fiz a conta, botei num papel, eu gastava por volta de dezoito mil reais por ano com esse carro, entre gasolina, imposto…

Rodrigo          Seguro.

Luciano          … pedágio, seguro, dezoito mil reais sem contar as multas, porque cada vez que eu saio eu tomo duas, mas dava dezoito mil reais. Dezoito mil reais dá um mil e quinhentos reais por mês no carro, legal, tenho patrimônio, está lá, está desvalorizando mas está lá meu patrimônio, mas me custa um mil e quinhentos mil reais por mês. Para eu gastar um mil e quinhentos de Uber eu tenho que fazer uma corrida de cinquenta reais por dia, todos os dias do mês e eu não faço isso, então se eu for um have user de Uber para o meu negócio aqui, eu vou gastar oitocentos reais por mês, ou seja, eu falei mas espera um pouquinho, um mil e quinhentos para o carro ficar parado lá em casa, contra oitocentos reais. Eu vou fazer uma coisa aqui, eu vou tentar viver sem o carro e a primeira coisa que eu fiz foi vender o primeiro carro e aí experimentei, ficamos com dois, falei isso aqui está ficando bom demais, vendi o segundo e agora estamos com um carro só e eu estou usando o Uber direto, então do ponto de vista financeiro, para mim está sendo um tremendo ganho, ah mas você não tem o patrimônio do carro, sim, mas eu também não tenho encheção de saco de ter o patrimônio do carro e aí pintou outra coisa que eu não tinha me atinado a ela, quando eu estou sentado no Uber, eu estou trabalhando, eu estou mesmo sentado no Uber, eu estou acertando coisa, respondendo e-mail, fazendo ligação telefônica, o diabo, ou seja, aquele momento do trajeto que só servia para eu fazer reflexões, agora serve para eu trabalhar também, ou  seja, tem um ganho atrás dessa história toda ai, que o fato de eu não me pertencer àquilo que a gente não faz dimensão até botar na mão e fazer acontecer e se você perguntasse para mim isso há um ano, eu ia dizer que você estava louco, você  é louco, é um louco e eu estou falando de um ano, eu não estou falando de dez anos, há um ano… outro dia eu fiz uma brincadeira com um cara, falei vem cá, se há três anos eu chegasse para você e começasse falar de Netflix, Whatsapp, Ubber, o que você ia dizer que eu era? Você ia falar que eu era louco e hoje em dia você consegue viver sem o Whatsapp, sem o Ubber e sem Netflix? Quer dizer, olha a velocidade que essa coisa está mudando e o impacto social que esse processo está tendo.

Rodrigo          E é uma mudança de consumo, você vê que é uma mudança de consumo mesmo e tem umas empresas que ainda estão cegas nisso, então quando a pessoa fala isso está muito na frente, que eu falo que o emprego ele vai ser substituído pelo robô? Vai. Vai ser substituído pelo software? Vai. Mas é óbvio que não vai ser nessa loucura que a gente está achando, mas ele, cinco anos esse negócio vai mudar bastante e aí ah, mas você está pensando muito longe, cara, Kodak, por que que a Kodak não inventou o Instagran? Por que que as telefônicas não inventaram o Whatsapp? Tem uma questão de inovação muito grande que nasce nas garagens mesmo, o cara que coloca um negócio na cabeça e falou que isso vai virar produto e vou dar de graça, não vou cobrar, esse negócio destrói, ele destrói economias mesmo, então quem que derrubou a Blockbuster, foi a Netflix? Não, foi a própria cegueira da Blockbuster, a própria empresa porque não teve a capacidade de olhar o futuro…

Luciano          A sacada né…

Rodrigo          … porque ela tinha a distribuição na mão.

Luciano          … é mas ela só conseguiu a mudança dela foi aquela mudança de produto, ela conseguiu sair de VHS para DVD, que a gente conseguiu ver isso aí, mas na hora de você sair do DVD e dar o salto quântico que é do produto, porque eu pego na mão, para aquela coisa que não existe que é o bite circulando em algum lugar, ela não fez o salto.

Rodrigo          Exato, então essa é uma questão, tem uma questão de inovação que poucas empresas grandes estão conseguindo enxergar, é o que aconteceu com a indústria fonográfica, por que as gravadoras não criaram o Spotfy? Então você tem uma cegueira no corporativismo muito grande que isso, ela é impressa também pela mudança de consumo muito rápida, eu não quero ter mais isso, então as próprias próximas gerações, meus filhos, não vão querer ter um carro, não faz sentido, eles vão… se você colocar um carro hoje na frente de uma criança de treze anos e um iPhone, ele vai preferir um iPhone, porque para ele o benefício não é, ele não precisa dirigir, então assim, ele não sabe que aquilo tem valor para ele.

Luciano          Você faz ideia do impacto social que esse treco vai ter, quando você imagina marcas como a Toyota falando esses caras não vão conseguir mais fazer aquela loucura de estou te vendendo … você será o dono do BMW,  dos teus sonhos e o moleque vai olhar e falar eu não quero esse treco…

Rodrigo          Eu quero um iPhone

Luciano          … não quero isso aí, eu quero minha bike de alumínio duro não sei o que e não quero esse treco.

Rodrigo          Tem até um artigo que eu escrevi sobre acesso também que fala que assim, a empresa, a Nike, a Nike tem quarenta anos? Talvez, quarenta, cinquenta anos, Facebook vale mais que a Nike e o Facebook ele está no princípio do acesso, ele fornece acesso para as pessoas, não cobra para as pessoas acessarem aquilo, ele cobra de publicidade, mas é pegar assim, o Facebook tem quatorze anos, quinze anos no máximo, a Nike tem quarenta anos, então existe uma questão de indústrias antigas tradicionais que ainda se valem da propriedade, ela vende a propriedade de algum item, elas tem que repensar o modelo urgentemente, é uma coisa que a Whirlpool está fazendo muito bem, ela já sabe que ela não é uma empresa que vende geladeira, que ela não vende fogão, ela vende o acesso àquilo, então ela já está produtizando serviços recorrentes como entrega de água em casa, fazendo com que a geladeira não seja só uma coisa para você gelar coisa, ali tem uma interatividade, tem até o negócio da internet of things que ali vai ter uma conexão com o celular e tal.

Luciano          Deixa eu te explorar um pouquinho. Me conta aquele case teu que eu achei super interessante que foi aquilo que te motivou, falou estou escrevendo a respeito, estou falando, mas eu vou testar o que eu estou contando para todo mundo, esse lance é muito legal, conta essa história.

Rodrigo          É, eu falei assim bom, eu já absorvi isso, tenho conhecimento de como que funciona por trás de um clube, de um serviço de assinatura, mas beleza, mas será que se eu implementar algum método, isso vai dar certo? E aí o que é que eu fiz? Eu montei um projeto, na verdade o projeto já existia e eu falei, vou começar monetizar isso aqui, conteúdo, basicamente conteúdo, tinha um portal, um portal até que relativamente já tinha uma autoridade no negócio, mas era um portal free, ele era um portal free até seis meses atrás…

Luciano          O teu portal, onde você publicava aqueles artigos que você estava escrevendo a respeito.

Rodrigo          Isso, era um…

Luciano          Quer dizer, não era uma estrutura de quinze pessoas?

Rodrigo          … não, eu…

Luciano          Eu sozinho.

Rodrigo          … é, eu tinha uma média de mais ou menos uns três textos por semana, era era uma…

Luciano          No teu blog?

Rodrigo          … isso, um blog, era um blog, montei no World Press, gastei trinta reais no domínio, contratei uma hospedagem e coloquei conteúdo, o conteúdo começou a entrar gente, eu falei bom, vamos testar tudo aquilo que eu aprendi com aqueles caras, na minha mesa, no decorrer da Vindi, vou aplicar aqui…

Luciano          No meu blogzinho.

Rodrigo          … é, primeira coisa que eu fiz foi assim vou separar o conteúdo free do conteúdo pago, então o que eu falei? Vou cobrar caro, porque quem consome o meu conteúdo, o público alvo são empresas que tem uma capacidade financeira grande e vou testar, o que eu fiz? A gente tinha, sei lá, eu tinha uns 150 posts, era um blog que eu já escrevia faz tempo e eu falei, para cada cinco posts que eu coloco, um vai ser fechado e quem quiser acessar esse fechado vai ter que pagar 99 reais, e aí perguntava, pô, 99 reais é muito dinheiro, mas para uma empresa talvez não, tal, coloquei três informações ó, a partir do dia tal, dia 30 de agosto esse conteúdo vai ser fechado, quer participar aproveite antes, na virada de domingo para segunda feira do lançamento eu vendi setenta assinaturas…

Luciano          De 99 reais…

Rodrigo          … não, quarenta assinaturas…

Luciano          Tá, uma coisa importante, você estava focando em pessoa jurídica.

Rodrigo          … isso, quem consumia isso?…

Luciano          Você queria que empresas…

Rodrigo          … quem consumia isso, quem consumia isso? Eram empresas no segmento específico mas que tinham a pessoa jurídica era o target mesmo, então sei lá, talvez umas mil e quinhentas empresas consomem esse conteúdo, quando eu fechei o conteúdo, eu vendi quarenta assinaturas, eu falei opa, tem um sinal muito importante aqui, ou seja, aquilo que eu apliquei de método, de como lançar um negócio de assinatura funcionou na primeira etapa…

Luciano          Quer dizer, do dia para a noite você começou a gerar quatro mil reais…

Rodrigo          … que eu não tinha na mão.

Luciano          … que você não tinha na mão.

Rodrigo          Não. Então assim e era uma coisa que é sustentável porque era basicamente conteúdo, ou seja, meu trabalho ali ia ser fazer a conexão certa, que eu acabei usando a minha própria empresa para conectar, para fazer pagamento, mas meu trabalho era conteúdo, eu tinha que ter uma inspiração matinal de chegar tomando café na padaria ou próprio em casa e falar preciso escrever um texto com quinhentas palavras que é um texto de valor para esses caras e aí eu fui testando outros métodos que os próprios cases de assinatura fazem, o próprio Netflix faz e tal e aí eu descobri que esses negócios tem uma alta escala, obviamente que eu não vou conseguir escrever mais texto, então eu acabei terceirizando parte do texto pra free lancers e hoje a gente tem mais ou menos 120 assinantes, 120 empresas que consomem esse serviço.

Luciano          120 empresas, você está falando em 12 mil reais…

Rodrigo          Isso…

Luciano          … mês.

Rodrigo          … em três meses. Eu consegui isso em três meses.

Luciano          Então vamos lá, atenção, você que tomou um tombo aí, para de novo, vamos retomar aqui, o que o Rodrigo fez? O Rodrigo achou uma coisa que ele curte fazer, que ele gosta muito de fazer, ele entendeu que ele precisava documentar aquilo que ele estava aprendendo e ao documentar ele começou a produzir determinados textos que em vez de ele rascunhar e deixar na gaveta ele botou no ar num blog, para fazer esse blog ele pegou o World Press, que está ao alcance de qualquer pessoa, montou um blogzinho e ali ele está botando as reflexões dele que não exigem que você seja um doutor especialista, etc e tal…

Rodrigo          Nem jornalista.

Luciano          … exige que você seja a coisa que você falou quando você começou o programa aqui, você falou: eu sou um cara curioso, exige essa curiosidade de sair atrás e a capacidade de você botar isso no papel e guardar ai, eu aprendi isso aqui, só que isso que eu aprendi não pode ficar guardado comigo, eu vou compartilhar com as pessoas e com isso você cria um blog, o blog está lá andando, um belo dia você fala agora eu vou cobrar um pedacinho do que está aqui e o pedacinho que você falou é 20% do que eu estou fazendo, 5 grátis e um cobrado, joga no ar e 3 meses depois você tem uma receita de 12 mil reais.

Rodrigo          Recorrente.

Luciano          Recorrente, ou seja, significa que todo mês você sabe que 12 mil reais vão pingar na tua conta, desde que você continue gerando esses textos que fazem parte das suas reflexões e tem a ver com o negócio que você faz etc e tal.

Rodrigo          Para quem tem conteúdo essa tese é absurda, o cara que já tem base para fazer isso, mas assim, o que é importante é que o assinante, ele quer um negócio premium mesmo, principalmente uma empresa que está pagando 99, ele não quer uma coisa rasa, então isso é uma coisa que ainda está na minha mão, mas agora vai passar, agora um próximo passo, para ter um editor mesmo que vai avaliar o que está sendo escrito, mas ele é replicável para qualquer pessoa que consiga escrever bem, que tenha conteúdo especifico de algum nicho, eu olho bastante nicho também, por exemplo, área médica é uma área muito rica, advocacia tem muita empresa rica, então esse modelo, ele é replicável para vários segmentos que tem falta de inovação na mão, tem muitos segmentos tradicionais ainda que o cara não conhece inovação, então…

Luciano          E o que você tem que ter em mente ali você é o seguinte, o material que eu estou produzindo tem que ter algum valor agregado, e o que nós temos visto aí, aliás, eu tenho visto aí de montão, especificamente com as fórmulas de lançamento da vida aí, é gente vendendo conteúdo que não tem a menor… não tem valor ali, tem conversa, tem papo furado e a pessoa compra aquilo na esperança de que vai mudar a vida dela e no fim das contas o conteúdo não entrega o que promete.

Rodrigo          Isso é a mais pura verdade, porque assim, nesse projeto que eu fiz assim pessoalmente mesmo de assinatura, eu tenho, por exemplo, a Ernest Yang, que assina esse produto, tenho KPMG, então eu tenho consultorias que validam que o conteúdo tem um valor para eles, então não é simplesmente eu mandar um texto legal não, é conteúdo, às vezes até um conteúdo técnico, mas é conteúdo assim, olha tem uma coisa assim acontecendo, tem uma tendência de tecnologia que tem uma tendência de inovação aqui e aí eu percebi que esse negócio também é replicável, então acho que o nosso próximo passo, o meu próximo passo com isso é documentar esse método e colocar no mercado, free, cara está aqui ó, quem quiser usar está aqui, se quiser usar a Vindi preferencialmente, ótimo, mas acho que o próprio livro, o “Economia do acesso”, o último capítulo dele, ele fala sobre como que os negócios saíram do zero para milhares de assinantes, para milhões de assinantes, saiu porque a maioria deles seguiu um método e não estou falando, não é formas de lançamento, é um método assim, seu assinante, ele quer ver valor numa coisa, seu assinante ele quer pagar até X se esse conteúdo for dessa forma, o seu assinante não quer ter problema de pagamento, ele não quer ficar todo mês tendo que pagar, porque aí se você pegar, eu citei um exemplo que o clube do livro, se não me engano eles chegaram a oitocentos mil assinantes, eu ficava imaginando como era  oneroso pagar isso, que eu sei que entrega um cheque, na época eles capturavam um cheque, você entregava no vendedor, então hoje você consegue ter um cara como “Leiturinha”, que é o clube do livro para criança, que ele faz isso com tecnologia, então ele pode escalar o mundo inteiro, então…

Luciano          Você eliminou o correio no meio do caminho, acabou, a vida muda.

Rodrigo          … você vê que eliminou o correio no meio do caminho, ou seja, outra indústria que ainda tem uma cegueira muito grande para o que vai acontecer, então acho que o “Economia do acesso”, o principal ponto é esse, existem indústrias que mudaram a nossa forma de consumir produtos e serviço e o inverso também, a gente está mudando essas empresas, entendeu?

Luciano          Vou falar do livro um pouquinho aqui, o livro chama-se “Economia do acesso e os modelos de negócios baseados em compartilhamento, recorrência e assinatura”, não é um livro grande, é um livro pequenininho, fácil de ler, aliás, é o livro dos sonhos, porque ele tem só 134 páginas, letra grande e um monte de ilustração, então não tem dificuldade para ler nenhuma, o maior problema dele realmente é passar pelo prefácio, que talvez seja a coisa mais difícil de ler no livro,  foi escrito por mim,  mas eu não tenho culpa, foi pedido e nele você então está dando uma introdução à esse tema, quer dizer, se  eu não sei nada de economia do acesso, o teu livro vai me dar umas dicas do que que significa isso. Tá. Que legal. Qual é teu objetivo com esse livro aqui?

Rodrigo          Na verdade foi um colocar para fora sabe, eu precisava exprimir uma coisa.

Luciano          Podia ter sido um filme.

Rodrigo          Poderia, mas na verdade é uma coisa que eu estava segurando muito tempo, falei não, preciso documentar isso e colocar para fora, tem até uma preocupação, o pessoal, familiar, falou pô mas você vai fazer em PDF também, esse livro vai ser distribuído para a internet free. Cara, é do jogo, o próprio livro chama acesso, então quanto mais pessoas, mais empreendedores tiverem acesso a esse livro, melhor, e eu acho também que ele vai ser um bom instrumento para que as pessoas, quando me procuram, Rodrigo, preciso montar um negócio de assinatura eu falo, lê o meu livro primeiro e depois a gente pode conversar um pouco melhor porque lá vai ter muito insight que você vai ter que usar, então esse também é óbvio que também eu fiz esse livro para ajudar, que a minha equipe, que a equipe da Vindi também consiga orientar melhor os projetos que caem lá, de assinatura, isso não para virar um manual prático, mas para dar olha, isso aqui já aconteceu e já deu errado, isso aqui já aconteceu e deu certo, então ele também serviu para isso também.

Luciano          Muito legal. Não é segredo para quem ouve a gente aqui que eu estou indo por esse mesmo caminho, o Café Brasil está se esquematizando para abraçar esse jogo, o que para mim, como produtor de conteúdo está sendo fascinante porque tem um lance por trás do meu trabalho ai, até escrevo em tudo quanto é lugar que eu vou, eu tenho uma visão muito baseada no liberalismo econômico, tratar com muito cuidado essa coisa da liberdade das pessoas, da liberdade de você produzir e da liberdade de você consumir, então quando eu abracei essa causa do podcast, para mim o drive daquilo era o fato dele mudar a relação de poder do processo de troca de informação, em vez de eu ter que ligar na rede globo, às 8 horas da noite do domingo para poder ver o Fantástico, se eu não ligar às 8 da noite no domingo eu não vejo o Fantástico e eu fico sentado de boca aberta, o Fantástico jogando coisa no meu colo, cria-se um processo em que eu já não tenho mais que ligar a hora que eles querem, eu ligo a hora que eu quiser, eu boto no meu equipamento, eu escuto o que eu quiser, onde eu quiser, do jeito que eu quiser, eu monto a programação do que eu vou ouvir, então eu como usuário, passo a ter uma liberdade que eu nunca tive, então eu me livrei das ditaduras todas e estou agora podendo usar, então foi isso que foi o drive quando eu fui partir para o negócio do podcast e eu entrei com o podcast com esse lance da liberdade mas seguindo um modelo antigo que é aquele, eu vou agora alugar a minha audiência para algum patrocinador que pague para mim para que eu fale para a minha audiência que esse patrocinador existe, esse é um modelo neandertal…

Rodrigo          Sempre existiu.

Luciano          … vou pagar um jornal para poder falar para os usuários dele e aí quando apareceu esse lance da assinatura começou a surgir aquela ideia de que, espera um pouquinho, talvez os ouvintes possam ser os caras que vão financiar o programa e não mais um patrocinador, o que muda no jogo? Muda tudo, primeiro de que eu não vou ter que estar saindo com uma malinha para bater na porta do cara, eu sou o famoso Luciano Pires que ninguém conhece, estou trazendo um negócio que você não sabe o que é e vou pedir dinheiro para você aplicar num negócio que você não acredita, que para mim, enquanto eu estou fazendo isso eu não estou criando programa, não estou criando conteúdo e outra coisa, essa mudança faz com que, em vez de eu depender de quatro caras que amanhã podem me ligar e falar não quero mais, estou interrompendo, e vai me criar um baita problema, eu vou depender de cento e sessenta mil ouvintes, se cada um me der um real, meu Deus do céu, isso aqui vira o bicho. Então há um potencial latente nessa história aí toda que está me atraindo bastante, foi por isso que a gente acabou conversando, eu acabei criando o conceito da confraria do Café Brasil e está uma festa, nesse momento aqui está divertidíssimo porque começam a aparecer as coisas que você não enxerga, que você começa a mexer num negocinho, eu estou ligando ponto com ponto, quando você faz é aquele lance do Uber, eu descubro que o Uber tem um valor muito maior do que simplesmente o dinheiro que eu estou gastando ali e com esse conceito da confraria está acontecendo igual, mostrei para você o nosso grupo no Telegram e de repente nasceu ali um grupo de conversa e de debates que está me trazendo um ganho que eu não tinha ideia de que eu teria pelo fato de estar criando um grupo de pessoas com as quais eu posso conversar. O que eu quero dizer com isso tudo aqui? Essa mudança cultural que parte desse momento em que eu compartilho as coisas, eu não estou mais preocupado em vender a você e ter você como meu cliente, mas eu estou preocupado em compartilhar algo com você, você compartilha comigo, nós dois juntos fazemos uma terceira coisa que é maior do que essa de nós dois…

Rodrigo          É um “de mão para mão”

Luciano          … e a gente captura, o outro captura mais um, captura mais outro e de repente aquilo vira um treco maluco que começa a gerar uma valor que ninguém tinha ideia de que aquilo podia existir. Eu não sei o que vai ser esse mundo daqui a  cinco, seis, dez anos.

Rodrigo          Na verdade a gente vai comprar só aquilo que vai fazer sentido para a gente mesmo, eu vou comprar só aquilo que eu vou usar de fato, então o que vai ter valor para mim é aquilo que eu uso e eu sei que valeu a pena, então a publicidade vai sofrer muito com isso, ela não vai conseguir colocar imposições que a gente tinha de feirão de fábrica na GM domingo, isso vai ter essa ruptura, televisão isso vai ter, vai criar uma ruptura muito grande, telefonia, eles já estão desesperados para saber o que vão fazer, porque tem um próximo passo ai, bem grande, de mudança, então acho que o poder vai estar muito mais na mão do consumidor agora, então…

Luciano          Sem dúvida. E o que não vai mudar nessa história toda é o seguinte, alô você que está me ouvindo, crie valor, isso aí chama-se meritocracia e se você está ouvindo esse monte de amigo teu falar bobagem, meter a boca na meritocracia, fala me esquece, o trem vai passar, esses caras vão perder, ou você cria valor para alguém e faz com que isso seja a tua moto, o teu moto contínuo, quer dizer, eu crio valor portanto eu consigo ser remunerado por isso, não sou remunerado pelo esforço do que eu faço, mas pelo valor que eu crio para o meu cliente ou meu amigo, ou meu companheiro, sei lá, isso vale para todos os aspectos da vida da gente.

Rodrigo          Youtuber, você pega os youtubers, tem um youtuber americano, o Piri Pie que sei lá, fatura 700 mil reais por mês, o que o cara está fazendo? Produzindo conteúdo, ele está fazendo vídeo na internet, no quarto dele, com uma câmera muito boa, mas o que o cara tem? Ele liga a câmera e  tem conteúdo, então assim, essa é a economia do acesso, eu não preciso mais depender de uma televisão para me contratar e fazer toda aquela produção, não, o cara está fazendo no quarto dele, então essa coisa muda bastante viu, Luciano.

Luciano          Maravilha. Cara, muito legal, fascinante.

Rodrigo          Obrigado pelo convite, foi muito bom.

Luciano          Imagina, vem um mundo novo pela frente ai, a gente tem que ficar antenado nisso aí. Rodrigo, quem quiser conhecer a Vindi, conhecer você, conhecer o livro, como é que faz, qual é o caminho para acesso?

Rodrigo          Primeiro passo assim, a Vindi é www.vindi.com.br

Luciano          Vindi, V I N D I -> soletrando

Rodrigo          V I N D I, quem quiser olhar o livro, conhecer um pouco mais da história do livro é economiadoacesso.com e lá já tem o que tem no conteúdo do livro, lá tem um link para o blog que eu escrevo alguns posts lá também, eu vou tentar fazer um lançamento e convidar o pessoal do Café Brasil também, vou ver se a gente consegue fazer.

Luciano          Vamos lá. E aquele teu blog lá, se quiser ter acesso.

Rodrigo          Não, pode colocar o Sonho Grande  também é um blog que eu escrevo bastante sobre assinatura, é sonhogrande.com e lá tem um pedaço do conteúdo que eu acabei monetizando lá também.

Luciano          Maravilha. Tá bom. Grande Rodrigo, muito obrigado por aparecer ai, vamos à frente, eu vou ficar te pentelhando.

Rodrigo          Valeu, Luciano.

Transcrição: Mari Camargo