Luciano O LiderCast chega até você com apoio do Linkedin a solução que vem transformando a atração de talentos através das redes sociais profissionais.
Bem vindo, bem vinda a mais um LiderCast. Hoje converso com Mauro Segura que eu conheci por uma paixão em comum, o podcast. O Mauro é um daqueles executivos com fogo no rabo. Ele é hoje diretor de marketing da IBM do Brasil. Vamos à conversa, vai.
É engraçado, todo mundo que eu trago aqui eu digo, hoje é um programa especial. Acho que é bom isso, porque significa que eu só trago gente especial aqui para conversar conosco, Mas o de hoje é até engraçado a forma como a gente acabou se encontrando. Deixa eu contar essa história um pouco do começo aqui, você vai ouvindo, depois você dá os seus pitacos. Há um tempo atrás saiu uma coluna, um colunista da Meio & Mensagem fez uma coluna falando sobre podcasts no Brasil e a coluna dizia mais ou menos o seguinte, “os podcasts que eu mais gosto no Brasil” e ele ali elencou 10 podcasts. No meio deles estava o Café Brasil, que foi uma honra estar ali e ele cometeu um pecado mortal que foi não incluir naquela lista de 10 podcasts simplesmente o NerdCast que é o maior podcast do Brasil. Ou seja, no dia seguinte, ou assim que foi publicada a matéria, o mundo caiu na cabeça dele com milhares de pessoas entrando para comentar, “que lista furada”, “como pode existir uma lista que não tenha o maior do Brasil?”, foi uma confusão gigantesca ali e ele argumentando, dizendo o seguinte: “cara, essa é a minha lista, não é a lista dos melhores do Brasil, essa é a minha lista, do meu gosto”. Foi interessante, eu li aquilo, achei divertidíssima aquela história, deixei passar, passou o tempo e a coisa ficou assim. Um belo dia eu recebo um e-mail de um ouvinte do Café Brasil dizendo, cara, pô escuto vocês, é muito legal, adoro, mas foi um e-mail muito legal, muito bem escrito e naquele e-mail a pessoa dizia que tinha um blog etc e tal. Eu clico lá, dou uma olhada no blog, vejo uns textos muito interessantes e voltados para uma coisa que é muito cara para mim, que é um trabalho de comunicação dentro do ambiente corporativo. que é onde eu fiz a minha carreira todinha. Eu vi uns textos legai ali, falei “pô, vou convidar esse cara para ver se ele não quer vir escrever no Café Brasil, ganhar uma coluna aqui, Iscas Intelectuais”. E eu pego, mando um e-mail para ele: “pô, você não quer vir escrever aqui”? E ele responde para mim, “ficaria honrado mas olha, vou dizer a você quem é que eu sou” e ali ele falou, meu nome é Mauro, eu sou da IBM e aí que eu tomei consciência de com quem eu estava falando e fui descobrir que era o mesmo cara que tinha escrito aquela matéria lá atrás sobre os podcasts. É um ouvinte que conhece bastante sobre podcast e nesse contato todo ele acaba se tornando um colunista do Café Brasil, fazendo as suas iscas intelectuais ali e a gente acaba aproximando esse contato. No fim eu falo,” cara, que baita oportunidade de convidar alguém que atua numa área que eu atuei durante bastante tempo, que está convivendo com problemas que eu vivi durante o tempo todo e que deve, a essa altura da vida, já ter sabido quase tudo que é possível saber sobre liderança e empreendedorismo, cara, eu vou trazer ele para o LiderCast”. Ele me dá um presente, faz a sugestão da Fernanda que é antropóloga, a Fernanda vem para cá, grava um programa também, então hoje eu estou aqui diante do…
Mauro Mauro Segura.
Luciano … que tem quantos anos?
Mauro 55.
Luciano 55. E que faz o que?
Mauro Eu sou diretor de marketing e comunicação da IBM.
Luciano Diretor de marketing e comunicação da IBM. Cara, um prazer ter você aqui, finalmente, depois de trocas de e-mail e tudo mais, a gente pode conversar ao vivo e a cores.
Mauro É, olha só, eu não sei, vocês aí que estão ouvindo o podcast, o cara existe, eu estou tocando nele agora, ele é um mito, mas eu estou tocando nele. Mas Luciano, é um prazer estar aqui com você e eu sou fã de podcast, já acompanho o Café Brasil já há um bom tempo e essa história que você contou do podcast me causou uma bela dor de cabeça durante um bom tempo e eu tive a ousadia de, o título desse post era “Os Melhores Podcast’s do Brasil”, só que eu não coloquei “na minha opinião” no título. Então, você imagina o que aconteceu. Mas, na verdade, falando em podcast, é uma mídia um pouco negligenciada, a gente vai falar um pouco sobre marketing da comunicação, obviamente, mas é uma mídia muito negligenciada pela área de marketing, eu acho que falta uma melhor análise do potencial do quanto que essa mídia toca engajamento, colaboração, é uma das poucas mídias que realmente fomenta engajamento de um possível consumidor, enfim, mas de qualquer maneira, voltando ao ponto aqui, obrigado pela oportunidade, já sou ouvinte do LiderCast, então “tamo junto”.
Luciano Vamos na segunda temporada aqui agora. Então Mauro, você sabe que aqui o ponto focal desse programa aqui é falar sobre liderança e empreendedorismo, não é necessariamente falar do trabalho que você faz, mas é entender como é que você chegou até aí, quais foram as decisões que você tomou ao longo da tua vida e que te trouxeram para essa posição que você está hoje aqui e que quem olha agora fala, pô, legal, mas de onde veio esse sujeito, então queria começar assim, com esse breve histórico, qual é a tua formação, de onde você veio e como é que você chegou até o…
Mauro Eu fiz segundo grau, fiz uma escola técnica, me formei em eletrotécnica, comecei a trabalhar muito cedo, já no segundo grau…
Luciano No Rio?
Mauro … é, no Rio de Janeiro, na Escola Técnica Federal. Imediatamente depois, eu me inscrevi num vestibular para engenharia elétrica, não foi uma escolha muito pensada, na verdade eu já era um técnico em eletrotécnica, gostava, curtia e vamos lá, vamos ser engenheiro. Eu tive uma pressãozinha meio velada, porque eu era o primeiro, o suposto primeiro universitário da família, tanto por parte de pai quanto de mãe, então era uma conquista. Mas enfim, eu fiz o curso de engenharia ao longo dos 5 anos, trabalhei durante aquele tempo todo e trabalhando como técnico numa empresa no subúrbio do Rio, gostava, uma fábrica de transformadores, legal, virei chefe de produção e tal, mas faltando, naquele último ano, eu simplesmente olhei o mercado, estou falando da década de 80, não tinha emprego para engenheiro, não tinha, não tinha emprego para engenheiro, foi uma década muito ruim para o país, em 80, mas existe um mercado que estava surgindo, que era o tal da informática, naquela época a gente usava essa palavra, informática, então as empresas de informática estavam contratando engenheiros e transformando esses engenheiros em analistas de sistemas e foi aí que eu entrei. Entrei numa grande empresa, comecei a trabalhar ali como analista de sistemas, inclusive eu cheguei a fazer um curso, depois que eu me formei, eu fiz um curso de especialização em análise de sistemas, isso me tomou quase um ano e meio. Foi uma loucura, estava me casando nessa época e foi interessante porque eu pulei de empresa para empresa, não vou entrar aqui no detalhe de quais empresas que eu trabalhei, normalmente empresas, todas empresas muito grandes, já como analista de sistemas, um bom analista de sistemas, por sinal.Em 1987 eu fiz um concurso e acabei entrando na IBM que na época era a maior empresa de tecnologia da informação, já vou usar essa palavra mais moderna, que é a palavra de hoje. Era a maior do mundo, um ícone, de novo, estamos falando da década de 80, na segunda parte da década de 80 e eu entrei ali como analista de sistemas para suportar a área de vendas, então eu era um cara que era engenheiro, um técnico, analista de sistemas e para suportar a área comercial, então eu lembro claramente, eu entrei, fiquei um ano estudando, naquela época se fazia uma academia interna e eu comecei a receber cursos, como era para abordar a área de vendas, ajudar a área de vendas, eu comecei a receber cursos de técnicas de apresentação, negociação, apesar que o meu papel não era puramente comercial, eu fui para o campo, fui para o campo acompanhando os vendedores, o que aconteceu, Luciano, assim 2, 3 anos seguintes é que eu vi ali o melhor vendedor daquele grupo, do grupo de atendimento do Rio de Janeiro, eu era um técnico, eu era tecnicamente muito bom e desenvolvi algumas competências de comunicação, de argumentação que absolutamente eram matadoras, então você tinha ali um vendedor técnico muito bom. Então eu era melhor que os vendedores puros, que eu tinha a parte técnica aliada e eu comecei a receber muita pressão para me tornar um vendedor, eu falei, cara eu não vou me prostituir cara, eu sou um técnico, eu sou um engenheiro, eu amo esse negócio. Bem final da década, final de 90 eu recebo um convite dizendo o seguinte, olha, a gente quer, você é um cara brilhante, excelente performance, a gente quer promover você para gerente, só que você vai ser gerente de análise de sistemas na região norte, você vai para Belém, topa? E eu estava com dois filhos recém nascidos, algumas questões particulares, mas fomos todo mundo, fomos para o norte e aí tive o primeiro desafio, eu virei gerente, sem ter praticamente nenhuma preparação e o mais louco, eu fui ser gerente numa região que eu nunca tinha visitado antes, para gerenciar analistas de sistemas com 20, 30 anos de experiência, falando um idioma diferente, uma cultura absolutamente diferente. Aí chega aquele cara branquinho, de 30 anos, carioca, falando essa língua complicada e você deve imaginar a recepção que eu tive ali, dizendo pô, porque essa empresa manda um cara lá de fora, lá do Rio de Janeiro, que não entende nada para ser chefe da gente? Então eu tive o primeiro desafio que foi assim, cara, eu não vou ser um gerente aqui, eu na verdade eu quero me tornar um colega de trabalho deles e isso foi uma coisa que eu tive que pensar muito, nesse curto tempo que eu tive de adequação foi, qual é a vantagem, o que eu dou adicionalmente para esse pessoal que eles não teriam sem mim, qual é o meu diferencial para eles? E foi fácil fazer a equação, primeiro, do lado deles, os caras conheciam profundamente a região, tinham profundo relacionamento com os clientes, com credibilidade e do meu lado a minha grande capacidade naquele grupo era articulação com o quartel general da empresa, quer dizer, eu tinha uma articulação dentro da empresa que eles não tinham, então eu descobri o seguinte, caramba, se eu ajudar, fechados os negócios, entrando no ponto certo, eu consigo ter a confiança desse pessoal, tinha um molho diferente aí, qual era o molho diferente? Eu também tinha ido com a missão de fazer uma renovação do time, porque era um time muito antigo e a gente precisava trazer pessoas com novas competências técnicas, um pessoal um pouco mais jovem, então era uma equação meio complicada, mas enfim…
Luciano Que idade você tinha?
Mauro … eu estava, tinha completado 30 anos, eu tinha 30 anos. E fui para lá, e vou dizer para você, foi um ano maravilhoso. Em seis meses a gente conseguiu criar um senso de time, eu fui humilde o suficiente para reconhecer que eu não tinha todas as competências necessárias para ser um gerente, mas eles me avaliaram como um colega a mais, um colega que tinha bons colegas no quartel general e que conseguia converter determinados negócios que pareciam naquele momento quase impossíveis. E o resultado foi tão bom que nos dois anos seguintes eu fui promovido para o gerente da regional, eu virei o gerente regional de toda a operação da região norte, me mudei para Manaus e fiz uma segunda mudança e aí definitivamente deixei de ser técnico, me prostituí de vez, virei realmente o cara com a missão de vendas e foram os dois anos, foram três anos no final, um ano em Belém, dois em Manaus e vou confessar para você, eu acho que foram os melhores anos da minha vida, porque eu tinha crianças pequenas, meu casamento tinha alguns poucos anos de vida e de repente a gente se viu na região norte, dizia assim, caramba, não tem mais papai, não tem mais mamãe, eu tenho que me virar aqui, eu lembro que a barra foi tão pesada no início Luciano, que a gente ia para o supermercado com aquele papelzinho podendo só comprar aquilo, porque era uma situação de muito aperto financeiro, por outros motivos, não vou entrar aqui no mérito, mas enfim, nós passamos 3 anos ali, foi realmente, eu virei gerente na base do vamos lá, e outra coisa, não tinha internet, eu viajava para Macapá, Rondônia, Roraima, Boa Vista, parecia caixeiro viajante…
Luciano Boa parte de quem está nos ouvindo aqui não sabe que é isso, está ouvindo Fred Flintstone conversando com Barney Rubble sobre como fazer bem feito o seu trabalho, que é o não ter internet, que isso não passa pela cabeça dessas pessoas.
Mauro Vocês não fazem ideia do que é viajar…
Luciano Deixa eu te dar uma cutucada aqui, um sujeito é promovido para gerente, sabe que ele vai chegar num lugar é um ofidiário, todas as serpentes estão lá, são serpentes velhas, sabe que não tem as manhas porque não foi treinado para isso, quer dizer, é a primeira vez na minha vida, vou entrar, vou ser jogado nessa arena e ai de mim que vou ser devorado aqui, quais foram os cuidados que você tomou ali, se você olhar para trás e falar bom, deixa eu ver as coisas que eu fiz ali que deram muito certo e que são imprescindíveis para quem se vê numa situação dessa?
Mauro É, o segredo de um líder, um líder que a gente pode até, o podcast é para discutir a liderança, a liderança é a sua capacidade de influenciar pessoas, talvez em busca de um propósito comum, alguma coisa assim, então a primeira coisa, a coisa que me veio à cabeça e que só mais tarde, poxa, eu já estou com quase, eu estou com 25 anos, quase 30 anos de experiência como gerente, então depois mais tarde, com a experiência, a gente realiza isso e coloca de forma mais estruturada, mas a primeira coisa quando cheguei ali foi, cara, eu tenho que descobrir quem aqui realmente vai ser meu aliado, quem aqui eu vou ter uma relação transparente, honesta, quem aqui vai me trazer as coisas de uma maneira assim sem uma segunda agenda, então a primeira coisa, quando eu entrei, foi entender do time quem era quem, quem influenciava os outros e depois eu desenvolvi uma teoria, aliás eu nunca vi isso escrito em livro nenhum, eu desenvolvi uma teoria chamada “dois, seis dois”…
Luciano Dois, seis dois…
Mauro … isso é uma teoria para você aplicar para você, é assim, num grupo de 10 pessoas, você sempre vai ter duas pessoas super positivas, otimistas, aquelas que acreditam que tudo vai dar certo e você vai ter duas negativas, pessimistas, que jogam pedra no meio do caminho e reclamam de tudo e no meio você vai ter 6 pessoas que vão olhar para um lado e para o outro e no meio desses 6, alguns vão adotar o lado esquerdo e alguns vão adotar o lado direito, você como gerente ou como líder, cabe a você identificar quem são essas duas pessoas positivas, dar espaço para elas e fazer com que aquele sentimento consiga contagiar os outros e aí sim, você acaba transformando a equipe, claro que eu só fui aprender, isso você pode fazer com 10 pessoas, com 20 pessoas, sempre vai acontecer assim, pessoas otimistas, positivas e pessoas para baixo.Eu fiz aquilo meio empiricamente, falei assim, caramba, quais são as pessoas aliadas que tem uma capacidade de influência nos outros, que vão me ajudar e imediatamente naqueles primeiros meses eu me juntei com essas pessoas, mas tem que ser pessoas de bem, pessoas que querem o melhor, esse foi talvez o meu maior segredo e o meu segundo maior segredo, que não é um segredo, mas foi o seguinte, o que realmente eu consigo contribuir, porque eu não vou ser gerente dessa turma, eu tinha 30 anos cara, eu estava gerenciando pessoas de 50, 55 anos.E tem uma situação pior, Luciano, eu quando fui para Manaus eu fui substituir um gerente da filial que tinha 60 anos de idade, eu tinha 30 anos de idade, o nome do cara era Ladislau, pessoa ótima e eu me lembro claramente na minha primeira visita a um cliente em Manaus, o cliente virou para mim e falou assim, cara, o Ladislau saiu e não deixou nem um filho, ele deixou um neto, eu lembro, isso foi impactante para mim e realmente eu entubei e encaixou, daí enfim, eu tive uma experiência fascinante e a experiência foi tão boa e os resultados foram tão espetaculares que eu fui convidado para ir para Nova York, passar um ano em Nova York, no Headquarters da América Latina, que naquela época era em Nova York…
Luciano Você foi?
Mauro … fui e foi, eu não vou entrar aqui na assim que mercê um programa, a minha mudança de Manaus para Nova York, eu saí de Manaus com 40° e cheguei em Nova York com a maior nevasca de Nova York da década, -10°, é assim alucinante, mas enfim, eu passei um ano em Nova York e vou confessar para você, eu não curti, não curti não é nem a questão da cidade, eu não curti trabalhar em headquarters, trabalhar com planejamento, power point e eu era um cara que eu ia de caixeiro viajante vender coisas…
Luciano É impressionante como a tua história é parecida com a minha, eu fiz colégio técnico de eletrônica, prestei vestibular par engenharia elétrica, só que na hora de escolher eu escolhi comunicação em São Paulo, então eu não segui, eu fui ali, também fui trabalhar numa baita empresa, também fui convidado para ir para o exterior, não fui, porque eu fui para lá, passei um mês dentro do headquarters, falei cara, desculpe, não cara, eu quero feira bicho, eu quero grito, eu quero o caos, eu quero energia, eu quero suor e lá era tudo certinho, falei cara eu vou morrer aqui dentro, acabei não indo lá. Mas, deixa eu falar um pedacinho aqui, como aqui é um bate papo, não é uma entrevista, aconteceu comigo em alguns momentos coisas parecidas com essas suas, de repente estar diante de uma equipe, a gente cresceu muito, a minha equipe triplicou assim no prazo de um ano, porque a empresa resolveu lançar produtos novos e aí nós montamos uma equipe que tinha um departamento de assistência técnica e fomos buscar os caras que eram ícones do mercado, buscar cara que estava na Metal Leve cara, que veio da Cofap. Começa a chegar uns senhores de sessenta e poucos anos de idade, super conhecidos no mercado e eu era o gerente de marketing naquela época, com 30 anos de idade e a minha mensagem, quando eu peguei um por um para conversar e a conversa começava sempre assim, eu sentava na frente, olhava o nome do cara, falava o seguinte, bicho eu não sou uma ameaça, eu não estou aqui para te ameaçar, não tenho a menor ideia do que você faz, não me interessa o trabalho que você faz, eu não vou aprender o que você faz, você está aqui porque a gente achou que você é o melhor cara e eu vim aqui para ser a tua ajuda, eu não vou te ameaçar, desde que você me ajude a fazer também e esse exercício de ser assertivo, que aí é que está o grande lance dos americanos cara, eu adoro os gringos por causa disso cara, eles são absolutamente assertivos, ele senta na tua cara, reduz você a sulfato de pó de bosta e em momento algum aquilo é pessoal, quando termina aquela discussão que o cara te botou no chão, os dois continuam…
Mauro A gente não consegue fazer isso…
Luciano … cara, brasileiro já cospe na cara do outro, já sai na porrada porque tudo vira pessoal aqui, mas eu comecei a exercitar isso e foi muito legal quando você surpreende o brasileiro, sentar na frente do cara, vou ser assertivo tá? É assim, é assim, é assim, é assim e eles não estão acostumados a jogar tão claramente, de forma tão transparente então isso, quando acontece, eu estou contando agora como uma dica também, quer dizer, se eu estou diante dessa oportunidade, agora vou herdar uma equipe que não me conhece, a primeira coisa é o seguinte, eu não sou uma ameaça e também não sou o idiota que vocês estão achando que eu sou, eu estou aqui abrindo o jogo para vocês para dizer aqui eu vim , eu sou o cara que pode abrir caminho para vocês, desde que vocês me ajudem a fazer.
Mauro No meu caso específico de Manaus, eu era uma ameaça, porque eu era ameaça? Apesar de eles não saberem disso, porque eu fui para fazer uma renovação do time e eu fiz a renovação e eu, com pouco mais de um ano, eu fiz uma mudança do time, 50% do time foi mudado e eu trouxe pessoas de outros estados, tipicamente mais do norte e do nordeste, contratei pessoas da própria cidade para fazer essa renovação, eles sentiam que havia alguma coisa no ar, mas essa sua dica ela é fundamental, porque a tendência é essa mesmo.
Luciano E um belo dia você sai de vendas e vai para na área de marketing de comunicação.
Mauro Tem uma história aí, essa história eu preciso contar para você.
Luciano É, e vou querer saber essa história de quando é que você deixa de ser índio para ser mocinho, vamos lá.
Mauro Vamos lá. Estava eu, eu vou contar essa história com detalhes porque essa história é muito divertida, eu passei em Nova York um ano, passando em algumas áreas específicas e não sei o quanto que a audiência aqui tem noção, mas na década de 90 a IBM passou por uma grande dificuldade, quase naufragou e ela fez uma grande virada estratégica, exatamente na década de 90 e eu estava vivendo isso em Nova York, isso aconteceu exatamente no período de 93 a 95, em 94 eu estava em Nova York vivendo isso tudo, então…
Luciano No momento em que ela diz não sou mais fabricante de computador…
Mauro Exato…e…
Luciano … e não quero mais saber de hardware…
Mauro … e virou uma empresa de serviço…
Luciano … e quero ser uma empresa de serviço…
Mauro … esse é o conceito. E era uma coisa muito louca para nós aqui, porque a gente estava falando de uma empresa que vendia produto, então o seu diferencial produto e depois fala não é mais um produto, agora é um serviço e o serviço e o ser humano que presta, então havia uma mudança de mentalidade muito grande e havia uma percepção muito negativa da imagem da IBM, puxa, a IBM está indo para o vinagre, bem, enfim, entrou naquela época em 93, um chairman chamado Lou Garstner que fez a virada da companhia e ele tinha uma preocupação muito grande com a imagem e ele tinha um conceito na cabeça que é assim, olha eu não posso transformar a empresa para depois fazer todo o posicionamento, a comunicação externa, porque não dá nem tempo, até lá a empresa morre. Eu tenho que fazer tudo isso ao mesmo tempo, eu tenho que fazer a transformação interna ao mesmo tempo que eu mudo a mensagem externa, então ele teve um foco muito grande em comunicação, bem, eu não tinha nada a ver com isso, nada e eu lembro que no meu último mês lá em Nova York, por volta de novembro, o meu mentor, que era o diretor de operações, na verdade, da IBM Brasil me ligou e falou assim, Mauro, eu tenho uma boa notícia, você vai passar um mês com a diretora de comunicação da América Latina para você ter uma experiência em comunicação, eu não entendi muito bem mas achei o seguinte, olha, é mais uma experiência, depois eu assumo, depois volto para o Brasil e vou voltar para a área de vendas que é a minha área. Bem, eu lembro que eu tive essa reunião com ela, ela me deu uma missão, ela me deu um desafio, falou que eu tinha que fazer um plano de networking para a IBM América Latina, eu tive uma relação com ela muito difícil, não vou entrar aqui no detalhe, para não tomar tempo, eu lembro que 15 dias depois eu voltei com esse plano, sem ter a menor ideia de como fazer. Luciano, sabe quando o cara te manda fazer um negócio que você não tem ideia para onde vai? Eu procurei alguns colegas de trabalho ali para fazer, enfim, eu lembro claramente o seguinte, véspera de natal, eu entro na sala dela, entrego o plano em transparência, sacou transparência? Quem está ouvindo aqui é transparência, depois a gente explica, entrego, ela lê, mas em menos de 3 minutos, ela levanta da mesa dela, pega aquele pacote, joga na cesta de lixo e bota o dedo no meu nariz fala assim, esse é o pior plano de comunicação que eu já vi na minha vida, é uma vergonha e me mandou para fora da sala, bem, no mesmo dia eu volto para a minha mesa, aí meu colega de trabalho diz assim, olha, o Fernando te ligou, que era o diretor de operações da IBM Brasil, ele quer falar com você, liguei para o Fernando, o Fernando falou assim, Mauro, tenho uma notícia para te dar, eu falei eu também Fernando, e o Fernando, porra, e mulher me comeu, ai ele falou assim, olha, você vai voltar para o Brasil em tal data e você vai ser nomeado o líder de comunicação da IBM Brasil nessa data. Eu falei cara, eu tenho uma boa notícia, a líder de comunicação da América Latina acabou de me comer dizendo que eu sou o pior profissional de comunicação da paróquia, bem, conclusão, eu voltei como líder de comunicação mesmo, naquela época quem definia era a geografia, e vou dizer porque acontece isso, olha que interessante, qual foi a decisão que a empresa tomou? Existia a necessidade de fazer uma mudança radical em comunicação, então o chairman ele foi muito corajoso, que ele fez? Ele pegou todos os líderes de comunicação das diversas IBM’s no mundo e tirou, de uma hora para a outra, falou assim, olha, alguns foram aposentados, alguns foram migrados para outras áreas e todos os que assumiram a liderança de comunicação nas diversas IBM’s do mundo foram pessoas que nunca tinham passado pela área de comunicação antes dentro das empresas, alguns eram formados em comunicação e outros, como eu, não tinham nenhuma formação de comunicação, qual era a mentalidade? A mentalidade era o seguinte, estou colocando todo um grupo novo, que vai daqui para a frente seguir esse processo novo não tem nada…
Luciano Quer dizer, aquela mulher dançou…
Mauro …não tenho nada…
Luciano Aquela mulher dançou
Mauro … dançou alguns meses depois, é, não nenhum laço pessoa, não tem nenhum, não tem nada, não tem paradigma e outra coisa, a IBM naquela época trabalhava com 65 agências de publicidade no mundo, cada IBM, em cada país tinha uma. A partir daquele ano a IBM passou a trabalhar somente com uma agência, tudo centralizado, então o que aconteceu foi o seguinte, eu caí de paraquedas na área de comunicação cuidando de propaganda, cuidando do tradicional sem conhecer nada, eu não conseguia entender a diferença entre comunicação em advertising propaganda e comunicação de imprensa e aí eu me deparei pela segunda vez com aquela mesma sensação que eu passei em Manaus, porque eu desci no Brasil tendo que gerenciar um time de comunicação…
Luciano Sem ser do ramo
Mauro … sem conhecer nada, eu falei caramba,aí de novo voltou aquela mesma história né, voltou aquela história. O que eu tenho de diferente que eu vou agregar para esse time para que esse time me ajude e obviamente o meu conhecimento todo era da área de negócios, eu conhecia profundamente relacionamento com cliente, relacionamento com o mercado, coisa que o time de comunicação não tinha, o time de comunicação … trabalhava planejamento, advertising.
Luciano Então Mauro, deixa eu fazer uma… tem um negócio que você está falando que é bastante interessante, deixa eu até usar aquilo que o Lula gosta bastante que são os exemplos voltados para futebol e até eu me lembro na copa de 70, quando se jogava futebol neste país, eu me lembro de ter visto uma conversa uma vez, acho que foi, se não me engano foi Rivelino que estava comentando que a posição que ele jogava era uma posição que já tinha lá Gerson, já tinha todo mundo lá e que ele em conversa com Zagalo uma vez o Zagalo falou para ele, olha cara eu vou te escalar na ponta esquerda, cara, me põe em qualquer lugar, onde você puder eu vou jogar e o bicho vai e joga e detona e o cara ai… então por que que o Zagalo botou ele na ponta esquerda, sabendo que aquela não era a posição dele? Porque o Rivelino tinha uma porrada de atributos que bicho, pode botar em qualquer lugar que ele vai jogar muita bola. Com você acaba acontecendo duas vezes, quer dizer, os caras te indicam para uma posição de gerência de vendas numa região e você nunca tinha sido gerente, depois uma posição de comunicação sem você ter sido cara de comunicação. Quais foram os atributos que você acha que esses caras olharam para falar é o Mauro, não é o Zé, não é o Pedro, não é o João. Que atributos foram esses?
Mauro Eu acho que eu tinha uma, primeiro uma visão de mercado muito grande, o principal foco deles foi colocar uma pessoa que primeiro, tivesse uma capacidade de conhecer o mercado, conhecer o mercado mesmo, muito grande porque assim, imagina um time de comunicação que tinha pouco contato com o mercado, se fosse liderado por outra pessoa realmente puramente de comunicação, talvez a coisa não ficasse tão bem balanceada. Então a primeira característica deles foi, o pessoal pensou, vamos colocar um cara que realmente tenha um tremendo conhecimento de mercado para agregar esse conhecimento técnico à operação e a segunda foi uma coisa que talvez isso foi reconhecido na época, uma capacidade muito grande de montar equipes, de criar espírito de time e isso é uma característica que eu desenvolvi muito ao longo do tempo, obviamente que a gente vai aprimorando, que é a capacidade de você criar times, depois eu fui aprender, a no início, o meu objetivo era montar times mais homogêneos, depois eu aprendi que é exatamente o contrário que é legal, é você trazer diversidade para o time, trazer diversidade, pessoas que pensam diferente, pessoas que não necessariamente tem o mesmo ponto de vista que o seu, inclusive, pessoa inclusive que tenham um perfil diferente, a gente falou há tempos atrás sobre o 2,6,2 pessoas que sejam às vezes um pouco mais críticas, com pessoas muito otimistas, pessoas muito inovadoras com pessoas processuais, quer dizer, você conseguir criar esse equilíbrio, ele é muito saudável e normalmente os gestores eles não gostam muito disso, os gestores querem trabalhar, eu brinco que os gestores querem floresta de pinheiros, todo mundo igualzinho, bacaninha que não cria aborrecimento, que não aporrinhe e aí você não sai do lugar.
Luciano Até porque o potencial de você ter conflito num grupo de desiguais é gigantesco e a primeira posição ou a primeira tarefa que o líder tem que fazer é gerenciar conflito, quer dizer, eu adoro o caos, eu adoro gente gritando, adoro barulho, adoro essa energia porque para mim isso significa energia criativa, tem gente que odeia, tem gente que fala não cara, bota tudo igualzinho, vamos na batidinha porque ai não vou ter que gerenciar esse conflito todo Eu diria que esse é o grande momento. Se pegar o Brasil de hoje, qual é o problema do Brasil o Brasil está totalmente conflituoso, criou-se uma consciência nessa sociedade aqui de conflito, não estou me entendendo com você, eu sou contra você, aliás não adianta me trazer uma ideia boa porque eu não vou com você porque a ideia vem de você, então o mérito é de quem veio, não é mais da ideia ou não, esse é um ambiente de conflito que destrói a maioria das empresas que eu vejo isso acontecer, talvez isso seja um das coisas que os caras viram lá, esse cara consegue gerenciar…
Mauro Porque o problema, Luciano, a missão principal ali era se criar um time multifuncional, mundialmente, de novo numa época que a internet estava surgindo, de novo, internet começava a surgir naquela época, então o processo de comunicação de colaboração não havia rede social, como é que você monta uma equipe de 1000 pessoas espalhadas pelo mundo e cria um senso de colaboração sem uma ferramenta? Então realmente ali a missão era você ter determinados líderes ali que pudessem fazer essa cola, então essa questão de saber montar time, saber trazer pontos de vista diferentes, depois eu também aprendi que eu tenho que ter pessoas que gostam de trabalhar mais nos bastidores do que estar na frente. Aliás, você conhece a história do, não sei se você, você que é um contador de história, você já ouviu essa história da Apollo 11, porque o Armstrong, que foi o primeiro a descer na lua?
Luciano Não…
Mauro Já leu isso ai?
Luciano Não…
Mauro Isso tem várias…
Luciano Conta que é boa.
Mauro Vou contar que essa história é ótima, isso tem várias teorias, uma delas diz que o Armstrong era o cara mais bem preparado da missão, ah vou fazer uma pergunta antes, você lembra dos 3 que foram?
Luciano Opa! Eu …
Mauro … mas eu duvido que esse pessoal aqui participando…
Luciano … não vai lembrar de jeito nenhum, mas eu lembro, Michael Collins, Edwin Aldrin e o Armstrong, Neil Armstrong.
Mauro … Neil Armostrong, Michael Collins…
Luciano Michael Collins e Edwin Aldrin.
Mauro … é Buzz Aldrin né, que era conhecido como Buzz Aldrin, que foi depois até homenageado no Toy Story com Buzz Lightyear…
Luciano Sim, exatamente.
Mauro … bem, qual é a história? Existem vários estudos olhando a Missão Apollo 11, porque toda carregada de mistério, que o seguinte, a missão, a parte mais difícil da missão não era pousar na lua, a parte mais difícil da missão era aquela nave que girava ao redor da lua ter capacidade de soltar o módulo lunar, o módulo, lunar pousar e depois o módulo lunar retornar para a nave e se conectar de novo na nave, então a parte mais crítica da missão era do cara que ficava em órbita e quem ficou em órbita foi Michael Collins e que o cara mais desconhecido dos três, ninguém lembra do nome desse cara, o Buzz Aldrin, ele pirou na batatinha, porque ele desceu lá no módulo lunar mas quem pisou foi o Armstrong pô e o Buzz Aldrin teve que tirar foto do Armstrong ainda pô, era o fotógrafo para tirar foto, tanto que Buzz Aldrin ele ficou…
Luciano Ele deu uma pirada.
Mauro … deu uma pirada, se tornou alcoólatra, depois se ligou à religião, que ele não entendia como ele chegou tão perto e não foi o primeiro, mas a história é o seguinte, existem algumas teorias que o cara menos preparado era realmente o Armstrong, porque na hora que o módulo lunar descesse e ele fosse pisar no solo, ninguém sabia o que ia acontecer, se aquele solo era sólido ou não, se a vestimenta ia funcionar ou não, se de repente ia sair uma porra de um animal maluco de trás da pedra comer o cara, então o seguinte, olha, coloca o cara menos preparado da missão para isso, o cara mais preparado tecnicamente da missão, o cara que era o mais, tinha alcançado as notas, os índices mais altos nos testes era o Michael Collins. A lição que a gente tira desse estudo é que muitas das vezes numa missão crítica, a missão mais importante não está no palco, está no bastidor, está no cara que trabalha por trás e ao longo do meu tempo, já sou gerente de pessoas há 25 anos, eu comecei a aprender e aprendi de verdade agora, que tem determinados momentos que você não tem que estar no palco, tem determinados momentos que tem que dará um passo para trás, trabalhar nos bastidores, sem nenhum demérito. E às vezes, muitas das vezes, o cara, muitas vezes não, quase sempre, o cara que está no palco tem um cara no bastidor ali trabalhando mais ou melhor do que ele segurando a onda, isso eu comecei a aprender já nessa época, quando eu fui para comunicação, porque era evidente, quando você começa a trabalhar com profissionais engenheiros, a característica da profissão, são pessoas um pouco mais fechadas, são…
Luciano Cartesianos…
Mauro … cara de comunicação é mais porrante, o cara porra e tal… então eu comecei a descobrir que porra, tinha uns caras ali que eram caras que tinham que ir para o palco e tinham uns caras bons de bastidores e o meu trabalho era não deixar o cara de bastidor…
Luciano Se sentir menos…
Mauro … se sentir preterido cara e não ter um obstáculo de carreira inclusive, bem enfim, só fazendo a história mais curta, naquele momento falei, cara, gostei, bacana, mas eu quero voltar para vendas, foi meu acordo com a empresa, e olha que ironia cara, naquele 1995, que eu virei o líder de comunicação da IBM, a IBM ganhou o prêmio Caboré, como o anunciante do ano, quer dizer, eu não tinha nenhuma experiência nesse negócio e eu subi lá no palco para receber o prêmio Caboré como o melhor anunciante do ano. Muito louco esse negócio. Em 96 eu voltei para vendas, passei 96-97 até que em meados de 97 eu recebo uma nova ligação do presidente da companhia dizendo o seguinte, cara, você vai voltar para comunicação, porque desde que você saiu aqui a gente não conseguiu mais fazer esse negócio funcionar, a gente já mudou 3 vezes a liderança, os caras não conseguem trabalhar com esse processo global, porra, os caras querem ter autonomia que não tem, cara, vem de volta, eu falei cara eu não quero ir, não mas vem, vem… eu voltei e fiquei, voltei e quando eu voltei em 97, para essa área, já acumulando mais algumas coisas ao redor disso, fiquei 97, 98 e quando iniciou 99 eu falei cara, não dá mais, eu sou engenheiro, sou analista de sistemas, estou trabalhando com comunicação aqui e marketing, eu preciso fazer um curso, eu preciso ter alguma formação mais estruturada acadêmica em que eu possa minimamente conversar com esses caras, porque sabe o que acontece quando você não faz isso Luciano? Eu virei um profissional de marketing e comunicação da empresa, não um profissional de marketing e comunicação com a visão aberta, então eu falei cara, aí eu olhei para o mercado, descobri um puta curso de uma espécie de MBA de marketing e comunicação na Fundação Getúlio Vargas, de um ano de duração, que me deixou louco, porque era quarta à noite, sexta à noite e sábado inteiro, durante o ano inteiro e me joguei. E ali cara, e me apaixonei por essa porra, ali que realmente eu falei cara, é isso que eu quero ser, é isso que eu quero trabalhar e aí eu comecei a conhecer muita gente legal, muitas cabeças diferentes e apesar da IBM, naquela época, vender PC e vender impressora, que eram produtos tipicamente de varejo, a gente nunca falou empresa de varejo de fato, de comércio como a gente conhece e eu comecei a fazer amizade com esse pessoal, falei cara, isso é muito legal, eu quero mais, quero mais e aí aconteceu um fato. A IBM estava mudando, virando para uma empresa de serviços como eu falei, eu fui convidado para assumir, para ser executivo de serviços de uma área, para eu sair de comunicação e naquela época, final da década de 90, a gente tinha a bolha da internet acontecendo aqui no país, as empresas de Telecom sendo batizadas, eu recebia muita proposta de emprego, muita proposta de emprego, era assim uma atrás de outra toda semana. E eu estava muito bem na empresa, eu tinha plano de retenção, ações, estava tudo assim para continuar lá dentro. Cara, eu não resisti, depois de receber muitas ofertas de emprego, eu recebi uma oferta que para mim foi matadora, era a startup da Intelig e cara, e falou assim, cara você vai ter saco de dinheiro aqui para você fazer toda atividade de marketing, você vai construir toda a área de marketing do zero e a gente quer você aqui e aí cara, puta, eu estava fazendo 40 anos, já tinha um porrão de tempo na IBM, eu falei cara, é agora ou nunca. E a Intelig na verdade falou assim cara, nos vamos construir uma marca nova, você vai fazer planejamento estratégico, você vai ter a maior verba publicitária do ano 2000. Para você ter uma ideia, agora a Intelig já acabou, mas a verba publicitária de Intelig em 2000 foram 300 milhões de reais, eu lembro do presidente virado para mim e falando cara, você não tem a capacidade de gastar um milhão por dia, eu falei cara, não deprecia a capacidade do ser humano, porra e eu fui, pedi demissão, foi muito doido, porque o pessoal não aceitava a minha saída de dentro da IBM. E fui para a Intelig e eu não sei se você lembra, a Intelig toda aquela campanha de escolha do nome, porra, você lembra da força das operadoras e eu fui para lá e eu vou dizer para você, foi uma experiência, Luciano, muito louca porque eu saí de uma empresa altamente estruturada, processual, com quase 100 anos de existência e entrei numa empresa que o cara chegava para mim e falava o seguinte, cara, tu vai ter 300 milhões de reais para gastar no ano e essa companhia que está começando a operar em janeiro, quando terminar dezembro vai estar faturando quase 1 bilhão de reais e eu estava sentado na cama de um hotel, porque todo o planejamento da Intelig estava num notebook cara. Eu falei cara, isso é louco e foi isso realmente que aconteceu, a empresa entrou no ar, absolutamente nós não chegamos a 1 bilhão de reais mas foi um belo 600, 700 milhões e um espírito de criação muito grande e eu lembro, no primeiro dia, essa história também é muito divertida, eu entrei na Intelig, o primeiro dia, não conhecia ninguém, fui lá no RH, dei minha carteira e tal aí o pessoal e agora, qual vai ser o seu primeiro ato como diretor de marketing e comunicações da Intelig? Eu falei, vou em compras, como em compras? Vou em compras porque me falaram que tem um SAP, um sistema de gestão empresarial sendo instalado aqui e eu quero que esse sistema de gestão empresarial seja instalado porque eu preciso que alguém me controle com esses 300 milhões de reais cara, eu não posso ter um gasto de 300 milhões de reais sendo controlado por uma planilha, você entendeu? Já era a cabeça de alguém que trabalhava, que vinha de uma empresa grande, estruturada, pedindo o seguinte, cara pelo amor de Deus, me ajuda a estruturar essa operação porque porra, eu não posso ter uma operação de 300 milhões feita dessa maneira. Enfim, foi assim, Luciano, uma experiência enlouquecedora porque nós éramos um time de pessoas empreendedoras,..
Luciano Com pressa…
Mauro … todo mundo com pressa e pessoas de diferentes culturas, então tinha gente do varejo, gente da Telecon, gente de TI, então a gente começou a montar uma cultura interna…
Luciano É isso que eu ia comentar agora, quer dizer, nem cultura existia…
Mauro … não tinha nada, não tinha cultura e obviamente que a cultura, a gente foi encontrando a forma, existia uma cultura assim, quer dizer, um desejo de cultura que era criar uma empresa com algumas nuances de Google, com muita liberdade, inovação, uma empresa muito colorida, muito leve, praticamente não existiam paredes na Intelig, todas as baias muito baixas para todos os executivos, só o presidente tinha uma sala, então foi uma experiência muito legal que acabou não dando certo porque eram três sócios, três sócios de empresas globais, duas das empresas globais começaram a ter grandes problemas de caixa e logo no primeiro ano resolveram se desfazer da Intelig. Então eu passei um ano e meio lá na Intelig como diretor de marketing e comunicação, logo depois eu mudei para a Embratel, passei 3 anos na Embratel na área de vendas, também foi uma experiência magnífica e depois eu fui convidado para assumir como vice presidente de marketing e comunicação de uma empresa de TI muito grande, que eu não preciso falar o nome, mas eu passei um ano e meio ali e essa empresa começou a ter vários problemas de relações governamentais, foi na época do mensalão do Lula, quando surgiu em 2005, eu comecei a assumir também o papel de gestor de relações governamentais, que eu não tinha nenhuma experiência, e eu comecei ter muita insatisfação como profissional. Falei cara, não está legal, não estou gostando, não estou encontrando meu caminho, puta eu preciso redirecionar e eu lembro que já no início de 2006, numa dessas ligações telefônicas que a gente faz para amigos, liga a Vera Dias. A Vera Dias foi uma pessoa que eu contratei na época, quando eu era gerente de comunicação da IBM, eu contratei a Vera Dias Mercado para montar a área de imprensa na IBM, porque eu não conhecia, lembra que eu falei que eu não conhecia nada disso? E ela me liga e fala, puxa, quero dar uma notícia para você, falei o que é? Virei a diretora de comunicação da IBM América Latina, falei pô Vera, que legal, você lembra quando você foi contratada? Pô que barato, você virou diretora de comunicação e tal, é mas eu não estou aqui só para isso não, falei o que é? Eu quero te convidar para voltar para a IBM, mas eu estou com o pé atrás, falei mas por que? Porque eu quero convidar para você ser o líder de comunicação da IBM Brasil de novo, só tem um problema, eu vou ser a sua chefe e você me contratou, queria saber se você tem algum problema com isso? Eu falei Vera, claro que não, você é uma profissional muito especial, você foi minha professora em toda a parte de relações públicas e imprensa, tudo o que eu aprendi na vida foi realmente com você e vai ser um prazer trabalhar com você e eu saí numa condição, Luciano. Aí faz parte de umas decisões da vida, eu estava nessa empresa como vice presidente de marketing e comunicação, ganhando, de América Latina, realmente ganhando um salário muito bom, com certo conforto, porque não tinha risco de emprego, mas muito infeliz, com um ambiente de trabalho complicado, um contexto muito enrolado e eu fui para a IBM. E eles falaram o seguinte, você veio para a IBM mas você não vai entrar como diretor, você entra como gerente e depois vou ver o que acontece, então a minha esposa, ela se diverte, porque você pega a minha carteira de trabalho, do lado esquerdo está escrito vice presidente de marketing e comunicação na América Latina, salário tal, e do lado direito fala gerente de comunicação da IBM, um salário muito menor, então eu tomei uma decisão na minha vida, em 2006, de fazer uma mudança de vida radical, que racionalmente talvez não fizesse grande sentido, mas sabe aquela momento em que você está caminhando, encontra uma barreira e de repente você tem que dar um passo para o lado, dar um passo para trás para sair daquela barreira? E eu falei, caramba, eu vou voltar para uma empresa que eu conheço, naquela época a IBM já tinha definitivamente feito a transformação, já crescia alucinadamente, aqui no Brasil o crescimento era enorme, eu falei cara, depende de mim, é uma empresa que eu conheço, tenho relacionamento ali, claro que muita gente nova, uma empresa muito maior, para você ter uma ideia, quando eu voltei, a empresa ela já era 3 a 4 vezes o tamanho daquela em termos de força de trabalho e eu assumi como gerente de comunicação, em 3 anos eu virei diretor, assumi a área de marketing e praticamente de final de 2008 para cá eu tenho essa área de marketing e comunicação que basicamente toca todas as disciplinas da área e me reposicionei internamente dentro da companhia e muito feliz, porque…
Luciano Essa era a pergunta que vinha agora, está feliz? Quer dizer, a gente vê um arco, você dá uma volta e de repente retoma a posição que talvez você tivesse hoje se tivesse continuado lá, talvez estivesse nessa mesma…
Mauro … mas aí Luciano, essa discussão de carreira é interessante, porque os meus filhos, eles não entendem muito bem determinadas coisas da minha vida, a gente conversa muito sobre isso, meus dois filhos já estão formados, já trabalha, um trabalha numa gestora de investimento, o outro trabalha no Google, então estão todos bem, já não moram nem mais comigo, mas eu lembro de estar lá, 10 anos atrás, eles falavam pai, você é uma pessoa preparada para ser presidente de empresa, uma média empresa talvez, preparado que eu digo é assim, você tem condições de buscar isso e eu nunca quis buscar, eu nunca pensei em ser presidente de empresa ou CEO de empresa como aspiração da minha vida, eu sempre procurei buscar alguma coisa que pudesse me alimentar em termos de conhecimento, desenvolvimento, e quando eu comecei a encontrar esse caminho de marketing e comunicação e pela minha vida você viu que eu patinei, eu troquei muito de emprego e trabalhei muito nessa questão de engenharia, análise de sistemas, vou para lá, vendas para cá, eu demorei muito para encontrar um caminho e assim, quando eu olho para trás e vejo meus últimos 10 anos, eu digo assim, cara, eu encontrei o caminho agora…
Luciano Com que idade você encontrou o caminho?
Mauro … fazendo umas contas rápidas aqui, sendo otimista, com 40 anos, talvez uns 45, mas sendo otimista com 40 para minimizar.
Luciano Isso é super importante, porque a gente, vamos lá, vou fazer aquele exercício que eu adoro fazer com todo mundo que vem aqui, imagina que do outro lado aqui está nos ouvindo um garoto, uma menina, de 24, 25, 26 anos de idade, que tem pressa, que quer agora o emprego, quer agora o cargo, quer agora o salário, quer agora, quer agora e tem que ser já, imediatamente e de repente você vem aqui e fala o seguinte, cara, levei 40 anos, levei 45 anos para chegar no momento que eu falo pô, me encontrei. Tem gente que essa idade já está pensando, desisto, não quero mais saber, não quero levar adiante e você cuida de uma equipe grande, sei lá quantas pessoas tem na tua equipe hoje…
Mauro 100 pessoas.
Luciano … é um bocado de gente ali, lá dentro deve ter uma molecada assim, com 26, 27 chegando lá, com pressa, então é todo mundo com pressa, como é que você lida com isso cara, como é que essa molecada que chega desesperada para fazer acontecer já, você sabe evidentemente que eles não tem aquela… eu costumo brincar com a turma sempre falo, senta na minha frente aqui um moleque de 30 anos extremamente bem sucedido, eu falo cara, você tem mais dinheiro que eu, você viajou mais que eu, você é mais bonito que eu, comeu mais mulher que eu, fez o diabo mais que eu, mas tem uma coisa que você nunca vai ter mais do que eu, eu sou mais velho que você, eu tenho muito mais tempo na face da terra do que você, isso me dá uma série de coisas que ele não tem, por mais que ele tenha um monte de coisa, você tem uma baita experiência, está sentado aí, está vendo essa molecada surgir, como é que é? O que você vê dessa molecada, como é que você toreia essa molecada, como é que você dá o meu breca, pensa, como é que é? Ou não é isso, ou você põe fogo para…
Mauro Não, não, é uma combinação de coisas, é muito difícil hoje você gerenciar essa turma mais nova, primeiro porque tudo é mais rápido, a velocidade é uma coisa alucinante, na verdade existe uma combinação entre uma pressa de crescer na carreira, uma, cara, tem alguns, não necessariamente que estão comigo, mas o cara entra e o cara daqui a cinco anos já quer ser diretor da companhia, a dez presidente, e só tem um presidente, mas a maioria entra querendo fazer coisas diferentes, poder dar opinião, poder entrar em projetos inovadores, então existe uma… talvez essa para mim é a principal característica: é assim, os caras querem entrar no que vale a pena, em coisas diferentes, claro que o cara que aperta parafuso é importante, mas se você puder discutir com o cara, vem cá, a gente está apertando certo? O que você acha que a gente pode fazer diferente aqui com esse parafuso, então o ponto é essa moçada nova é uma moçada muito bem preparada, certamente muito mais preparada do que eu em termos de formação, em termos de visão, porra, com a nossa idade aqui, com 15 anos, porra, qual era o nosso relacionamento? O nosso relacionamento era a nossa comunidade eram os seus vizinhos de rua e os amigos de escola, porra, esses caras estão trabalhando com redes sociais, conversando com o mundo…
Luciano Estão jogando um game com um cara da Romênia, um da Russia…
Mauro … cara, não dá para competir com a gente, Luciano, a gente não tem o pique nem o conhecimento que esses caras, o que acontece eu posso falar, a gente tem mais experiência então muitas das vezes a gente sabe o que vai acontecer, você consegue prever o que vai acontecer daqui a cinco dias, olha, se esse negócio seguir dessa maneira vai dar merda, o departamento do vai dar merda…
Luciano Eu tenho uma história deliciosa cara…
Mauro … então conta.
Luciano … eu fazia uns eventos, aquela coisa acontecia e a turma preparava tudo, aí eu chegava no evento e chegava no evento, batia o olho, meu, “tá” mau, “tá” mau, “tá” mau, “tá” mau e um dia um deles virou para mim e falou, meu como é que você consegue ir direto na cagada bicho? Como é que você entra aqui, você entra na sala e bate o olho, você não olha para as coisas, você olha a cagada, você já vai direto no ponto, como é que você faz isso? Falo cara, eu já fiz essa cagada 500 vezes, hoje eu já sei de antemão onde é que elas podem estar, quer dizer, essa experiência que tem um valor brutal e que esse mercado anda meio que deixando isso de lado, porque essa experiência custa caro, eu vou trocar um cara de 10 por dois de 5 e acho que vai ser a mesma coisa…
Mauro E tem um detalhe Luciano, as pessoas estão menos dispostas a ficarem mais tempo fazendo as mesmas coisas, então, e não tem jeito, quando você olha uma pessoa, você tem a questão da formação técnica como aquele conhecimento técnico e tem o caso da experiência, experiência é tempo cara. Claro que você pode acelerar a experiência, você, por exemplo, submete o cara a projetos mais diferentes, você consegue até acelerar um pouquinho, mas não tem jeito, experiência é o acúmulo de experiências. Então voltando à questão da turma mais nova, a turma mais nova ela tem uma cabeça diferente, vou te contar uma história também muito simples. Um colega meu, diretor de uma empresa de telecom, grande, falou assim, cara, aconteceu um fato surreal, pô eu tinha uma funcionária minha que era a mais bem preparada, alta performance, era uma pessoa preparada para ser executiva dessa empresa, pô nós protegemos, demos aumento, cara ela pediu demissão hoje, eu falei e aí, deve ter recebido uma oferta, não, ela até recebeu uma oferta mas ela disse para mim que não estava saindo pela oferta, ela estava saindo porque não concordava com a estratégia que a empresa tinha na área de responsabilidade social, quer dizer, a menina, ela estava saindo porque não concordava como a empresa atuava na área de cidadania, cara isso é uma cabeça completamente diferente…
Luciano Na nossa época imagina que você… você nem tinha acesso a esse tipo de informação, quase nada…
Mauro Não se passava isso… não, não passava. Outra coisa, outro cara também, outro cara que me contou também, de uma outra empresa que eu também não vou citar o nome, tinha um programa que eles levavam estagiários para participar de algumas reuniões de diretoria, era uma coisa de inclusão, mas só estagiários e trainees mas de alto potencial e a ideia é o seguinte cara, para você ir lá, assistir e não falar e botaram um cara e o cara no meio de reunião falou, resolveu falar, dizia olha, deixa eu dar uma opinião aqui e pior, ele deu uma opinião totalmente pertinente e perguntaram, o cara perguntou, quem é esse cara? Quer dizer, você sente que é um pessoal que quer participar, que quer se expor. Então quando analiso essa turma, a minha maior preocupação aqui é aumentar ao máximo o espectro de discussão com esse pessoal, não cercear caminhos de carreira dentro da empresa, eu tenho sorte porque eu trabalho numa empresa grande, uma empresa que tem 400 mil funcionários, cheio de porta, então o que eu faço aqui é apresentar as portas, é claro que às vezes eu me lamento muito, às vezes eu tenho uma pessoa super talentosa, cara eu não consigo entregar para ela aquela expectativa que ela tem de carreira naquele momento e tem alguém do lado, o meu vizinho aqui dizendo cara, você manda a bandeirinha para ela, va lá. Mas, a discussão, Luciano, hoje em dia é uma discussão muito transparente, é uma discussão em que você tem que dar feedback o tempo inteiro, discussões de carreira é algo recorrente é assim, não entregue os seus projetos somente para o pessoal mais sênior, traga gente nova, submete de exposição para essa turma, essa turma pensa diferente, a gente está aqui falando de profissões que certamente daqui a 5 anos talvez não existam mais, 10 anos, então de repente a gente está com profissionais dentro na nossa estrutura ali onde daqui a 5 anos essa estrutura está toda implodida, então no final das contas você não quer o cara só pelo conhecimento técnico, você quer o cara pelos aspectos comportamentais, pela capacidade desse cara aprender, se desenvolver, então tem todo um lado comportamental que hoje o indivíduo tem que se desenvolver e acho que talvez nessa geração mais nova, talvez esteja mais complicado, porque nós aqui, apesar de a gente ser cheio de defeito, a nossa geração, a gente tem uma das virtudes que a gente teve aqui, foi saber dar tempo ao tempo, a gente foi mais perseverante, a gente foi mais calmo, a turma mais nova não tem, tudo aqui é efêmero, tudo aqui é rápido e às vezes a gente não consegue entregar isso…
Luciano E não há como você ser rápido sem ser superficial cara, você não consegue mergulhar fundo em mais coisa nenhuma, então isso é uma falta tremenda que eu ando sentindo bastante no mercado. E encontrar gente que, cara, o cara voa baixo mas ele voa raso cara, ele não consegue aprofundar, que para aprofundar vai te tomar um baita tempo, você não vai ter tempo de conseguir aquilo e é até uma dedicação que é complicada, então hoje em dia quando a turma vem falar comigo… aliás essa é uma das razões de eu ter criado a tal da isca intelectual, falei cara, como é que eu consigo falar com essa turma, bicho não adianta eu chegar com um compêndio, eu tenho que chegar com uma isca, alô, eu ilumino, viu cara, quer vai atrás, entendeu? Porque se eu chegar lá, pegar pela mão senta comigo e vamos conversar, não rola, eles tem uma pressa brutal. Bom, vamos lá, eu vou pegar você agora, eu quero falar com o Mauro experiente, líder de equipe com toda essa história que você contou para nós aqui, me dá umas regrinhas ai vai, essa molecada toda que quer fazer sucesso, quer levar um currículo para você na IBM ou em qualquer outro lugar que seja e vai encontrar na frente dele um Mauro Segura sentado lá, o que vai impressionar o Mauro? O que essa pessoa tem que levar para impressionar o Mauro a ponto de ele falar cara, eu quero esse cara no meu time, quero essa moça no meu time?
Mauro Olha só, eu recebo muito currículo, recebo currículo de tudo o que você possa imaginar, todos os meios, por rede social, por e-mail, por papel, ainda recebo currículo por papel é raro, confesso para você, mas ainda pinta alguns desse tipo, recebo currículo por vídeo, o cara manda lá um videozinho, de 30 segundos, enfim, o meu ponto, eu sempre brinco e eu uso essa expressão, por isso eu fico aqui à vontade, quando eu escolho alguém eu escolho pelo cérebro da pessoa, pela capacidade dessa pessoa me impressionar mas não do ponto de vista técnico, do ponto de vista de pensar além, pensar algo diferente, não estou falando de inovação porque a palavra inovação ficou um pouco…
Luciano Ela serve para tudo hoje em dia.
Mauro … se desgastou, mas é uma pessoa que consiga fazer você repensar determinada coisa e isso são características… existe a questão de você ter um pouco de visão, mas isso tem característica do tipo, trabalhar em time, espírito de equipe, ouvir, perguntar, adoro pessoas que perguntam muito, acho que quando as pessoas perguntam muito é um ponto crucial, gosto muito e vou ser bem honesto com você, adoro pessoas que pensam diferente de mim, que como eu falei antes, gera um pouco de desconforto na hora, mas que tenha uma capacidade de juntar as coisas, de argumentação muito grande, porque no fundo, Luciano, quando a gente está trabalhando na empresa basicamente a gente passa grande parte do tempo negociando ou vendendo o peixe, a pessoa tem que saber vender muito bem o peixe, agora claro, tem questão de valores, tem que ser um cara ético, tem uma série de coisas e valores básicos.
Luciano Que valiam para a IBM dos anos 70. 90% disso que você falou ai é igual à IBM dos anos 70 porque é aquela história, eu quero trabalhando comigo alguém ético etc e tal.
Mauro E eu vou dizer pelo seguinte: a parte técnica, eu sei que é um pouco decepcionante às vezes, muita gente vende o currículo por toda a questão de formação, eu tenho uma crença que daqui a, como eu falei antes, daqui a 5 anos, daqui a 8 anos, daqui a 7 anos, essa porra toda que a gente estuda hoje, principalmente o marketing de comunicação, vai mudar, a mudança é tão radical e tem uma outra coisa também, isso vale para quem, por exemplo, vai trabalhar em marketing de comunicação que é a minha área e não pode deixar de responder, é que eu não busco mais agora pessoas com formação somente pessoas com formação em jornalismo, comunicação social, agora cara, a gente começa a ver marketing, a gente começa a ver engenheiro, estatístico, matemático, profissionais de antropologia, ciências humanos, porque na hora que você fala em colaboração, diálogo, você está falando de antropologia, ciências humanas, a capacidade de você influenciar ou interagir com alguém e a parte toda de um marketing analítico, puta, sinto muito, quem estuda jornalismo e comunicação social não tem a formação mínima para trabalhar nessa área, mas eu acredito que profissionais dessas áreas possam se capacitar nessas novas áreas que estão surgindo, então como eu acredito que essa profissão é uma profissão em profunda transformação, eu dou menos valor à parte técnica, eu dou mais valor à parte de capacidade de potencial das pessoas.
Luciano E você vai dar uma fuçada no Facebook dele e no Twitter dele ou não? Isso é fundamental cara.
Mauro Direto, direto, direto. Eu vou ser bem honesto com você, eu já recebi determinados currículos de pessoas que falam para mim que, puta, vive no mundo digital e você vai pesquisar o cara nas redes sociais, o cara basicamente não existe, eu não estou dizendo que o cara tem que ser um atuante no Facebook, que o cara tem que ter um blog, não é isso, mas minimamente o cara tem que deixar alguns rastros ali porque a identidade digital dele talvez seja a coisa mais real de fato que existe até para comprovar aquilo…
Luciano Até porque a maioria absoluta das pessoas, quando bota as coisas, ela pensa que ninguém está vendo, parece que é uma loucura, eles se comportam como se ninguém tivesse vendo, então eu vou direto cara, eu vou lá, quero ver para qual time esse cara torce, quero ver que livros ele curtiu, que outros sites ele curtiu. Eu vou no Twitter para ver o que ele retuita, eu não vou ver o que ele escreve no Twitter, deixa eu ver o que esse cara está retuitando e nesse processo todo você tem uma fotografia das pessoas que era impensável ter na nossa época, 10, 15 anos atrás, então eu até vou te fazer uma pergunta, o seguinte, o curriculum ainda é uma peça valiosa, ela é necessária, o que é isso cara?
Mauro Eu imagino que em pouco tempo a gente vai dispensar o currículo, o currículo nada mais é que uma peça de propaganda que você criou a respeito de você, puta, suspeitíssimo, porque é só fazer a comparação, você acredita nas propagandas que passam na TV? Porra, não, você vai lá na tua comunidade, vai nas redes sociais para ver o que acontece, a mesma coisa, o currículo é uma peça de propaganda a seu respeito, você escreve o que bem entende, aliás, escreve o que você valoriza a respeito de você, não necessariamente o que o empregador deseja de você, então acho que o currículo ainda tem o seu valor mas eu acho que é uma peça em extinção…
Luciano E não dá para fazer test drive né? Você não pode pegar o cara e falar vou fazer um test drive com você aqui…
Mauro Quer ver, vou te contar uma história real também, de novo, dá para a gente ficar aqui conversando muito sobre histórias, uma empresa grande contratou um cara, colega meu, passou por um processo, meses procurando um cara técnico, com puta formação, o cara foi escolhido, currículo de primeira, passou por uma porrada de entrevistas, se chegou à conclusão que aquele cara é o cara e aí foram fazer uma pesquisa nas redes sociais a respeito do cara, que eu acho que já foi uma falha, porque uma pesquisa dessa deveria acontecer antes, mas alguma coisa aconteceu e foram pesquisar sobre esse cara nas redes sociais e viram que esse cara, ele tinha algumas fotos dele bêbado, em algumas festas e ele estava amarrado a algumas comunidades do tipo assim, “bebo chopp a litro” e aí aconteceram três reuniões internas dentro da empresa, se deveria contratar esse cara ou não, qual era o background. O background é que essa empresa 6 meses antes, ela teve problema com dois funcionários que eram alcoólatras e que um deles causou um acidente dentro de indústria, então a empresa já tinha um trauma com relação de álcool, qual é a história? A história é que esse cara não foi contratado e esse cara não foi contratado porque, as pessoas não foram diretamente a ele contar essa história, claro que depois ele descobriu por algum meio e ele tentou, ele procurou a empresa dizendo cara, mas puta, vocês não podem me contratar? Vocês não podem deixar de me contratar por isso, foi uma brincadeira essa questão do chopp a litro, mas a empresa não voltou atrás, então o que está acontecendo hoje é que os rastros digitais que nós deixamos na web, a gente tem que pensar muito bem, porque existe até uma teoria num dos livros aí malucos por … que diz que daqui a pouco nós vamos ter duas identidades ou mais identidades na vida atual, a gente vai ter uma identidade nas redes sociais e uma identidade real de fato quem a gente é, porque a gente vai começar a ter pessoas montando identidades…
Luciano Fakes né?
Mauro … fakes…
Luciano Falsas né?
Mauro … dentro das redes.
Luciano Isso é construção de marca cara, você ter o Facebook, ter o Twitter para construir a tua marca e é uma “faca de dois legumes”, como se diz em Bauru, porque se você faz um negócio falso para mostrar que você é o gostosão, você não vai conseguir ser inteiro ali, ele não vai chegar onde precisa, se você é um cara verdadeiro, você corre o risco de botar lá, eu só tomo chopp a litro e dançar nesse processo, o que eu quero botar é o seguinte, é um momento fantástico agora de mudança no mercado que está impactando em todas as coisas, impactando na forma como eu contrato alguém, na forma como eu me vendo para alguém e de um jeito que não tem um papa que você chega lá e pergunta como é que faz e o cara é assim assado, nós estamos aprendendo agora, na porrada, estamos dando trombada para poder desenvolver esses processos de um jeito como nunca aconteceu.
Mauro Pegando esse gancho, Luciano e já que a gente está aqui com muita gente nos ouvindo, as pessoas devem, não quero transformar isso numa coisa complicada, mas as pessoas devem criar minimamente um projeto de como ela deseja ser conhecida no mundo digital, colocar assim qual é o seu projeto de identidade digital? É o que você posta no Facebook vai influenciar na sua vida profissional, o que você posta no Linkedin, o que você escreve no Linkedin, se você cria um blog, eu não estou dizendo aqui que as pessoas, um profissional de marketing de comunicação tem que criar um blog de marketing de comunicação, o cara pode criar um blog de fotografia, ou sustentabilidade, qualquer coisa, mas enfim, que ele mostre ali no mundo digital o que ele tem de melhor, porque aquilo vai ser o diferencial e pode fazer diferença no emprego, numa carreira, ou até se tornando empreendedor, porque na verdade, quando você se torna empreendedor, tem um negócio próprio, cara, você está exposto, você está exposto, pessoas digitam Luciano Pires na linha do Google e ali sabe da sua vida, então as pessoas tem que entender que esse mundo é um mundo absolutamente transparente, não tem mais nada escondido, o mundo exposto nas redes sociais no mundo da web tem muito mais peso numa decisão do que um currículo, por exemplo.
Luciano Muito bom cara, dá para ficar aqui até amanhã contando história aqui, mas a gente tem que chegar no final. Você escreve em várias colunas, me dá a dica ai, quem quiser conhecer o trabalho do Mauro, quem quiser contatar o Mauro, quem quiser saber mais do Mauro encontra aonde?
Mauro Bem, vamos lá, eu sou um isqueiro, como você chama, adorei essa palavra, sou um isqueiro do Café Brasil, cafezinho, estou lá…
Luciano Botando fogo na turma.
Mauro … toda semana lá colaborando para o Café Brasil, colaboro também para o Meio & Mensagem, que é um veículo importante na área de marketing da comunicação, eu tenho um blog meu, chama “A Quinta Onda”, onde começou como uma brincadeira e virou algo legal…
Luciano Tem textos muito legais lá, muito legais.
Mauro … tem uma boa quantidade de seguidores, alguns milhares, escrevo também no Linkedin, Linkedin Surpreendente, tenho uma rede grande também no Linkedin de muito segmentada em marketing da comunicação onde eu também escrevo e eu posso ser acessado pelo Facebook, o meu Twitter é Mauro Segura, @MauroSegura, o meu e-mail…
Luciano Facebook também, Mauro Segura…
Mauro … é o Facebook também é Mauro Segura e o meu e-mail é msegura@br.ibm.com.
Luciano Legal.
Mauro Ta bom?
Luciano Valeu?
Mauro Valeu muito, adorei aqui e agora vamos tomar um cafezinho.
Luciano Vamos, obrigado pela visita aí Mauro, um abraço
Mauro Um abraço.
Transcrição: Mari Camargo