LíderCast 017 – Ozires Silva 2

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Luciano               Bem vindo ou bem vinda a mais um LiderCast. Esta é a segunda parte da entrevista com Ozires Silva, foram 2 horas e 40 minutos de gravação e você verá que num determinado momento eu vou acelerar e dar um salto no tempo ou não acabaria mais, ficou faltando um monte de coisa, eu vou ter que agendar mais uma entrevista. Vamos lá mergulhar mais um pouco na história e no futuro do Brasil.

Luciano                          Muito bem, para você que ouviu a parte 1 dessa conversa fascinante com Ozires Silva, nós estamos de volta aqui, vamos começar a parte 2 Na parte 1 a gente chega até o nascimento da EMBRAER, uma história fascinante e daqui para a frente o bicho vai pegar, porque aquela história do engenheiro que tinha o sonho, de repente estava com tudo na mão, nasce a EMBRAER, Ozires é chamado para fazer o que Ozires?

Ozires                 Bom, não fui mais chamado, quer dizer, evidentemente nós comemoramos um bocado a criação da EMBRAER, mas aí vem exatamente a sua pergunta, what’s next? O que vem depois? Eu, sinceramente, eu achava que nós não poderíamos ser os protagonistas, afinal eu era, aí nessa época já tinha sido promovido, era tenente coronel da FAB o pessoal que trabalhava comigo era funcionário público dentro do Centro de Pesquisa e nós, então, fizemos um passo adicional que a aeronáutica nos pediu uma sugestão de estatuto da empresa que tinha que ser aprovado pelo presidente da república de acordo com as normas legais. Fizemos isso e esse foi o último decreto assinado pelo presidente Costa e Silva que morreu logo em seguida, ele teve um infarto e morreu e ele aprovou, no dia 30 de novembro de 69, ele aprovou o estatuto da EMBRAER e eu conversava muito com um advogado do CTA, Francisco Pimentel e falava, Pimentel, e agora? Ele falou, tem que haver uma assembleia geral de constituição, isso tem que ser iniciativa da aeronáutica, como nós não éramos os protagonistas dessa empresa, porque não é normal um cara que trabalha num centro de pesquisa, coisa dessa natureza, ser chamado para a empresa e ficou nessa situação…

Luciano               No limbo.

Ozires                 … a EMBRAER criada, nós não estávamos absolutamente nervosos, porque eu tinha lançado a fabricação do segundo protótipo, continuávamos engajados fortemente no trabalho e fomos avançando, no dia 22 de dezembro de 1969, já estavam com perspectiva do natal, esse negócio de ano novo, coisa desse tipo, eu estava na aeronáutica porque o próprio ministro da aeronáutica tinha me indicado para pertencer a uma comissão para a escolha do primeiro avião supersônico da FAB que acabou sendo o Mirage, as minhas relações lá com o gabinete do ministro continuaram bastante intensas depois disso e eu estava fazendo um trabalho sobre  a seleção do Mirage que foi o primeiro avião de defesa aérea da FAB, o ministro entra na sala, falou oi você está aí? Eu queria dizer que você vai ser o presidente da EMBRAER, aí eu olhei para ele e alei, ah ministro, desculpe mas acho que eu não posso. Ele falou, por que não pode? Eu falei, ministro, eu sou tenente coronel da FAB, não tenho nenhuma experiência empresarial e comecei a alinhar os não. Aí ele falou, para com isso, você imagina a quantidade de sopa amarga que você me fez tomar e agora você diz que você pariu Mateus e não vai embalá-lo? Ele falou, e você é muito indisciplinado, porque você é um tenente coronel, eu sou ministro tenente brigadeiro, portanto eu estou dando ordem para você ser o presidente da EMBRAER e mais ainda, marca para dia 29 de dezembro assembleia geral de constituição, nós vamos constituir a EMBRAER dia 29 de dezembro e não fala mais nada.

Luciano               Cara, que loucura.

Ozires                 Que loucura, então você pode imaginar como eu me senti, me senti como um peixe fora d’água…

Luciano               Não, a perspectiva que se coloca para quem está ouvindo isso hoje, em 2015, isso é uma postura militar, quer dizer, é militar, é de cima para baixo, estou lhe dando uma ordem, você a partir de hoje é o presidente. É uma coisa que não passa pela cabeça dessa molecada hoje em dia, no ambiente que a gente vive de democracia, fim de regime militar, que um processo como esse possa acontecer, quer dizer, hoje é tudo negociação, fulano não quer, naquela época é assim e graças a essa dureza nasce esse projeto né?

Ozires                 Bom, aí foi um pavor, você pode imaginar, dizendo meu Deus do céu, o que é assembleia geral de constituição? O que eu tenho que fazer? Aí naquela…

Luciano               …

Ozires                 … naquela tarde eu voltei para São José dos Campos e voltei para São José realmente preocupado. No dia seguinte de manhã, dia 23, já próximo do… o natal se aproximando, o pessoal já saindo para as festas de fim de ano, aquele negócio todo, aí eu chamei o Pimentel, o nosso advogado, aliás sujeito extremamente hábil, falei, me conta o que é isso, o que nós temos que fazer, o ministro quer fazer uma assembleia dia 29, aí o Pimentel falou, dia 29? Hoje é 23, com sábado e domingo no meio, natal, pô, não é possível, eu falei, vai dizer para o ministro que não é possível, porque ele já me mandou calar a boca, aí o Pimentel falou, então temos que começar a trabalhar agora, aí nós começamos a trabalhar no dia 23, passamos 24, 25, trabalhando na montagem dessa assembleia geral e aí surgiu aquela ideia, puxa, vamos fazer essa assembleia geral no Rio de Janeiro, que naquela época o ministério da aeronáutica ainda era no Rio, Brasília tinha sido criada em 1960 e a mudança do governo do Rio para Brasília foi progressiva, vai ser no Rio essa assembleia, então Pimentel falou, então nós vamos ter que levar os papeis quase todos prontos para todos que assistirem a assembleia geral assinarem e como ele falou, provavelmente os 4 ministros que estavam naquela reunião histórica do dia 26 de junho, vão estar presentes e aí nós começamos a bolar como fazer, levar um negócio pré escrito que pudesse se somar com as informações que sairiam na assembleia geral para que a pudesse ser assinada logo em seguida, porque ele disse, a coleta de assinaturas pode se tornar um problema complicado, então aí o que nós fizemos? Só tinha uma máquina de escrever daquelas IBM de bolinha, disponível, que era do diretor geral do CTA, então ele falou, vamos pegar essa máquina e eu tinha a secretária, a minha secretária Maria Aparecida Alvarenga, era o nome dela, que era velocíssima e inteligente para escrever na máquina, então falamos vamos todos para o Rio já levando a máquina e a secretária junto e vamos trabalhar com ela para a gente fazer essa ata, deixar tudo pronto. Foi feito dessa maneira e aí você veja as coisas como acontecem, aí nós rumamos para o Rio, inclusive o ministro tinha me dito que eu selecionaria a minha diretoria, aliás eu quero fazer um parêntesis aqui dizendo que o papel da aeronáutica como representante da União Federal como proprietária da EMBRAER, foi absolutamente, em toda a minha história, depois de 25 anos na EMBRAER, foi impecável, o ministério da aeronáutica foi um acionista na acepção da palavra, coisa que não acontece com o ministério de minas e energia, como a Petrobrás de hoje, aonde o ministério se mete em tudo dentro da Petrobrás, inclusive a presidente da república congelou o preço do produto da companhia, isso comigo nunca aconteceu em função da postura ética e correta da aeronáutica. E aí eu escolhi minha diretoria de forma completamente independente, não tive interferência  nenhuma da aeronáutica, quer dizer, coloquei evidentemente a minha equipe, botei minha equipe, fizemos organograma da EMBRAER como seria, imaginamos uma diretoria de produção, uma diretoria de engenharia, diretoria de recursos humanos e assim por diante fizemos, montamos tudo isso, colocamos tudo isso na assembleia geral, os nomes dessas pessoas, as suas qualificações e tudo isso para ficar com documento claro de início de funcionamento de uma companhia, uma companhia nova, que isso passasse do mesmo jeito que das empresas privadas.

Luciano               Consegue imaginar uma situação como essa acontecendo hoje em dia?

Ozires                 Ah não, não acontece…

Luciano               Não há a menor possibilidade.

Ozires                 … não há a menor possibilidade, não, não há, hoje demitiria todo mundo aí, quer dizer e nesse caso não, quer dizer, foi simplesmente um negócio feito de acordo com o figurino e  realmente, dia 29 nós fizemos assembleia geral, foi assinado e estava todo mundo no mesmo avião, nosso protótipo, foi o diretor geral do CTA, eu mesmo, toda a minha diretoria…

Luciano               Dentro do protótipo do Bandeirante.

Ozires                 … do protótipo não homologado, mas…

Luciano               Depois quando os gringos dizem que brasileiro é doido, a gente diz que não

Ozires                 … o Max Holst que era um francês, ele ficou louco, ele falou, mas isso é uma loucura, isso é uma loucura, mas nós fomos, louco ou não nós fomos. E aí foi lá, fizemos aquilo, tal, aí veio realmente o primeiro do ano que nós começamos a descansar um pouco e dia 2 de janeiro de 1970 eu comecei a EMBRAER do 0, não tinha absolutamente nada, foi até muito gozado porque na assembleia geral, o Delfim Neto fez questão de dar para mim o primeiro cheque da primeira parcela de capital da União, ele deu para mim, enfiei no bolso  nós e nós voamos…

Luciano               E não tinha onde depositar

Ozires                 … tinha que depositar no Banco do Brasil e tinha uma agência do Banco do Brasil no centro de São José dos Campos, eu fui lá falar com o gerente, ele ficou assustado com o tamanho do cheque, que era realmente grande, eu falei, eu queria agora abrir uma conta da EMBRAER, ele, o que é EMBRAER? Eu falei, bom, é uma empresa, não sei o que, ele falou ah mas não pode ser assim, o senhor tem que  trazer os documentos de constituição da EMBRAER que dão poderes ao senhor como presidente da companhia e num papel timbrado, que eu possa colocar isso no processo, aí eu falei, não dá, ele como não dá? Eu não tenho papel timbrado. Ele falou bom, mas eu não posso fazer diferente, aí eu saí, fui no CTA e tinha um designer lá que era muito bom, José Rames era o nome dele, aí eu cheguei Rames, nós temos que fazer um logotipo para a EMBRAER e ele falou bom, como é que eu começo? Falei começa um E, EMBRAER, aí ele começou a desenhar vários logotipos, aí eu falei, faz mais ou menos como um avião, EMBRAER né, aí ele fez, falei puxa para cá, olha, não levou 15 minutos nós saímos com o logotipo da EMBRAER de hoje, que é o mesmo, foi criado assim no tapa. Aí fomos na gráfica, porque não tinha computador, não tinha nada disso, quer dizer, fomos na gráfica, o cara compôs aquilo, era com chumbo derretido, fez uma placa, imprimiu um pedaço, imprimiu numa folha de papel e essa folha de papel eu fui lá com a secretária do brigadeiro que era Maria Aparecida, ela bateu a carta e eu fui com o cheque no bolso para a gerência do Banco do Brasil, depositei o cheque e aí recebi o talonário da primeira conta da EMBRAER…

Luciano               Que história fantástica. Aí tem que tirar do 0 para montar uma empresa de fabricação de avião, inacreditável.

Ozires                 … e aí foi que eu voltei para lá e nesse período, nesse período morto que eu falei, não foi tão morto assim não, o brigadeiro Paulo Vitor, que era diretor do CTA, ele também, no dia 23, 24, quando o Diário oficial publicou a lei da EMBRAER, a lei da EMBRAER é do dia 19 de agosto mas foi publicado no Diário oficial dia 22, então no dia 23 de agosto de 1969, 7:30 da manhã o brigadeiro Paulo Vitor chega na minha sala, vamos separar terra para a EMBRAER, para fazer a EMBRAER, não tinha nada regulamentado, foi no peito, ele falou, vamos separar, aí ele chamou o engenheiro de obras lá do CTA, nós fomos percorrer, eu selecionei uma área de 700 mil metros quadrados mais ou menos, aí o brigadeiro falou para o engenheiro, faz aí a plotagem de todos o terreno da EMBRAER e vamos começar agora, você senta com o Ozires, vê o que precisa e vamos começar a construção da companhia.

Luciano               E aí vocês foram buscar licença ambiental, foram falar o negócio dos índios, foram ver…

Ozires                 Não, absolutamente…

Luciano               … isso hoje em dia não se faz mais isso, é impossível fazer isso que vocês fizeram, não dá mais.

Ozires                 … não fomos conversar com a prefeitura, não fomos buscar alvará, nada, absolutamente nada, aí o Mourão, que era engenheiro, fez um negócio todo no tom que eu queria, eu falei bom, inicialmente vamos fazer uma administração, um escritório de engenharia e a montagem do primeiro hangar de produção dos aviões que nós vamos fabricar e nesse período todos nós estávamos trabalhando já no projeto de fabricação em série do avião, que era o Bandeirante inicialmente e fizemos e colocamos isso, o Mourão fez o projeto técnico, arquitetura, nos até pedimos que fizesse uma caixa d’água bem alta com o logotipo da EMBRAER bem visível, na entrada, que está lá até hoje na EMBRAER de São José dos Campos.

Luciano               E assim nasce a EMBRAER.

Ozires                 E assim nasce a EMBRAER.

Luciano               Que tem um sucesso absoluto, bate recordes para todo lado.

Ozires                 Mas aí veio a nossa primeira preocupação, nós temos capital inicial do governo federal, mas isso tem fim, nós temos que pensar na venda agora, como nós vamos vender, que avião que nós vamos vender e aí tem outra história bastante longa que dependeu da FAB e a FAB respondeu bastante bem, a FAB, naquela época, não tinha a versão do exército e nem a versão naval, a FAB que apoiava as missões aéreas, tanto do exército como da marinha e nós usávamos um avião, na Força Aérea, era o Bit Craft D18 e esse Bit Craft começou a ter problemas estruturais, chegou a cair dois aviões com a asa partida em voo e o avião ganhou até o apelido de mata 7, porque ele carregava 7 pessoas e a FAB estava usando esse avião para as ligações do exército e da marinha, então precisava substituir esse avião e o estado maior da aeronáutica fez uma substituição importando o avião da Bit Craft dos EUA e aí eu falei com o brigadeiro Paulo Vitor, para falar com o ministro que, se por ventura esse avião substituto do mata 7 não fosse o Bandeirante nós não conseguiríamos decolar porque a gente precisava de uma ordem de compra pra instruir, inclusive os dados básicos de produção do avião e aí surgiu uma reunião do alto comando da FAB, que eu não assisti e nessa reunião do auto comando o estado maior sugeriu fortemente que precisava comprar os aviões Bit Craft, que estava precisando de imediato na substituição da EMBRAER e foi apresentado ao alto comando, debatido o assunto foi aprovada a compra do…

Luciano               Do Bit Craft.

Ozires                 … do Bit Craft, aí o ministro, antes de terminar a reunião, falou bom, eu tenho aqui a resposta do alto comando, comprar o Bit Craft, agora eu vou dar a resposta da FAB,  FAB vai esperar o Bandeirante, aí foi aquele zum zum, mas o ministro falou, quer dizer, assunto liquidado, a FAB vai esperar o Bandeirante, tinha que esperar 3 anos num negócio que era absolutamente  urgente e o ministro pagou o cacife, pagou o cacife e mandou fazer o contrato conosco e esse contrato foi, olha, não diria que foi fundamental, ele foi vital para a companhia, o que a FAB falou de mim eu não posso nem citar as palavras, dizendo que eu estava atrapalhando até o desenvolvimento da FAB e o relacionamento com o exército e com a marinha…

Luciano               E com o tempo se provou que o …

Ozires                 Aí eu consegui, do estado maior, que nós tínhamos que fazer o contrato pelo preço do avião da Bit, quer dizer não podia mexer no preço, então voltei com a notícia lá para a EMBRAER, falei nós temos duas metas a atingir, primeiro, conseguir fabricar esses aviões nas datas certinhas que o estado maior colocou e a segunda, nós temos que nos virar e fazer esse avião a esse preço, se esse preço paga o custo, se não paga o custo, isso é história para a gente ver depois, o fato é que nós temos que fazer esse negócio, isso ai ficou sendo, vamos dizer, aquela meta  principal de respeito a um contrato que nós iríamos assinar e esse contrato foi assinado no dia 29 de maio de 1970, imagine só que a EMBRAER tinha 5 meses de idade e nunca tinha feito um contrato para entregar para cliente nenhum, quer dizer, e nós estávamos com uma data perfeitamente colocada ali no contrato.

Luciano               Isso é coisa de brasileiro. É brasileiro que assume essas…

Ozires                 Assinamos o contrato e olha, o contrato foi rigorosamente cumprido, porque nós fizemos efetivamente os aviões, entregamos exatamente como estava previsto no contrato.

Luciano               Então, às vezes uma coisa que para mim fica muito clara em todas as histórias que eu estou ouvindo sendo contadas aqui, fica muito claro um ponto crucial, fundamental que é a questão da confiança, quer dizer há um momento chave em que a confiança é que define, né?

Ozires                 Essa é a palavra. Isso demonstra para a gente ver no Brasil de hoje que essa palavra precisa prescindir as nossas ações: confiança. Porque se essa confiança da FAB a respeito disso tinha muita gente, é claro, que irritada pelo atraso que os problemas operacionais que estavam dando para FAB, para o exército, para a marinha, inclusive envolvendo o exército e a marinha, mas na realidade havia a disciplina de cumprir aquilo que o ministro tinha…

Luciano               Imagina o risco que esse ministro assumiu ao ir contra a definição daquele grupo porque ele confiava no Ozires e na equipe do Ozires e é confiança o nome.

Ozires                 É uma palavra, quer dizer, evidentemente eu entendi isso porque no dia seguinte, eu cheguei lá para os meus diretores e falei para eles, escuta, esse contrato tem que ser regido por ditames sagrados, nós temos que absolutamente cumprir esse contrato até a última vírgula e conseguimos fazer isso.

Luciano               E outra coisa também que fica absolutamente clara, quer dizer em momento algum eu vi o seu drive, a definição sua como o salário que você ganhava, os benefícios que você ia obter, a casa que você tinha, isso tudo era secundário, era consequência, você tinha diante de si uma visão, um sonho, um desafio para assumir e o resto era consequência, quer dizer, eu não estou entrando nesse jogo para ganhar dinheiro, ficar rico e me dar bem na vida, eu estou entrando porque tem um desafio na minha frente e eu vou do zero construir um sonho, alguma coisa que é inimaginável.

Ozires                 E isso aconteceu com praticamente toda a nossa equipe que nos tínhamos no CTA, lembras que eu falei que eram funcionários públicos, funcionários públicos e eu não quis que os funcionários da EMBRAER fossem funcionários públicos, eu falei, nós vamos ter a liberdade de recrutar que nós queremos e demitir que nós queremos, quem precisar…

Luciano               Uma empresa privada.

Ozires                 … como empesa privada absolutamente privada, não deixei seguir a linha da Petrobrás que tem um concurso nacional que dá estabilidade para os empregados, não deixei ter estabilidade, nem para mim mesmo, nem para mim mesmo e o meu salário não tinha preocupação nenhuma porque como empresa estatal era fixado pelo ministério do planejamento, nunca conversei com o ministério do planejamento para dizer qualquer coisa a respeito de salário, absolutamente não, nem meu nem dos diretores que tudo isso era atribuição do planejamento e aconteceu certas coisas, até depois quando nossos empregados eram regidos pela CLT, pela lei do trabalho, ocorreram inversões e aconteceu um negócio interessante, que o departamento de relações dos empregados, recursos humanos, o diretor que foi colocado, ele entregava o meu boletim, como é que a gente chama?

Luciano               Holerite.

Ozires                 … holerite, ele entregava o holerite pessoalmente para mim, eu falei, por que você entrega isso pessoalmente para mim? Ele falou, porque eu tenho vergonha, você é o engenheiro pior remunerado da companhia e era mesmo, porque o meu salário era fixado pelo ministério do planejamento e os empregados era pelo mercado de trabalho, de modos que…

Luciano               Bom, de qualquer forma esse não era o drive?

Ozires                 Não.

Luciano               Não era esse, o drive era o desafio.

Ozires                 Não era o meu negócio…

Luciano               Um desafio assim.

Ozires                 … o meu negócio realmente era de a gente ter sucesso na produção de aviões e realmente eu queria ressaltar o papel da FAB, de ser que muitos colegas meus não gostassem, não sei o que e tal, mas o papel da FAB foi fundamental. O que mostra uma coisa viu, que nós temos que pensar muito agora e sobretudo no Brasil de hoje, se nós notarmos o que acontece no Brasil de hoje, o funcionário público rejeita o setor privado e diz que o pessoal do setor privado só quer ganhar dinheiro e coisa dessa natureza e nós perdemos aí um vetor absolutamente importante para o desenvolvimento nacional, se tivesse havido a soma do governo com o sentido privado que nós demos à EMBRAER, ela não existiria, então quando você olha, por exemplo, o sucesso hoje de uma China, duma Coreia do Sul ou coisa dessa natureza, você  vai olhar, é governo e setor privado trabalhando juntos e aqui hoje no Brasil há uma ojeriza realmente do funcionário público em relação ao setor privado.

Luciano               E vou mais longe, Ozires, isso acontece na universidade também, a universidade também odeia o setor privado, quer dizer, não há conjunção, se você vai para os EUA, lá eles trabalham em conjunto, a universidade é um tremendo laboratório onde as ideias são desenvolvidas e o setor privado utiliza, ele é cliente da universidade e usa. No Brasil se odeiam, porque tem um ranço ideológico em torno disso, de que o capitalista só quer explorar, ganhar dinheiro, então querem ele de lado e fica essa coisa onde são silos que não se conversam, um odeia o outro.

Ozires                 Não e você veja, o que é um país hoje no mundo global e competitivo que nós temos hoje, é uma soma de vetores produzindo riqueza, produzindo valor, cada vetor dando uma contribuição para esse valor final fazendo um vetor resultante que possa levar o país ao sucesso, quando nos temos aqui no Brasil um governo distante do setor privado, mesmo hostilizando o setor privado, nós estamos abertos a produtos do mundo inteiro, resultado, hoje olhamos aí qualquer cidade brasileira, qualquer canto que vai, nós vemos uma quantidade imensa de produtos fabricados em todos os lugares do mundo e o inverso não é verdadeiro, você não vê nas cidades do mundo nenhum produto brasileiro em vitrine alguma do mundo.

Luciano               E isso está piorando.

Ozires                 Está piorando.

Luciano               Está piorando, está pior ainda, porque houve uma época que você falava, o café brasileiro está em todos os lugares, já não é assim, nem o café é mais assim.

Ozires                 Já não é assim, quer dizer, hoje o café alemão está em mais cidades do que o café brasileiro.

Luciano               Ou o café brasileiro até está lá mas está escondido como matéria prima, não tem marca, não tem mais coisa nenhuma.

Ozires                 Exatamente, quer dizer, então você vê, de um determinado aspecto nós conseguimos isso no caso da EMBRAER, hoje de manhã, por exemplo, acho que não é a questão falar em questão de tempo, mas hoje de manhã eu recebi a visita de um governador de um estado japonês e ele me visitou por que? Ele queria conhecer o cara que criou a EMBRAER porque ele diz que tem uma linha aérea no estado dele que tem 12 aviões nossos fazendo um trabalho extraordinário que ele voa sempre nos nossos aviões.

Luciano               Esteve aqui para conhecê-lo.

Ozires                 Então você veja o nome EMBRAER está numa…

Luciano               É uma marca sim, mundial, global.

Ozires                 … num estado do Japão, o governador de um estado do Japão veio ao Brasil e queria me conhecer porque… e falar bem do nosso produto lá. Aí eu muitas vezes fico me perguntando, por que nós não multiplicamos esse exemplo somando a extraordinária força que nós podemos dar ao país com a soma das pessoas que querem fazer qualquer coisa e produzir porque na realidade mesmo o setor privado com essa pecha que é colocada de só quer ganhar dinheiro, não, ele quer prosperar meu Deus do céu, da mesma maneira que você pode dizer, ah ele não quer só ganhar dinheiro, ele quer perder dinheiro.

Luciano               Sim, acordo de manhã para fazer errado, para dar errado e perder dinheiro, nada.

Ozires                 Nem a receita federal quer perder dinheiro, então ninguém quer perder o dinheiro, então ganhar dinheiro faz parte do sistema, agora, o que eu digo sempre é, dinheiro é absolutamente importante, mas não é a meta, o dinheiro …

Luciano               Ele tem que ser consequência, claro.

Ozires                 … o dinheiro é uma consequência para a gente poder gerar valor.

Luciano               Deixa eu botar uma coisinha aqui na mesa que é interessante, você está me falando de uma questão, falta ao Brasil uma visão, falta uma liderança que consiga juntar esses lados todos e eu me lembro de uma vez que você mandou um e-mail para mim, eu escrevi um texto, você leu o texto e gostou e mandou um e-mail para mim comentando sobre uma experiência sua de ter sido convidado por uma caravana de pessoas importantes do mundo que foram para a China, a convite lá do primeiro ministro chinês…

Ozires                 Do presidente da China.

Luciano               … presidente da China que Mao Tse Tung tinha morrido, assumiu o?

Ozires                 Deng Chau Ping.

Luciano               Deng Chao Ping com a missão de virar a China de ponta cabeça e transformar aquilo na potência que ela é hoje né? E esse sujeito teve a humildade de olhar para o ocidente e falar vou chamar as grandes cabeças, botou um líder dos EUA, quem foi?

Ozires                 Peter Drucker

Luciano               Peter Drucker, ninguém menos do que Peter Drucker e o Peter Drucker convidou pessoas pelo mundo afora, uma dessas pessoas foi Ozires Silva para ir para a China e fazer uma reunião com os chineses e ouvir da boca dos chineses que eles queriam, dentro de x anos dominar o mundo. Conta um pouco dessa experiência.

Ozires                 Isso foi em 1988, no final de 88, eu estava no meu escritório em São Paulo, em 88 eu tinha deixado a Petrobrás e ainda não tinha sido convidado pelo presidente Collor para ser o ministro da infra estrutura e minha secretária entrou na sala e falou, tem um tal de Peter Drucker no telefone querendo falar com o senhor, aí eu fui atender o tal de Peter Drucker e era realmente o Peter e ele falou, olha, o presidente Deng Chao Ping me contratou para fazer um projeto para que a China conquiste o mercado ocidental, coisa que nunca aconteceu nos 5 mil anos de tradição do império chinês e eu imaginei que para um trabalho essa natureza eu preciso de ajuda então imaginando convidar 7 ou 8 pessoas, talvez não mais do que 10, para formarmos um grupo para irmos à China para a gente fazer esse projeto para o governo chinês e eu gostaria de contar consigo, falei, comigo? Por que? Ele falou, não, eu estou buscando contribuições de vários países, vários continentes e da América do Sul acho que você é o cara mais indicado, você não me conhece, disse o Peter, mas eu tenho acompanhado suas declarações sobre fabricar aviões no Brasil e acho que essas declarações são suficientemente lúcidas para mostrar que você pode me ajudar porque o Brasil é um país agora de 150 milhões de habitantes, que era o que nós tínhamos na época, na China as chamadas minorias chinesas são 150 milhões de pessoas e essas minorias chinesas são as pessoas indicadas para fazer uma diferença na China, quer dizer, o Brasil com 150 milhões, mesma dimensão da China com a China com 150 milhões de minorias privilegiadas do ponto de vista de cultura, inteligência, tudo isso, eu acho que você pode nos ajudar lá, conhecendo o Brasil e de fazer esse trabalho. Evidentemente um convite do Peter Drucker era irrecusável.

Luciano               Eu não consigo nem imaginar o que possa ser uma proposta desse tipo. Havia já uma clareza dos chineses de que era uma elite chinesa de 150 milhões que ia provocar mudança em 1 bilhão e meio naquela época, quer dizer, aquela elite era uma elite que era olhada como esses são os caras que farão o futuro da China…

Ozires                 Exatamente.

Luciano               … ou seja, lá o conceito de elite é que era uma coisa boa, não é isso?

Ozires                 Isso

Luciano               Pois é.

Ozires                 E aí nós fomos e no começo de janeiro de 89 e aí foi a primeira reunião, nós chegamos num domingo, numa Pequim absolutamente gelada porque essa época é inverno lá, Pequim não era nada disso que a gente vê hoje, que é uma cidade moderna, tudo isso, e aí nós fomos para a Praça da Paz, Praça da Sé, impressionante, nós sentamos numa sala, a maior que eu já vi, uma sala gigantesca e com uma mesa maior mesa que eu já vi também, tinha 800 dirigentes do partido comunista Chinês com Deng Chai Ping sentado na frente, aí ele fez o discurso de abertura, no discurso de abertura ele falou, nós estamos aqui para construir uma nova China, nós temos que ter a determinação de que temos que fazer o melhor, eu convidei essas pessoas aqui sob o comando do Peter Drucker para vir nos indicar quais são os caminhos possíveis para nós atingirmos os objetivos que nós temos de participar do mundo vendendo nossos produtos no mundo todo e eles estão aqui para fazer esse trabalho, eu quero que vocês deem a eles toda a colaboração e não quero absolutamente que vocês coloquem à frente disso o que vocês pensam, eu queria que vocês pensassem como o gato, o gato pode existir, gato marrom, gato preto, gato branco e assim por diante, o que importa desses gatos é medir a capacidade deles de caçarem o rato, de modo que nós estamos aqui para caçar o rato, de modos que vocês tirem tudo isso da cabeça, esses ismos que você tem na cabeça, socialismo, capitalismo, comunismo, tudo isso, tirem isso da cabeça, nós temos agora que trabalhar pela China e ter a determinação de que nós vamos fazer o que precisamos fazer, não aquilo que nós pensamos que devemos fazer, não, nós temos que nos unir nos pensamentos e pedir a esses estrangeiros que estão aqui, chefiados pelo Peter Druck, que deem o melhor dos seus talentos para nos dar o caminho que nós temos que percorrer de uma China milenar que tem uma dimensão expressiva e que pode chegar aos objetivos que nós temos. Evidentemente ele falou isso em mandarim, tinha um tradutor que traduzia para o inglês para que a gente pudesse entender.

Luciano               Ozires, só um segundo aqui, esse é um daqueles momentos que a humanidade faz uma curva, é um momento de curva, ela vem numa direção e esse é um acontecimento que determina uma mudança de direção na história da humanidade, na China, naquele dia e você estava dentro daquela sala.

Ozires                 Estava.

Luciano               Me desculpa aqui, mas, puta que pariu, cara é inacreditável.

Ozires                 Sabe o que eu trago de lembrança daquela reunião? Foi, primeiro, liderança, você, várias vezes na nossa conversa falou em líderes e nós temos que ter em conta que líderes mudaram o mundo e vão mudar muito mais, quando nós olhamos para o nosso país, nós estamos praticamente sem líder e os lideres que nós temos hoje nós não confiamos neles de um modo geral, mas sem fazer considerações de ordem política aqui no Brasil, eu diria que nós precisamos dos lideres e precisamos das pessoas que possam ter a confiança que é a palavra que você colocou também, de que nós podemos, efetivamente, dar uma contribuição diferente, nós não podemos deixar as coisas caminharem do jeito que estão caminhando e a determinação do Deng Chao Ping foi realmente impressionante, precisa contar que o Deng Chao Ping é um sujeito gigantesco fisicamente falando, tinha uma voz tonitruante, uma voz assim de peso, que a gente sentiu o peso de cada palavra que ele dizia, ele dizia assim, nós vamos fazer, nós temos que fazer, nós temos que nos determinar que vamos fazer, porque nós vamos levar a China para realmente ocupar o seu espaço no mundo todo e olha, se nós olharmos hoje, a China está ocupando o seu espaço.

Luciano               Mas ela fez a lição, eu te cortei aquela hora, você estava dizendo que a equipe era composta de? Aquele grupo era?

Ozires                 Tinha italiano, tinha inglês, americano, tinha um japonês e assim por diante, tinha… as pessoas mais variadas, como o Peter fez para escolher eu não sei, mas foi muito gozado num certo momento de reunião, o Peter cochichou para mim e olhou falou, já viu? Esses caras todos estão vestindo a túnica do Mao Tse Tung, aquela túnica verde acinzentada, note que eles tem 4 botões em cada túnica, já imaginou se a gente convence esses caras a fazer um quinto botão? A China com 1,5 milhão de habitantes, vamos fazer uma fábrica de botões na China? Eu fiz uma força enorme para, ali na frente, não começa a rir, porque eu estava na frente daqueles caras todos, 800 pessoas lá, 800 dirigentes do partido, do próprio Deng Chao Ping, eu não podia rir, então fiquei quase afogado ali…

Luciano               Que história, que história impressionante. Eu não consigo imaginar um convite desse, o que seria estar numa situação dessa e depois voltar e ver, quer dizer, o Peter deve ter feito um plano, deve ter apresentado um projeto para eles.

Ozires                 Não, nós fizemos um plano sim, claro, eu próprio sugeri com o Peter, fortemente, evidentemente precisou fazer força porque ele era fã disso, de dizer o seguinte, os chineses tem que aprender a vender, investir em educação, investir no processo produtivo para ganhar eficiência, nós já tínhamos visão que o mundo seria globalizado como é hoje, não nessa dimensão porque naquela época não existia ainda as comunicações digitais que hoje realmente fizeram uma enorme revolução no mundo, isso a comunicação instantânea, e rede em caráter internacional, nós vínhamos de um Brasil que falava pelo telefone, era um problema dos diabos, eu me lembro que durante o projeto do Bandeirante, eu precisei falar com um fornecedor francês e pedi para a minha secretária fazer uma ligação para a França, aí ela falou, como é que eu faço isso? Eu falei, não sei, descobre, ela descobriu, 3 dias depois saiu a ligação para a França, aí eu conversei lá com o francês, que era o nosso supridor, a respeito do problema que tínhamos,  aí quando eu desliguei o telefone a minha secretária falou, por que o senhor falou no telefone? Falei com o fornecedor francês, aí ela falou, não, não precisava falar pelo telefone, pelo que o senhor gritou, eles ouviriam…

Luciano               Para quem hoje pega um WhatsApp aqui, manda um WhatsApp para a China e conversa no celular, filmo aqui e mandou para o celular, é uma coisa impressionante.

Ozires                 Eu agora mesmo, recentemente, me pediram para ajudar um brasileiro a ganhar uma bolsa de estudos na universidade Cornell dos EUA, eu mandei um e-mail para ele, eram 8, 9 horas da manha, de tarde eu já tinha a resposta…

Luciano               É uma loucura, imagine então, vamos elaborar um pouco, eu não vou cutucar muito mais que se eu for cutucar a sua história nós vamos ficar aqui até depois de amanhã contando, porque ainda vinha Petrobrás, e ministro da infraestrutura, a privatização da EMBRAER, presidente da Varig, vamos dar um pulo, vamos pular, vamos falar um pouquinho de Brasil agora, disso que nós estamos vivendo, esse momento do país, eu sou de uma geração posterior à sua, quer dizer, eu vivi uma história, estava até terminando uma apresentação aqui agora, que eu vou fazer uma apresentação sobre crise no Brasil e eu começo a apresentação contando a minha história, quer dizer eu nasço em 1956 e de lá para cá eu só vi crise, toda a história que eu tenho é história cada uma pior que a outra, eu vou contando as histórias que aconteceram e falo cara, quando me perguntam como será o Brasil sem crise? Eu falo, não sei, a vida inteira que eu passei aqui, toda hora tem uma crise e a gente sempre acha que aquela é a pior de todas, nós estamos vivendo mais uma agora e quando eu comparo essa uma de agora com as outras que eu passei, eu diria o seguinte, olha, em termos de perigo que o país está correndo de profundidade, ela não é maior do que coisas que a gente já passou. A gente já passou por coisas do arco da velha aqui, mas tem um componente aqui que me parece que é um componente complicadíssimo que nós já tocamos nesse assunto, quer dizer, não há lideranças visíveis, os que estão aí tentando se apresentar como líderes não expiram confiança, quer dizer, nós temos um país que está dividido, onde o mercado, há um ranço ideológico que divide as coisas, quer dizer, nós não conseguimos trabalhar em conjunto, o nosso planejamento aqui hoje em dia é inexistente, porque o planejamento dura o tempo de um mandato, terminou um mandato esquece tudo, começa tudo de novo e a gente não consegue implementar políticas de longo prazo, não consegue ter uma visão de daqui a 25 anos, fazer o que fez uma Coreia, que defina que em 30 anos vai ser assim, como fez a China, nós não conseguimos implementar nada disso, como é que a gente faz para sair de um buraco como esse que coloca nós aqui, eu é que estou falando aqui, a pessoa que está nos ouvindo que olha para isso tudo e fala, cara, eu ligo o jornal só tem porcaria, eu só vejo má notícia, eu to mal, eu to de mau humor, eu não confio em ninguém, eu vou cruzar os braços e dane-se e se tiver uma chance eu vou embora do Brasil, quer dizer, esse é um clima que me parece que está generalizado e que para uma entidade que se pretende funcionar como é um país, isso é péssimo, quer dizer, é o pior momento entrar em campo sabendo que vai perder, já com ideia de perdedor, como é que a gente faz para tentar começar a sair desse buraco sem cair na tentação de falar, ah temos que cuidar da educação, a gente já sabe disso, mas nós temos um problema premente agora que não dá tempo de esperar 20 anos para a educação dar certo, como é que a gente vai? Para que lado nós vamos? Você que já esteve lá dentro, já esteve no governo, já conversou com essas pessoas, conhece todo mundo, como é que é a sua visão para isso?

Ozires                 Olha, eu concordo mais do que 100% de tudo que você falou, mas da sua proposição você tem a resposta, a resposta, nós precisamos de um líder que entenda isso porque nós temos uma característica no Brasil que eu acho ótima e ruim ao mesmo tempo, o povo brasileiro confia no presidente da república seja ele quem seja, de modos que se você tiver um presidente da república que tenha uma ideia dessa natureza tipo Deng Chao Ping, você muda esse país com uma rapidez incrível, eu nasci bem antes do que você, acompanhei, nós tivemos líderes desse naipe, um deles, por exemplo, foi Juscelino Kubitscheck, ele criou Brasília, ele falava sempre que ia desenvolver o país 50 anos em 5, esse era o slogan do governo dele, então nós precisamos de ter um líder dessa natureza, porque se esse líder for o presidente da república, ele muda o país com uma rapidez grande, desde que ele tenha coragem necessária, a determinação que teve o Deng Chao Ping, quer dizer, nós temos isso, essa característica muito particular brasileira, outro dia eu fui convidado pela Fundação Getúlio Vargas para uma reunião, eu sou conselheiro do conselhão da FGV, fazer uma reunião com os americanos onde discutimos políticas públicas do EUA, políticas públicas brasileiras, eu sei disso porque eu fiz um curso nos EUA, a FAB me mandou para fazer uma pós graduação lá na Califórnia e já tinha tido uma amostra disso, de ver como californianos conseguiam ser o estado mais rico dos EUA, realmente no meu curso acho que grande informação que eu trouxe para mim, foi entender como o californiano conseguiu êxito e agora nessa discussão da FGV lá no Rio de Janeiro, uma coisa notável que ficou muito claro lá, que a gente precisa discutir, primeiro de tudo, não é o governo que desenvolve uma nação, quem desenvolve uma nação somos nós, o povo, o povo é que constrói o desenvolvimento e um país, nós aqui estamos conscientes de que nós estamos precisando de um plano nacional, não estamos precisando de um plano nacional, inovação e liberdade são sinônimos, a inovação só surge em clima de liberdade, e vice-versa, quer dizer, de modo que eu diria o que nós estamos precisando na realidade é de um líder que desmonte essa quantidade de enorme de lei que nós temos no Brasil, aonde dê liberdade aos indivíduos terem iniciativa sejam eles quem sejam, que o governo não se preocupe de fazer-nos todos iguais e eu insisto muito nos exemplos da natureza, não há ninguém no mundo igual a você ou igual a qualquer uma das pessoas que está nos ouvindo, todos são diferentes, se você olha uma arvore, olhar com cuidado, não em duas folhas iguais, não tem duas árvores iguais, portanto a diversificação é realmente o elemento natural na nossa vida, por que nós insistimos em padronizar todo mundo com medidas provisórias emitidas praticamente todos os dias, que mudam as nossas vidas tremendamente, não dando aquela perspectiva que nós temos de poder fazer um empreendimento e colher os resultados do empreendimento que a gente faz? Então nós ficamos esperando, nós estamos ficando, mais ou menos, como já, não é minha essa expressão dizendo: “rãs coaxantes querendo um rei que resolva o problema, quem resolve os problemas são as rãs coaxantes”, somos nós, de modo geral e o que precisa ser feito é conferir liberdade para cada um de nós, um monte de lei, uma em cima da outra. Recentemente numa discussão da Federação das Indústrias, tinha duas correntes lá para discutir um problema que foi colocado pelo governo federal sobre terceirização das empresas e no debate, eu falei no debate, eu sou contra. Aí o Paulo Skaf, presidente aqui da federação perguntou, contra o que? Falei, contra existir uma lei de terceirização, as empresas são diferentes, usando exemplo da natureza, são diferentes e as empresas são diferentes, elas podem ter as diferenças necessárias fazendo as diversificações que elas querem, as delegações de fabricação, nós estamos lutando pela produtividade da indústria nacional e estamos tirando um instrumento de produtividade que somente uma companhia especializada pode fazer todos itens, se você pegar um automóvel, um avião ou coisa parecida, você olha dentro desse automóvel, vê coisas, as mais diferentes então pode imaginar que seja uma fábrica que faça tudo aquilo que está dentro, então da  realidade a gente chama até a fábrica de automóvel aqui de montadora, se você olhar para o seu celular, o seu celular é montado pela Apple, por exemplo, ou pela Samsung ou coisa dessa natureza, porque na realidade, com a produção global, nós temos que contar com o mundo inteiro, então eu diria que ato primeiro de um presidente que tem essa liderança de começar a desmontar esse pais regulado e que tenta nos padronizar a todos e nós não somos padrão, eu sou diferente de você e tenho certeza que não tem nenhum Luciano no mundo igual a você, não tem, então a natureza está nos contando todo santo dia, não tem dois dias iguais, não tem duas noites iguais, não tem dois ventos iguais, não tem duas chuvas iguais, por que o Brasil tem que ter um cara do Piauí igual a um cara do Rio Grande do Sul? De modo que, então tem que tirar isso da cabeça das pessoas e dizer o seguinte, escuta, se nós queremos realmente inovação, nós temos que dar liberdade…

Luciano               Esse era o ponto que eu queria chegar

Ozires                 … eu era membro do governo do presidente Collor e o Rouanet era um colega meu de ministério, quando ele pensou na Lei Rouanet de cultura eu falei para ele, escuta Rouanet, vamos fazer isso livre, vamos dar os incentivos para a cultura e não colocar nenhum conselho para julgar se é cultura o que é proposto pelo cara lá de Santa Catarina, interessa ou não, por que? Por que colocar isso? Por que não colocar incentivos abertos? Como é o caso dos americanos, por exemplo, por que o Bill Gates deu metade da fortuna dele para a educação? Claro, um benemérito, mas o que existe nos EUA? Uma lei de incentivo que não tributa a educação, se você olhar no Brasil hoje, você vê tributação para tudo e cada vez querendo tributar mais, quer dizer, outro dia numa discussão com uma grande autoridade aqui do Brasil, eu não vou citar quem foi, ele falou, qual escusa que o senhor me dá de pegar dinheiro público e dar para uma empresa privada? A primeira escusa, governador, é que não existe dinheiro público, existe dinheiro do público, o governo não cria dinheiro, ele gasta o dinheiro e esse dinheiro é nosso e ele tem que prestar conta de cada centavo desse dinheiro que ele nos toma sob o nome de imposto e, no entanto, nós estamos vendo aí o que? Qual é a raiz da nossa crise aqui? A raiz da nossa crise é que está, vamos dizer, encolhendo a indústria, está encarecendo o país, está impondo uma inflação que nós não tínhamos aqui no Brasil para que? Para ajustar as contas do governo que gasta mais do que ele devia gastar, olha, Cícero, há mais de 2 mil anos disse: “ninguém pode gastar mais do que recebe, porque senão quebra”, quer dizer, então é exatamente isso, quer dizer, nós hoje temos que revisar todos esses nossos pensamentos, agora como? Eu vejo que sob a liderança de um homem, eu não estou chamando esse sujeito de liberal ou de, vamos dizer, de comunista, não estou chamando ele de nada não, quero ver, mas simplesmente um sujeito que devolva o país ao brasileiro, ainda não foi revogado o parágrafo único do artigo primeiro da constituição que diz: “todo poder emana do povo” também não foi revogado o artigo da constituição que diz que nós somos a república federativa, então nem vou dizer o poder não emana do povo hoje, emana do governo federal e nós não temos uma república federativa mais, nós temos a república federal, comandada por Brasília e comandada por Brasília ditatorialmente porque não consulta a população para absolutamente coisa nenhuma, quer dizer…

Luciano               E quando consulta, se não der o que eles querem eles vão contra e dão um jeitinho da não fazer.

Ozires                 … exatamente, então o que nós estamos precisando fazer aqui no Brasil hoje é fabricar líderes, eu tenho insistido na minha universidade, hoje eu comando uma organização que tem 80 mil alunos, levar para nossos estudantes, falei, não sei se eu posso falar alguma coisa em nome da minha geração, mas em nome de minha geração eu peço desculpas a vocês jovens, vocês que são jovens de hoje, por favor, mudem isto, porque se vocês mudarem isso, nós vamos ter uma população feliz, crescentemente rica, com melhores condições de vida e com todas as necessidades que vocês clamam hoje que muitas vezes são direitos adquiridos ou coisa dessa natureza, vocês não vão ter que ter direitos adquiridos na concepção que nós temos hoje do nosso funcionalismo, vão der direitos adquiridos porque vocês compraram esses direitos com recursos que vocês ganharam de um país livre aonde você pode fazer o que você deseja e não fazer o que o país deseja. Evidentemente o problema hoje é extremamente complexo porque a gente olha os radicais que estão surgindo no mundo hoje, falando em estado islâmico e tudo esses negócios derivam exatamente desse problema, desgovernos acharem que podem controlar cada cidadão, eu, quando estava no ministério, muitas vezes eu vetava uma redação de uma lei qualquer que passava pela minha mão dizendo que eu não queria que o meu ministério controlasse cada cidadão, ao contrário, eu quero dar liberdade para o cidadão fazer o que ele quiser, se por ventura ele falhar nesse  processo, aí nós temos polícia, temos o poder do estado para intervir, coisa dessa natureza, mas pelo amor de Deus, não presuma que as pessoas são desonestas, está escrito na constituição também que nossa presunção seja de honestidade, a primeira acusação que você sofre você tem todo o direito de defesa porque a presunção é que você é um cara honesto, a sociedade é que tem que provar que é desonesto, agora, não cabe ao sujeito provar que ele e honesto, que é o que acontece hoje no Brasil.

Luciano               É, eu escrevi um texto dizendo que o Brasil é uma sociedade desconfiada, tudo é baseado na desconfiança, desconfia de todo mundo.

Ozires                 Então esse discurso aqui não é discurso de, como o pessoal chama “das zelite”, quer dizer, é como se diz, elite começasse com z, mas na realidade não é discurso da elite, não é discurso de um liberal  absolutamente, não é nada disso, é apenas de  um sujeito que acha que a liberdade  é um prêmio que a natureza nos dá, nós não  nascemos com mais ninguém, a gente nasce sozinho, não é verdade? E vive como indivíduo.

Luciano               E a sua história contada aqui no LiderCast é uma prova disso, quer dizer, todas os momentos em que eu fiquei aqui  arrepiado, de boca aberta,  são momentos em que você me contou um lance em que cara, você teve liberdade de fazer alguma coisa, alguém confiou na sua honestidade, na sua competência e com isso foi fazendo, houve até um momento em que nós paramos aqui, falando assim, você imagina isso acontecer isso hoje em dia, não mais, eu estou preso por todos os lados hoje, não consigo dar um passo adiante sem ter que pedir licença, pagar uma conta, e isso intimida as pessoas, quer dize, cada vez mais difícil empreender no país que diz que é o país dos empreendedores, então, não é mesmo, aliás eu sou empreendedor aqui por necessidade, porque tenho que ser, porque parece que não há outa saída e outra coisa que eu quero chamar a atenção aqui, quer dizer, quando você diz que o teu discurso não é o discurso do liberal, etc e tal, é o discurso de um sujeito com 80 e?

Ozires                 quatro.

Luciano               84 anos de idade que tem uma experiência de vida riquíssima e que assistiu países que deram certo, países que deram errado, empresas que deram muito certo, empresas que deram errado, viu os acontecimentos dentro do governo, de fora do governo, quer dizer, esteve dos dois lados da mesa e chegar nessa altura da vida, olhar para trás de falar, gente, o que funciona é recuperar a liberdade isso não é discurso de liberal, isso é discurso de experiência de vida, olhar para isso tudo e não aprender com isso, quem olhou Den Chao Peng falar olha, escuta aqui , até ontem era assim, a partir de agora vai mudar com uma posição absolutamente pragmática, onde ele fale o seguinte, se eu não fizer assim, meus conterrâneos vão morrer de fome, para dar certo tem que ser desse jeito e acontece aquela revolução que está acontecendo lá. Vamos para o final?

Ozires                 Muito obrigado, eu espero que se essa nossa conversa ajudar uma pessoa aqui no Brasil, a se inspirar e caminhar para o sucesso acreditando que possa ter êxito, eu acho que nós dois estamos bem pagos.

Luciano               Eu estou muito bem pago, quero dizer a você que está me ouvindo aí, morra de inveja viu? Porque eu estou ao vivo aqui vivendo essa conversa nossa aqui, quero lhe agradecer profundamente, primeiro com orgulho de saber que veio da minha terra, respirou do ar que eu respirei, bebeu a água que eu bebi lá, então talvez eu possa no futuro olhar para trás e falar, eu consegui repetir um pouquinho do que o Ozires fez, eu fiz um pouquinho do que ele fez e dizer o seguinte, quem quiser entrar em contato, conhecer a tua universidade, o teu trabalho, como é que eu consigo encontrar o que o Ozires faz? Você tem algum site? Tem algum lugar? Um Facebook?

Ozires                 Tem um site, no site meu www.oziressilva.com.br

Luciano               www.oziressilva.com.br 

Ozires                 … exatamente, esse site ele é administrado pela minha universidade, eu sou reitor de uma das universidades do meu grupo e o nosso pessoal de marketing que mantém esse site vivo. Talvez as pessoas que olhem esse site hoje achem que é um pouco pobre, mas aí eu diria que é um problema meu pessoal, de não alimentar o site corretamente, mas…

Luciano               Tem livros de montão? Tem vários livros.

Ozires                 … tenho livros, tenho vários livros escritos, o primeiro livro que eu escrevi foi comemorando os primeiros 30 anos daquele voo de 1968, foi em 1998 que eu chamei de “A Decolagem de um Sonho”, porque realmente foi um sonho eu nasceu em Bauru e que nós conseguimos fazer aquele sonho decolar no dia 22 de outubro de 1968. Tem um livro também sobre a EMBRAER, “A Trajetória de uma Educação” e escrevi um livro também que hoje o nome foi mudado diferente devido a condições de propriedade intelectual, hoje chama “Rotas para um Empreendedor”, quando eu olho…

Luciano               Cartas ou rotas?

Ozires                 Ele era “Cartas a um Jovem Empreendedor”, mas depois que eu troquei de editora, esse “Cartas e um Jovem” é um nome registrado da editora inicial, então eu mudei para “Rotas para um Empreendedor” e esse livro compara as realizações de uma pessoa a um voo, quer dizer, é a partida do motor, é o taxi do avião até a cabeceira da pista, sua decolagem, o seu voo e depois o pouso, então eu comparo um empreendimento a um voo de um avião e esse livro teve bastante sucesso, esse  é o meu livro mais vendido, mais procurado, justamente porque ele não é tão personalizado como é o caso da EMBRAER porque tem gente que talvez nem se interesse pela história da  EMBRAER mas sem dúvida nenhuma eu acho que essa é a rota que nós temos e a gente pode até colocar algo mais sobre esse livro que compara um empreendimento, uma iniciativa de uma pessoa a um voo, porque o voo também tem a mesma liberdade quando ele está voando a gente é absolutamente livre independente muitas vezes até do que o controle  de tráfego aéreo exige que é essa mesma liberdade que é  necessária para que você possa ter uma vida de sucesso, de modo que não há substituto  para essa liberdade, eu comparo muito com uma floresta, por exemplo, que a natureza também não coloca na floresta duas árvores iguais, tem uma árvore frondosa ao lado de uma árvore pequena, a árvore frondosa não destrói a árvore pequena, quer dizer, não esmaga, é um negócio que todos tem que ter igual oportunidade, eu sou muito contrário a essa nossa ideia brasileira que todos chegam numa corrida na frente, não, numa corrida, numa disputa esportiva, por exemplo, todos tem que ser levados ao mesmo ponto de partida e que terá alguns que ganham, nós temos que, mesmo  no nosso comportamento em relação ao esporte, nós batemos palmas para os vitoriosos, por que na vida normal nós não batemos palma para os vitoriosos? Nós achamos que é o contrário, na vida econômica, na vida financeira das pessoas, todo mundo tem que ganhar igual, vencer igual e no esporte nós gostamos do cara que, numa corrida de 100 metros, por exemplo, chega na frente, é engraçado que a gente faz um negócio separado, uma coisa da outra mas são iguais, são iguais, quer dizer, o que nós temos que lutar, quando você falou aí também sobre a educação, é que nós temos que dar uma educação para todos, tem até uma historinha, se me permite eu conto rapidamente, um professor entrou numa sala, estavam os alunos fazendo uma balbúrdia enorme, não ligaram para o professor, o professor perdeu as estribeiras, deu um berro, aí os alunos pararam, aí ele falou, escuta eu estou aqui para dar uma aula, eu sei que dessa turma aqui 2 ou 3 vão ter sucesso, quem sabe sejam empregadores do resto, se eu soubesse quem são esses 2 ou 3, eu daria aula para os 2 ou 3 e tenho certeza que eles prestariam atenção, mas como eu não sei quais são os 2 ou 3 eu tenho que dar para todos, então a escolha é de vocês, vocês podem ser, você  que escolhe que lado quer ficar, quer estar entre os 2 ou 3 ou quer ficar participando como resto? Então a escolha é de vocês, é claro que depois de um discurso desse tipo os alunos ficaram em silêncio e ele pode dar a aula, mas olha, é exatamente isso, quer dizer, a diferenciação, as pessoas tem que ser tratadas como diferentes assim como o governo reconhece nos obrigando a cartão de identidade cada um, meu cartão de identidade não é igual a nenhum outro cartão de identidade no mundo, o governo aceita essa diferenciação e depois por que quer que o comportamento seja igual ao do meu vizinho? Não existe isso, quer dizer, de modo que eu acho que a gente deve olhar para o mundo que nos cerca e compreender, não existe nenhum outro planeta igual á terra, quer dizer, é tudo realmente…

Luciano               Você matou a pau quando falou que a natureza nos explica e caberia a esses que nos governam ajudar aqui a gente a obter essa liberdade seja protegido, seja dono do nosso…

Ozires                 … é aceitar que alguém possa vencer, que alguém possa vencer, aceitar lideranças, aceitar um sujeito que seja mais líder que o seu vizinho e outra coisa, que é extremamente importante, que a gente se considere responsável pelo país, nós temos muito a ver com isso e não esperar que um cara lá em Brasília vai por uma lei qualquer que ele queira fazer que ele resolva o meu problema pessoal, isso não existe, o que existe sim é que a gente tenha opções para exatamente participar de uma corrida e estar no ponto de partida de uma corrida e aceitar que pode não  ser o vencedor…

Luciano               Saber que se for ganhar vai ter que estudar que nem um maluco, vai ter que acordar às 3 da manhã para fazer o voo do amigo, vai ter que passar por todos aqueles perrengues, vai ter que se arriscar e enlouquecedoramente e um dia ganhar uma medalha de ouro com um sujeito falando cara, esse teu esforço aí, você é o mais velho da turma toda mas é você que é o cara pelo teu esforço. Quando eu perguntei lá atrás, Ozires, você foi procurar, foi fazer o cursinho, você falou não eu estudei sozinho com os livros que os caras compraram na biblioteca, ninguém vê esse volume de empenho que foi feito para conseguir o desempenho no final, quer dizer, é muito mais fácil olhar para o Ozires e falar O Ozires é um cara que deu sorte. Meu amigo, parabéns, para mim é uma honra fantástica essa que é para mim de longe a entrevista que eu quero guardar comigo aqui no LiderCast como sendo aquela que me deu mais, o que eu posso dizer, mais inspiração, mais satisfação, mais tudo e lhe agradeço pelo tempo que dedicou a mim aqui, tendo o governador de manhã até do japonês vindo aí, até do presidente,  prefeito, veio aqui com o Luciano Pires falar no LiderCast. Muito obrigado.

Ozires                 Eu que agradeço e um abraço aos nossos conterrâneos…

Luciabo               O velho Luciano Pires, meu pai.

Ozires                 … aos conterrâneos de uma Bauru que eu tenho certeza produziu várias pessoas como você alinhou no começo do programa e que continue produzindo mais, é o que eu desejo fortemente.

Luciano               Muito obrigado.

Ozires                 Obrigado.

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Transcrição Mari Camargo