A parte de suas publicações em livros, escrevia no jornal Zero Hora de Porto Alegre, de cujo corpo editorial fazia parte.
Foi importante historiador do Rio Grande do Sul, não pela extensão de sua obra publicada em livros, mas pela essência de sua elaboração. Certamente, se não bastassem outros, seu trabalho em Palmares – A Guerra dos Escravos, em que exuma Zumbi dos Palmares, o coloca entre os maiores do Brasil.
Não se limitava a compilar informações bibliográficas, mas ia às primitivas fontes, em montagem de um quebra-cabeças desvendador e interpretativo. Sem ser revisionista, buscava novas óticas e possibilidades de interpretação dos fatos, à luz de novas informações e do pensamento vigente.
Foi importante historiador brasileiro da cultura negra. A história do mítico Zumbi dos Palmares – Palmares – A Guerra dos Escravos – não sairia dos arquivos portugueses. Contou a história dos escravos vencidos pelos vencidos. Seu estilo era o dos intelectuais da desconstrução, com cujo mecanismo desvendava a essência da verdade.
Sua importância como historiador não pode ser medida nem pela sua aceitação nas fortalezas acadêmicas, nem pela sua repercussão nos veículos da indústria cultural, embora tenha tido os dois. Foi reconhecido por intelectuais acadêmicos e adulado por uma parte substancial da mídia. Mas, essencialmente, a sua importância emerge quando abrimos os seus livros. Publicou entre outros, Revolução Farroupilha História e Interpretação, sobre a Guerra dos Farrapos. Nos últimos anos, publicara as obras 0 Maior Crime da Terra sobre os crimes da Rua do Arvoredo e o quotidiano de Porto Alegre do início do século XX; e 0 Homem que Inventou a Ditadura no Brasil, sobre Júlio de Castilhos, produção que se encontra entre a história e a ficção literária.
Colocou todos os seus instrumentos e armas – os conhecimentos jurídicos, o jornalismo, a sedução, a capacidade de diálogo, o gosto pela política, o viés de antropólogo, a convivência com os grandes políticos nacionais – a serviço da pesquisa e da narrativa da história. Os jornais Folha de São Paulo e Globo, o denominaram como o “historiador dos vencidos”.
http://www.paginadogaucho.com.br/pers/df.htm
– Décio Freitas – Aventuras na História
Décio Freitas