Já foi tempo em que liderar era sinônimo de ser o mais sabido da sala, o que mandava melhor, o que batia na mesa e decidia com voz grossa. Agora, liderar virou uma inquietação que não faz barulho, mas ocupa o peito: um mix de cansaço, ansiedade e uma solidão envernizada com sorriso falso em call de Zoom. É o que mostra a segunda edição da pesquisa Panorama de Sentimentos das Lideranças, da SPUTNiK, que ousou fazer o que pouca gente faz no mundo corporativo: parar pra ouvir 300 líderes de vários segmentos.
Pra quem não conhece, a SPUTNiK é uma empresa brasileira especialista em educação corporativa, braço da Perestroika, escola de atividades criativas que está no Brasil desde 2007. Os caras perguntaram e ouviram. E o que saiu desse confessionário corporativo? 79% das lideranças dizendo que penam pra lidar com diferentes gerações. Metade tropeça na falta de clareza estratégica. E a maioria – veja só – se sente insegura pra decidir. Só 24% contam com algum tipo de mentoria. Na dúvida, correm pros pares, pros amigos, pro cônjuge… O board? Só no PowerPoint. Lá em cima, no alto da cadeia alimentar da firma, estão rodeados de gente, mas órfãos de escuta.
Chamo isso de Solidão Empresarial.
Hoje, ser líder parece exigir superpoderes. Tem que decidir rápido, acertar, acolher, escutar, engajar, motivar, apagar incêndio, mediar briga, cuidar da saúde emocional da turma – e ainda dar conta da própria ansiedade, tentando equilibrar vida pessoal e profissional sem deixar a bola cair.
Agora me diga: como manter a tripulação de pé se o comandante está de joelhos?
Mais da metade dos líderes faz terapia. Ótimo sinal. Mas menos de um quarto tem mentores de verdade. E engajamento? Virou dor crônica. Um a cada quatro líderes ainda patina sem saber como engajar e desenvolver o time. E o pensamento crítico, essa preciosidade que separa decisões boas das desastrosas, é o maior gargalo entre os liderados.
A pesquisa joga luz em um ponto urgente: quem cuida de quem cuida? Nutrir lideranças não é entregar diploma de MBA ou soltar foguete motivacional no auditório. É criar redes reais de apoio, fortalecer a cultura da confiança e abrir espaço seguro para errar, aprender e mostrar vulnerabilidade sem medo de virar meme no WhatsApp da firma.
Liderança forte não se constrói com frases de efeito. Se constrói com escuta, mentoria, clareza, coragem. Como já dizia Peter Drucker, “a cultura devora a estratégia no café da manhã”. E cultura, meu caro, é feita de gente.
Gente que sente. Gente que precisa ser cuidada. Gente que precisa ser ouvida.
É por isso que dedico meu trabalho ao conceito de Liderança Nutritiva: provocar, inspirar e nutrir líderes para que parem de só sobreviver no meio do caos e comecem a construir o futuro com consciência, valores e ação. Se esse chamado bate aí dentro, te convido a me acompanhar nos podcasts, palestras e projetos.