Outro dia ouvi alguém dizer que a geração Z não quer trabalhar. Logo depois, vi um Z responder: “Não é que a gente não quer trabalhar. A gente só não quer se matar por salário de fome.”
Quem está certo?
A verdade é que o conceito de trabalho e remuneração virou um ringue onde cada geração sobe com sua luva de boxe. De um lado, os veteranos que foram ensinados que “trabalho duro” era a única estrada possível. Do outro, os novatos que querem propósito, equilíbrio e salário justo – e não se pode dizer que estejam errados.
E é aí que mora o choque de gerações. Enquanto os mais velhos exibem como um troféu o fato de terem aguentado chefes tóxicos, jornadas exaustivas e salários apertados, os mais jovens olham e perguntam: “Mas por que continuar assim?” O que era visto como virtude virou sinal de submissão. O que antes era obediência, hoje é visto como falta de senso crítico. A linguagem mudou, os valores mudaram, e o atrito é inevitável.
A geração do “acorda cedo e aguenta tudo calado” olha com desconfiança para quem quer trabalhar de bermuda e fone de ouvido. Mas essa nova turma está gritando — talvez até esperneando — por algo que a gente ignorou por tempo demais: qualidade de vida.
E no meio disso tudo tem os “aposentados na ativa” que, mesmo depois de uma vida inteira de labuta, seguem trabalhando — não porque querem, mas porque precisam. A conta não fecha. Nem pra quem começa, nem pra quem termina.
O problema talvez não seja a geração Z. Talvez o problema seja um sistema que transformou trabalho em sofrimento e remuneração em migalha. Está na hora de parar de brigar por quem está “mais certo” e começar a conversar sobre como tornar o trabalho algo que valha a pena — pra todo mundo. Porque, no fundo, ninguém quer viver só pra trabalhar. A gente quer trabalhar pra viver melhor. E isso… isso é justo, não importa a geração.
Olha que conclusão bonita essa: “..isso é justo, não importa a geração.”
Pena que existem boletos…
