Cafezinho 21 – Perguntas difíceis

Uma ouvinte, a Valnice, envia um e-mail comentando:

“Luciano, tempos atrás a emissora de rádio da minha cidade começou uma promoção onde uma pergunta era lançada ao ar. Quem respondesse primeiro levava um prêmio. Gostei, minha ’secretária para assuntos domésticos’ um dia perguntou sobre Antônio Conselheiro, eu quis saber por que e ela explicou que era pra responder a pergunta do programa. Fiquei feliz com a iniciativa, pois a vontade de saber a resposta aguçaria a curiosidade e levaria à pesquisa… Os dias se passaram e as perguntas foram caindo de nível, tipo: quem fez o papel de Juca Pirama na novela tal? Fiquei indignada, liguei para a rádio e me disseram que as pessoas reclamavam das perguntas que eram muito difíceis. Argumentei dizendo que mesmo assim as pessoas telefonavam e respondiam e tentei mostrar que o nível deveria aumentar, diminuir jamais, afinal, temos estudantes na cidade e seria um ótimo exemplo da emissora valorizar a inteligência dos ouvintes. A resposta foi limpa e seca: Você já ligou para o programa? Se sabe tanto deve ter ganhado todos os prêmios…”

Pois é. É o Mínimo Divisor Comum: reduza-se à média mais baixa da sociedade. Não fale de coisas que as pessoas não entendem, não toque músicas complicadas, não aborde assuntos difíceis, fique ali, na mediocridade, faça da forma mais simples, para que muita gente entenda e assim teremos muitos compradores. A preguiça mental foi irremediavelmente incorporada à cultura brasileira. Só o que parece importar é “ganhar algum”. Essa engrenagem perversa tem de ser quebrada, se quisermos levar este país para o futuro com alguma consequência. Por isso meu conselho é: siga quem faz perguntas difíceis. Essa gente obriga  você a crescer.