Bárbara: Babica, hoje eu escolhi uma história que vem de muito longe.
Babica: Longe? De outro planeta?
Bárbara: Hahahhah não, né? É daqui da terra mesmo. É da Rússia!
Babica: Nossaaaaa… eu sei tão pouco sobre a Russia!
Bárbara: Então… vamos aprender com eles!
Babica: Tem nomes esquisitos?
Bárbara: Hummmm… pra eles não, mas pra nós pode ser.
Babica: Então vamo lá!
Bárbara: Vamos! Eu sou a Bárbara Stock.
Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela.
Bárbara: Somos as apresentadoras do Podcast Café Com Leite.
Babica: Um podcast para famílias com crianças inteligentes…
Bárbara: …e pais que se importam! Vamos à história?
Babica: Vamoooosssss!
Bárbara: Era uma vez um velhinho muito simples, chamado Fyodor…
Babica: Fiodor?
Bárbara: É. Fyodor e com ípsolon.
Babica: Fy-o-dor! Tá bem…
Bárbara: Fyodor morava com sua esposa Vasilisa…
Babica: Vasilisa, Bárbara?
Bárbara: Vasilisa. É o nome de uma famosa heroína de contos russos…
Babica: Sei.
Bárbara: Fyodor e Vasilisa moravam numa casinha toda caindo aos pedaços, numa ilha.
Babica: Ihhh… vida dura?
Bárbara: Dura mesmo! Todo dia o velhinho ia até o mar jogar sua rede pra tentar pegar peixe. Mas quase nunca pegava nada.
Babica: E ele não tinha um aplicativo de entrega, né?
Bárbara: Hahahahahaha… Nada disso, Babica. Um dia, ele jogou a rede… e pegou um PEIXINHO DOURADO! A verdade, era uma peixinha…
Babica: Uma peixinha dourada? Mas porque você falou “um peixinho” e não “uma peixinha”?
Bárbara: Hahahahha, eu sabia que você ia implicar…
Babica: Ué, mas tem peixe menina também, né?
Bárbara: Tem sim, Babica! Mas olha só: no português, algumas palavras são do time dos meninos e outras do time das meninas.
Babica: Como assim?
Bárbara: A gramática do português muitas vezes define o gênero das palavras, se é masculino ou feminino, sem depender do sexo biológico do animal. Tipo “a onça” e “a borboleta”.
Babica: É mesmo! A gente não fala o onço ou o borboleto.
Bárbara: Nem o girafo.
Bábica: Nem a tubaroa…
Bárbara: Isso mesmo.
Babica: Mas vaca tem boi… cavalo tem égua… galinha tem galo… coelha tem coelho… Bárbara, por que alguns bichos têm nome diferente pro macho e pra fêmea… e outros não?
Bárbara: Ah, Babica, isso tem a ver com como as pessoas usavam os bichos no dia a dia, lááá no tempo antigo.
Babica: Como assim?
Bárbara: Por exemplo: vaca e boi sempre foram muito importantes — a vaca dá leite, o boi puxa carroça… então as pessoas deram nomes diferentes pra saber direitinho quem era quem.
Babica: Ahhhh! Tipo galinha e galo: um bota ovo, o outro canta de manhã!
Bárbara: Isso! Mas em outros bichos, tipo leão e leoa ou raposa e raposo, o nome é quase o mesmo, só muda o final.
Babica: E outros, que nem peixe, não mudam nada, né?
Bárbara: Isso mesmo! Tipo o jacaré: tanto faz se é menino ou menina, continua jacaré. Se quiser dizer certinho, a gente fala “jacaré macho” ou “jacaré fêmea”.
Babica: Então… depende da importância do bicho pra gente, né?
Bárbara: Isso mesmo! Quando o animal era muito presente na vida das pessoas, acabaram criando um nome só pra ele.
Babica: Mas, Bárbara, os peixes sempre foram muito presentes na vida das pessoas!
Bárbara: Excelente pergunta, Babica! O peixe sempre foi importante sim… mas tem uma diferença: é que a maioria dos peixes vive debaixo d’água, e ninguém sabia direito qual era macho ou fêmea só de olhar.
Babica: Ah, porque peixe não tem crista, nem chifre, nem usa vestido!
Bárbara: Hahaha! Isso mesmo! Como o peixe é mais difícil de diferenciar, as pessoas usavam um nome só pra todo mundo: peixe. E aí, quando precisavam explicar, diziam “peixe macho” ou “peixe fêmea”. Então… a palavra “peixe” entrou pro time dos meninos. Por isso a gente fala “um peixe”, mesmo que seja uma peixinha fêmea.
Babica: Então o peixe pode ser menina… mas a palavra é menino.
Bárbara: Exatamente! O jeito que a gente fala nem sempre combina com o que o bicho é de verdade. É só uma regrinha da língua portuguesa, igual jogar um jogo com regras que a gente precisa seguir.
Babica: E o Fyodor pegou um peixinho dourado? Tipo… brilhando?
Bárbara: Brilhando como ouro! E acredite: o peixinho falou com ele!
Babica: UAAAAAU! E disse o quê?
Bárbara: “Me solta, velhinho! Se me deixar voltar pro mar, vou realizar qualquer desejo seu!”
Babica: Uau! E ele pediu o quê? Um castelo? Um foguete? Um tablet?
Bárbara: Nada disso! O velhinho ficou com pena e disse: “Não quero nada. Pode ir, em paz.”
Babica: O QUÊ? Ele deixou a chance escapar?
Bárbara: Pois é. Quando contou isso pra esposa, ela ficou furiosa! “Você devia ter pedido pelo menos uma panela nova! A nossa tá rachada!”
Babica: Xiiiiii…. Já vi que essa mulher não ia parar por aí…
Bárbara: E não parou. O velhinho voltou ao mar, chamou o peixinho e pediu a panela. O peixinho atendeu. Mas assim que ele voltou com a panela, a mulher gritou: “E por que não pediu uma casa nova também?”
Babica: Ihhhh… agora ele vai viver indo e voltando pro mar!
Bárbara: Acertou! A cada novo desejo da Vasilisa, Fyodor voltava e pedia mais: uma casa, depois virar uma senhora importante, depois virou uma nobre cheia de empregados…
Babica: Aposto que ela não lavava mais nem a própria panela!
Bárbara: Nem sabia mais onde ela tava! Depois quis virar rainha… e até virou a Tsarina, mandando em todo mundo!
Babica: Tsarina?
Babica: É. A Mulher do Tsar, o rei da Rússia.
Babica: Bárbara, por que o rei da Rússia era chamado de Tsar?
Bárbara: Porque “Tsar” vem de César, o nome dos imperadores de Roma. Os russos usaram essa palavra pra mostrar que o rei deles era super poderoso — como um imperador!
Babica: Então é tipo um “super-rei”?
Bárbara: Isso mesmo! Tsar é um rei com nome chique e muita autoridade!
Babica: E o que a Vasilisa Tsarina fez com o velhinho Fyodor?
Bárbara: Ela mandou expulsar ele do castelo!
Babica: Como assim? Mas que mulher ingrata!
Bárbara: Muito ingrata! Mas um dia, Vasilisa resolveu que queria ser mais poderosa ainda… queria ser a RAINHA DO MAR!
Babica: OOOOIII? Mandar até no peixinho?
Bárbara: Exatamente! Mandou o velhinho pedir isso. E ele foi, mesmo tremendo de medo.
Babica: E o peixinho?
Bárbara: Quando ouviu aquilo, ficou em silêncio. Só balançou o rabinho e… pluft! Sumiu no fundo do mar.
Babica: E o que aconteceu depois?
Bárbara: O velhinho voltou pra casa… e adivinha?
Babica: A mansão virou casinha de novo?
Bárbara: Isso! E a Vasilisa tava lá, com a panela rachada no colo, vestida em trapos. Tudo tinha voltado ao começo.
Babica: A mulher pedia, pedia e… perdeu tudo no final!
Bárbara: Pois é, Babica. Vamos ver o que aprendemos com essa história?
Babica: Vamooooossssss!
Bárbara: A primeira lição foi sobre a língua portuguesa e os nomes dos bichos, que nem sempre variam, se for macho ou fêmea.
Babica: Bárbaraaa, e a palavra avatar? É menino ou menina?
Bárbara: Ótima pergunta, Babica! A palavra “avatar” é masculina. A gente fala “o avatar”.
Babica: Mesmo que o avatar seja uma menina, tipo eu?
Bárbara: Isso mesmo. E vem a segunda lição: quem só quer mais e mais, sem valorizar o que tem, pode acabar sem nada.
Babica: Tipo querer cinco brinquedos novos, mas nem brincar com os que já tem?
Bárbara: Exatamente! Isso se chama ganância. E ela nunca tem fim.
Babica: E o velhinho? Ele era tão bonzinho…
Bárbara: Sim! Ele mostrou a terceira lição: ser grato é melhor do que sair pedindo tudo. Ele soltou o peixinho sem querer nada em troca.
Babica: Já a Vasilisa só pensava nela mesma!
Bárbara: Pois é… e isso mostra a quarta lição: às vezes, quando a gente pede demais, é porque tá tentando tapar um buraco aqui dentro.
Babica: Um buraco no coração?
Bárbara: É. Um vazio que nem castelo, nem coroa, nem peixe mágico consegue preencher.
Babica: Então… o que preenche?
Bárbara: Amor, amizade, gratidão… e saber que a gente já tem muita coisa boa.
Babica: Uau. Essa história da peixinha vale mais que um tesouro!
Bárbara: Olha, de onde veio essa história, tem muito mais! E de vez em quando vamos contar outras.
Babica: Isso mesmo! Visite o podcastcafecomleite.com.br para saber mais!
Bárbara: Café Com Leite! O podcast para famílias com crianças inteligentes…
Babica: …e pais que se importam!
As duas: Tchaaaaaaaaauuuuu!