Bárbara: Babica, você já parou pra pensar o que é a Verdade?
Babica: Hum, claro, Bárbara! A Verdade é aquilo que realmente existe, que é real, não é?
Bárbara: Isso mesmo! E a Mentira?
Babica: Ah, essa daí é o contrário, é quando alguém inventa uma coisa que não existe, mas tenta fazer parecer que existe.
Bárbara: Exatamente! E a principal diferença entre elas é que, enquanto a Verdade às vezes incomoda porque mostra o que é real, a Mentira tenta sempre ser agradável, mas nunca mostra a realidade verdadeira.
Babica: Nossa, Bárbara! Nunca tinha pensado nisso desse jeito. E o que te fez pensar nisso hoje?
Bárbara: Uma história que eu ouvi. Quer que eu conte?
Babica: Quero! Queroooooooooooooooo!
Bárbara: Conto sim! Eu sou a Bárbara Stock.
Babica: E eu sou a Babica, o avatar da Bárbara que vive dentro do celular dela.
Bárbara: Somos as apresentadoras do Podcast Café Com Leite.
Babica: Um podcast para famílias com crianças inteligentes…
Bárbara: …e pais que se importam! Vamos à história?
Babica: Vamoooosssss!
Bárbara: Babica, essa história é de origem judaica, sabe? Ela explica justamente essa relação estranha entre a Mentira e a Verdade.
Babica: Mentira e Verdade? Juntas? Não pode dar certo isso…
Bárbara: Pois é! A história conta que um dia, a Mentira convidou a Verdade para tomar banho num poço de água fresca. A Verdade, que não é boba, ficou desconfiada…
Babica: Ué? Mas a Verdade e a Mentira são pessoas?
Bárbara: Lembra que outro dia falamos de como as fábulas usam metáforas para contar histórias? Que nas fábulas, bichos falam , homens voam, existem dragões, monstros e tudo o mais?
Babica: Lembro.
Bárbara: Então, para esta história, você tem de imaginar a Verdade e a Mentira como se fossem duas pessoas, sim. Duas conhecidas, na verdade.
Babica: Entendi. Mas confiar na Mentira é complicado!
Bárbara: Exatamente! A Verdade aceitou o convite e foi testar a água. E viu que estava mesmo muito boa. Então, resolveu confiar só um pouquinho, tirou suas roupas e entrou no poço.
Babica: Tirou a roupa? Ficou pelada, Bárbara?
Bárbara: Ficou nua, Babica.
Babica: Ah, nua, pelada, não é a mesma coisa?
Bárbara: É, mas “nua” é mais neutra e formal, mais educada… “Pelada” é mais grosseira.
Babica: Bom, a Verdade ficou pelada. Aposto que a Mentira aprontou uma das dela!
Bárbara: Não deu outra, Babica! De repente, a Mentira vestiu as roupas da Verdade e saiu correndo, deixando a coitada da Verdade sozinha, completamente nua.
Babica: Mas que situação! Coitada da Verdade!
Bárbara: Pois é, Babica. E não é que quando a Verdade saiu para tentar pegar as suas roupas de volta, o mundo todo desviou o olhar?
Babica: Como assim, Bárbara? Desviaram o olhar para onde?
Bárbara: Para a Mentira que fugia correndo.
Babica: Quer dizer que as pessoas preferiram ver a Mentira com as roupas da Verdade, do que olhar a Verdade nua e crua?
Bárbara: Exatamente isso! A Verdade ficou tão triste, tão decepcionada, que decidiu desaparecer no fundo do poço para sempre.
Babica: Ai, que horror! Ela se afogou?
Bárbara: Não, ela entrou no poço e sumiu. Ninguém sabe, ninguém viu.
Babica: Ah, Bárbara, eu acho que estou entendendo onde você quer chegar…
Bárbara: Onde?
Babica: Já reparou como muita gente prefere acreditar em mentiras bonitas e confortáveis do que encarar verdades difíceis e desconfortáveis?
Bárbara: Verdade, Babica! Ops, quer dizer… exatamente!
Babica: A mentira pode até vestir as roupas da Verdade, mas cedo ou tarde, o poço seca, e a Verdade reaparece. E a gente precisa lidar com a verdade de qualquer jeito.
Bárbara: Isso mesmo! Por isso, o melhor mesmo é aprender a encarar a Verdade, mesmo que às vezes ela apareça assim, meio desconfortável… Nua…
Babica: Concordo, Bárbara. A Verdade nua é melhor que Mentira disfarçada, né?
Bárbara: Com certeza, Babica!
Babica: Bárbara, tô pensando aqui… Quais são as lições que podemos tirar dessa história tão cheia de significados?
Bárbara: Primeira lição, Babica: precisamos lembrar que a aparência nem sempre corresponde à realidade, e que as pessoas preferem muitas vezes a mentira confortável em vez da verdade desconfortável.
Babica: Isso mesmo. Mentiras são feitas para serem atraentes, para não incomodar do jeito que as verdades incomodam, não é?
Bárbara: Isso mesmo!
Babica: E tem uma segunda lição!
Bárbara: Qual?
Babica: A gente gasta muito tempo, dinheiro e esforço tentando esconder as coisas que não gostamos em nós mesmos, em vez de aceitá-las e sermos honestos sobre elas.
Bárbara: É verdade! A terceira lição é: a gente aprende a mostrar uma imagem bonita de nós, mesmo que não seja verdadeira. Mas precisamos ter coragem de mostrar quem realmente somos, sem medo do que os outros vão pensar.
Babica: E por último, Bárbara, talvez a lição mais importante seja que conhecer a verdade sobre a gente mesmo e aceitá-la é o único jeito de ter uma vida feliz e verdadeira.
Bárbara: Ótimas reflexões, Babica! Como dizia o poeta português Fernando Pessoa, muitas vezes fingimos tanto, que acreditamos até nas mentiras que contamos sobre nós mesmos.
Babica: Ah, tem um trecho de um poema dele que é lindo!
Bárbara: Você conhece, Babica?
Babica: Conheço! Faz parte de um poema dele chamado Autopsicografia. Ele fala sobre a capacidade que o poeta tem de transformar suas emoções em histórias. Ele diz assim:
“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.”
Bárbara: Ah, que lindo ver a minha menina declamando um poema!
Babica: Também acho lindo, Bárbara. Mas quer dizer então que o poeta mente?
Bárbara: Pois é, mas pensa assim: o poeta usa muito a imaginação. Ele sente coisas de verdade, como alegria ou tristeza, mas às vezes ele inventa histórias para explicar esses sentimentos pras pessoas.
Babica: Ahhh… então o poeta conta histórias que não aconteceram de verdade?
Bárbara: Isso mesmo! Ele conta histórias inventadas, mas os sentimentos são de verdade, entende? Ele diz que o poeta “finge” tão bem, que até parece real.
Babica: Entendi! É como quando a gente lê um livro ou vê um filme e fica triste ou feliz com a história, mesmo sabendo que ela foi inventada.
Bárbara: Exatamente, Babica! O poeta inventa uma história bonita para ajudar todo mundo a entender melhor o que ele está sentindo lá dentro.
Babica: Que legal! Então o poeta é como um mágico das palavras, né?
Bárbara: Excelente analogia, Babica. Isso mesmo! Ele cria coisas bonitas com palavras, pra ajudar a gente a entender os nossos próprios sentimentos. É, Babica, hoje aprendemos muita coisa importante, né?
Babica: Verdade, Bárbara! Aprendemos que a mentira às vezes usa a roupa da verdade pra enganar as pessoas, mas que no fim, a verdade sempre aparece.
Bárbara: E que às vezes, como disse o poeta Fernando Pessoa, as pessoas fingem sentimentos não pra enganar, mas pra explicar melhor o que sentem de verdade.
Babica: Exatamente! Então acho que o mais importante é sempre tentar ser verdadeiro com a gente mesmo, né?
Bárbara: Isso aí, Babica. Porque a verdade pode ser difícil às vezes, mas ela sempre liberta e deixa o coração tranquilo.
Babica: Então vamos tentar viver assim, Bárbara: com menos medo da verdade, e com mais coragem de sermos quem realmente somos!
Bárbara: Perfeito, Babica! E você que tá ouvindo a gente, que tal também aceitar o desafio de ser mais verdadeiro hoje?
Babica: Ótima ideia, Bárbara! Você que está nos ouvindo, mande um comentário falando de como você lida com a verdade e a mentira! No whatsapp 01191567 0602.
_______________________________________________________________
Bárbara: Olha, de onde veio essa história, tem muito mais! De vez em quando vamos contar outras.
Babica: Isso mesmo! Visite nosso site podcastcafecomleite.com.br para saber mais!
Bárbara: Café Com Leite! O podcast para famílias com crianças inteligentes…
Babica: …e pais que se importam!
As duas: Tchaaaaaaaaauuuuu!