Num texto anterior lembrei que nas empresas sobra engenharia, falta filosofia. Sobra matemática, falta poesia. Essa é a constatação, após mais de 40 anos circulando pelos ambientes de pequenas, médias, grandes e mastodônticas empresas.
O que entendo por filosofia e poesia é aquela reflexão profunda que precisa ser feita antes de fazer o que se faz. É o mergulho não só nos livros de gestão, mas nas obras que explicam a mecânica do pensamento, as ideologias, a história, o comportamento humano. Um gestor que não tem um pouco de psicólogo, antropólogo, sociólogo, historiador, poeta e filósofo, não é um gestor completo. É um chefe.
Por isso foquei há anos meu trabalho na área de desenvolvimento da capacidade de discernimento, julgamento e tomada de decisão das pessoas. Esse é o ponto principal. De que adianta o treinamento mais moderno, o software mais inovador no computador mais avançado, se quem o opera não tem capacidade de discernimento, julgamento e tomada de decisão à altura? E isso se reflete em todos os níveis nas empresas. Sabe o porteiro que barrou o presidente? A secretária que não marcou a poltrona no voo? O mensageiro que demorou para entregar o documento? O contador que não percebeu a mudança de alíquota? Isso tudo não é só incompetência ou má vontade. É falta de capacidade de discernir, julgar e tomar a melhor decisão. E isso não se aprende num curto de Excel, de técnicas de atendimento ao cliente ou descendo cachoeiras. Estou falando de desenvolvimento intelectual, algo que não preocupa as empresas, focadas no desenvolvimento de habilidades técnicas.
Aí é isso que está aí.
