Café Brasil Curto 05 – A zona da indiferença

Em minha palestra Tudo Bem Se Me Convém, trato de moral e ética e em determinado momento projeto na tela dois círculos, um preto outro branco, para ilustrar a ideia de que tempos atrás era relativamente fácil determinar o que era certo ou errado, bom ou mau, conveniente ou inconveniente, legal ou ilegal. E então acontece uma animação e os dois círculos começam a se aproximar. Quando um entra sobre o outro, forma-se uma área cinza na intersecção. E quanto mais os círculos se sobrepõem, maior fica sendo a área cinza. Dou a essa área o nome de Zona da Indiferença. É aquele lugar no qual as pessoas não têm certeza se a coisa é preta ou branca e preferem ficar com o cinza: indiferentes.

Minha tese é que essa área cinza nunca foi tão grande, devido a um certo relativismo moral que toma conta da sociedade. Se não gosto de algo, e explicito minha contrariedade, sou imediatamente atacado pelos paladinos da igualdade, acusado de – vamos lá – fascista, coxinha, reacionário, etc. Assim, para não se incomodar, a maioria das pessoas prefere permanecer na área cinza, sem tomar uma posição, esperando para ver para que lado a maioria vai.

Sair da zona da indiferença não é fácil. A maioria das pessoas está nela, pretende continuar assim e reage indignada quando alguém faz marolinha. Sabe quando o sujeito fura a fila, você reclama e outras pessoas na fila olham como se você fosse um estressado? Pois é.

Ter consciência sobre o que é certo e errado, excetuando os psicopatas e as crianças muito pequenas, todo mundo tem. Mas capacidade de agir a respeito, nem todos têm. E no Brasil dos indiferentes, irresponsáveis e indisciplinados,  não basta uma placa de proibido entrar, precisa ter um fiscal. Não basta investir na passarela de pedestres, tem de fiscalizar. Não basta a placa de redução de velocidade, tem que construir uma lombada. E se der algum problema, a culpa será sempre de um ente etéreo e inimputável. O que liga a consciência do certo e errado com a capacidade de agir a respeito é uma coisa chamada caráter.

Pena que anda em falta no mercado.

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