Em “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa — uma obra-prima da literatura brasileira. Riobaldo, o protagonista, está sempre às voltas com as encruzilhadas da vida, literal e metaforicamente.
Num dos trechos mais famosos e filosóficos do livro, Rosa escreve:
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.”
Pois é… a vida nos coloca diante de escolhas constantes, em ciclos de dúvida e decisão, e no fim das contas, o que se espera de nós é coragem para escolher e seguir em frente.
Noutro momento, Rosa escreve assim:
“Mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior.”
Então… a vida é uma bifurcação ambulante.
Antes de você terminar esta frase, já tomou algumas decisões. Ouviu ou leu até aqui? Decidiu. Tomou café hoje cedo? Decidiu. Ficou ou saiu daquele grupo de WhatsApp da família? Decisão! Acordou e colocou a camisa azul e não a vermelha? Mais uma. Leu Guimarães Rosa? Mais uma decisão tomada.
Parece banal, mas, como diria aquele velho ditado de boteco: “A vida é feita de escolhas.” E é mesmo, com um porém: a maioria das pessoas não faz ideia de como decide — apenas vai, no automático, escolhendo o que parece mais fácil, mais óbvio, mais confortável. E o preço, meu caro, costuma vir depois.
Essa é a pegada do episódio de hoje.
Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?
Vou criar aqui uma cena que, evidentemente, não se aplica a você, olha só… Você terminou de jantar e decide assistir a um filme. Senta-se na poltrona, liga a TV, entra na Netflix e começa a procurar algo que valha os 90 minutos de vida que você dedicará a ele. Meia hora depois, após ler diversas sinopses, começar um ou outro filme e retornar ao menu, você acaba desistindo. Cara… são tantas opções… Como é difícil escolher.
Mas o que que é escolha, afinal? Parece simples: você olha duas fatias de bolo e pega uma. Mas escolha é um bicho traiçoeiro. A gente foi convencido de que mais opções significam mais liberdade, mais felicidade. Olhe ao redor: supermercados, shoppings, Netflix… Centenas de marcas de café, de biscoitos, de séries para ver. Tudo à sua disposição.
E vem o detalhe que a maioria ignora: quanto mais opções, mais difícil escolher. O filósofo Jean-Paul Sartre escreveu que “estamos condenados à liberdade”. No Brasil, parece que fomos condenados ao excesso de sabores de iogurte na prateleira.
Sheena Iyengar, autora do livro “The Art of Choosing”, resolveu testar na prática essa história de que “quanto mais opções, melhor”. Montou um estande em um supermercado nos Estados Unidos e ofereceu aos clientes nada menos que 24 tipos diferentes de geleia. Era um festival de cores, sabores, rótulos e promessas. Muita gente parava, admirava, provava uma, provava outra. Parecia um sucesso: filas se formavam, as pessoas se divertiam escolhendo entre framboesa com hortelã, morango orgânico, amora silvestre, pimenta com manga… um banquete de possibilidades.
Mas aí veio a surpresa: apesar do burburinho, menos gente do que se esperava comprava as benditas geleias. O excesso de alternativas travava a decisão. Era tanta opção que o consumidor ficava paralisado — afinal, e se errasse na escolha? Melhor não escolher nada e sair de mãos vazias.
Iyengar então fez o contrário: reduziu o estande para apenas seis sabores. E o que aconteceu? As vendas dispararam. Com 24 tipos, só 3% dos curiosos levavam a geleia pra casa. Reduzindo para 6 tipos, esse número saltou para 30%. Ou seja: menos opções, dez vezes mais vendas.
Sem o peso da dúvida e do medo de perder “a melhor escolha”, as pessoas decidiam rápido, compravam e iam embora satisfeitas.
É um paradoxo interessante: na teoria, mais opções deveriam trazer mais liberdade e satisfação, não é? Na prática, o excesso de alternativas pode nos deixar confusos, inseguros e… inertes. Menos opções, nesse caso, significa menos ansiedade e mais ação. No supermercado, na vida profissional, nos relacionamentos — às vezes o segredo para escolher melhor é justamente ter menos escolhas.
Essa história da geleia não é só sobre compras, não. É sobre a armadilha moderna de viver cercado de possibilidades e acabar sempre achando que está perdendo algo — é o famoso FOMO: Fear of Missing Out – ,edo de ficar de fora. No fundo, decidir é também aceitar que não dá pra ter tudo. E isso, como mostra a pesquisa de Iyengar, pode ser libertador.
No Brasil? Veja o exemplo do vestibular: milhares de cursos, universidades, caminhos. O jovem brasileiro se perde, trava, não escolhe — ou escolhe porque o pai mandou, a mãe sonhou, o vizinho fez. Depois, lá na frente, bate a famosa crise dos 30: “Cara, era isso mesmo que eu queria?” A arte das escolhas é, antes de tudo, a arte de se conhecer.
Iyengar explora outro ponto genial: a influência da cultura na forma de decidir. Nos Estados Unidos, a liberdade de escolher é quase religião. Mas em outras culturas, como a asiática, o coletivo é que tem peso. Um estudo mostrou que crianças de origem asiática se saem melhor quando acham que os pais escolheram a tarefa para elas; já as crianças americanas vão melhor quando acham que foi escolha própria.
No Brasil? Somos um samba de escolhas. O jeitinho brasileiro é, na essência, a habilidade de “escolher fora do cardápio”. O menu diz que fecha às 22h, mas será que não dá para pedir mais uma saideira, hein? Dizem que não tem mesa, mas será que não dá para “dar um jeitinho”? O brasileiro nasceu para improvisar, mas improvisa também porque, muitas vezes, nunca foi treinado para escolher de verdade.
Muita gente reclama: “Estou preso neste emprego aqui.” Mas o colega ao lado olha e diz: “Não gosto do que faço, então vou procurar algo melhor.” O que é que mudou, hein? A narrativa que cada um criou para si mesmo. E essa narrativa, meu caro, é construída a partir das pequenas escolhas diárias — as tais “microdecisões” que formam a rota da sua vida.
A verdade é que sempre temos escolhas. Até quando parece que não temos. O problema é que assumir essa responsabilidade dá trabalho, cara — e, para muitos, é muito mais fácil terceirizar a decisão do que arcar com o peso das consequências.
Tem gente que vive a vida inteira à espera de um empurrão, de um sinal dos céus ou de alguém para apontar o caminho. “Vou ficar neste emprego ruim porque a crise está aí.” “Não vou terminar este relacionamento porque vai que piora.” Ou então: “Se o governo não mudar, não tem o que fazer.” Sempre jogando a decisão para fora, para longe de si.
E aí, entra o desfile dos gurus. Não por acaso, brasileiro adora um “especialista”, um “coach”, um “guru” de Instagram para dizer o que fazer, como agir, o que pensar. Uma multidão de gente ávida por receitas prontas, listas de passos infalíveis, conselhos enlatados. Assim, se der errado, a culpa é do guru, do curso online, do signo, de Mercúrio retrógrado, menos sua.
É mais fácil colocar a culpa no chefe, no governo, no companheiro ou companheira, no horóscopo, do que encarar o fato simples e incômodo: escolher é um ato de coragem, porque significa correr o risco de errar. E errar dói, machuca o ego, faz suar frio — mas também ensina.
Olhe ao redor: quantos vivem esperando uma ordem para agir, hein? Seja na fila do banco, no trânsito, no escritório. Gente travada, com medo de escolher e se arrepender depois. O brasileiro — esse bicho criativo, cheio de recursos — por vezes cai na tentação da zona de conforto. Prefere reclamar do que levantar da cadeira e decidir. Porque decidir é assumir o comando da própria vida, e isso, convenhamos, é assustador.
No fundo, terceirizar escolhas é abrir mão da autoria da sua própria história. É ser coadjuvante do próprio filme, esperando sempre que alguém escreva o roteiro — e aí não adianta reclamar do final.
A arte das escolhas exige autonomia, responsabilidade e, acima de tudo, coragem para assumir que o caminho só começa quando a gente decide dar o primeiro passo. O resto é desculpa.
“Bom dia, boa tarde, boa noite, Luciano, Lalá, Cissa, Barbara, Babica e toda a comunidade aí do círculo do podcast Café Brasil e seus filhotes.
Ô Luciano, aqui é o Chiquinho Severino, aqui de Pará de Minas, Minas Gerais. Já sou seu ouvinte já há 15, 16 anos, se não me engano, não tenho muita certeza do ano que eu comecei, isso foi 2009, 2010, mas foi por aí. Eu me lembro que eu estava cursando pela segunda vez, fiz duas vezes esse curso, uma vez em 1988 na UFMG e depois em 2000, terminei em 2011 na UFV, Universidade Federal de Viçosa, fiz de novo o curso de análise de sistema. E um colega de classe lá me apresentou o podcast, o Café Brasil, sabe?
Aí eu comecei a ouvir, fiquei fã rapaz, e aí continuei, continuei direto pra sempre. Fiquei durante um tempo só ouvindo, depois comecei a contribuir, entrei pra turma que contribui com o serviço, com o que recebe, né? As mentorias, os podcasts musicais, os podcasts de variedade, todos eles sensacionais, seu conteúdo é um conteúdo que aproveita da primeira até a última gota, não se perde nada, nem o que evapora você não perde, você cheira e aproveita, né?
Pois é, camarada: a gente, sempre querendo mandar um áudio, vai, vou mandar um áudio pro Luciano, vou enviar um áudio pra ele, e acaba que não envia nada, fica pra depois, e você fica pensando, ah, bobagem também, tem tanto áudio lá, vai áudio um atrás do outro, é aquele montueira de áudio, vou mandar mais um, vai ficar lá debaixo da pilha, no fim da fila, o meu não é tão importante assim, mas porra, devia ter mandado já há bastante tempo, tanto tempo que eu tive tanta coisa para falar e nunca manifestei nada, né, é um ausente, esse é um ausente, pode botar o dedo na cara e falar, oh ausente.
Mas, tamo aí cara, nunca é tarde, né? Seu conteúdo é sensacional, tudo aproveita, oh Luciano, puxa, aí a gente vê, escuta você lá fazendo a campanha do podcast, do engajamento de enviar os áudios para você, dizendo que oito, dez pessoas compareceram e mais ninguém, a gente fala, puxa velho, o pessoal tá preguiçoso, hein ouve, ouve, ouve, aproveita tudo que pode aproveitar, adora ouvir, ele não comenta nada, rapaz. Outros iguais a mim, né? Não posso botar o dedo na cara desses, não, porque eu também estaria apontando pra mim, velho.
Mas é isso aí, Luciano. Vai em frente, cara. Você é duro, você é duro na queda, você é forte, você é competente e não desanima, não. Eu sei que você não desanima, então mais um pra falar. Vai em frente, mete o pé na lata e não para de fazer, não. Só porque tá chegando pouco comentário, não para de fazer esse conteúdo maravilhoso que nós agradecemos o tempo inteiro de te ouvir.
Depois eu mando mais. Grande abraço e boa noite pra todos. Falou, Luciano. Fica com Deus aí, velho.”
Grande Chiquinho lá das Minas Gerais, cara… Pois, é meu, caro, “devia ter mandado” parece ser o mote da turma. Tem a ver com o Brasil do “devia ter”, “devia ser”, “devia mandar”… O Brasil é a terra do pretérito imperfeito do indicativo, aquele que expressa uma ação passada não realizada, “devia ser”, mas que era esperada ou aconselhada. Devia… e de devia em devia a gente vê a vida passar, não é? Nós aqui vamos tocando, tentando trocar o pretérito imperfeito do indicativo pelo infinitivo do verbo fazer, cara: fazer pra valer! Não devia não, fez!
Grande abraço!
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A ciência explica e eu já abordei esse assunto algumas vezes no Café Brasil: temos dois sistemas de decisão que funcionam como dois pilotos na cabine da vida. Um é o “piloto automático” — rápido, intuitivo, movido pela emoção, aquele impulso ancestral herdado lá dos tempos das cavernas. O lagarto que nos habita. É ele quem salva a gente de um acidente de trânsito, quem faz você pular pra trás ao ver uma cobra (ou uma barata), quem te faz pegar o brigadeiro na festa mesmo prometendo pra si que só ia comer salada, cara. É o cérebro no modo “instinto”, pronto pra agir sem pensar muito.
O outro é o “piloto manual” — metódico, devagar, analítico. Esse é o cérebro racional, que para, pensa, pondera. É ele quem faz contas antes de comprar um carro novo, quem pesquisa taxa de juros antes de pegar financiamento, quem faz lista de prós e contras na hora de mudar de cidade ou pedir demissão. O manual é o lado chato, mas fundamental, o adulto da relação, que olha a etiqueta de preço antes de se apaixonar pela vitrine.
Agora, o drama brasileiro, na verdade é humano, começa quando esses dois sistemas entram em conflito. O coração diz sim, a cabeça diz não.
Preciso aprender a só ser
Gilberto Gil
Sabe, gente
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer
Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder
Sabe, gente
Eu sei que, no fundo, o problema é só da gente
E só do coração dizer não, quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer
E quando escutar um samba-canção
Assim como: Eu preciso aprender a ser só
Reagir e ouvir o coração responder
Eu preciso aprender a só ser
Sabe gente
É tanta coisa que eu nem quero saber!
Ah! que delícia,, cara… Gilberto Gil com sua “Preciso aprender a só ser”.
Canção composta em 1968 que faz referência direta a “Preciso aprender a ser só”, de Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle. Enquanto a música de Valle fala da dor de aprender a viver sozinho após o fim de um relacionamento, Gil propõe um passo além: aprender a simplesmente “ser” — buscar autoconhecimento, plenitude e paz interior, independente da solidão ou companhia. Gil transforma o lamento da solidão em um convite à autossuficiência e maturidade existencial, respondendo e aprofundando o diálogo com a canção anterior.
Sabe aquele caso clássico: você está num churrasco, a picanha está brilhando, suculenta, mas sua razão lembra do colesterol, da dieta, da balança? Ou então aquele crush irresistível que te chama pra sair, mas seu manual faz um PowerPoint mental lembrando dos sinais vermelhos do passado? Na prática, vivemos num eterno cabo de guerra interno.
No cinema, isso aparece de forma emblemática no filme Tropa de Elite, você lembra? O Capitão Nascimento, nosso anti-herói, dilacerado entre o dever de continuar combatendo o crime e o desejo de abandonar tudo em nome da paz familiar. O filme inteiro é sobre esse duelo interno, onde a escolha certa nunca é óbvia — e cada decisão tem um preço.
Na vida real, o que diferencia quem navega bem nessas águas turbulentas de quem bate no recife não é eliminar um dos pilotos, mas saber quando dar a vez para cada um. Tem hora de agir por instinto (para não virar comida de leão), tem hora de ligar o raciocínio (para não cair em pirâmide financeira). A arte das escolhas, no fim das contas, é a arte de domar o leão interior, aquele bicho inquieto que berra por satisfação imediata, mas que precisa aprender a conviver com o adulto responsável que pensa no amanhã.
Se conseguir equilibrar essa dupla, cara — emoção e razão, impulso e análise — você não só toma melhores decisões, mas também escreve uma história da qual pode se orgulhar. Afinal, viver é pilotar, e os dois sistemas estão aí para te ajudar e não para te sabotar. O segredo é saber quem está no comando a cada curva da estrada.
Muito bem, se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Eu vou listar alguns dos principais erros no processo de tomada de decisão.
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Iyengar oferece seis estratégias para fazer escolhas melhores. Mas, como tudo que chega por aqui, a gente tem que dar uma “abrasileirada” e ir além do óbvio. Você quer escolher melhor, hein Vai aí um manual então, com dicas para a vida real — sem autoajuda e sem enrolação:
- Vire o especialista (mas sem virar chato de grupo de WhatsApp, tá?)
Não dá pra ser especialista em tudo, mas escolha algumas áreas cruciais para sua vida e mergulhe fundo. Quer empreender? Não se limite a assistir vídeo motivacional no YouTube. Faça cursos sérios, converse com quem já ralou, leia contratos, conheça legislação, quebre a cara em simulações antes de quebrar de verdade, cara. No Brasil, muita gente abre empresa sem nem saber a diferença entre CNPJ e CPF. Seja curioso de verdade, mas tenha humildade para admitir o que não sabe. E nunca confunda diploma com competência.
A dica prática: Separe uma hora por semana só para aprender algo novo sobre sua área — mesmo que seja na base do podcast enquanto você está no trânsito.
- Use o conhecimento dos outros (mas aprenda a filtrar conselho ruim)
Buscar ajuda não é fraqueza. Você tem dúvida? Procure quem já trilhou o caminho, busque mentor, peça indicação, participe de grupos, faça perguntas,cara. Mas lembre: nem todo conselho é bom — e, às vezes, quem menos fez tem mais opinião. Se um tio “especialista” só fala de fracasso, agradeça e siga em frente. No Brasil, conselhos são dados de graça e sem nenhuma garantia.
Dica prática: Antes de seguir um conselho, pergunte: essa pessoa aí que está dando a dica, já fez o que está sugerindo ou só ouviu falar, hein?
- Decida em grupo (mas seja dono da sua decisão)
Trocar ideias é importante, principalmente com quem pensa diferente. Monte o seu “conselho pessoal” — amigos sinceros, colegas experientes, até aquela tia ácida. Ouvindo diferentes pontos de vista, você reduz o risco de cometer erros cegos. Mas atenção: fugir da manada é vital. Não caia no “efeito rebanho” só pra agradar ou não desagradar. No final, quem paga a conta é você.
A Dica prática é: Anote prós e contras de cada sugestão, mas tome a decisão sozinho. Se der errado, ao menos o erro é seu.
- Sabedoria da multidão (sem idolatrar o senso comum)
Avaliações e opiniões coletivas ajudam — principalmente quando você não domina o assunto. Vai comprar um produto? Olhe as reclamações recorrentes, veja padrões, ignore notas isoladas. O Reclame Aqui é mais útil que muito review comprado. Mas cuidado: multidão erra. O mesmo grupo que levanta pode te derrubar.
A dica prática é: Busque o padrão, não o caso isolado. Se mil pessoas reclamam da mesma coisa, preste atenção. Mas lembre que você pode — e deve — pensar diferente.
- Classifique as opções (e aprenda a dizer “não”)
Com excesso de alternativas, organize por critérios claros. Reduza o cardápio. Vai trocar de carro? Liste só modelos que cabem no seu bolso, que atendem sua rotina e têm manutenção viável. Não abrace o mundo. No supermercado, a gôndola é organizada por cor, sabor, preço — na vida, organize por valores, urgência, impacto.
A dica prática é: Defina até três critérios para toda escolha importante. Elimine o que não serve logo de cara, antes de mergulhar no detalhe.
- Aprenda com seus erros (e documente o aprendizado)
Todo mundo erra, mas poucos documentam o que aprenderam. Anote suas grandes decisões e, depois de um tempo, revisite: acertei ou errei? E por quê, hein? O brasileiro é criativo na hora de justificar erro, mas só evolui quem reconhece, ajusta e segue em frente.
Dica prática: Tenha um caderno, arquivo no computador ou até uma lista no celular chamada “Burradas & Lições”. Não é burrada: “Cagadas & Lições”. Releia antes de decidir de novo — vai evitar que você repita a mesma besteira.
Olha só: no fundo, decidir melhor não é uma ciência exata — é um processo constante de curiosidade, humildade, organização e, principalmente, coragem para bancar a escolha. Porque a vida, meu caro, não perdoa o indeciso. Ou você pilota, ou alguém pilota por você.
Vamos então ao nosso merchan? Pra você tomar sua decisão aí e sair de cima do muro, cara?
O Café Brasil, você já sabe, é uma produção independente, não tem ligação com sites poderosos, não tem editora, não tem milionários, não tem ninguém aqui atrás bancando a gente. Nós estamos sozinhos. É nóis e nóis e nóis com ocê. Se ocê não vier, nóis fica sozinho.
E aí, é complicado, cara! Sem você a gente não consegue ir muito longe, sabe por que? Porque tem que bancar isso aqui tudo, cara. E bancar só com patrocinador não vai. Tem que ter assinantes.
Então, dá uma paradinha, entra lá no mundocafebrasil.com. Clique ali pra ser um assinante. Vem com a gente, cara. Vai custar um dinheirinho de nada pra você, mas vai ajudar bastante a gente, tá bom?
Let it be
John Lennon
When I find myself in times of trouble
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be
And in my hour of darkness
She is standing right in front of me
Speaking words of wisdom, let it be
Let it be, let it be
Let it be, let it be
Whisper words of wisdom, let it be
And when the broken hearted people
Living in the world agree
There will be an answer, let it be
For though they may be parted
There is still a chance that they will see
There will be an answer, let it be
Let it be, let it be
Let it be, let it be
There will be an answer, let it be
And when the night is cloudy
There is still a light that shines on me
Shine on until tomorrow, let it be
I wake up to the sound of music,
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be
Deixe estar
Quando eu me encontro em momentos difíceis
Mãe Maria vem para mim
Falando palavras de sabedoria, deixe estar
E nas minhas horas de escuridão
Ela está em pé bem na minha frente
Falando palavras de sabedoria, deixe estar.
Deixe estar, deixe estar.
Deixe estar, deixe estar.
Sussurrando palavras de sabedoria, deixe estar.
E quando todas as pessoas magoadas
Morando no mundo concordarem,
Haverá uma resposta, deixa estar.
Pois embora possam estar separados há
Ainda uma chance que eles verão
Haverá uma resposta, deixe estar.
Deixe estar, deixe estar,
Deixe estar, deixe estar,
Haverá uma resposta, deixe estar.
E quando a noite está nublada,
Há ainda uma luz que brilha em mim,
Brilha até amanhã, deixa estar.
Eu acordo ao som da música
Mãe Maria vem para mim
Não haverá tristeza, deixe estar
Sim, deixa estar, deixa estar,
Deixa estar, deixa estar,
Não haverá tristeza, deixe estar
Deixe estar, deixe estar,
Deixe estar, sim, deixe estar,
Sussurrando palavras de sabedoria, deixa estar
E é assim então, ao som do clássico Let It Be, dos Beatles, numa versão deliciosa de JP Cooper, que vamos saindo certos de nossas escolhas.
Composta por Paul McCartney (mas creditada à dupla Lennon/McCartney), “Let It Be” nasceu de um sonho que Paul teve com sua mãe, Mary, que faleceu quando ele era adolescente. No sonho, ela lhe dizia: “It’s going to be okay, just let it be.” Vai dar tudo certo, cara! Deixa estar. Ou seja, algumas vezes, a melhor escolha é aceitar, confiar, deixar as coisas fluírem — e não lutar contra o que não se pode controlar.
– Mas Luciano, então “Let It Be” é um hino ao conformismo, à resignação — quase um “deixa a vida me levar” sofisticado em inglês, cara?
Bom, o problema moderno é que confundimos ação com hiperatividade: achamos que escolher é sempre forçar, decidir, mudar tudo o tempo todo. Mas há escolhas — e isso é um sinal de maturidade — que consistem justamente em reconhecer os próprios limites. Nem toda batalha merece ser travada. Tem hora em que, sim cara, a melhor escolha é aceitar, se recompor e esperar o momento certo para agir. Isso não é se omitir — é estratégia.
Paul McCartney escreveu “Let It Be” em meio ao caos, à incerteza e ao desgaste dos Beatles. Sua mãe aparece para lhe dizer: “Deixe estar meu filho, vai passar”. Não é abrir mão do protagonismo, é escolher a serenidade em vez do desespero, o timing em vez do impulso.
No contexto deste episódio aqui, “Let It Be” serve para ilustrar o outro lado das decisões: a coragem de não agir, de esperar, de confiar, quando toda pressão do mundo diz para “fazer alguma coisa”. Quantas vezes, por ansiedade, a gente toma decisões erradas só porque não suportou esperar a poeira baixar?
Diante de uma crise, você tem a opção de agir precipitadamente ou então de esperar por mais informações. Como aquela mãe que vê o filho adolescente errar e, em vez de intervir a cada tropeço, opta por confiar, observar, só ajudar quando realmente necessário. Em ambos os casos, “Let It Be”, deixa estar, não é passividade — é decisão consciente, escolha madura.
Na dúvida, pense assim: qual o próximo pequeno passo que posso dar para sair do automático? Quem pode me ajudar a enxergar melhor? O que realmente importa, diante de tantas opções?
A arte de escolher é, acima de tudo, um convite à responsabilidade. Então escolha, até mesmo não agir.
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O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.
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Para terminar, é claro, Paul McCartney
“There will be an answer, let it be. Há de haver uma resposta, deixa estar.”