Outro dia, reassisti ao filme Clube da Luta. Aquela história maluca do personagem vivido pelo Edward Norton, um cara com a vida toda “certinha” por fora — emprego estável, apartamento mobiliado, roupas alinhadas — mas completamente vazio por dentro. Um homem que sofre de insônia, não dorme há dias, e que vai aos poucos se desmanchando na própria apatia.
Até que, por acaso, ele descobre algo curioso: começa a frequentar grupos de apoio para pessoas com doenças graves. Sim, ele finge ser doente. Inventa nomes, inventa histórias, só pra poder sentar no círculo, ouvir e ser ouvido. E ali, chorando nos ombros de desconhecidos, algo desperta. Não é só o alívio da lágrima. É o calor de finalmente ser visto. A experiência crua de ser abraçado sem precisar explicar nada.
E aos poucos, ele começa a sentir algo que há muito tempo não sentia: pertencimento.
Veja bem: o filme ficou famoso pela pancadaria. Pelos socos no porão, pelas frases de efeito, pelo caos como forma de rebelião. Mas no fundo, Clube da Luta nunca foi sobre violência. Foi sobre um homem tentando sair da anestesia. Tentando se conectar. Tentando sentir.
E o que ele encontrou nesses grupos não foi cura para uma doença que não tinha. Foi algo muito mais raro: um lugar onde ele podia baixar a guarda. Onde ele não precisava performar. Onde as máscaras caíam e o silêncio era respeitado. Onde ele era acolhido por pessoas que, apesar de suas dores, olhavam no olho e diziam: “Eu entendo. Eu também sinto isso.”
Não era sobre concordar. Era sobre compartilhar.
No fundo, Clube da Luta é um grande grito por pertencimento. E talvez por isso tanta gente se identifique — porque em um mundo lotado de promessas de transformação, o que a gente mais quer mesmo… é ser parte de alguma coisa. Sem manual. Sem roteiro. Só sendo quem a gente é.
Hoje vamos nessa praia: pertencimento.
Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?
Tem gente que acha que ser humano é sinônimo de ser racional. Capaz de pensar, decidir, ponderar. Mas olhe em volta. A maior parte do que fazemos, pensamos e sentimos tem pouco a ver com lógica. E tudo a ver com uma necessidade primitiva, visceral, ancestral: a de pertencer.
O psicólogo Christopher Peterson, um dos fundadores da Psicologia Positiva disse assim: “Eu posso resumir toda a psicologia positiva em três palavras: as outras pessoas importam. Ponto final. Tudo o que fortalece os laços entre as pessoas vai te fazer feliz.”
Other people matter. Outras pessoas importam. Tão profundamente que moldam nossa autoestima. Nosso senso de identidade não é só sobre o “eu”. É também sobre os vínculos com quem amamos e os grupos dos quais fazemos parte. O “eu” vive em constante negociação com o “nós”.
Em bom português? Sozinho, ninguém dá conta.
É por isso que vínculos fazem bem. Gente conectada é gente mais feliz. Ter amigos reduz o estresse. Ter com quem contar protege da depressão. Estudante que sente que pertence à turma e é visto pelo professor vai melhorar na escola. Tem gente que se motiva mais por pertencer a uma equipe do que pelo salário no fim do mês.
Lembra do filme Central do Brasil? A Dora, vivida por Fernanda Montenegro, é uma mulher cética, seca, que ganha a vida escrevendo cartas para analfabetos. Mas é no vínculo com o garoto Josué que ela se humaniza. Não é o dinheiro, não é o status, é o pertencimento que muda tudo. No fim, ela não é mais só Dora. É Dora com Josué. É Dora em Josué.
E a neurociência agora confirma: nosso cérebro reage a um elogio com a mesma intensidade que reagiria a ganhar dinheiro. Ser reconhecido, abraçado, ouvido — isso ativa as mesmas áreas cerebrais que um prêmio em dinheiro ou um prato de comida. E a falta disso… dói. Literalmente, dói. Isolamento social pode doer tanto quanto um corte na pele. Aprendemos isso durante a pandemia… Evolutivamente, fomos moldados para sofrer quando nos separamos da tribo.
Mas o que é, afinal, esse tal de pertencimento, hein?
A pesquisadora Naomi Hattaway descreve assim: “É como subir num palco e sentir que o chão está firme.” E mais: que você pode ser vulnerável, tirar a armadura, contar sua história sem medo de virar meme. O pertencimento começa quando você percebe que não precisa fingir. Que pode ser inteiro.
E aí vem o detalhe mais bonito: pertencer não é só sobre ser acolhido. É também sobre acolher.
É isso que falta nos grupos de Telegram cheios de emojis, nos cursos que vendem “liberdade em 7 passos”, nos coaches de palco com voz impostada. Eles prometem transformação, mas entregam exigência. Entregam cobrança, máscara, performance. Você paga caro… para continuar se sentindo sozinho.
Às vezes, o que a gente procura em livro de autoajuda, em evento de networking ou em jornada de propósito não é conteúdo, cara. É eco. Alguém que diga:
“Eu também.”
“Você não está só.”
“Vem. Senta aqui.”
Nos tempos líquidos de hoje, pertencer é luxo. E oferecer pertencimento é ato de rebeldia. É como montar uma fogueira no meio da floresta escura e dizer:
“Pode vir. Aqui tem calor.”
Na faculdade de Stanford, o psicólogo Gregory Walton realizou um experimento simples — mas com impacto profundo. Ele reuniu um grupo de calouros universitários que se sentiam deslocados, inseguros, com aquela clássica sensação de que “todo mundo se encaixa, menos eu”.
Walton mostrou a esses alunos depoimentos reais de veteranos dizendo que também haviam se sentido assim no começo. Que era normal. Que a adaptação leva tempo. Que aquele sentimento de não pertencimento não era sinal de fraqueza, nem de incompetência, mas apenas uma fase.
Esse pequeno “ajuste de percepção” fez toda a diferença.
O resultado? Melhoras significativas nas notas, na saúde física e mental, no engajamento com a universidade — e no sentimento de pertencimento duradouro.
O mais impressionante? Os efeitos não duraram só uma semana. Eles foram medidos ao longo de anos, acompanhando os alunos até a formatura. Um único momento de acolhimento, de escuta e de identificação foi o bastante para mudar a trajetória acadêmica e emocional daqueles estudantes. Um empurrãozinho de pertencimento pode ser uma alavanca emocional. Uma vacina contra a desistência.
Gregory Walton chamou isso de “intervenção de pertencimento”.
E provou que, quando a gente entende que não está sozinho na dor, ela pesa menos.
E quando alguém diz: “Eu também já passei por isso”, a vida muda de cor.
Mas atenção: não basta se sentir acolhido. O verdadeiro pertencimento ganha força quando se transforma em contribuição. É o que a Naomi diz: “A gente esquece como é boa a sensação de preenchimento interior quando entrega algo a alguém.”
Então, às vezes, pertencer é estar na mesa, rindo com gente querida. Outras vezes, é um sorriso de um desconhecido. E em dias mais difíceis, é permitir que alguém pertença… a nós.
E no final, é isso que nos salva. Não são os certificados, os títulos, nem os seguidores no LinkedIn.
É o toque humano.
É o eco do outro dentro da gente.
É a certeza de que, mesmo quando tudo escurece, a gente ainda é parte de alguma coisa.
Clube da esquina nº2
Milton Nascimento
Lô Borges
Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo
Aço, aço, aço, aço, aço, aço, aço, aço
Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos
E lá se vai
Mais um dia
E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio, rio
E lá se vai
Mais um dia
E lá se vai
Mais um dia
E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente
Gente, gente, gente, gente, gente, gente
Gente, gente, gente
E lá se vai
Ah…este é um daqueles momentos em que a gente fica de joelhos… Milton Nascimento com Clube da Esqina 2, dele e de Lô Borges.
“Clube da Esquina nº 2” é uma canção sobre deslocamento, mas também sobre raiz. É a canção de quem ainda não chegou, mas já tem uma tribo para caminhar junto. E isso, em tempos de individualismo e ruído, é um raro e precioso tipo de pertencimento.
“Alô Luciano, aqui é o Luciano Pires, sou eu mesmo botando um recado aqui no lugar do recado do ouvinte porque ninguém mandou recado nenhum, não tem recado do ouvinte né? O que leva a gente a fazer alguma constatação: cara, o que, porque que pode acontecer isso?
Antigamente os caras escreviam, mandavam texto gigantesco mandavam recado, eu tinha aqui recado sobrando porque não dava conta de publicar tudo né? E ,de repente, a turma parou, parou de comentar.
Então, dizem que é porque ninguém mais tem tempo para coisa nenhuma, tem conteúdo demais a internet né? Mas o que me assusta aqui é que isso pode ser porque a gente tem uma profunda irrelevância, sabe?
O trabalho que nós estamos fazendo não tem relevância nenhuma, ele não provoca, ele não dá à pessoa nenhum tipo de motivação para que ela se mexa para participar de uma forma mais ativa né? Já não vem mais comentário, não vem curtição, não tem seguidor, os caras não mandam áudio. O assinante é uma vergonha. Então, qual é a conclusão a tirar disso aí?
Pra que fazer esse trabalho todo aqui se do lado de lá não vem o retorno. E o retorno que estou colocando aqui é o retorno que é absolutamente fundamental, porque ele é a alma da internet, cara.
A mídia antigamente era o seguinte bota no ar e dane-se vê ou ouve quem ouvir, vê quem viu, vamos medir uma estatística lá meia boca e está tudo feito. A mídia da internet não é assim, ela é vai e volta, cara. Ela é medida pelo engajamento e o engajamento aqui está caindo a zero.
Então, leva a gente a contestar ou a ficar preocupado. Será que o que nós estamos fazendo tem alguma relevância? Se não tem, talvez seja hora de buscar outra coisa, para outro lugar para botar energia, sei lá. Fiquei com esse pensamento aqui. Você que está ouvindo a gente fica com isso também.”
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Pertencer. Palavra pequena, conceito imenso.
Faz parte do nosso DNA, do nosso instinto mais primitivo. A gente nasce agarrado ao colo da mãe e passa o resto da vida tentando encontrar outros colos que nos abriguem — de carne ou de alma. A busca por pertencimento está em tudo. Na família, no bairro, na religião, no grupo da faculdade, no churrasco de domingo, até no barulho do trem passando ao longe.
Mas esse negócio de pertencer é cheio de paradoxos.
A gente procura pertencer nos lugares óbvios — na casa onde nasceu, entre amigos que pensam parecido, no grupo do trabalho. Mas, de repente, o pertencimento também aparece onde menos se espera: numa caminhada solitária, numa página de um livro, sob a sombra de uma árvore centenária…ouvindo um podcast…
Pertencer é coisa que nos ancora. Mas também é o que nos liberta.
É o ninho… e a asa.
Na psicologia, chamam isso de “sentir-se parte integral dos sistemas ao seu redor”. Traduzindo: é a sensação de que você é bem-vindo. Que o mundo tem um cantinho pra você. Que você não está ocupando espaço — está preenchendo.
Pertencer é calor, acolhimento e abraço. E uma terapeuta americana comparou isso a mostrar quem você realmente é… e receber um “joinha” de volta. Sem julgamento, sem “mas”, sem “se”. Você é quem é, e isso basta.
E, veja, isso não é só bonito não — é necessário. Pertencer faz bem pra cabeça, pro corpo, pro coração. Melhora nossa saúde mental, nossas relações, nossa motivação no trabalho e até nosso desempenho na escola. Mas o mais importante é que nos lembra que não estamos sozinhos nesse planetinha doido.
Agora… apesar de ser um desejo universal, o pertencimento pode ser traiçoeiro. Porque a gente vive cercado de gente — e mesmo assim, se sente fora do jogo. Como naquela brincadeira de cadeira: a música para, você olha em volta… e não tem onde sentar. Todo mundo com seu grupo. Com seu bonde. E você ali, de pé, segurando um copo vazio.
E sabe o que é pior? A dor de não pertencer acende no cérebro as mesmas áreas que uma dor física. Não é metáfora não: o isolamento dói de verdade.
Mas a boa notícia é que a sensação de pertencimento pode ser construída. A gente pode aprender a pertencer — como quem aprende um novo idioma, ou uma nova dança. É preciso desenvolver habilidades emocionais, sociais, culturais. Aprender a conversar, ouvir, se colocar no lugar do outro. Ter empatia. Ter gentileza. Dar quando receber.
Uma pesquisa recente aponta quatro ingredientes-chave para o sentimento de pertencimento florescer:
Competência. Oportunidade. Motivação. Percepção.
Traduzindo:
Competência: Você sabe se relacionar de verdade?
Oportunidade: Tem investido seu tempo nas relações certas?
Motivação: Você está realmente disposto a se conectar ou só finge interesse?
Percepção: Você percebe onde já pertence ou vive procurando onde não foi aceito?
Porque às vezes a gente está dentro… e ainda assim se sente fora.
E veja que curioso: até a natureza pode nos ensinar a pertencer. Sabe aquele momento em que você está no mato, na montanha ou na praia, e sente uma paz silenciosa, quase como se fizesse parte da paisagem? Pois é. A ciência mostra que essa conexão com a natureza é parte essencial do nosso senso de pertencimento. Quando a gente se sente pequeno diante do mundo, mas mesmo assim essencial dentro dele… algo muda.
Talvez por isso o brasileiro encontre tanto alento num pôr do sol, num pé de jabuticaba, numa rede armada entre dois coqueiros. Pertencer não é só social. É existencial.
E mais: às vezes, o verdadeiro pertencimento acontece quando a gente para de procurar onde encaixar… e começa a oferecer espaço pro outro encaixar em nós.
Você percebe isso quando acolhe. Quando escuta sem pressa. Quando sorri pra um estranho. Quando diz “fica mais um pouco”. A mágica acontece quando a gente entende que pertencer não é só encontrar o seu lugar no mundo. É ajudar o outro a encontrar o dele também.
Tomar um copo d’água nos hidrata por dentro. Mas oferecer esse copo a alguém… também.
No fim das contas, pertencimento não se compra. Não se ensina num curso online. Não vem num PDF.
Pertencimento se constrói com presença, com tempo, com verdade.
E, acima de tudo, com gentileza.
Muito bem, se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Eu vou falar um pouco mais como entender o sentimento de pertencer.
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José
Carlos Drummond de Andrade
Paulo Diniz
E agora, José?
A festa acabou
A luz apagou
O povo sumiu
A noite esfriou
E agora, José?
E agora, você?
Você que é sem nome
Que zomba dos outros
Você que faz versos
Que ama, protesta?
E agora, José?
Está sem mulher
Está sem carinho
Está sem discurso
Já não pode beber
Já não pode fumar
Cuspir já não pode
A noite esfriou
O dia não veio
O bonde não veio
O riso não veio
Não veio a utopia
E tudo acabou
E tudo fugiu
E tudo mofou
E agora, José?
Sua doce palavra
Seu instante de febre
Sua gula e jejum
Sua biblioteca
Sua lavra de ouro
Seu terno de vidro
Sua incoerência
Seu ódio, e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a porta
Não existe porta
Quer morrer no mar
Mas o mar secou
Quer ir para Minas
Minas não há mais
José, e agora?
Se você gritasse
Se você gemesse
Se você tocasse
A valsa vienense
Se você dormisse
Se você cansasse
Se você morresse
Mas você não morre
Você é duro, José!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato
Sem teogonia
Sem parede nua
Para se encostar
Sem cavalo preto
Que fuja a galope
Você marcha, José!
José, para onde?
Você marcha, José, José, para onde?
Marcha José, José, para onde?
José, para onde?
Para onde?
E agora, José?
José, para onde?
E agora, José?
Para onde?
E agora, José?
José, para onde?
E agora, José?
Para onde?
Olha aí: você ouviu Paulo Diniz, que em 1972 musicou um poema brasileiro que toca profundamente o tema do pertencimento — ainda que de forma sutil, existencial.
É “José”, de Carlos Drummond de Andrade. Embora o poema trate do vazio e da perda de sentido, ele ecoa justamente a falta de pertencimento, a ausência de um lugar no mundo. É um retrato do que acontece quando nos sentimos desencaixados da vida e dos outros.
O final do poema — “José, pra onde?” — é um grito silencioso de quem não pertence mais a lugar nenhum. Um homem perdido, deslocado, em busca de sentido, de conexão, de uma tribo. De alguém que o veja.
E, veja que ironia bonita: ao cantar sobre a dor de não pertencer, Paulo Diniz nos fez sentir parte de alguma coisa. Nos fez perceber que, se todos já fomos “José” em algum momento… então não estamos sozinhos.
Vamos então ao nosso momento do convite?
Hoje, em vez de pedir que você se torne um assinante, quero te convidar a pertencer. Eu criei um espaço chamado MLA – Master Life Administration. Não é curso. Não é mentoria. Não é clube de autoajuda. É um círculo de honra e pertencimento.
Um grupo de pessoas que, como você, estão cansadas da superficialidade, da gritaria vazia, da solidão em meio à multidão. Do se motrar por se mostrar. Gente com história, com cicatriz, com propósito. Gente comprometida, que quer parar de correr em círculos… e começar a caminhar com sentido. No MLA, a troca é verdadeira. A escuta é ativa. Os egos ficam da porta para fora. E o que permanece… é você, inteiro.
Se isso fez sentido pra você, entre agora em mundocafebrasil.com e descubra como participar.
Porque em tempos rasos, profundidade é rebeldia.
E pertencer de verdade… é revolucionário.
A palo seco
Belchior
Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos, lhe direi
Amigo, eu me desesperava
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em ’73
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente, eu grito em português
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente, eu grito em português
Tenho vinte e cinco anos
De sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino
Ah você sabe e eu tambem sei
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em ’73
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês
Sei que assim falando, pensas
Que esse desespero é moda em ’76
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês
E é assim, ao som do clássico de Belchior A PALO SECO, na voz de Ednardo, que vamos saindo… pensativos.
Belchior, em “A Palo Seco”, canta sobre identidade, desencaixe e busca por pertencimento. Ele se declara à margem, incompreendido, mas com desejo profundo de viver com liberdade e ser reconhecido. Ao dar voz ao excluído, cria pertencimento por representatividade.
Essa gravação de “A Palo Seco” por Ednardo é um daqueles momentos raros em que uma canção ganha vida nova sem perder a alma da original. Foi lançada em 1973, no disco “O Romance do Pavão Mysteriozo”, a versão de Ednardo foi responsável por apresentar Belchior ao grande público, antes mesmo que o próprio Belchior a gravasse em disco solo.
Muito bem. No começo deste episódio, eu falei de um homem perdido.
Um sujeito que tinha tudo no lugar: o emprego, o apartamento, os móveis combinando… mas por dentro, era vazio. Um homem anestesiado, dormindo de olhos abertos, esperando que a vida finalmente começasse.
E tudo muda quando ele encontra um lugar onde pode simplesmente ser. Onde ele não precisa informar, nem fingir, nem vender nada. Só precisa sentar. Ouvir. Falar. Ser.
No Clube da Luta, aquilo que parecia loucura… era, no fundo, busca por pertencimento.
Pois é. Talvez a maior pancadaria do filme não tenha sido entre os personagens. Mas entre o que a gente mostra e o que a gente sente. Entre o personagem que vive lá fora e a pessoa que habita aqui dentro.
Hoje, falamos sobre isso. Sobre a dor de não caber. Sobre a solidão em meio à multidão. Sobre a beleza — e a coragem — de construir o seu próprio lugar no mundo, e depois, generosamente, abrir espaço para que outros possam pertencer também.
E no final, quando a poeira baixa e o último round termina… a gente entende:
Pertencer de verdade nunca foi sobre encontrar o grupo certo.
Foi sempre sobre encontrar a si mesmo.
E lembre-se: na livrariacafebrasil temos mais de 15 mil títulos muito especiais, para quem quer conteúdo que preste! mundocafebrasil.com.
O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.
De onde veio este programa tem muito, muito, muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. Cara, e eu acho que eu estou bom nisso, já tenho mais de mil e duzentas no currículo. Conheça os temas que eu abordo também no mundocafebrasil.com.
Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.
Para terminar, uma frase do escritor norte americano Ralph Waldo Emerson
“Ser você mesmo num mundo que está constantemente tentando fazer de você outra coisa é a maior das conquistas.”