Café Brasil 977 – Reconhecendo Padrões

No filme Uma Mente Brilhante que Ron Howard dirigiu em 2001, Russel Crowe faz o papel do matemático John Nash. Nash desenvolveu contribuições fundamentais para a teoria dos jogos e passou grande parte da vida lidando com esquizofrenia paranoide. É uma belíssima narrativa sobre genialidade, padrão, loucura e redenção.

No filme há uma cena num bar…

Nash observa um grupo de mulheres. A mais bonita chama a atenção de todos — claro. Mas, de repente, Nash tem um estalo: se todos forem atrás da loira, todos perdem. Mas se cada um escolher uma das amigas menos visadas… todos saem ganhando.

Pois é. Não é só sobre paquera. É sobre reconhecer um padrão invisível de competição — e propor uma estratégia que ninguém viu.

E ali, naquele bar, nasceu a Teoria dos Jogos.

A Teoria dos Jogos é uma maneira de estudar como as pessoas tomam decisões quando estão numa situação em que o que elas escolhem afeta os outros — e o que os outros escolhem também afeta elas.

É como se fosse um jogo: cada jogador escolhe uma estratégia tentando ganhar, mas o resultado depende do que todos fazem, não só dele.

Por exemplo:

Se dois amigos vão decidir juntos onde comer, cada um tem uma preferência. Eles podem brigar, ceder ou negociar. A Teoria dos Jogos ajuda a entender qual decisão cada um pode tomar, pensando no que o outro provavelmente vai fazer.

No fundo, é um jeito de entender como as pessoas cooperam, competem ou enganam umas às outras em situações do dia a dia — desde jogos de tabuleiro até política, guerra, negócios ou… paqueras em um bar

Vivemos num mundo que, de tão cheio de informação, mais parece um liquidificador sem tampa. Tudo ao mesmo tempo, tudo misturado. Decidir bem, pensar claro, entender o que realmente importa… virou luxo.

Mas existe um talento silencioso, quase invisível, que separa os bons dos brilhantes. Um talento que começa lá atrás, quando uma criança aponta no livrinho e diz: “olha, esse é igual aquele!” Exatamente o que John Nash praticou naquele bar.

Hoje vamos falar do reconhecimento de padrões — a arte de enxergar além do óbvio, de encontrar sentido no meio da bagunça, de fazer escolhas com base naquilo que já está diante dos olhos… mas que só alguns conseguem ver.

Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar? 

Tem coisa que a gente faz no piloto automático e nem percebe o quanto é poderosa. O reconhecimento de padrões é uma dessas. Talvez seja o modelo mental mais importante de todos os que carregamos no bolso da mente. É ele que nos permite entender um mundo que, convenhamos, é um baita emaranhado de informações, sinais e ruídos. Desde os instintos mais primitivos até aqueles insights brilhantes que parecem cair do céu, tudo passa por essa habilidade: ver ordem no caos.

Reconhecer padrões é o que o cérebro faz de melhor quando identifica repetições, tendências ou conexões em dados, experiências e informações. É quando a gente transforma confusão em clareza. Lembra de quando seu primeiro filho ainda era bebê? Mergulhado nos livrinhos infantis, apontando “coisas iguais”? Pois é, ele já estava treinando o cérebro para reconhecer padrões.

O poder desse modelo mental está justamente na sua amplitude. Ele atua tanto de forma inconsciente quanto consciente. Quando você reconhece o rosto de um amigo no meio da multidão, é o reconhecimento de padrões agindo rápido, sem pedir licença. Mas quando você nota que as vendas da sua empresa sempre sobem em determinados meses, aí já é o lado analítico entrando em cena. Essa flexibilidade faz do reconhecimento de padrões uma ferramenta essencial pra lidar com tudo que a vida joga na nossa direção.

Lá atrás, na pré-história, a habilidade de reconhecer padrões era uma questão de vida ou morte. Quem percebia que certos sons significavam a aproximação de um predador, que determinadas nuvens anunciavam chuva, ou que fulano sempre agia estranho antes de aprontar alguma coisa, tinha mais chances de sobreviver. Hoje, a lógica continua, só que adaptada: a gente reconhece padrões no mercado financeiro, nas redes sociais, no comportamento das pessoas ao nosso redor.

A beleza disso tudo é que essa habilidade é natural, mas também pode ser desenvolvida. Ou seja, nascemos com um radar, mas podemos ajustá-lo, deixar mais fino, mais preciso. Com treino e prática, vamos ficando craques nisso. É por isso que o reconhecimento de padrões é uma base sólida pra quem quer tomar decisões inteligentes, com mais confiança e menos chute.

Mas, essa história de reconhecer padrões não é só coisa de filósofo ou empreendedor esperto, não. Ela está literalmente escrita no nosso cérebro. Toda vez que você recebe uma informação nova, o seu cérebro dá um jeito de compará-la com alguma coisa que já viu antes. Tudo isso acontece em segundos — às vezes milésimos —, antes mesmo de você pensar conscientemente a respeito. É como se fosse um jogo de memória em alta velocidade.

A neurociência mostra que essa habilidade envolve várias áreas do cérebro trabalhando juntas. O córtex visual cuida dos padrões que vemos. O lobo temporal entra em ação quando o padrão é sonoro ou de linguagem. E o córtex pré-frontal, esse é o maestro da orquestra — combina tudo com experiências anteriores. No fim das contas, é um sistema distribuído que consegue, por exemplo, te fazer perceber a entonação de uma frase enquanto reconhece a expressão no rosto de quem fala. Tudo ao mesmo tempo.

Existem três tipos principais de padrões que nosso cérebro adora identificar:

  • Padrões Espaciais – Coisas que têm a ver com o espaço físico. Tipo rostos, constelações, formas geométricas.
  • Padrões Temporais – Sequências ao longo do tempo. Como a melodia de uma música, o ritmo de uma conversa ou as oscilações do mercado.
  • Padrões Conceituais – Esses são mais abstratos. Relações entre ideias, como temas literários, conceitos matemáticos ou estratégias empresariais.

E tem um ponto fundamental aqui: quanto mais experiência você acumula, mais afiado fica esse radar. O cérebro aprende a reconhecer padrões com base na repetição. É como criar trilhas mentais. Quanto mais você caminha por um determinado tipo de situação, mais rápido identifica os sinais. Por isso que o especialista enxerga o que o iniciante nem percebe. Pega um mestre de xadrez, por exemplo. Ele não fica analisando movimento por movimento. Ele vê o tabuleiro como um conjunto de padrões que já viu mil vezes antes — e sabe exatamente o que fazer.

É aí que entra uma dinâmica poderosa: a interação entre o reconhecimento intuitivo e o analítico.

Metáfora
Gilberto Gil

Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: lata
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: meta
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo, nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha a caber o incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora
Uma lata existe para conter algo
Mas quando o poeta diz: lata
Pode estar querendo dizer o incontível
Uma meta existe para ser um alvo
Mas quando o poeta diz: meta
Pode estar querendo dizer o inatingível
Por isso, não se meta a exigir do poeta
Que determine o conteúdo em sua lata
Na lata do poeta tudo, nada cabe
Pois ao poeta cabe fazer
Com que na lata venha a caber o incabível
Deixe a meta do poeta, não discuta
Deixe a sua meta fora da disputa
Meta dentro e fora, lata absoluta
Deixe-a simplesmente metáfora

Olha aí, cara! Esse é Gilberto Gil com sua Metáfora, canção que fala sobre camadas de significado — entender o que está além da superfície. Pura interpretação de padrões linguísticos e poéticos…

Vamos ver então sobre a interação entre o reconhecimento intuitivo e o analítico?

  • O intuitivo é aquele que acontece no susto, na hora, sem pensar muito. Ideal pra decisões rápidas, quando o tempo é curto. Tipo: “Já vi esse tipo de negócio antes… e deu certo.”
  • O analítico exige mais esforço. É quando você para, pensa, mede, calcula. “Deixa eu olhar com calma esses relatórios trimestrais e ver se essa tendência se sustenta.”

Essa ideia de dois sistemas, um rápido e um devagar, é a base do pensamento do Daniel Kahneman — o psicólogo que botou fogo no mundo dos economistas com essa abordagem.

Saber como esses dois sistemas funcionam — e quando usar cada um — faz uma baita diferença na hora de tomar decisões. Reconhecer padrões é mais do que uma habilidade. É uma forma de navegar pela complexidade da vida sem naufragar.

“Bom dia, boa tarde, boa noite, Luciano. Aqui é o Klebson, seu amigo do Canadá, você nunca viu, diretamente aqui do Quebec. E eu passei um tempo sem mandar mensagens, porque eu estava no Reino Unido, e aí eu fui para o Brasil passar as férias, Luciano, e voltei agora aqui para o Quebec.

E esse é o motivo de eu estar mandando esse áudio, porque as coisas que eu vi no Brasil nesses três meses de férias que eu passei aí. E Luciano foi muito chocante, porque eu saí em meados de 2022, antes das eleições, e aí eu volto três anos depois, e vou até falar uma coisa, uma obviedade aqui. Os preços dos alimentos estão muito caros, há um senso de comodismo, um senso de fatalismo enorme, coisas que eu comia no dia a dia custavam R$1,50, R$1,75, agora custam R$4.

E eu fiquei muito chocado com a apatia das pessoas em aceitar esse tipo de coisa. Não estou dizendo que é culpa dos empresários ou culpa do sistema de produção, mas a avalanche de imposto que esse governo socialista impôs sobre a população. E a apatia das pessoas, ao aceitarem isso, sabe, em Florianópolis, da onde eu venho, a passagem está quase R$ 6. E houve um tempo em que a passagem era 1,75 e 1,50 e eu fiquei chocado, sabe? As pessoas, ah não, é assim mesmo, porra, é assim mesmo, sério?

Então é isso, Luciano, é esse meu recado, eu fiquei bastante chocado e estou bastante desapontado com esse país que eu nasci. Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca e vai chegar o dia em que as pessoas vão despertar pra isso, não é possível, cara, que seja legal você viver na pobreza pra sempre, né?

Eu acho que o Platão falava isso, né? O ruim não é você nascer pobre, o ruim é você gostar da pobreza e permanecer nela e não fazer nada pra sair dela, sabe?

Então, é isso, é duas coisas que o brasileiro precisa fazer. É fazer o oposto do que tá fazendo hoje, principalmente no que tange à política e trazer o imperador de volta.

A República, ela fracassou, ela fracassa no momento e fracassará no futuro. O único jeito de trazer a estabilidade política que o Brasil precisa é trazendo a família real de volta ao poder. Ao poder com a assistência do parlamento, né? Não é como esses imbecis burros aí acham que é o absolutismo, não é isso.

Então, desculpa pelo áudio grande, Luciano, tava muito tempo sem mandar áudio aqui, mas eu acho importante que outras pessoas ouçam isso, né? É como Cristo fala, né? É a mensagem, né? A mensagem é mais importante, mesmo que vinte mil pessoas não ouçam, se duas ou três ouvem e passam pra frente, já o movimento começa daí.

E eu falo o Cristo fala porque ele tá vivo entre nós hoje. As palavras dele vivem entre nós, enquanto ele viver entre nós, ele não tá morto.

E é isso Luciano, muito obrigado por tudo, vocês são excelentes, gosto muito de você. Já é clichê falar tudo isso, mas vende mais por humano sentimento.

Grande abraço aqui do Quebec, tudo de bom.”

Grande Klebson, você tá virando sócio do Café Brasil. Deve ter uns quatro comentários já publicados. E como a turma não manda mais comentários, eu vou aproveitando quem manda. E quero te enviar um e-book de presente. Dá um alô pra gente lá no WhatsApp pra eu mandar pra você, tá bom?

Olha, o que você viu no Brasil — preços explodindo, apatia crescente, é aquele “é assim mesmo” virando regra, cara — é um padrão. Mas daqueles perigosos, que se instalam devagar e se disfarçam de normalidade. Quando a sociedade para de enxergar os sinais, ela se adapta à tragédia como se fosse rotina. Reconhecer esse padrão de resignação é o primeiro passo pra quebrá-lo. Porque só quem vê o ciclo tem chance de interrompê-lo. O pior não é a crise — é aceitar a crise como destino. Obrigado pelo alerta direto do frio de Quebec.

Cara, você já pensou em ter um negócio funcionando 24 horas por dia, hein? Uma adega autônoma que você instala nteo condomínio sem precisar de funcionários, entregando vinhos top na temperatura ideal? E o melhor, tudo controlado pelo celular,  com margem de 80% por venda.

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A gente costuma imaginar que especialistas são aquelas pessoas que sentam, cruzam os braços, franzem a testa e analisam todas as possibilidades como se fossem computadores superdotados. Mas a verdade é bem diferente disso.

O psicólogo Gary Klein fez um trabalho brilhante mostrando que, em situações reais, especialistas raramente ficam ponderando mil alternativas. Eles tomam decisões com base numa coisa que ele chamou de Tomada de Decisão Baseada em Reconhecimento. Ou seja: eles olham para a situação e dizem, quase sem pensar — “Já vi isso antes. Eu sei o que fazer.”

Funciona assim:

  1. Eles percebem que a situação se parece com alguma que já enfrentaram.
  2. Já sabem o que é possível esperar dali e o que merece atenção.
  3. Conseguem prever o que pode acontecer a seguir.
  4. E então escolhem uma ação que funcionou bem em casos parecidos no passado.

Rápido. Eficiente. E, muitas vezes, salvador.

Uma vez, eu cheguei no local onde a empresa ia realizar um lançamento de produtos, para ver como estavam as instalações. Me acompanhavam alguns dos promotores. Entrei na sala e imediatamente vi uma pilha de embalagens num canto. Sem pensar duas vezes já fui ordenando: “Tire aquela pilha dali, coloque aqui, mude aquela luz para lá, troque o banner de lugar…”.

Surpreso com o resultado das mudanças que eu ordenei, um dos promotores virou pra mim e disse: “Mas como é que você já vai direto nas coisas que tem de ser corrigidas, hein?”

Reconhecimento de padrões.

A diferença entre o olhar de um novato e o de um veterano é gritante. O iniciante vê pedaços soltos: uma peça aqui, outra ali. O veterano vê o jogo completo. O iniciante observa o que está diante dos olhos. O especialista enxerga relações invisíveis, forças em movimento, estratégias possíveis.

É por isso que a experiência conta tanto. Não dá pra ensinar isso num slide de PowerPoint. É prática, tentativa, erro, repetição. O especialista construiu uma biblioteca interna de padrões. Um repertório de situações que vira um GPS interno.

E isso vale pra tudo:

  • Nos Negócios: Investidores espertos reconhecem os sinais do mercado — oportunidades, riscos e  ciclos.
  • Na Medicina: Bons médicos ligam os pontos entre sintomas que, pra outros, pareceriam desconexos.
  • Nos Esportes: Um grande jogador antecipa o movimento do adversário porque já “viu esse filme” muitas vezes.
  • Na Liderança: Um bom gestor percebe mudanças sutis na equipe, nos humores, nos sinais que indicam que algo está fora do eixo.

Treinar essa habilidade não é luxo, é necessidade. Num mundo em que tudo muda o tempo todo, quem reconhece padrões toma decisões melhores — e mais rápido.

Agora… nem tudo são flores.

Essa habilidade que nos ajuda tanto também tem suas armadilhas. Porque o cérebro, esse bicho ansioso por sentido, às vezes enxerga padrão onde não tem. E aí, meu amigo, o tombo pode ser feio.

Veja algumas armadilhas clássicas:

  • Ver padrão onde não existe: É a famosa apofenia. É quando alguém vê um rosto numa nuvem, acha que três vitórias seguidas no jogo são sinal de “maré de sorte”, ou encontra uma “conspiração” em meia dúzia de coincidências.
  • Forçar o padrão errado na situação errada: Sabe aquele executivo que tenta aplicar a mesma fórmula de sucesso de uma empresa em outra completamente diferente — e quebra a cara? Pois é. Padrão mal encaixado.
  • Viés de confirmação: Uma vez que a gente acha que viu um padrão, começa a procurar só aquilo que confirma nossa impressão, e ignora o que contradiz. Resultado? Continuamos vendo o que queremos, não o que é.
  • E por fim, tirar conclusões com base em dados demais… ou de menos: A mente humana adora completar o quebra-cabeça com só três peças. Mas aí vem a ilusão — a gente acredita que entendeu tudo com base em quase nada.

Voê quer um exemplo clássico?

Pensa num investidor amador. Ele compra três ações de empresas de tecnologia, e todas sobem após lançarem novos produtos. Pronto: criou um “padrão”. Na próxima vez que ouvir falar de um lançamento, ele investe pesado. E perde tudo — porque o padrão que ele achava ter visto era só coincidência. Não era regra. Era ruído.

Mas então, como é que a gente se protege disso?

  • Procure evidências contrárias: Em vez de reforçar sua crença, tente desmontá-la.
  • Teste previsões: Um padrão de verdade tem que se repetir. Se não se sustenta, era ilusão.
  • Considere outras explicações: Pergunte assim: será que o que estou vendo pode ter outra causa?
  • Use estatística com responsabilidade: Às vezes a diferença entre um padrão e uma coincidência está num simples teste de probabilidade.

Reconhecer essas armadilhas é essencial. Porque, no fundo, reconhecer padrões é confiar na sua intuição. Mas é uma intuição que precisa ser temperada com ceticismo, experiência e curiosidade.

Às vezes, vale mais duvidar do padrão do que apostar nele.

Muito bem,  se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Vou falar como é que você faz para ficar bom no reconhecimento de padrões.

Se você não é assinante, vai perder essa, cara, vamos então para a reta final do programa.


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Muito bem. Tudo isso pode até parecer teórico demais, mas a verdade é que o reconhecimento de padrões está por trás de quase tudo que funciona bem no mundo real. É ele que separa o “achismo” do raciocínio afiado, o improviso do instinto treinado.

Nos Negócios e Investimentos, por exemplo. Vamos começar com grana. Ray Dalio, fundador da Bridgewater Associates, construiu o maior fundo de hedge do planeta com uma obsessão: reconhecer padrões econômicos que se repetem ao longo da história. Ele criou um sistema baseado em regras que identifica padrões “atemporais e universais”. Foi esse sistema que permitiu à Bridgewater prever e se preparar para a crise financeira de 2008, enquanto todo mundo estava distraído.

Você quer outro exemplo? Jeff Bezos. Lá nos anos 90, quando a maioria achava que a internet era moda passageira, ele enxergou o padrão do crescimento exponencial no uso da rede. Fundou a Amazon baseado nesse padrão — e o resto é história.

Na Aprendizagem e Aquisição de Habilidades. Os melhores aprendizes não decoram, eles conectam. Eles enxergam padrões por trás dos conteúdos. É por isso que, em qualquer área, quem domina o “porquê” aprende muito mais do que quem só repete o “como”.

Josh Waitzkin, aquele menino prodígio do xadrez (o do filme Em Busca de Bobby Fischer), virou um campeão de tai chi e depois mestre em jiu-jitsu brasileiro. Como? Aprendendo a reconhecer padrões essenciais que atravessam diferentes áreas. Técnica importa, mas padrão profundo é o que transforma talento em excelência.

Também na Resolução de Problemas e Inovação. A inovação, muitas vezes, nasce do olho treinado que enxerga um padrão onde ninguém mais vê.

George de Mestral, por exemplo, saiu pra caminhar com o cachorro e notou que uns carrapichos grudavam com facilidade no pelo. Em vez de só reclamar, ele investigou. E dessa observação nasceu o velcro — uma das invenções mais usadas do século.

Outro exemplo: Francisco Canindé Palhano, que nos anos 1980 trabalhava numa empresa de bebidas no interior de São Paulo. Observando o padrão de consumo das crianças e a dificuldade que elas tinham para abrir garrafas com tampa rosqueável, ele percebeu um comportamento recorrente: os pequenos espremiam as embalagens de forma instintiva. A partir disso, desenvolveu a embalagem plástica espremível com lacre, que hoje é padrão em sucos e refrigerantes infantis.

E no Pensamento Estratégico, hein? Quer entender por que líderes, militares, CEOs e até jogadores de pôquer fazem o que fazem? Reconhecimento de padrões. Eles observam o comportamento dos outros, juntam peças, identificam tendências escondidas — e agem com base nisso.

O bom estrategista não prevê o futuro. Ele reconhece padrões do passado e do presente que apontam para prováveis futuros.

Reconhecimento de padrões não é uma habilidade qualquer. É uma lente. Um filtro através do qual enxergamos, interpretamos e reagimos ao mundo. E como toda lente, ela pode estar limpa… ou embaçada. Enxergar bem depende de manter essa lente afiada, ajustada, calibrada.

Quem domina essa arte sabe que o trabalho nunca acaba. Porque o mundo muda, os contextos mudam, e os padrões também. O que ontem fazia sentido, hoje pode ser armadilha.

Os grandes reconhecedores de padrões compartilham algumas características que não têm nada a ver com QI ou diploma:

  • São eternamente curiosos – Não param de alimentar sua biblioteca interna de experiências. Tudo é material. Tudo é pista.
  • Eles têm confiança, mas também humildade – Sabem quando confiar no faro, mas também quando dizer “peraí, será que tô vendo demais?”.
  • Usam vários modelos mentais juntos – Não apostam tudo numa só ideia. Misturam lógica, experiência, intuição e método.
  • Eles cuidam do próprio pensamento – Reconhecem que, como um músculo, essa capacidade exige manutenção, prática, revisão constante.

Você quer melhorar nisso?

Comece a prestar atenção no que você vê com facilidade — e no que você não vê. Observe os padrões saltam aos seus olhos, e também os que você só percebe depois que alguém aponta. Expanda sua zona de conforto. Vá além do seu repertório habitual. E mais: pratique explicar os padrões que percebe. Dizer em voz alta. Nomear. Compartilhar. Isso dá forma e peso àquilo que, de outro modo, fica solto na cabeça.

Vamos então ao nosso merchan? O Café Brasil é uma produção independente, sem ligação com sites poderosos, com editoras, com milionários, com bilionários, com jornais, com qualquer organização poderosa. Aqui é nóis por nóis, nóis e ocês.

Sem você a gente não consegue ir muito longe, né? A gente precisa muito de quem gosta do nosso trabalho, mas que faça mais do que simplesmente ouvir e dar tapinhas nas costas, dizer muito bem. Não cara, vai além. 

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Cotidiano
Chico Buarque

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pr’o jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pr’eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr’eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã

Todo dia ela diz que é pr’eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher
Diz que está me esperando pr’o jantar
E me beija com a boca de café

Todo dia eu só penso em poder parar
Meio-dia eu só penso em dizer não
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão

Seis da tarde como era de se esperar
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão

Toda noite ela diz pr’eu não me afastar
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr’eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor

E é assim, ao som do clássico de Chico Buarque Cotidiano, que vamos saindo inspirados.

Chico mostra como o reconhecimento de padrões está presente nos relacionamentos. A rotina repetitiva do casal (“todo dia ela faz tudo sempre igual”) revela um padrão de comportamento que, no início, transmite segurança. Mas, com o tempo, esse mesmo padrão vira tédio e desconexão. A música ensina que padrões ajudam a entender a vida — mas, quando vividos sem consciência, podem sufocar.

Lembre-se: o reconhecimento de padrões opera numa faixa que vai da intuição inconsciente até a análise racional deliberada. Saber quando confiar em cada uma dessas pontas é sabedoria aplicada.

E nestes tempos em que a informação transborda e o ruído é ensurdecedor, o mundo fala por padrões. Reconhecê-los é o primeiro passo pra decidir bem, pensar melhor e viver com mais clareza.

Sabe quem te ajuda isso? É nóis aqui ó. No Café Brasil. mundocafebrasil.com.

E lembre-se: na livrariacafebrasil temos mais de 15 mil títulos muito especiais, que vão ajudar você a ampliar o seu repertório, conteúdo que presta! mundocafebrasil.com.

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

De onde veio este programa tem muito, muito, muito muito, muito mais. E se você gosta do podcast, então imagine só, eu fazendo uma palestra ao vivo, pra você, pra tua equipe. Já são mais de mil e duzentas no currículo. Eu já reconheci os padrões, eu já aprendi como é que faz.

Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com.

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Para terminar, uma frase de George Eliot, pseudônimo da escritora britânica Mary Ann Evans.

“Todos os significados, sabemos, dependem da chave da interpretação.”