Café Brasil 975 – O mercado não perdoa

O mercado, em sua essência, é uma arena de escolhas, concorrência e resultados. Porém, em uma sociedade cada vez mais movida por ideologias que buscam justificar a desigualdade econômica com base em falácias sobre o sistema, é fundamental resgatar os princípios de liberdade e responsabilidade individual. Este episódio foi inspirado por um artigo de Natália Beauty na Folha de São Paulo. Natália é uma empreendedora raiz a soltou os cachorros num texto que maravilhou os empreendedores e horrorizou os chupins. Vamos mostrar esse artigo e também trazer as ideias de Ayn Rand e Milton Friedman, dois dos pensadores mais influentes do pensamento econômico liberal, que oferecem uma base sólida para entender porque o mercado não é, nem deve ser, uma espécie de projeto social. Ao unir as perspectivas de ambos, podemos repensar a relação entre o indivíduo, o mercado e o papel do estado na vida econômica.

Vamos começar com a leitura do artigo que inspirou este episódio. Chama-se O Mercado não é um projeto social, foi escrito, de novo, pela influenciadora digital e empreendedora no ramo da estética Natália Beauty.

Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

Natália diz assim:

“Tem gente que acredita que o mundo dos negócios é uma espécie de ONG disfarçada. Que o investidor tem a obrigação de financiar seus sonhos. Que o sucesso alheio é ofensivo. Que a desigualdade é uma desculpa pronta para a explicação do fracasso próprio.

Mas aqui vai uma notícia: ninguém te deve nada. O mercado não liga para sua história, sua origem ou sua dor. O mercado quer resultado. E ponto.

Enquanto uns perdem tempo culpando o sistema, tem gente lá fora acordando às 5h, estudando, errando, tentando de novo, se reinventando e, claro, vencendo. Não porque nasceram ricos. Mas porque decidiram parar de reclamar e começar a agir. Gente que entende que a vida não tem botão de feedback social, tem entrega.

O problema não é a falta de oportunidade. É o excesso de narrativa. Todo mundo quer palco, holofote e reconhecimento, mas poucos estão querendo ralar no escuro, sem aplauso, até fazer acontecer. Vivemos uma epidemia de profissionais indignados que acreditam que basta levantar uma hashtag para abrir portas.

E agora virou moda colocar a culpa no “empreendedorismo tóxico”, como se buscar lucro fosse pecado e o risco não fosse parte do jogo. Querem startup com propósito, impacto social, governança ESG, representatividade e lacração, mas esquecem que, sem lucro, ninguém paga nem o cafezinho do coworking.

E o que dizer da nova geração que exige tudo: home office, equilíbrio, plano de carreira, acolhimento emocional e um CNPJ? Empreender não é pedir permissão ao mundo, é bancar decisões impopulares, lidar com a solidão e, às vezes, tomar pancada calado.

Não existe cenário ideal para empreender. Existe coragem. Existe resiliência. Existe quem não espera o convite e constrói o próprio palco. Existe quem não precisa que o mercado o aceite porque se impõe com competência

O empreendedor raiz entende que as regras são duras, mas são as mesmas para todos que decidem jogar sério. Quem performa, sobe. Quem aguenta, lidera. Mas quem terceiriza responsabilidade cancela no X (ex-Twitter) e vive na bolha do engajamento vazio.

É fácil apontar os erros do sistema. Difícil é fazer melhor mesmo com o sistema contra. E, aqui vai um spoiler: tem muita gente fazendo. Tem mulher que venceu. Tem negro que prosperou. Tem pobre que escalou. Mas eles não estão ocupados chorando, ao contrário, estão ocupados faturando.

O sucesso não veio porque o mundo foi gentil com eles. Veio porque eles ignoraram as vozes que diziam “você não pode” e foram lá fazer. Foram rejeitados, desacreditados, sabotados, e ainda assim continuaram. Enquanto isso, outros preferem o conforto de culpar o algoritmo, o racismo estrutural, o patriarcado, o horóscopo e o vizinho.

Quer mudar de vida? Para de esperar que o governo resolva, que a empresa te acolha, que o investidor te salve. Arregaça as mangas. Aprende. Testa. Fatura. Cresça. Ou aceita que você só quer viver e se alimentar da reclamação.

A vida real não passa no feed. Passa nos boletos pagos, nas metas batidas, nos tombos superados.

O mercado não é um projeto social. E sucesso não é sorte, é consequência. Sempre foi. E sempre será.”

Que tal o texto da Natália, hein? Te deixou nervoso? Ou extasiado? Nenhum dos dois?

Bem, vamos então tratar do O Mercado e a Liberdade Individual. Mas antes,que tal ouvir a voz do ouvinte, hein?

“Bom dia, boa tarde, boa noite, Luciano. Eu sou Francisco, falo de Jaguariúna, e sou um ouvinte do Café Brasil e, obviamente, do Líder Cast.

Aí, eu estava sempre, estou ali no Spotify, ouvindo as entrevistas, e eis que me cai a entrevista no Líder Cast 070, que é uma entrevista que foi feita em 2023, e que você fez uma revisita, e aí o algoritmo trouxe pra gente.

Confesso que foi uma pena eu não ter ouvido antes, mas, enfim. No início, você avisa ainda que é um podcast de três horas, mas que vai valer a pena. Eu pensei, ok, Luciano tem muito crédito, vamos ver o que se trata.

As três horas foram pouco para ouvir tudo que vinha pela frente. Eu estava ouvindo, acho que um pouco mais de uma hora e meia, tive que parar, mas confesso que fiquei ansioso para retomar e continuar ouvindo o que estava se desenrolando ali no podcast.

Alexandre tem uma característica que poucos têm de te colocar na conversa, ilustrar o papo com uma simplicidade potente que não te permite respirar. À medida que vai avançando na sua história de vida, ele vai nos dando tantas lições de valores morais, amor próprio, amor pelo outro, que em determinados momentos, assim como você disse, eu me senti pequenino e com certa vergonha de não ter feito certas visitas e não ter dito tudo aquilo que era importante dizer para aquela pessoa.

Enfim, nos faz entender que o presente é o agora. De lá para cá, a nossa sociedade somente ficou mais doente e precisamos de muitos Alexandres para que possamos humildemente sair desse buraco em que entramos. Ouvir o relato do encontro com a Marcela foi emocionante. Amor de outra vida? Talvez sim, quem sabe? Será isso realmente importante?

E o chefe que faz prato sem saber de onde veio todo o conhecimento. Deve ser dos novos órgãos. Enfim, existem linhas de pensamentos que dizem que nossos elétrons têm a capacidade de guardar todas as nossas experiências a qualquer tempo e passar para frente. Quem sabe isso possa explicar um pouco do que ouvimos. Espero que ele e a Marcela estejam bem.

Ah, um parêntesis: mais uma sincronicidade. Na semana passada, em São Paulo, nos encontramos  pela primeira vez, eu e Luciano. Foi muito legal, pudemos trocar, como diria aqui no interior, um dedo de prosa.

Então, um grande abraço a você e a toda a sua equipe. Francisco de Jaguariuna.”

Grande Francisco, aquele episódio com o Alexandre foi uma surpresa a cada segundo, cara. É uma história inspiradora e que tem impactado muita gente. Um sopro de motivação nestes tempos de conflitos e reclamações. Vamos pra cima, viu? Muito obrigado pelo comentário, foi um prazer encontrá-lo no evento da Board Academy!

Cara, você já pensou em ter um negócio funcionando 24 horas por dia, hein? Uma adega autônoma que você instala nteo condomínio sem precisar de funcionários, entregando vinhos top na temperatura ideal? E o melhor, tudo controlado pelo celular,  com margem de 80% por venda.

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Muito bem. Para Ayn Rand, uma filósofa que viveu nos Estados Unidos no século passado, o mercado não é um bicho-papão. Muito pelo contrário: ele é um reflexo daquilo que há de melhor no ser humano. E o que seria isso, hein? A vontade de criar, de trabalhar, de inventar, de resolver problemas — enfim, de construir alguma coisa com as próprias mãos e com a própria mente.

Ela criou uma filosofia chamada “Objetivismo”, que tem uma base simples e poderosa: o maior bem que uma pessoa pode buscar é a própria felicidade. Mas atenção: não é a felicidade do “faça o que quiser, dane-se o resto”. É a felicidade que vem da razão, do esforço, da responsabilidade. É aquela sensação de olhar pra trás e dizer: “isso aqui fui eu que fiz.”

Nesse pensamento, o mercado — essa engrenagem onde pessoas trocam bens, serviços, ideias e talentos — não deve ser visto como um mecanismo de “reparação social”, onde alguém distribui recompensas tentando equilibrar tudo na marra. O mercado, para Rand, é o espaço onde os indivíduos exercem sua liberdade. Onde cada um pode perseguir seus objetivos, desenvolver suas habilidades e colher os frutos do próprio trabalho.

Um exemplo simples: pense em um programador que cria um aplicativo para ajudar pessoas a estudarem melhor. Ele ganha dinheiro com isso. Mas ao mesmo tempo, centenas, milhares de pessoas se beneficiam com o que ele criou. Ele não estava tentando “salvar o mundo” — estava resolvendo um problema, sendo útil, e sendo recompensado por isso. Isso, para Ayn Rand, é o egoísmo racional: buscar o seu bem, de forma honesta, e no processo, ajudar os outros de forma indireta.

Ela dizia que quando o governo tenta assumir o papel de “salvador”, dizendo quem deve ganhar o quê, quem merece mais ou menos, e passa a controlar as trocas no mercado, ele mata a criatividade. Bloqueia a inovação. Em vez de incentivar as pessoas a produzirem, acaba acomodando algumas e punindo outras que se esforçam.

A ideia central aqui é provocadora: “não é a solidariedade forçada nem a mão pesada do Estado que movem a sociedade pra frente. É a liberdade.” É a autonomia das pessoas para pensarem, criarem, competirem de forma justa. E quando isso acontece, todo mundo ganha.

E não se trata de abandonar os outros à própria sorte. Se alguém quiser ajudar, ótimo — que o faça por escolha, não por obrigação. Porque, como Rand insistia, virtude não pode ser imposta.

Ou seja: ninguém tem o dever de garantir o seu sucesso. Mas você tem o direito de tentar, com todas as suas forças, e sem ninguém no seu caminho.

Como ela mesma dizia:

“Não peça a ninguém que viva por você, e não viva a vida de ninguém além da sua.”

Forte, né? Pois é. Pense nisso na próxima vez que alguém disser que lucro é coisa feia, ou que o mercado é injusto por natureza. Talvez o que falta não seja mais controle… mas mais liberdade para quem quer fazer a diferença.

Mas se Ayn Rand defendia a liberdade individual como motor da criatividade, Milton Friedman — um dos economistas mais respeitados do século 20 — pegava essa mesma tocha e corria com ela ainda mais longe. Em seu livro mais famoso, “Capitalismo e Liberdade”, ele bate firme numa tecla: o papel do governo deve ser mínimo — só o necessário para garantir que a liberdade individual e a propriedade privada estejam protegidas.

Ou seja, o governo está lá para garantir que as regras do jogo sejam claras e respeitadas. Mas ele não deve entrar no campo pra jogar junto, nem pra puxar time pra um lado ou outro. O árbitro não marca gol.

Friedman acreditava que o mercado, quando deixado livre, funciona como uma engrenagem poderosa que impulsiona o progresso. E o que move essa engrenagem? A busca pelo lucro. Sim, o tão demonizado lucro. Mas pra ele, lucro não era palavrão — era sinal de que alguém resolveu um problema, atendeu uma necessidade, criou valor pra outras pessoas.

Como no exemplo do programador que já falamos, todos saem ganhando. Isso é o lucro trabalhando como motor do progresso.

Agora, aqui vem o ponto mais espinhoso: Friedman não acreditava que o mercado devesse corrigir desigualdades. Isso, segundo ele, não é função do sistema econômico. O mercado não existe pra fazer “justiça social”. Ele é, simplesmente, uma plataforma onde as pessoas colocam seus talentos, seus produtos, suas ideias — e competem. Quem entrega mais valor, ganha mais. Quem não entrega, precisa se reinventar.

Difícil de engolir? Talvez. Mas ele argumentava o seguinte: tentar “consertar” o mercado à força, obrigando redistribuições ou impondo resultados iguais, acaba punindo justamente quem se esforça mais. É como se numa corrida, o juiz obrigasse todos a cruzarem a linha de chegada juntos, não importa quem correu melhor. Isso não é justiça — é distorção.

Friedman ia além. Dizia que colocar a responsabilidade do sucesso nas costas do governo é perigoso. A vida tem obstáculos? Tem. É injusta às vezes? Claro que é. Mas o que conta, no fim, é o quanto cada pessoa está disposta a se adaptar, aprender, cair e levantar. Não adianta esperar que alguém venha resgatar você do fracasso — talvez ninguém venha, cara.

Ele fazia questão de lembrar: o progresso de uma sociedade vem das decisões individuais de milhões de pessoas tentando melhorar de vida. E não de planos mirabolantes feitos por políticos em gabinetes.

Friedman era um provocador — daqueles que você pode até discordar, mas não consegue ignorar. E deixava uma mensagem que merece ser refletida com calma:

“Um sistema que coloca a igualdade à frente da liberdade não alcançará nenhuma das duas. Um sistema que coloca a liberdade em primeiro lugar alcançará um alto grau de ambas.”

Estamos entendidos até aqui?

Então pensa aí: você quer um mundo onde todos têm as mesmas chances de correr — ou um onde alguém decide quem merece vencer?

A resposta diz muito sobre o que você espera da vida.

Muito bem,  se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Eu vou falar das críticas às ideias de Ayn Rand e Milton Friedman sobre o livre mercado.   

Se você não é assinante, que pena, vamos para a reta final do programa.


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Muito se fala — e com razão — sobre os perigos da intervenção do Estado na economia. Milton Friedman já avisava: quando o governo se mete demais no mercado, tentando corrigir o que ele acha ser uma “falha”, geralmente ele cria outra, pior. E Ayn Rand já tinha mandado o recado: quanto mais controle, menos liberdade, menos inovação, menos progresso. Mas… e se eu te dissesse que o problema não está na interferência em si, mas na forma, no motivo e na dose?

Sim, meu caro, o Estado deve, em algumas circunstâncias, interferir no mercado. E dizer isso não é defender socialismo, nem comunismo, nem a farra dos subsídios. É reconhecer que liberdade sem limites é tão perigosa quanto controle absoluto.

Você quer ver?

Imagine um jogo de futebol onde os jogadores definem suas próprias regras no meio da partida. O juiz está lá só olhando. Aos poucos, um começa a usar a mão, outro resolve dar rasteira fora da bola, e quando você vê, não é mais futebol — virou vale-tudo. É aí que entra o papel do árbitro. Não pra decidir quem vai ganhar, mas pra garantir que o jogo continue sendo jogo.

Na economia é igual. O mercado é excelente para criar riqueza, alocar recursos, estimular a inovação. Mas sozinho, ele não tem coração. Ele não se preocupa com ética, com justiça ou com o que acontece com quem ficou pra trás. Ele segue a lógica do lucro — o que, aliás, é ótimo — mas precisa de limites pra que não vire terra de ninguém.

Por isso, sim, o Estado deve interferir em alguns lugares. Vamos ver onde:

  1. Para garantir concorrência justa.

Quando grandes empresas começam a formar cartéis ou monopólios, o mercado deixa de ser livre. O consumidor perde o poder de escolha, os preços sobem, a inovação desaparece. É por isso que existem leis antitruste, que proíbem práticas predatórias e garantem que ninguém fique grande demais pra quebrar.

  1. Para proteger os que não podem competir.

Uma criança de cinco anos não compete de igual pra igual com um adulto num mercado de trabalho. Nem um idoso doente, nem alguém com deficiência severa. O Estado entra aqui como o mínimo de proteção civilizatória, garantindo condições básicas pra essas pessoas viverem com dignidade. Isso não é esmola. É humanidade.

  1. Para corrigir externalidades.

Se uma empresa despeja veneno num rio pra baratear seu produto, o custo real não está na etiqueta: está na saúde das pessoas que vivem perto, na água contaminada, no hospital público sobrecarregado. É aí que o Estado deve atuar. Cobrando. Limitando. Regulando. Porque o mercado sozinho não leva esses custos em conta.

  1. Em momentos de crise.

Quando o mundo parou com a pandemia, não foi o mercado que garantiu respiradores, vacinas, hospitais. Foi o Estado. Em tempos de guerra, catástrofes naturais ou colapsos financeiros, é o Estado que assume o volante. Simplesmente porque só ele tem a escala, o braço e a autoridade para fazer o que precisa ser feito.

  1. Para investir no que não dá lucro imediato, mas constrói o futuro.

Educação básica. Saneamento. Pesquisa científica de longo prazo. Nenhum empresário vai botar dinheiro nisso se o retorno demorar 30 anos. Mas o Estado pode — e deve. Porque sem isso, o país não anda.

Agora, veja bem: tudo isso exige Estado forte, mas limitado. Um Estado que saiba o tamanho da própria perna. Que tenha competência, transparência e responsabilidade. Porque um Estado que interfere demais, vira babá. Um que não interfere nunca, vira cúmplice da barbárie.

A chave, como sempre, está no equilíbrio.

Entre liberdade e responsabilidade. Entre mercado e regulação. Entre o “deixa fazer” e o “isso aqui não pode”.

Interferir, sim. Mas com critério. Com propósito. Com ética.

Porque no fim das contas, o bom árbitro é aquele que ninguém percebe em campo, mas que todos sabem que está lá — pronto pra apitar quando o jogo ameaça virar bagunça.

Por falar em mercado, vamos ao nosso merchan? Você sabe que o Café Brasil é uma produção independente, sem ligação com sites poderosos, sem editoras. Cara, o único jeito da gente sobreviver é conseguir um anunciante ou então conseguir que você, como ouvinte que gosta do nosso trabalho, se torne um assinante.

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Freedom! ’90
George Michael

I won’t let you down
I will not give you up
Gotta have some faith in the sound
It’s the one good thing that I’ve got
I won’t let you down
So please don’t give me up
Because I would really, really love to stick around

Heaven knows I was just a young boy
Didn’t know what I wanted to be
I was every little hungry schoolgirl’s pride and joy
And I guess it was enough for me towin the race?
A prettier face!
Brand new clothes and a big fat place
On your rock and roll TV
But today the way I play the game is not the same
No way
Think I’m gonna get me some happy

I think there’s something you should know
I think it’s time I told you so
There’s something deep inside of me
There’s someone else I’ve got to be
Take back your picture in a frame
Take back your singing in the rain
I just hope you understand
Sometimes the clothes do not make the man

All we have to do now
Is take these lies
and make them true somehow
All we have to see
Is that I don’t belong to you
And you don’t belong to me

Freedom, freedom, freedom
You’ve gotta give for what you take
Freedom, freedom, freedom
You’ve gotta give for what you take

Heaven knows we sure had some fun boy
What a kick just a buddy and me
We had every big shot good-time band on the run boy
We were living in a fantasy
We won the race
Got out of the place
I went back home got a brand new face
For the boys on MTV
But today the way I play the game has got to change
Oh yeah
Now I’m gonna get myself happy

I think there’s something you should know
I think it’s time I stopped the show
There’s something deep inside of me
There’s someone I forgot to be
Take back your picture in a frame
Don’t think that I’ll be back again
I just hope you understand
Sometimes the clothes do not make the man

All we have to do now
Is take these lies
and make them true somehow
All we have to see
Is that I don’t belong to you
And you don’t belong to me

Freedom, freedom, freedom
You’ve gotta give for what you take
Freedom, freedom, freedom
You’ve gotta give for what you take

Well it looks like the road to heaven
But it feels like the road to hell
When I knew which side my bread was buttered
I took the knife as well
Posing for another picture
Everybody’s got to sell
But when you shake your ass
They notice fast
And some mistakes were built to last

That’s wat you geht
I say that’s what you get
That’s what you get for changing your mind

And after all this time
I just hope you understand
Sometimes the clothes do not make the man

I’ll hold on to my freedom
May not be what you want from me
Just the way it’s got to be
Lose the face now
I’ve got to live

Liberdade ’90

Eu não vou te decepcionar
Eu não vou desistir de você
Tem que ter um pouco de fé no som
É a única coisa boa que eu tenho
Eu não vou te decepcionar
Então por favor não desista de mim
Porque eu realmente gostaria de ficar por perto

O céu sabe que eu era apenas um garoto jovem
Não sabia o que eu queria ser
Eu era o orgulho e a alegria de cada garotinha da escola
E acho que era o suficiente pra mim vencer a corrida
Um rosto mais bonito
Roupas novas e um grande lugar
Na sua tv rock and roll
Mas hoje a maneira que eu jogo não é a mesma,
De jeito nenhum
Acho que vou me fazer um pouco feliz

Acho que tem algo que você deve saber
Acho que já é hora de te dizer
Há algo bem dentro de mim
Há outra pessoa que eu tenho que ser
Pegue de volta sua foto no porta-retrato
Pegue de volta sua cantoria na chuva
Só espero que você entenda
Às vezes as roupas não fazem o homem

Tudo que temos que fazer agora
É pegar estas mentiras
e transformá-las em verdade de algum jeito
Tudo que temos que ver
É que eu não pertenço a você
E você não pertence a mim

Liberdade, liberdade, liberdade
Você tem que dar pra ter o que quer
Liberdade, liberdade, liberdade
Você tem que dar pra ter o que quer

O céu sabe que nós nos divertimos, cara
Que legal só um amigo e eu
Nós tivemos cada banda da hora na ativa, cara
Estávamos vivendo uma fantasia
Nós ganhamos a corrida
Saímos daquele lugar
Voltei pra casa e tinha um rosto novo
Para os garotos da mtv
Mas hoje a maneira que eu jogo tem que mudar,
Oh sim
Acho que vou me fazer feliz

Acho que tem algo que você deve saber
Acho que já é hora de te dizer
Há algo bem dentro de mim
Há outra pessoa que eu esqueci de ser
Pegue de volta sua foto no porta-retrato
Não pense que eu voltarei de novo
Só espero que você entenda
Às vezes as roupas não fazem o homem

Tudo que temos que fazer agora
É pegar estas mentiras
E transformá-las em verdade de algum jeito
Tudo que temos que ver
É que eu não pertenço a você
E você não pertence a mim

Liberdade, liberdade, liberdade
Você tem que dar pra ter o que quer
Liberdade, liberdade, liberdade
Você tem que dar pra ter o que quer

Bem, parece a estrada para o paraíso
Mas eu sinto como se fosse a estrada pro inferno
Quando eu soube que o bicho ia pegar pra mim
Eu tomei controle da situação
Posando pra outra foto
Todos temos que vender
Mas quando você balança sua bunda
Eles notam rápido
E alguns erros foram feitos pra durar

É isso que você ganha
Eu disse que é isso que você ganha
É isso que você ganha por mudar sua mente

E depois de tanto tempo
Só espero que você entenda
Às vezes as roupas não fazem o homem

Vou me agarrar à minha liberdade
Pode não ser o que você quer de mim
É assim que tem que ser
Perdi o rosto e agora tenho que viver
(tenho que viver, tenho que viver)

Pronto! Esse é George Michael numa versão ao vivo de sua “Freedom! ’90”, que é um hino à liberdade conquistada com coragem, ao rompimento com a dependência da aprovação alheia, à construção de um caminho próprio — com todas as pedras e tombos que ele traz.

No fim, essa canção tem a mesma mensagem do episódio:

Ninguém te deve sucesso, cara. A liberdade existe — mas você precisa querer bancá-la.

Depois de ouvir o desabafo afiado da Natália Beauty, fica difícil não fazer a conexão com dois gigantes do pensamento liberal: Ayn Rand e Milton Friedman. Cada um a seu modo, eles defendem uma ideia que parece ter sido tatuada no texto dela: ninguém te deve nada. Nem o mercado. Nem o governo. Nem o algoritmo.

Natália, ao dizer que sucesso não é sorte, mas consequência, parece tirar as palavras da boca de Rand, que defendia o egoísmo racional como motor do progresso. A ideia de que cada indivíduo deve perseguir sua felicidade com esforço, com coragem, com consistência. E, principalmente, sem esperar aplauso nem aprovação. O mercado não quer seu drama. Ele quer o seu resultado.

Friedman, por sua vez, assentiria com aquele trecho em que Natália critica a nova geração que exige tudo, mas entrega pouco. Para ele, liberdade econômica é o direito de tentar — e fracassar. É a responsabilidade de lidar com as consequências das próprias escolhas, sem um governo protetor que tente, a todo momento, nivelar o campo de jogo com a régua do ressentimento.

Mas aqui está o ponto: o discurso da Natália pode parecer duro — e é. Mas talvez o incômodo que ele gera seja justamente o que a gente precisa sentir. Porque vivemos tempos em que culpar o sistema virou esporte nacional, cara. Onde a busca por validação substituiu a entrega. Onde narrativas têm mais força do que resultados.

Não se trata de romantizar o sofrimento e nem ignorar as desigualdades reais. Mas de reconhecer que o mercado não é uma ONG, nem uma terapia de grupo. É um campo de batalha. Nele, quem acorda cedo, estuda, trabalha, apanha, levanta e insiste, tem chance de construir algo. Quem espera que o sucesso venha com base em hashtags e indignações performáticas, vai continuar olhando da arquibancada.

No fim das contas, a provocação de Natália — assim como as ideias de Rand e Friedman — serve como lembrete: liberdade e responsabilidade andam juntas.  E se você não quiser as duas, vai acabar sem nenhuma.

Lembre-se então: na livrariacafebrasil temos mais de 15 mil títulos muito especiais, para quem quer conteúdo que preste! mundocafebrasil.com.

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

De onde veio este programa tem muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. Cara, eu já estou com mais de mil e duzentas no currículo. Conheça os temas que eu abordo também no mundocafebrasil.com. Leve uma palestra do Luciano Pires pra tua empresa. Depois me conta o que aconteceu.

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Pra terminar, aquela frase de Milton Friedman que eu disse lá atrás e que tem que ser repetida porque é uma porrada, cara:

“A sociedade que coloca a igualdade antes da liberdade acabará sem nenhuma das duas. A que coloca a liberdade em primeiro lugar alcançará um alto grau de ambas.”