Café Brasil 973 – A falsa equivalência

Vivemos tempos em que a urgência de parecer justo supera o compromisso com a verdade. Em nome de uma suposta equidade, comparamos o que não deveria ser comparado, nivelamos por baixo, e nos entregamos à falácia da falsa equivalência — um dos instrumentos mais eficazes para diluir responsabilidades, confundir o discernimento e relativizar valores fundamentais para a vida em sociedade.

Em uma das cenas mais importantes do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas de 2008, o Coringa propõe a seguinte ideia macabra para semear o caos na cidade: dois barcos estão cheios de explosivos. Em um deles, estão pessoas comuns de Gotham, fugindo da desordem causada pelo vilão do sorriso eterno. No outro, estão criminosos e presidiários transferidos da prisão onde estavam, para evitar uma possível fuga.

O jogo que o Coringa propõe tem como objetivo demonstrar que todo ser humano tem dentro de si um ser malvado e egoísta. Por isso, ele deixa em cada barco um detonador, dando às pessoas comuns e aos criminosos a opção de se salvarem se apertarem o botão e explodirem o barco onde eles não estão. Entendeu? Explodir o outro barco.

Para tornar o jogo ainda mais cruel, ele impõe um limite de tempo de 30 minutos — passado esse tempo, ele mesmo explodiria os dois barcos, caso nenhum deles tenha sido destruído antes.

Na mente do Coringa, no momento em que o tempo se esgotar, ele acredita que os dois barcos explodirão ao mesmo tempo, dominados pelo desejo de autopreservação, com o egoísmo e o instinto de sobrevivência se sobrepondo a qualquer outra consideração. Para ele, esse é o único desfecho lógico: uma vez iniciado o jogo, o melhor para qualquer um dos barcos seria eliminar o outro. É lógico, né?

O problema? Os participantes do jogo são seres racionais, capazes de pensar e considerar: “e se o outro lado também não apertar o botão, hein?” O verdadeiro dilema reside em saber se as pessoas têm senso comum e moralidade suficientes para colocar esses valores acima do egoísmo e do instinto de sobrevivência.

O Coringa coloca criminosos e cidadãos comuns na mesma situação moral, tentando provar que “todos são igualmente corruptíveis”. Mas o que ele ignora — de propósito — é o contexto, o histórico, a responsabilidade de cada grupo. Ele busca parecer justo, mas o jogo é distorcido desde o início. Essa cena, da prática da falsa equivalência, é um retrato perfeito da tentativa de nivelar por baixo para relativizar valores.

Mas o desfecho é o que verdadeiramente desmonta a armadilha: nenhum dos barcos aciona o detonador. No barco dos prisioneiros, um detento corpulento pede o controle, surpreendendo a todos ao jogá-lo pela janela — rejeitando a ideia de matar inocentes para salvar a própria pele. No barco dos civis, mesmo após discussões acaloradas, ninguém consegue tomar a decisão de explodir o outro grupo. Ambos os lados, em silêncio e tensão, optam pela moralidade.

E assim, o Coringa falha. Sua tese — de que todos são iguais em sua corrupção — cai por terra. Ele tentou impor uma falsa equivalência entre criminosos e cidadãos, entre bem e mal, entre ordem e caos. Mas a realidade o desmente. A humanidade, mesmo pressionada ao limite, resistiu.

Essa cena nos ensina algo profundo: nem todos sucumbem ao instinto. Nem todos os contextos são equivalentes. E, principalmente, há diferença entre certo e errado — mesmo quando as circunstâncias tentam borrar essa linha.

É nessa praia que vamos hoje: falsa equivalência!

Bom dia, boa tarde, boa noite, este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

A falsa equivalência é uma falácia lógica que ocorre quando se comparam duas situações, pessoas ou ideias como se fossem moral ou logicamente equivalentes, quando na verdade possuem diferenças relevantes que tornam a comparação inválida. É um erro de raciocínio, mas também um vício de caráter. Quem recorre a ela, muitas vezes, não está interessado em entender, mas em vencer um debate, justificar sua omissão ou atacar quem pensa diferente.

A estrutura da falsa equivalência é aparentemente inocente veja só:

  1. Situação A tem característica X.
  2. Situação B também tem a característica X.
  3. Logo, A e B são moralmente ou logicamente iguais.

Vou pegar um exemplo aqui bem bobo:

  1. Todo passarinho tem asas.
  2. Todo morcego tem asas.
  3. Logo, pássaros e morcegos são iguais.

Ou então:

Situação A: Um ex-presidente é investigado e condenado por envolvimento em um esquema de corrupção bilionário que desviou recursos públicos por mais de uma década, envolvendo empreiteiras, estatais e políticos aliados.

Situação B: Um presidente nomeia um ministro que, anos antes, foi multado por infração administrativa e responde por uso indevido do cartão corporativo em viagens.

Conclusão falaciosa: “Tá vendo? Todo governo é corrupto. Um roubou bilhões, o outro gastou mal dinheiro público… É tudo a mesma coisa!”

Você entendeu o que aconteceu? Nos exemplos, ignoramos tudo o que importa: o contexto, a proporção, a intenção, os efeitos. Em outras palavras, tratamos desiguais como se fossem iguais, o que não é apenas intelectualmente preguiçoso — é moralmente perverso.

Vamos ver alguns exemplos da vida real aqui:

  1. “Todo político é corrupto”

Essa é a mãe de todas as falsas equivalências. Quando alguém diz isso, está colocando no mesmo saco quem desviou milhões em esquemas mafiosos e quem respondeu por um erro administrativo menor. O resultado? O cidadão comum conclui que não vale a pena exigir integridade de ninguém — e assim os verdadeiramente corruptos prosperam.

  1. “Nazismo e comunismo são iguais porque mataram milhões”

Essa comparação ignora a natureza intrinsecamente distinta dos dois regimes. Ambos mataram? Sim. Mas a natureza dos crimes, os objetivos dos regimes, e a relação com a liberdade individual são muito diferentes. O nazismo foi uma ideologia de ódio racial com projeto totalitário explícito. O comunismo, por sua vez, vendeu-se como um projeto de igualdade, mas sempre degenerou em tirania. Equipará-los sem distinções é apagar nuances históricas cruciais — mas também é conveniente para quem deseja relativizar um deles.

Um comentário aqui que não está no roteiro: cara, comunismo, nazismo, os dois são uma merda, tá? O que eu estou tentando dizer aqui é o seguinte: são merdas com tons diferentes. Tamanhos diferentes, consistência diferente, mas é merda!

  1. “Opiniões valem o mesmo”

“Você tem sua opinião, eu tenho a minha.” Ok. Mas algumas opiniões são baseadas em evidência, outras em boatos. Tratar todas como equivalentes é a negação da hierarquia do conhecimento. Ciência não é voto popular. Opinião não é argumento. Quem insiste nessa equivalência quer transformar ignorância em virtude.

  1. “Cancelamento x Censura”

Muitos dizem assim: “Se você não pode dizer tudo o que pensa sem ser criticado, então vivemos censura”. Tá errado, cara. Cancelamento pode ser injusto, mas censura é quando o Estado persegue legalmente o cidadão por suas ideias. Confundir os dois é desonesto e prejudica a defesa da verdadeira liberdade de expressão — que é uma pedra angular das sociedades livres.

  1. “Crimes são crimes, independentemente de quem os comete”

É óbvio que todo crime deve ser punido. Mas equiparar um furto de supermercado com um escândalo de corrupção institucionalizada é o mesmo que dizer que roubar um pão e assaltar o erário são igualmente graves. A justiça precisa de proporcionalidade, e não de slogans populistas.

Você viu só? Ignorar o contexto, a proporção, a intenção, os efeitos é receita para praticar a falsa equivalência.

“Oi Luciano, tudo bem? Quem fala é o Danilo Stipe, sou professor aqui da Universidade Federal e eu estava ouvindo o Cafezinho 664 e o episódio do Café Brasil no 966, a gente disse é não, né? E me lembrei de uma situação assim ocorrida aqui dentro da Universidade que assim exemplifica tudo, parece que o Cafezinho, até o episódio que foi feito, não necessariamente para mim, mas em decorrência do episódio que eu vivi aqui.

E esse episódio foi uma vez que junto com um colega a gente concorreu numa uma chapa para a diretoria do centro e a gente foi literalmente trucidado pela outra chapa, justamente por não termos colocado os rótulos, por a gente não ter dito sim. Então é só para ter um comparativo outra chapa ela fez toda uma campanha baseada justamente nesses rótulos, né?

Então falando que a chapa tal é amor a chapa tal é contra homofobia, chapa tal é contra o preconceito contra a violência, né, a chapa tal é amor, que pra gente, né, para eu, para mim e para esse meu colega, isso daí é princípio básico. Então, até na hora de a gente elaborar uma estratégia de campanha, fazer a nossa, né, a gente tava mais preocupado com o que a gente tava propondo, quais seriam as modificações, melhorias que a gente podia trazer realmente baseado em gestão. Mas a gente justamente foi trucidado porque a gente não falava nada disso, a gente não queria falar justamente que o pessoal da outra chapa propunha, né, a verdade a outra chapa não propunha nada, era só a questão da empatia. Não que não seja importante, lógico, só que isso pra gente era princípio básico.

A gente não se preocupou com isso, eu não me preocupo até hoje, para falar a verdade, porque quem me conhece sabe que eu tenho esses valores, esses princípios que acredito que todo ser humano deveria ter. Então a gente sofreu, foi trucidado, então teve uma votação, uma eleição, a gente teve aí menos de 15%, 20%.

A política da universidade, ela se baseia… ela tem uma correlação muito grande com a política que a gente vê nas eleições fora. Não é nem questão de direita e esquerda. Quem não está cansado desse politicamente correto, dessa questão de que você precisa dizer sim, porque se você não dizer sim, se você não colocar que você é contra esses princípios básicos no mundo politizado e principalmente polarizado, que tal, o oposto do sim é não, então já te rotulam como algo que você é contrário àquilo.

Então eu não coloco, lógico que eu sou antifascista, sou antinazismo, vários outros ismos aí que foram ruins ao longo da história, eu não coloco. Isso não quer dizer que eu sou a favor, infelizmente.

Vamos ver Luciano, a gente vai sobreviver, se Deus quiser, tem o seu esperançoso e a gente vai sobreviver.

Um grande abraço Luciano, vida longa ao Café Brasil.”

Grande Danilo, meu caro… você entendeu direitinho o espírito do “a gente disse é não”. Hoje, se você não grita seus princípios óbvios, te rotulam como inimigo. E quando você grita, rotulam como inimigo também. Então, tá enrolado, cara. E o pior: vence quem grita mais alto, mesmo sem dizer nada de concreto. Mas, olha aqui,  não desanima, não. Principalmente dentro do ambiente universitário. Gente como você é essencial pra ajudar virar esse jogo. Seguimos juntos, firmes e lúcidos. Vida longa pra você também, e obrigado pelo carinho! Um grande abraço!

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Muito bem. Mas por que a falácia da falsa equivalência é tão popular?

A falsa equivalência é o travesseiro macio dos covardes intelectuais. Não porque ela seja verdadeira — longe disso. Mas porque é confortável. Quentinha. Aconchegante. É a desculpa perfeita pra quem quer parecer ponderado, mas não quer bancar a verdade. É o refúgio dos que se fingem de isentos, mas não passam de omissos bem treinados.

Afinal… comparar é fácil, cara. Pensar, nem tanto.

“Mas Luciano, é uma arma retórica eficiente”

Claro que é! Em vez de encarar argumentos sólidos, o sujeito joga aquela clássica: “E o fulano, hein?” — e pronto, acabou o debate por um bate-boca de boteco. A plateia vibra, o oponente se embanana, e ninguém resolve nada. No lugar da lógica, entra a fumaça. No lugar do raciocínio, o espetáculo. Funciona que é uma beleza, cara — especialmente na internet, onde todo mundo quer lacrar, mas ninguém quer entender.

“Cria uma falsa sensação de imparcialidade”

Essa é campeã, cara. O cidadão diz: “Ah, mas todo mundo erra, né?” — e se sente elevado, quase iluminado. Parece equilibrado, ponderado, justo. Mas no fundo, está passando pano. Coloca no mesmo saco quem protege a vida e quem promove a morte. Quem respeita a lei e quem a torce. Tudo em nome de uma tal “neutralidade”. Mas sabe o que é isso? Covardia disfarçada de sabedoria. E das bravas.

“Permite fugir de posicionamentos morais difíceis”

Tem hora que a gente tem que escolher um lado, meu caro. E vai doer sim. Vai incomodar. Vai tirar amigos do churrasco. Mas ficar em cima do muro é fácil demais quando tudo parece igual. Se tudo é igual, ninguém presta. Se ninguém presta, posso ficar aqui quietinho, postando frase de efeito e dando lição de moral em cima da cerca. A falsa equivalência é a bengala perfeita pra quem tem medo de se posicionar.

“Serve à covardia intelectual”

Pensar cansa. Distinguir exige esforço. E comparar mal dá menos trabalho do que estudar, refletir, entender nuances. Pega dois casos parecidos pela casca, ignora o recheio, e pronto: está feita a equivalência fajuta. É o tipo de comparação que enche a boca de quem quer parecer inteligente — sem precisar sustentar ideia nenhuma até o final. Um espetáculo de preguiça com verniz de erudição.

“Alimenta discursos ideológicos com aparência de equilíbrio”

Tem muito discurso por aí que se esconde atrás da falsa equivalência pra parecer justo. Tipo assim: “Fascistas e antifascistas são igualmente radicais.” É mesmo? Um está deendendo o autoritarismo. O outro está resistindo. Você pode até discordar dos métodos de ambos, mas colocar os dois no mesmo pacote moral, cara? É cegueira ou má-fé. A falsa equivalência é o truque preferido de quem quer desmoralizar a resistência chamando tudo de extremismo.

Um detalhe que não está n roteiro aqui: quando é que não fuciona? É quando o antifascista é o próprio fascista. Que troca de nome pra parecer virtuoo, né?

“Funciona bem em tempos de superficialidade e velocidade”

Você já tentou discutir alguma coisa séria em 280 caracteres? Boa sorte, cara. Hoje, tudo precisa caber num meme. Num post. Num reels com musiquinha. E nesse cenário, nuance virou inimiga. A falsa equivalência se dá bem porque entrega um fast food mental: fácil de digerir, mas vazio de verdade. E o povo, cansado de pensar, engole. Feliz.

“Reforça o niilismo moral moderno”

Vivemos numa era em que tudo é relativo. Nada pode ser absoluto. Falar em certo e errado virou coisa de gente autoritária. Mas toma cuidado, viu? Qando tudo é relativo, nada importa. E quando nada importa, ninguém é responsável. E onde não tem responsabilidade, não tem futuro. A falsa equivalência é o combustível desse niilismo sorridente que nos vende liberdade, mas entrega o vazio.

A falsa equivalência é a forma mais preguiçosa de parecer inteligente. Popular, sim. Conveniente, também. Mas verdadeira? Nem perto. Quem quiser recuperar o discernimento, a honestidade intelectual, o senso de proporção — vai ter que recusar essas comparações fajutas. Vai ter que assumir riscos. Vai ter que nadar contra a correnteza.

Porque no fim cara, quem nivela tudo, desce o nível de tudo.

Muito bem,  se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Eu vou dar algumas dicas sobre como escapar da armadilha da falácia da equivalência.

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Mas afinal, o que transforma uma equivalência em falácia? É simples. É quando a lógica usada pra dizer que duas coisas são “iguais” está furada. Furada, mas convenientemente convincente.

Quer ver?

Primeira armadilha: exagerar a semelhança

Dois sujeitos são comparados porque “ambos são carismáticos”. Que ótimo, cara. Só que um usa esse carisma pra unir, o outro pra manipular. A comparação cola porque a superfície é parecida, mas por baixo… tem um abismo. É como dizer que um tubarão e uma sardinha são iguais porque nadam.

Segunda armadilha: supervalorizar o que não importa tanto assim

Ambos gostam de jazz? Maravilha. Mas e daí? Se esse é o critério pra colocar duas pessoas no mesmo balaio, então o mundo tá lotado de gêmeos morais. A falácia surge quando um detalhe vira o centro da análise, e todo o resto — que realmente importa — é varrido pra debaixo do tapete.

Terceira armadilha: ignorar diferenças cruciais

“Ambos lutam por justiça.” Tá bom, mas um tá usando a Constituição, o outro tá usando um coquetel molotov. A comparação finge que o método não importa. Mas importa, e muito. Porque o meio molda o fim — e esquecer isso é abrir a porta pra todo tipo de aberração justificada por uma boa intenção.

Quarta armadilha: desprezar a proporção

Alguém furta uma barra de chocolate. Outro desvia milhões do orçamento da saúde. Aí vem o gênio do debate e solta: “Crime é crime.” É mesmo? Então tá. Daqui a pouco vão dizer que pisar na bola e arremessar uma bomba têm o mesmo peso — afinal, ambos envolvem “agressão”. Esse tipo de comparação, além de desonesta, é perigosa. Porque ela dilui o absurdo até que ele pareça aceitável.

Claro, tem sempre quem diga: “ah, mas isso é subjetivo”. E tem razão. Tem zona cinzenta, sim. Mas o fato de haver nuances não dá licença pra empurrar tudo pro mesmo canto e chamar de justo. Quem propõe uma equivalência tem a obrigação de sustentá-la. Com fatos, com lógica, com proporção. E quem contesta, idem. Aqui, ninguém sai ileso, cara. O debate exige esforço dos dois lados.

Mas temos que ser francos: na maioria das vezes, quem lança uma falsa equivalência já sabe que está jogando sujo. O truque é antigo — disfarçado de lógica, disfarçado de isenção. É uma forma de parecer sensato enquanto se pratica a confusão.

Quer saber se uma comparação é honesta? Então pergunte assim:

  • O que está sendo ignorado aqui, hein?
  • O que está sendo exagerado?
  • Essa semelhança é relevante mesmo… ou é só enfeite, hein?

Se a resposta for que tudo é meio forçado, meio conveniente, meio “jeitinho retórico”… bem, você acaba de encontrar mais uma falsa equivalência. Parabéns. Agora é só não cair nela.

A falsa equivalência não é apenas um erro lógico. É uma traição ao espírito da justiça, da verdade e da liberdade. Num mundo cada vez mais relativista, ela é o abrigo confortável dos omissos, o disfarce retórico dos covardes, e a arma dos que desejam destruir valores conservadores sob a máscara da neutralidade.

Se quisermos preservar uma sociedade baseada em mérito, responsabilidade e liberdade, precisamos denunciar essas comparações baratas. Precisamos ter coragem de dizer que certas ideias são melhores que outras. Que certas ações são moralmente superiores. Que nem tudo é “a mesma coisa”.

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O bonde São Januário
Ataulfo Alves
Wilson Batista

Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
Quem trabalha é que tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar

O bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar

O bonde São Januário
Leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar

Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Vejam vocês
Sou feliz vivo muito bem
A boemia não dá camisa ninguém, é
Vivo bem

Antigamente eu não tinha juízo
Mas resolvi garantir meu futuro
Graças a Deus
Sou feliz vivo muito bem
A boemia não dá camisa ninguém, é
Muito bem!

Olha que delícia, cara! É ao som de O Bonde de São Januário, com Gilberto Gil, que vamos saindo provocados…

Essa canção está aqui pra uma razão muito interessante: ela foi composta por Wilson Batista e Ataulfo Alves em 1940. Em pleno regime Vargas. A letra original dizia assim: “O bonde de São Januário/leva mais um sócio otário/só eu não vou trabalhar”. O DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), órgão, criado pelo governo de Getúlio Vargas durante o Estado Novo, determinou que a letra fosse modificada, pois associava a imagem do trabalhador como idiota, o oposto da proposta de governo deo Getúlio Vargas.

Na versão original, “sócio otário” criticava a exploração do trabalhador, mas o governo forçou a mudança para “operário”, criando a narrativa de que trabalhar era sempre heroico (ignorando as desigualdades). O Estado Novo apagou a crítica social do samba, impondo uma visão simplista de que “trabalhador = bom, malandro = ruim”, como se fossem opções equivalentes. O DIP justificou a mudança como defesa da ordem, equiparando crítica social a desrespeito à nação — uma falsa simetria usada para silenciar vozes dissidentes.

Qualquer semelhança com o que você está vendo por aí é mera coindecência…

No final das contas, comparar o incomparável não é só um erro — é uma escolha. E quase sempre, uma escolha conveniente para quem não quer encarar a realidade com maturidade e compromisso moral. Ou então pra quem é burro mesmo.

A falácia da falsa equivalência é a arte de parecer justo enquanto se pratica a injustiça. Rejeitá-la é um dever de quem leva a liberdade a sério.

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O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

De onde veio este programa tem muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. E eu já tenho mais de mil e duzentas no currículo. Tem escola aí. Você precisa conhecer os temas que eu abordo. Estão lá no mundocafebrasil.com.

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Pra terminar, a frase do escritor norte americano Thomas Sowell:

“Quando as pessoas querem parecer imparciais, dizem que ambos os lados erraram — mesmo quando um está tentando matar o outro.”