Olha: eu andava ressabiado aí com um certo clima de vigilância que tomou conta da internet brasileira. Sabe como é que é? Acho que você também, né?
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Václav Havel foi um escritor censurado da Tchecoslováquia, que foi preso em diversas ocasiões pelo regime comunista do seu país. Tornou-se líder do movimento em favor dos direitos humanos e, depois da queda do governo em 1989, foi eleito presidente em 1990, aparecendo como referência moral do novo regime
Em seu ensaio “O Poder dos Sem Poderes”, escrito em 1978, Havel mergulha fundo na análise do sistema pós-totalitário que dominava a Europa Oriental, especialmente na Tchecoslováquia, sob o regime comunista. O texto é uma reflexão poderosa sobre a natureza do poder, a resistência ao autoritarismo e a importância de viver “na verdade” em um sistema que exige a conformidade com a mentira. Havel não é apenas um teórico; ele é um dissidente que viveu na pele as consequências de desafiar um regime opressivo. Suas ideias são profundas, mas também práticas, e ele as apresenta de forma clara e envolvente.
Essa é a pegada do episódio de hoje, que nasceu de uma dica de um ouvinte, o Rodrigo lá de Campina Grande, que mandou um trecho do livro de Havel. Foi a Isca Intelectual para que eu mergulhasse mais fundo. O resultado está aqui e funciona muito bem se ouvido em conjunto com a Jornada Psicose em Massa, que está no cafebrasilpremium.com.br.
Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?
“Oi Luciano, bom dia, boa tarde, boa noite, me chamo Franklin, sou aqui de Curitiba acompanho seu trabalho há vários anos, apoio sempre da maneira que dá e gostei bastante da iniciativa que vocês tiveram de criar aí o playlist com os cafés Brasil musicais eu gosto bastante também.
É difícil escutar um episódio e não se emocionar e aí arrastei os episódios ali, fui lá para o começo e resolvi ouvir o 106 do Charles da flauta como eu disse, bem emocionante, achei uma história bem interessante e queria saber como ele está hoje, se você tem mais notícias dele eu poderia dar um google aí e ver como está.
Mas eu queria ouvir, quem sabe, um Café Brasil revisitando e contando como ele está hoje. Da sua boca é mais interessante. Muito obrigado por todos esses anos e até a próxima.”
Grande, Franklin, tudo bem, meu caro? Aquele episódio do Charles foi muito legal, mesmo. O que eu vi sobre ele é que patrocinado pela Unesco. Ele foi convidado para estudar música lá na Alemanha, mas um pouco antes de viajar, mergulhou de novo nas drogas, chegou a morar na cracolândia, morou um tempo nas ruas.
Passou longe da música durante muitos anos e parece que voltou a gravar em 2006 e pelo que vi hoje, aos 51 anos, dá aulas de flauta. Vamos ouvir um pouquinho dele aqui:.
Cara, você já pensou em ter um negócio funcionando 24 horas por dia, hein? Uma adega autônoma que você instala no condomínio sem precisar de funcionários, entregando vinhos top na temperatura ideal? E o melhor, tudo controlado pelo celular, com margem de 80% por venda.
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O investimento inicial é de R$ 29.900 parcelados, em até 21 vezes, com pay back estimado de 14 meses. Olha, com apenas duas vendas diárias a franquia praticamente se paga.
Mas tem mais.
Fechando o negócio, e dizendo que é ouvinte do Café Brasil, você ganha 100 garrafas do estoque inicial. 100 garrafas, cara. Só aí, já dá um faturamento de R$ 5 mil reais, que tal? Promoção limitada para quem chegar primeiro e for ouvinte do Café Brasil. Saiba mais no Instagram @Vinho24h e transforme sua vida.
“Luciano, você vem insistindo numa série de programas falando dessa coisa de totalitarismo, de deep state, de autoritaristmo… Cara, o que que estáa contecendo, hein?”
Bem, tá acontecendo que o véu está caindo, meu caro. A gente está descobrindo a extensão da teia de controle que impacta nossas vidas. Desde que Elon Musk comprou o Twitter e soltou os Twitter Files, estamos vendo quem são os jogadores, quais as estratégias e táticas usadas para dominar sem precisar usar a violência física. Tá aparecendo aí quem são os caras.
E com o retorno de Donald Trump ao poder, a promessa é que mais muros sejam derrubados e muito mais seja revelado. Por isso é muito importante entender o que está acontecendo. E não precisa olhar pra agora não. Olha pra História. A resposta está na Historia
Nos anos setenta, sob o regime comunista na Tchecoslováquia, a cultura era sufocada por uma pressão constante do aparato político. Não era uma pressão qualquer: era uma máquina muito bem afinada, que utilizava métodos variados para dobrar a vontade dos cidadãos e garantir a conformidade com o sistema.
Nesse cenário de opressão, surge Jan Patočka, eu não sei se é assim que fala. Jan Patočka mentor filosófico de Václav Havel e um dos porta-vozes da petição pelos direitos humanos, a Carta 77. Patočka pagou caro por sua coragem: em março de 1977, sofreu um derrame fatal após 11 horas de interrogatório pela polícia secreta. Sua morte simbolizou o custo brutal de resistir.
Foi nesse caldeirão que Havel escreveu “O Poder dos Sem Poder”, em outubro de 1978. A ideia inicial era que esse texto fosse o ponto de partida para um livro colaborativo entre intelectuais tchecos e poloneses sobre a natureza da liberdade. Cada autor receberia uma cópia do ensaio de Havel e responderia a ele, criando um diálogo vivo sobre a resistência. Mas a repressão mudou os planos.
A Carta 77, lançada em paralelo à publicação de “O Poder dos Sem Poder”, trouxe consequências pesadas para Havel. Sob vigilância constante da polícia secreta, ele era interrogado quase diariamente. Quando não cedeu, o regime endureceu: Havel foi preso em maio de 1979, junto com outros membros do Comitê para a Defesa dos Perseguidos Injustamente (VONS), uma organização que ele havia fundado. Sua prisão durou até fevereiro de 1983.
Após sua detenção, o plano original do livro foi abandonado, e os ensaios tchecos foram distribuídos separadamente em samizdat — a clandestina rede de circulação de textos proibidos. eu estou falando aqui de 83, muito antes da internet. Era uma resistência que desafiava a opressão com palavras, coragem e criatividade.
Em 1985, “O Poder dos Sem Poder” ganhou o mundo em uma tradução para o inglês por Paul Wilson, como parte de uma coletânea editada por John Keane. A obra reuniu vozes de dissidentes e intelectuais do Leste Europeu, incluindo uma introdução de Steven Lukes. Assim, o texto de Havel transcendeu fronteiras, inspirando gerações na luta por liberdade e dignidade humana.
No fim, o que o regime não conseguiu entender foi o que Havel tão bem colocou: quando o poder oprime, o verdadeiro poder está na coragem de dizer a verdade. Mesmo sem armas, mesmo sem força, quem vive na verdade derruba os muros mais sólidos.
Vamos dar hoje uma passeada pelos escritos de Vacláv Havel, que em “O poder dos sem poderes”, começa descrevendo o sistema pós-totalitário, que ele distingue das ditaduras clássicas. Enquanto as ditaduras tradicionais são baseadas no tiro, porrada e bomba – e no medo – o sistema pós-totalitário é mais sutil e insidioso. Ele não depende apenas da repressão, mas de uma rede complexa de manipulação ideológica e burocrática. O regime se sustenta não apenas pela força, mas pela participação ativa ou passiva de todos os cidadãos, que são levados a aceitar a mentira como verdade.
Quem ouviu os episódios do Café Brasil sobre o Deep State e PsyOps já está familiarizado com o modus operandi.
O sistema pós-totalitário é caracterizado por uma ideologia que permeia todos os aspectos da vida. Mas essa ideologia não é algo em que as pessoas realmente acreditam; é uma fachada, uma “mentira ritualizada”. As pessoas seguem as regras do jogo não porque acreditam nelas, mas porque é mais fácil e seguro. O exemplo clássico que Havel usa é o do verdureiro que coloca um cartaz na sua loja com o slogan “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”. Ele não faz isso porque acredita no slogan, mas porque é o que se espera dele. Exibindo a frase de efeito ele mostra que faz parte do movimento, que “é um dos nossos”, e com isso é deixado em paz.
Ele se protege dos cancelamentos, mas ao fazer isso, reforça o sistema, mesmo que não tenha intenção de fazê-lo.
Eu quero é botar meu bloco na rua
Sérgio Sampaio
Há quem diga que eu dormi de touca
Que eu perdi a boca, que eu fugi da briga
Que eu caí do galho e que não vi saída
Que eu morri de medo quando o pau quebrou
Há quem diga que eu não sei de nada
Que eu não sou de nada e não peço desculpas
Que eu não tenho culpa, mas que eu dei bobeira
E que Durango Kid quase me pegou
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender
Eu, por mim, queria isso e aquilo
Um quilo mais daquilo, um grilo menos disso
É disso que eu preciso ou não é nada disso
Eu quero é todo mundo nesse carnaval
Eu quero é botar meu bloco na rua
Brincar, botar pra gemer
Eu quero é botar meu bloco na rua
Gingar, pra dar e vender
Ah, que delícia, cara… esse é o hino Eu quero é botar meu bloco na rua, com Sérgio Sampaio.
Essa canção trata do desejo de expressão, liberdade e resistência, mesmo diante do medo e das adversidades. Lançada em 1972, em pleno regime militar no Brasil, a canção tem um tom aparentemente descontraído, mas carrega uma profundidade simbólica que reflete a luta contra a repressão.
Então, vamos ao momento do nosso merchan? O Café Brasil é uma produção independente, que não tem qualquer ligação com sites poderosos, com jornais. Depende para sobreviver daqueles patrocinadores e dos assinantes.
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E se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Eu vou dar algumas dicas sobre o que podemos fazer para resistir de forma inteligente, exercendo nosso poder dos sem poderes.
Se você não é assinante, é uma pena, né? A gente vai para a reta final do programa com a segunda parte dessa fala sobre o trabalho de Václav Havel.
A resistência não é privilégio dos heróis dos livros ou dos que ocupam as manchetes. Pequenas ações cotidianas, feitas com coragem e inteligência, podem ser extremamente eficazes. Aqui estão seis dicas detalhadas, com exemplos práticos e reais, de como praticar a resistência sem expor sua segurança de forma desnecessária.
- Informe-se e Eduque-se
A informação é uma ferramenta poderosa de resistência. Ao entender como os sistemas funcionam, você pode identificar brechas e oportunidades para agir com maior impacto.
Dica prática: Leia livros e artigos sobre história, política e direitos humanos. Por exemplo, obras como “1984”, de George Orwell, ajudam a entender dinâmicas de opressão.
Exemplo real: Durante a Primavera Árabe, jovens tunisianos utilizaram a internet para aprender sobre táticas de protesto não violento e compartilharam essas informações com suas redes, criando uma resistência organizada.
Como aplicar: Participe de palestras ou grupos de estudo, mesmo que online, para trocar ideias e ampliar seu repertório crítico.
- Apoie Causas e Vozes Alinhadas
Não é preciso estar na linha de frente para contribuir. Fortalecer quem já está liderando iniciativas pode ter um impacto profundo.
Dica prática: Apoie artistas, jornalistas e organizações que denunciam injustiças. Compartilhar uma matéria ou financiar projetos através de plataformas como Apoia.se são formas seguras de resistência.
Exemplo real: O jornalista Glenn Greenwald e sua equipe no The Intercept foram financiados por doadores individuais para investigar e expor casos de corrupção.
Como aplicar: Identifique projetos alinhados aos seus valores e ajude com o que pode — seja tempo, dinheiro ou conexões.
- Resista em Pequenos Gestos do Dia a Dia
Atos de resistência podem ser incorporados à rotina sem chamar atenção. Consumo consciente e escolhas éticas são bons exemplos.
Dica prática: Prefira comprar de pequenos produtores locais, que valorizem condições dignas de trabalho, ao invés de grandes marcas que exploram mão de obra.
Exemplo real: Durante a ditadura militar no Brasil, muitas famílias faziam pequenos atos de resistência, como esconder livros censurados ou apoiar artistas que usavam a música para protestar.
Como aplicar: Em vez de compartilhar conteúdo negativo ou sensacionalista, use suas redes para divulgar iniciativas positivas e inspiradoras.
- Use Sua Voz com Inteligência
Nem sempre é seguro se manifestar de forma direta. Contudo, existem maneiras criativas de expor incoerências e abrir os olhos das pessoas.
Dica prática: Utilize arte, humor ou narrativas para transmitir sua mensagem. Uma charge ou um poema pode ser mais eficaz e menos arriscado do que um discurso frontal.
Exemplo real: Na Polônia ocupada pelos nazistas, artistas usavam teatro clandestino para manter a moral alta e espalhar mensagens de resistência.
Como aplicar: Se você é criativo, crie ilustrações ou textos que exponham problemas de forma indireta. Se não, compartilhe trabalhos que ressoem com suas ideias.
- Construa Redes de Apoio
A união faz a força. Quando você se conecta com pessoas que compartilham dos mesmos ideais, cria um ambiente seguro para discussão e colaboração.
Dica prática: Junte-se a grupos comunitários, clubes de leitura ou coletivos culturais. Essas redes também podem oferecer apoio emocional e logístico em momentos de crise.
Exemplo real: O Movimento das Donas de Casa no Brasil, nos anos 1980, mostrou como redes de apoio podem pressionar por direitos, como reduções de preços abusivos.
Como aplicar: Envolva-se em atividades locais, como hortas comunitárias ou projetos educacionais, que também funcionam como espaços de resistência.
- Cultive Sua Autonomia
A dependência excessiva de sistemas ou pessoas vulnerabiliza. Tornar-se mais autônomo é uma forma de resistir à pressão externa e manter sua integridade.
Dica prática: Invista em educação financeira, aprenda novas habilidades e crie redes de sustento independente.
Exemplo real: Durante crises políticas, comunidades autônomas, como a de Chiapas, no México, demonstraram que a autossuficiência pode ser uma forma eficaz de resistir à opressão estatal.
Como aplicar: Comece a cultivar pequenas mudanças, como aprender a fazer consertos simples ou criar um fundo de emergência para momentos de necessidade.
A resistência não precisa ser sinônimo de enfrentamento direto. Ela pode ser silenciosa, criativa e estratégica. O importante é manter a verdade como guia e inspirar outros pelo exemplo. Pequenos atos, quando somados, têm o poder de transformar sociedades inteiras. Como dizia Václav Havel, “viver na verdade” é o primeiro e mais essencial passo para a mudança. Mãos à obra!
Václav Havel argumenta que o sistema pós-totalitário exige que todos vivam “na mentira”. A mentira não é apenas uma falsidade ocasional; é um modo de vida. As pessoas são forçadas a agir como se acreditassem na ideologia do regime, mesmo que não acreditem. Essa conformidade é essencial para a sobrevivência do sistema.
Quando todos agem como se acreditassem na mentira, a mentira se torna realidade.
Vou repetir: quando todos agem como se acreditassem na mentira, a mentira se torna realidade.
Mas Havel aponta que essa conformidade tem um custo moral e psicológico. As pessoas sabem que estão vivendo uma mentira, e isso as corrói por dentro. Elas perdem sua identidade, sua dignidade e sua capacidade de agir de acordo com seus próprios valores. O sistema, portanto, não apenas oprime as pessoas fisicamente, mas também as destrói moralmente.
A resposta de Havel a essa situação é a ideia de “viver na verdade”. Viver na verdade significa recusar-se a participar da mentira, mesmo que isso signifique enfrentar consequências pessoais graves. Não é necessariamente uma revolução aberta ou uma resistência organizada; pode ser algo tão simples quanto se recusar a colocar um cartaz ideológico em sua loja ou repassar pra frente uma hashtag ou então dizer o que realmente se pensa em uma reunião política.
Havel argumenta que, ao viver na verdade, as pessoas podem minar o sistema. Quando alguém se recusa a participar da mentira, isso expõe a falsidade do regime. Mostra que o rei está nu. E, mais importante, isso inspira outras pessoas a fazerem o mesmo. A resistência não precisa ser grandiosa ou heroica; pode começar com pequenos atos de coragem.
O título do ensaio, “O Poder dos Sem Poderes”, refere-se à ideia de que mesmo aqueles que parecem impotentes diante de um regime opressivo têm poder. Esse poder não vem da força física ou da posição política, mas da capacidade de viver na verdade e de inspirar outros a fazerem o mesmo. Havel argumenta que o sistema pós-totalitário depende da conformidade de todos. Quando as pessoas começam a se recusar a conformar, o sistema começa a desmoronar.
Ele também discute o papel dos dissidentes, aqueles que se recusam a viver na mentira e se tornam uma voz de oposição ao regime. Mas Havel é cuidadoso ao não romantizar a figura do dissidente. Ele argumenta que os dissidentes não são heróis excepcionais, mas pessoas comuns que simplesmente se recusam a aceitar a mentira. Eles não têm um plano grandioso para derrubar o regime; eles simplesmente vivem de acordo com seus próprios valores.
Havel enfatiza a importância da sociedade civil independente, que ele chama de “vida independente da sociedade”. Em um sistema pós-totalitário, onde todas as instituições são controladas pelo regime, a sociedade civil independente é um espaço onde as pessoas podem viver de acordo com seus próprios valores e ideais. Isso pode incluir atividades culturais, educacionais, religiosas ou políticas que não são controladas pelo Estado.
Ele argumenta que a sociedade civil independente é essencial para a resistência ao regime. É nesse espaço que as pessoas podem começar a reconstruir sua identidade e sua dignidade, longe da manipulação do Estado. Além disso, a sociedade civil independente pode servir como um modelo para uma sociedade futura, livre do autoritarismo.
No final do ensaio, Havel reflete sobre a natureza da resistência e a esperança de mudança. Ele reconhece que o sistema pós-totalitário é poderoso e que a resistência pode parecer fútil. Mas, ele argumenta que a verdade tem um poder próprio. Quando as pessoas começam a viver na verdade, elas criam uma alternativa ao sistema. Essa alternativa pode não derrubar o regime imediatamente, mas mina a sua legitimidade e abre espaço para a mudança.
Havel conclui com uma mensagem de esperança. Ele acredita que, no final, a verdade prevalecerá, porque é algo que está enraizado na natureza humana. As pessoas podem ser forçadas a viver na mentira por um tempo, mas elas nunca podem esquecer completamente a verdade. E, quando a verdade finalmente emerge, ela tem o poder de transformar a sociedade.
O que sobrou do céu
Marcelo Yuka
Ô lalá, ô lalá, ê, ah!
Ô lalá, ô lalá, êêê, ah!
Ô lalá, ô lalá, ê, ah!
Ô lalá, ô lalá, êêê, ah!
Faltou luz, mas era dia
O sol invadiu a sala
Fez da TV um espelho
Refletindo o que a gente esquecia
Faltou luz, mas era dia, dia
Faltou luz, mas era dia, dia, dia
O som das crianças brincando nas ruas
Como se fosse um quintal
A cerveja gelada na esquina
Como se espantasse o mal
Um chá pra curar essa azia
Um bom chá pra curar essa azia
Todas as ciências de baixa tecnologia
Todas as cores escondidas nas nuvens da rotina
Pra gente ver
Por entre os prédios e nós
Pra gente ver, e ver
O que sobrou do céu, uô, lalá!
E assim, ao som de O que sobrou do céu, do Rappa, com presença da Maria Rita, que vamos saindo eu espero que provocados…
Essa canção fala sobre a persistência e a busca por algo maior, mesmo diante das dificuldades. Ela reflete a ideia de que a resistência é uma jornada pessoal e constante. “Eu quero o que não está escrito, eu quero o que não tem lugar…”
Estamos entendidos, então? É assim, com pequenos, pequeninos atos de coragem e verdade, que a gente constrói a resistência. Como disse Václav Havel, não precisamos ser heróis, basta viver na verdade. Cara, é isso que eu tenho tentado fazer com o Café Brasil hpa mais de trinta anos . Vem, vem pro barco.
Reitero aqui meu convite: para de dar desculpas, junte-se aos conspiradores do Café Brasil. Acesse mundocafebrasil.com. Escolha seu plano e venha para o barco. E lembre-se também: na livrariacafebrasil temos mais de 15 mil títulos muito especiais, para quem quer conteúdo que preste! mundocafebrasil.com.
O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.
De onde veio este programa tem muito, mas muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. E eu já tenho mais de mil e duzentas, quase mil e trezentas a esta altura, no currículo. Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com.
Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.
Pra terminar, a frase da ativista birmanesa Aung San Suu Kyi
“Não é o poder que corrompe, mas o medo. O medo de perder o poder corrompe aqueles que o detêm, e o medo do flagelo do poder corrompe aqueles que estão sujeitos a ele.”