Café Brasil 962 – O dilema de Schopenhauer

Muito bem, talvez você não saiba, mas o NordVPN não é apenas um serviço de VPN que a esta altura você já sabe o que é. Ele também tem uma função de proteção contra ameaças que impede rastreamento, bloqueia malwares e anúncios intrusivos, e muito mais.

Uma VPN oculta o endereço IP real do seu computador, o que torna muito mais difícil para hackers acessarem seu sistema. E o NordVPN também criptografa tudo o que você envia por ele, sendo perfeito para aplicativos móveis, especialmente quando você não tem certeza se o app usa o protocolo seguro HTTPS. Ele pode ser usado em até seis dispositivos ao mesmo tempo.

Olha, às vezes eu encontro por aí, sites que só funcionam em determinadas regiões, mas com o NordVPN, posso aparecer como se estivesse em outro país ou até do outro lado do mundo. Isso me permite assistir canais de esportes, filmes e programas de TV que não estão disponíveis aqui no Brasil!

O NordVPN também tem recursos que garantem que, se você esquecer de ativar ou desativar a VPN, seu verdadeiro endereço IP e localização não serão expostos acidentalmente.

Se você acessar nordvpn.com/cafebrasil, eu vou repetir: nordvpn.com/cafebrasil, vai obter um ótimo desconto no seu plano. E além disso mais quatro meses adicionais grátis. Experimente, cara!

Se você não gostar, a NordVPN oferece reembolso total em 30 dias sem perguntas. De novo: nordvpn.com/cafebrasil.

Comece sua jornada de navegação segura hoje mesmo.


Você que pertence ao agronegócio ou está interessado nele, precisa conhecer a Terra Desenvolvimento.

A Terra oferece métodos exclusivos para gestão agropecuária, impulsionando resultados e lucros. Com tecnologia inovadora, a equipe da Terra proporciona acesso em tempo real aos números de sua fazenda, permitindo estratégias eficientes. E não pense que a Terra só dá conselhos e vai embora, não. Ela vai até a fazenda e faz acontecer! A Terra executa junto com você!

E se você não é do ramo e está interessado em investir no Agro, a Terra ajuda a apontar qual a atividade melhor se encaixa no que você quer.

Descubra uma nova era na gestão agropecuária com a Terra Desenvolvimento. Transforme sua fazenda num empreendimento eficiente, lucrativo e sustentável.

terradesenvolvimento.com.br.

Há 25 anos colocando a inteligência a serviço do agro. 


Quem me acompanha sabe que em 2008, aos 52 anos, eu deixei um emprego formal para me transformar num criador de conteúdo, palestrante, podcaster e educador. Não foi fácil, mas eu sabia que minha experiência profissional abriria portas para uma nova carreira. E 17 anos depois, aqui estou, cheio de planos e crescendo ano a ano.

Mas, curiosamente, reparei que muitas pessoas acumulam anos de conhecimento e vivências valiosas, sem perceber o potencial de transformá-los em uma segunda jornada ainda mais impactante. E uma tendência nos últimos anos é que profissionais dos 35 aos 80 anos, atuem como conselheiros, ajudando as empresas a tomar decisões estratégicas.

É aí que entra a Board Academy, referência na formação de conselheiros. Com uma metodologia prática e voltada para o mercado, a Board Academy tem o Board Club, maior ecossistema de conselheiros da América Latina, que oferece networking, conteúdos exclusivos e eventos conectados às melhores oportunidades.

Hoje, depender de uma única carreira não basta. O mercado exige visão estratégica, e atuar como conselheiro empresarial é uma forma poderosa de se manter relevante, gerando valor com sua bagagem profissional. A Board Academy está mudando a forma como profissionais experientes planejam o futuro.

Acesse BoardBr.com/CafeBrasil e descubra como dar o próximo salto na sua carreira.

De novo: BoardBr.com/CafeBrasil

Alan Turing, interpretado por Benedict Cumberbatch em O Jogo da Imitação (The Imitation Game, 2014), é um dos maiores gênios matemáticos do século XX e uma peça fundamental na vitória dos Aliados durante a Segunda Guerra Mundial. Ele decifrou os códigos da máquina Enigma, utilizada pelos nazistas para comunicar estratégias militares.

Turing é brilhante, metódico e extremamente dedicado ao seu trabalho, mas também apresenta dificuldades em interações sociais. Sua personalidade introvertida e sua falta de tato o afastam de seus colegas de trabalho, que frequentemente o veem como arrogante e difícil de lidar. Ele luta para ganhar a confiança de sua equipe e só encontra verdadeira amizade e compreensão em Joan Clarke, uma mulher igualmente brilhante, que desafia as convenções de sua época ao ingressar no mundo da criptografia.

Apesar de suas contribuições inestimáveis, Turing não recebe o reconhecimento que merece. Em vez disso, anos depois do fim do conflito, ele é perseguido e condenado pelo governo britânico por sua homossexualidade, considerada crime na época. Forçado a escolher entre prisão e castração química, ele se submete a um tratamento que destrói sua mente brilhante, levando-o ao suicídio em 1954.

Quem explicou essa questão foi Arthur Schopenhauer, que não era exatamente um otimista. O filósofo alemão, conhecido por sua visão de mundo um tanto sombria, tinha entre suas ideias provocativas uma que sempre rende boas discussões: a de que quanto mais inteligente uma pessoa é, maior a tendência dela se tornar antissocial.

Terá sido esse o problema de Alan Turing? A inteligência extrema, paradoxalmente, levando ao isolamento?  Vamos nessa pegada no episódio de hoje, com o qual muita gente vai se identificar…

Bom dia, boa tarde, boa noite. Você está no Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. Posso entrar?

“Grande Luciano, bom dia boa tarde boa noite a todos os ouvintes. Acabei de ouvir o episódio do Natal, bom, me chamo Regis, né? Sou aqui de São Bernardo do Campo, tenho 37 anos, sou casado, tenho um filho e já tem uns dois anos que eu conheço o Café Brasil, o Luciano.

Conheci o Luciano através de uma entrevista na revista Oeste com o Dagomir e aí de lá eu conheci o Luciano, ele começou a comentar algumas coisas sobre gosto musical, eu senti, eu estava fazendo uma corrida e senti interessante a conversa dele, fui atrás dos conteúdos e conheci o Café Brasil, conheci todo o universo que o Luciano tem e sou assinante há mais de dois anos acho já do Café Brasil e eu me dei conta que eu nunca tinha mandado um áudio para agradecer, para falar e eu estava ouvindo o episódio do Natal agora, e que episódio maravilhoso, né?

Sobre as famílias perfeitas que às vezes a gente acha que tá todo mundo feliz no Natal e muitas vezes não, muitas vezes o Natal pode ser um momento de dor, de tristeza para nós, para nossas famílias e me fez refletir.

E no final do episódio o Luciano falou que ele tava tendo que recuperar áudios de ouvintes de antigamente, né? Ele pegou até um áudio de uma moça que mora na Suíça e aquilo me pegou. Eu falei, caramba, eu nunca mandei um áudio pro Luciano, eu já tinha pensado em mandar várias vezes e nunca tinha mandado.

Então, Luciano e a equipe, a Cissa, a Lalá Moreira, a Bárbara, parabéns a todos vocês pelo trabalho, eu sou ouvinte assíduo de vocês, ouço todos os Lídercasts, todos. Toda vez que sai eu já me preparo e deixo salvo para fazer meu exercício na academia, para dar minha corrida, os cafezinhos, enfim.

O Luciano ele tem um feeling especial aí, é um cara que tava ouvindo mais um agora recente que ele falou que completou os 70 anos, né? Então é um cara que já deixou o seu legado aí. Aqueles que o ouvem nunca voltam iguais. Então parabéns a todos, um abraço, fique com Deus.”

Grande Régis, muito obrigado pelo comentário, meu caro. E por escolher estar conosco nesta jornada, como assinante, viu? Isso é fundamental pra nós. Depois da minha chamada, recebemos alguns comentários. Pouquinhos, tímidos, mas vieram, mostrando que nem todo ouvinte está inerte. Vamo que vamo, meu caro. Mas setenta só no ano que vem.

Cara, você já pensou em ter um negócio funcionando sozinho 24 horas por dia, hein? Uma adega autônoma que você instala no condomínio sem precisar de funcionários, entregando vinhos top na temperatura ideal? E o melhor, tudo controlado pelo celular, com margem de 80% por venda.

Então conheça a Vinho 24 Horas. Uma micro franquia com vinhos selecionados, a preço fixo de R$ 49,90. Eles cuidam de todo o estoque, instalação e manutenção. E a adega autônoma ainda tem uma tela para anúncios locais, gerando renda extra.

O investimento inicial é de R$ 29.900 parcelados em até vinte e uma vezes, com pay back estimado de 14 meses. Olha, com apenas duas vendas diárias, a franquia praticamente se paga. Mas tem mais.

Fechando o negócio, e dizendo que é ouvinte do Café Brasil, você ganha 100 garrafas do estoque inicial. 100 garrafas, cara. Só aí já dá um faturamento de R$ 5 mil, que tal? Promoção limitada para quem chegar primeiro e for ouvinte do Café Brasil. Saiba mais no Instagram @vinho24h e transforme sua vida.

Muito bem… a inteligência não se resume à capacidade de resolver problemas complexos ou decorar fórmulas matemáticas. A verdadeira inteligência vai muito além: envolve a habilidade de enxergar além do óbvio, conectar ideias aparentemente desconexas, compreender nuances sutis, antecipar consequências e, acima de tudo, questionar certezas que a maioria das pessoas simplesmente aceita sem pensar. Mas essa capacidade de perceber o mundo em camadas mais profundas tem um efeito colateral: o isolamento.

Pessoas muito inteligentes frequentemente se sentem deslocadas, como se vivessem em uma frequência diferente da maioria. Imagine alguém em uma roda de conversa casual, onde o assunto predominante é o último episódio do A fazenda, ou uma fofoca sobre a vida de celebridades. Enquanto a maioria se diverte e se engaja nesse tipo de conversa, o indivíduo altamente reflexivo pode se sentir alheio, incomodado, perguntando-se internamente por que essas questões despertam tanto interesse. Para ele, a vida não se resume a distrações banais, e esse desalinhamento de interesses pode criar uma barreira invisível entre ele e os outros.

Esse fenômeno pode ser observado em diversos contextos. Pense, por exemplo, em figuras como Nikola Tesla, um gênio que viveu boa parte da vida recluso, fascinado por suas invenções, mas incapaz de estabelecer relações sociais comuns. Ou um filósofo como Friedrich Nietzsche, que, em sua busca incessante pela verdade, acabou isolado e incompreendido por seus contemporâneos. Até mesmo no universo da ficção, vemos esse arquétipo com frequência: personagens como Sherlock Holmes ou Dr. House, cuja genialidade os torna brilhantes em suas áreas, mas socialmente incompatíveis com o mundo ao redor.

Isso não significa que toda pessoa inteligente está fadada à solidão, mas existe sim, uma tendência ao isolamento. Quando alguém percebe que vê o mundo de maneira muito diferente da maioria, pode sentir que falta um ambiente onde se encaixe plenamente. E, muitas vezes, a escolha mais confortável acaba sendo a introspecção. Afinal, quando os diálogos parecem rasos, quando os interesses parecem superficiais e quando as conexões parecem artificiais, a solidão pode parecer um refúgio mais satisfatório do que a conformidade forçada.

Mas há um outro lado nessa história: a inteligência também permite que esses indivíduos encontrem seus pares, pessoas com quem possam ter trocas genuínas e profundas. Grandes pensadores e inovadores podem não se encaixar em qualquer grupo, mas quando encontram círculos de mentes afins, o isolamento dá lugar a diálogos enriquecedores e colaborações transformadoras. O segredo pode não estar em tentar se encaixar em qualquer lugar, mas em encontrar os poucos lugares onde se pode ser verdadeiramente compreendido.

A palo seco
Belchior

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava
De olhos abertos, lhe direi
Amigo, eu me desesperava
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em ’76
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente, eu grito em português
Mas ando mesmo descontente
Desesperadamente, eu grito em português
Tenho vinte e cinco anos
De sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força deste destino
Ah você sabe e eu tambem sei
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues
Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em ’76
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês
E eu quero é que esse canto torto
Feito faca, corte a carne de vocês

Você ouve “A Palo Seco”, o clássico de Belchior que dialoga com a ideia de que aqueles que enxergam o mundo com mais profundidade muitas vezes se sentem isolados.

Como grandes pensadores e artistas da história, o sujeito da canção sabe que sua visão de mundo não será facilmente compreendida. A frase “Eu quero é que esse canto torto, feito faca, corte a carne de vocês” é emblemática. O “canto torto” simboliza sua arte como algo fora do convencional, que busca chocar, incomodar e despertar as pessoas para questões mais profundas. A rebeldia presente na música é a do intelectual que se recusa a se moldar ao esperado, que prefere a verdade crua ao conforto da ilusão.

Schopenhauer dizia que, para pessoas muito inteligentes, conviver com gente comum pode ser bem chato. Não é que ele se achasse melhor que os outros (bom, talvez um pouco), mas ele percebeu que quem pensa mais fundo sobre as coisas acaba achando difícil se conectar com assuntos do dia a dia. Essas pessoas sentem que as conversas normais são rasas demais, e isso faz com que elas escolham muito bem com quem querem se relacionar.

Pessoas que pensam de maneira mais complexa, que apreciam debates filosóficos, questões existenciais ou análises mais profundas sobre o mundo, podem sentir frustração ao perceber que grande parte das conversas gira em torno de trivialidades—o clima, a fofoca do momento, as banalidades da rotina. Não que esses temas não tenham valor, mas, para quem tem a mente sempre processando questões mais amplas e abstratas, esses temas podem parecer insuficientes. E essa insatisfação muitas vezes acaba num afastamento gradual, consciente ou não, dos círculos sociais convencionais.

A inteligência pode, sim, afastar uma pessoa das interações triviais, mas não precisa condená-la ao isolamento completo. O segredo talvez esteja em aceitar que a profundidade de pensamento tem um preço, mas também pode ser uma porta para conexões verdadeiras e transformadoras—mesmo que elas sejam mais raras do que as interações comuns.

A grande sacada está em compreender que inteligência não se resume apenas a enxergar as contradições e absurdos da vida, mas também a saber como lidar com essa percepção. Se a pessoa inteligente simplesmente se isola, evitando os outros e se afundando em seus próprios pensamentos, pode acabar se tornando uma ilha, um prisioneiro da própria mente. A introspecção é valiosa, mas, sem equilíbrio, pode levar a uma solidão improdutiva, onde as reflexões se tornam um ciclo fechado, sem trocas, sem desafios e sem crescimento real.

O caminho mais interessante talvez esteja em equilibrar essa consciência crítica do mundo com uma boa dose de paciência e habilidades sociais. Nem todas as interações precisam ser profundas ou existencialmente significativas para terem valor. Às vezes, a inteligência também está na capacidade de navegar entre diferentes níveis de conversa, entendendo que a leveza e a descontração também fazem parte da experiência humana. Afinal, conectar-se com os outros não significa abrir mão da profundidade, mas sim reconhecer que nem toda interação precisa ser um mergulho filosófico para ser válida.

Até parece que é fácil assim, cara.

Mesmo Schopenhauer, que advogava pelo distanciamento da “massa”, não viveu como um ermitão absoluto. Ele se cercava de livros, escrevia, trocava correspondências e interagia com um círculo restrito de pessoas que considerava intelectualmente estimulantes. Olha esse termo: intelectualmente estimulantes. Olha em volta aí… Sua solidão era estratégica, não uma rejeição total da sociedade. Isso sugere que o verdadeiro segredo pode não estar em simplesmente fugir do convívio humano, mas sim  selecionar melhor com quem e como gastamos nosso tempo.

Na prática, isso significa que a solidão não precisa ser uma maldição, mas uma escolha consciente de qualidade sobre quantidade. Qualidade sobre quantidade. Construir um círculo menor, porém mais significativo, pode ser muito mais satisfatório do que tentar se encaixar em um ambiente que não ressoa com a própria maneira de pensar. A inteligência, quando bem direcionada, permite não apenas enxergar o mundo com mais clareza, mas também criar um espaço próprio dentro dele—um espaço onde as interações são mais autênticas, as conversas mais instigantes e a solidão, quando escolhida, se torna uma aliada, e não uma ameaça.

Mas, Luciano, então ser inteligente condena alguém à solidão eterna? Não, não não, gafanhoto! Não necessariamente. Se, por um lado, há uma tendência ao isolamento quando as conversas não estimulam a mente, por outro, os mais inteligentes também possuem maior capacidade de encontrar e cultivar relações significativas. Em vez de se cercar de muitas pessoas e manter conversas superficiais, eles tendem a buscar conexões mais autênticas, baseadas em afinidade intelectual e interesses em comum. Grandes pensadores ao longo da história, como Albert Einstein, também valorizavam intensamente o poder das boas conversas e das trocas de ideias profundas, mesmo que tivessem círculos sociais menores e mais seletivos.

Além disso, a era digital trouxe uma vantagem para quem se sente deslocado: a possibilidade de encontrar pares intelectuais ao redor do mundo. Fóruns, grupos de discussão, podcasts e redes sociais especializadas criaram um espaço onde pessoas com interesses mais profundos podem interagir sem a limitação geográfica. Hoje, um indivíduo que se sente sozinho em seu contexto físico pode se conectar com mentes semelhantes em qualquer lugar do planeta.

Bom, eu não ia perder esta oportunidade, né cara? É justamente para promover um ambiente onde pessoas inteligentes interajam com assuntos importantes e nutritivos que eu criei o MLA – Master Life Administration, entre diversos programas que fazem parte do ecossistema Café Brasil, que vai muito, mas muito além deste podcast.

Então faço um chamado: se você gosta do Café Brasil, torne-se assinante. Cara, tem planos para todos os bolsos. Dê uma paradinha aí e acesse mundocafebrasil.com para se tornar um assinante. A gente espera.

E se você é assinante do Café Brasil agora vem o conteúdo extra. Vou detalhar um pouco mais a questão de que os intelectuais frequentemente se distanciam do senso comum, tornando-se mais exigentes e menos sociáveis. Esse isolamento é um preço a pagar pela busca da compreensão e da verdade.

Agora, se você não é assinante, vamos para a reta final do programa.

Então, sim, há um risco real de que quanto mais inteligente alguém for, maior a probabilidade de se tornar antissocial. A profundidade de pensamento pode, de fato, afastar a pessoa do convívio comum, especialmente quando as conversas triviais parecem vazias e o ambiente social não oferece estímulos intelectuais suficientes. Mas isso não significa que o isolamento seja um destino inevitável ou uma regra absoluta. A maneira como a inteligência é administrada faz toda a diferença.

O segredo pode estar em encontrar um equilíbrio entre a necessidade de profundidade e a importância da convivência. Nem toda interação precisa ser intelectualmente desafiadora para ser significativa. Às vezes, o simples ato de compartilhar momentos leves, rir de algo bobo ou participar de conversas aparentemente superficiais pode ter um valor emocional e social que vai além do conteúdo discutido. O erro talvez esteja em esperar que todos acompanhem um raciocínio mais complexo o tempo todo, sem perceber que a interação humana não se baseia apenas na troca de ideias profundas, mas também na empatia, na construção de laços e na experiência compartilhada da vida cotidiana.

Além disso, vale lembrar que a verdadeira inteligência não se mede apenas pela capacidade de reflexão, mas também pela habilidade de se adaptar e navegar em diferentes contextos. Saber quando aprofundar um diálogo e quando simplesmente aproveitar a companhia alheia sem exigir profundidade constante pode ser uma demonstração de sabedoria tão grande quanto qualquer insight filosófico.

No fim das contas, a inteligência só se torna um fardo se você permitir que ela o isole completamente. O desafio está então em usá-la para construir pontes, e não barreiras—para encontrar maneiras de se conectar, mesmo que nem todas as conversas sejam intelectualmente estimulantes. Porque, no final, por mais profunda que seja a mente, a necessidade humana de conexão nunca desaparece completamente. E quando bem equilibrada, a inteligência pode ser uma ferramenta poderosa não apenas para compreender o mundo, mas para se relacionar com ele de forma mais rica e significativa.

Sapato 36
Raul Seixas

Eu calço é 37
Meu pai me dá 36
Dói, mas no dia seguinte
Aperto meu pé outra vez
Eu aperto meu pé outra vez
Pai, eu já tô crescidinho
Pague pra ver, que eu aposto
Vou escolher meu sapato
E andar do jeito que eu gosto
E andar do jeito que eu gosto
Por que cargas d’águas você acha que tem o direito?
De afogar tudo aquilo que eu sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito que quer na realidade
No dia em que você souber respeitar a minha vontade
Meu pai, meu pai
Pai, já tô indo-me embora
Quero partir sem brigar
Pois eu já escolhi meu sapato
Que não vai mais me apertar
Que não vai mais me apertar
Por que cargas d’águas você acha que tem o direito?
De afogar tudo aquilo que eu sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito que quer na realidade
No dia em que você souber respeitar a minha vontade
Meu pai, meu pai

É assim então, ao som de Sapato 36, do Raul Seixas, que vamos saindo… cheios de ideias na cabeça. Eu espero, né cara?

Essa canção não fala só de um sapato apertado, mas é uma crítica à pressão de se encaixar em padrões e como isso sufoca a individualidade. Para quem pensa ou sente diferente, o mundo pode ser tão desconfortável quanto usar um sapato apertado. Essa sensação de não se encaixar pode até trazer solidão, mas também faz a gente refletir sobre liberdade, ser autêntico e encontrar um jeito de criar nosso próprio espaço em uma sociedade que só valoriza quem “cabe” em seus moldes.

No Cafezinho 658 – Cachorro azul não voa, no Youtube, @marcusvinicius9147 fez um comentário interessante:

“Há na literatura Espírita uma lição intitulada “A Solidão Dos Cimos” em que diz: “À medida que te elevas, monte acima, no desempenho do próprio dever, experimentas a solidão dos cimos e incomensurável tristeza te constringe a alma sensível.”, referindo-se à passagem do Evangelho de Mateus, 27.23. Quero dizer com isso que o nível do seu Canal, e do seu conteúdo, está muito acima da capacidade intelectiva de muitos internautas, razão pela qual ainda não foi atingida a desejada, e merecida marca dos cem mil inscritos. Sempre parabéns pelos conteúdos!”

Muito obrigado, Marcos.

É fascinante essa visão sobre essa solidão dos cimos: à medida que evoluímos, nos distanciamos da mediocridade, do conformismo, dos pequenos dramas cotidianos que aprisionam tantos. Os grandes espíritos—e aqui não falo de fantasmas, mas de mentes que se elevaram—encontram no silêncio e na introspecção o verdadeiro aprendizado.

Mas essa solidão não precisa ser abandono, tristeza. É o preço da consciência expandida. É o fardo e o privilégio de quem enxerga além da névoa.

Você quer companhia na subida? Poucos estarão dispostos. Mas, ao chegar lá em cima, perceberá que o que perdeu em multidão ganhou em clareza.

Bem-vindo ao Café Brasil.

Reitero aqui meu convite: para de dar desculpas, junte-se aos conspiradores do Café Brasil. Acesse mundocafebrasil.com. Escolha seu plano e venha para o barco. E lembre-se: na livrariacafebrasil temos mais de 15 mil títulos muito especiais, para quem quer conteúdo que preste! mundocafebrasil.com.

O Café Brasil é produzido por quatro pessoas. Eu, Luciano Pires, na direção e apresentação, Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e, é claro, você aí, que completa o ciclo.

De onde veio este programa tem muito mais. E se você gosta do podcast, imagine só uma palestra ao vivo. E eu já tenho mais de mil e duzentas no currículo. Conheça os temas que eu abordo no mundocafebrasil.com.

Mande um comentário de voz pelo WhatSapp no 11 96429 4746. E também estamos no Telegram, com o grupo Café Brasil.

Pra terminar, uma frase de Arthur Schopenhauer:

“A solidão é o destino de todas as almas excepcionais.”