Ayaan Hirsi Ali

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Ayaan Hirsi Ali (nascida Ayaan Hirsi Magan; Mogadíscio, Somália, 13 de Novembro de 1969) é uma política holandesa conhecida pelas suas críticas em relação ao Islã.

Foi deputada na Câmara Baixa (Tweeede Kamer) do parlamento holandês pelo Partido Liberal (VVD) entre Janeiro de 2003 e Maio de 2006, altura em que se demitiu do cargo reconhecendo ter mentido no processo de asilo político que lhe concedeu a cidadania holandesa.

Ayaan Hirsi Ali nasceu na Somália. O seu pai opunha-se ao regime socialista de Siyad Barre e em 1976 a família teve de fugir do país.

Aos cinco anos Ayaan e sua irmã de 4 anos sofreram a infibulação do clitóris numa cerimônia organizada pela avó, apesar da oposição do pai a esta prática. Também chamada de excisão faraônica, a infibulação é considerada a pior de todas, pois, após a amputação do clitóris e dos pequenos lábios, os grandes lábios são seccionados, aproximados e suturados com espinhos de acácia, sendo deixada uma minúscula abertura necessária ao escoamento da urina e da menstruação.

Esse orifício é mantido aberto por um filete de madeira, que é, em geral, um palito de fósforo. As pernas devem ficar amarradas durante várias semanas até a total cicatrização. Assim, a vulva desaparece sendo substituída por uma dura cicatriz. Por ocasião do casamento a mulher será “aberta” pelo marido ou por uma “matrona”, mulheres mais experientes designadas a isso. Mais tarde, quando se tem o primeiro filho, essa abertura é aumentada. Algumas vezes, após cada parto, a mulher é novamente infibulada.

Quando tinha seis anos a sua família deixou a Somália para se fixar na Arábia Saudita, depois na Etiópia e mais tarde no Quênia, onde a família obteve asilo político. Foi neste país que Ayaan fez a maior parte dos seus estudos.

Em 1992 Ayaan chegou aos Países Baixos em circunstâncias que ainda não são totalmente claras. Segundo Ayaan, o seu pai pretendia casá-la com um primo residente no Canadá. Enquanto aguardava na Alemanha pelos documentos que lhe permitiriam entrar no Canadá, Ayaan teria decido fugir para os Países Baixos, onde recebeu o estatuto de refugiada.

Trabalhou como empregada de limpeza e tradutora, antes de frequentar o curso de Ciência Política na Universidade de Leiden.

Após a conclusão dos seus estudos trabalhou para a Fundação Wiardi Beckman, um instituto ligado ao Partido Trabalhista (PvdA). A pesquisa que ela ali desenvolveu focou sobretudo a integração de mulheres estrangeiras (maioritariamente muçulmanas) na sociedade neerlandesa.

Esta pesquisa deu-lhe opiniões fortes sobre o assunto, o que resultou num corte de relações com o PvdA. Na sua opinião, não havia espaço suficiente dentro do PvdA para criticar aquilo que ela via como consequências negativas de certos aspectos sócio-culturais dos migrantes e do Islão.

No seu livro “de Zoontjesfabriek” (“Infiel”) ela criticou a perspectiva islâmica das mulheres. Na sua opinião, a cultura islâmica pretende apenas que as mulheres produzam filhos para os seus maridos. O livro também critica tradições como a circuncisão feminina, que é muito comum na Somália.

Em 2002 o Partido Liberal VVD convidou Hirsi Ali para integrar as listas do partido, tendo sido eleita deputada em Janeiro de 2003. No livro acima referido, ela diz que a oportunidade oferecida pelo VVD foi um fator importante na decisão de mudar dos trabalhistas para os liberais, de modo a trazer as suas ideias para o parlamento.

Após a publicação do seu livro, Hirsi Ali recebeu várias ameaças de morte. A maioria delas circulou na Internet e não foram consideradas sérias.

Numa entrevista ao jornal diário “Trouw” (sábado, 25 de Julho de 2003), ela afirmou sobre o profeta Maomé: “medido pelos nossos padrões ocidentais, ele é um homem perverso. Um tirano”. Hirsi Ali refere-se ao fato de Maomé ter casado com uma rapariga de nove anos. Várias organizações islâmicas e individuos islâmicos processaram-na por discriminação. No entanto Hirsi Ali não foi condenada. De acordo com o promotor público, as suas críticas “não contém quaisquer conclusões com respeito aos muçulmanos, e a sua dignidade como grupo não é negada”.

Em 2004, juntamente com o controverso realizador de cinema neerlandês Theo van Gogh, ela fez um filme intitulado “Submissão” sobre a opressão da mulher nas culturas islâmicas. O título refere-se ao Islã (que significa literalmente submissão a Alá) e foi fortemente criticado pelos muçulmanos holandeses, que o consideram uma desgraça para a sua religião. O filme mostra mulheres semi-nuas, com textos do Alcorão escritos nos seus corpos. Van Gogh, também um crítico do Islã, recebeu igualmente ameaças de morte e foi assassinado, por um muçulmano radical, em 2 de Novembro de 2004. No corpo de Van Gogh encontrava-se uma carta que referia que a próxima pessoa a ser morta seria Ayaan. A deputada teve de abandonar o país, tendo vivido durante algum tempo na Califórnia, Estados Unidos.

Em Janeiro de 2005 Hirsi Ali regressou ao parlamento holandês, tendo anunciado a sua intenção em criar uma sequência para o filme “Submissão”, desta feita focando a situação dos homossexuais masculinos no mundo islâmico.

A revista “Time” considerou-a uma das cem pessoas mais influentes no planeta em 2005.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Ayaan_Hirsi_Ali

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