Ainda dá para salvar

Com perspectiva de novo mergulho do PIB em 2016,a economia brasileira percorre uma rota suicida que equivalerá a um recuo de quase 10%  do poder de compra médio,do início de 2015 até o fim deste ano. O impacto será mais sentido no curso deste ano pois a renda do brasileiro deixou de ser recomposta pelos empregadores. Aliás, mais de um milhão e meio de pessoas perdeu seus empregos em 2015, o que equivale a dizer que terão reajuste zero e salário nenhum. A onda de desemprego terá seu efeito social danoso acentuada pela inflação resistente à baixa,por causa de um novo cenário externo que já não mais promove os produtos brasileiros de exportação,deixando produtores de       commodities minerais e agrícolas em condição financeira fragilizada.

Com menos receitas de exportação, temos mais desvalorização do real e mais repasses da perda cambial para os preços internos. Fica todo mundo mais pobre. Por esse conjunto de motivos, não adianta soprar o foguinho do consumo,como pretende o patético governo de Dilma Rousseff, ao anunciar um número vazio de R$ 83 bilhões para “ativar o consumo” quando todos os demais fatores na equação de decisão do consumidor apontam para ficarmos longe das compras e, muito mais,das financeiras e bancos. Parece que 2016 está mesmo perdido.

Mas ainda teria jeito num novo contexto,de verdadeira e decidida reengenharia do Estado. Dilma, que costuma confundir o mosquito com o vírus, não percebeu nada do que está acontecendo. O governo, no Brasil, não é a cura dos males; ele se transformou na doença. É um governo que cria mosquito de dia para soltar em cima de nós à noite. Por isso, a palavra reengenharia é palavrão para o governo acostumado a sugar e a tomar. Além do mais, na arrogância de quem ignora quase tudo, a presidente é obrigada por seus companheiros de partido a martelar a tese diabólica de que “está tudo bem,até aqui…”. É como o sujeito que já caiu da janela mas grita que está tudo OK ao passar pela janela do quinto andar. Noutro arroubo de rematada cegueira, Dilma culpou, esta semana,o resto das economias da região pelo desastre brasileiro ao afirmar o absurdo de que o Brasil só vai retomar sua capacidade de crescer se for junto com os demais países da América Latina(?!). Seria,afinal,uma referência a que países da região?. Os que ela não apoia em matéria econômica são os que cresceram mais de 3% em 2015. Até a Bolívia foi bem. Quem derrubou a região no ano passado foi a tríade vodu, que acredita em feitiçaria como política de governo. É o Brasil é quem liderou essa tríade, agora abandonada pela Argentina pois o povo deu um basta à estupidez na gestão pública. O desastre só continuará se a cegueira persistir no nosso País, ou melhor, em Brasília. Governadores e prefeitos, em sua esmagadora maioria, se esforçam para colocar as contas em dia e ficar mais eficientes. Mas a máquina de rasgar dinheiro em Brasília continua ligada a todo vapor, eliminando a vantagem do esforço coletivo. Se for aprovada a CPMF, podemos todos jogar a toalha. O resto do fôlego da economia produtiva será suprimido. Agora é rezar que a agonia passe logo e que a sorte nos ajude. Num outro ambiente político, será possível recomeçar e reconstruir a partir das ruínas da destruição perpetrada. O povo está mais do que preparado para dar respostas de apoio. Nem é preciso grande sacrifício extra para consertar o estrago. O grande sacrifício será, sim, o fato de continuarmos a assistir, inertes, à pulverização da riqueza nacional.