A ação não-ativa

Duas historinhas: 1.Um amigo encomendou um serviço de revelação fotográfica (ainda existe!), mas esqueceu de pagar a taxa de entrega de 5 reais. Ligou para a empresa solicitando que fizessem a entrega que ele passaria depois para acertar o valor. A atendente disse que ou ele pagava os 5 reais ou teria que passar na loja para retirar. Meu amigo mora a uns 60 km de distância da loja. Explicou para a moça, não houve jeito. Irritado, pediu para falar com o gerente, que repetiu a negativa, complementando: “É uma questão de fluxo de caixa”…

2.Meu filho está trocando de carro. Encontrou uma boa oferta numa loja da Citröen e fechou o negócio. Usou uma carta de crédito do consórcio e foi para casa ansioso pela liberação do possante. Uma semana depois, ligou para a loja e descobriu que tudo que aconteceu foi uma troca de emails entre a loja e o Bradesco. Já vamos para quase 20 dias desde que o negócio foi fechado e não há sinal de que o processo esteja no final. A loja empurra pro banco, que empurra para um terceiro, que empurra de volta e assim vai…

Pois bem, meu novo livro acaba de ser publicado: o Diário de Um Líder. Nele faço uma constatação curiosa: nunca se falou tanto sobre liderança, mas ao mesmo tempo jamais sentimos tanta falta de líderes. Como nas historinhas que contei, a maioria absoluta dos problemas que enfrentamos diz respeito à falta de liderança, à falta de gente com capacidade de resolver as coisas. O “gerentinho” da loja de fotografia não tinha autonomia, não tinha “expediente”, não tinha capacidade de julgamento e tomada de decisão. Era apenas um burocrata medroso que, por cinco reais, perdeu um cliente. O “gerentinho” da loja de automóveis também não passa de um escravo dos processos, conformado e inerte. Ambos praticam aquilo que chamo de ação não-ativa, se é que você me entende…

Fico imaginando a quantidade de dinheiro que as empresas gastam em treinamento dos funcionários, para obter no final um resultado pífio. O blábláblá não está surtindo efeito. Atribuo essa situação àquela velha e bem conhecida hipocrisia: falamos uma coisa e praticamos outra. Estamos amarrados por uma sociedade que precisa desesperadamente de estabilidade, fazemos um discurso hipócrita sobre inovação, autonomia e busca por oportunidades, mas no dia a dia odiamos os inovadores e as mudanças. Conformados com a burocracia e morrendo de medo de assumir riscos, substituímos a ação pelo discurso e todo mundo finge que está tudo indo bem. Ação não-ativa, meu caro.

É nesse contexto que eu lanço um livro que, a partir do óbvio, quer provocar você a rever uns conceitos sobre liderança. Conheça aqui: .

Dia 11 de Julho o DIÁRIO DE UM LÍDER será apresentado na Livraria Cultura do Shopping Villa Lobos, em São Paulo. A partir das 19 horas faço uma mini palestra e quero convidar você para que compareça. Quem sabe se sinta provocado a transformar o blábláblá em ação.

Luciano Pires

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