Café Brasil 410 – É correto ser politicamente correto?

Amigo, amiga, não importa quem seja, bom dia, boa tarde, boa noite. Este é o Café Brasil e eu sou o Luciano Pires. E hoje vamos falar de novo dele… o politicamente correto. Se você acha que isso é novidade, saiba que o conceito do politicamente correto nasceu nos Estados Unidos meio século atrás…

Posso entrar?

O podcast Café Brasil chega até você com o apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera que, como sempre, estão aí ó, a um clique de distância. www.facebook.com/itaucultural e www.facebook.com/auditorioibirapuera.

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E sabe quem ganhou o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA, acompanhado do kit DKT desta semana? Foi a Áurea Midori – você deve estar achando que a mulherada tá chegando – é nada, cara. Ela comentou assim o programa O CORRETO POLITICAMENTE INCORRETO lááááááá em 2011:

“Bom dia, boa tarde e boa noite, Luciano.

Acabei de escutar este podcast e confesso que tenho uma opinião parecida com a sua com relação à comédia da época dos trapalhões. Não vejo porque tanta polêmica.

Infelizmente estamos vivendo em uma sociedade onde a minoria nos obriga a aceitar o que não achamos certo, onde ter a sua opinião é errado e somente eles estão certos. Onde as palavras preconceito e discriminação viraram lucro certo.

Tenho saudades daquele tempo em que todos sabiam distinguir o que era brincadeira e ofensa. Hoje elas são sinônimos. Um comediante, como o Didi tem que dosar o que irá falar para não levar processo de alguém que se sentiu ofendido.

A cada dia me sinto mais americanizada. Qualquer coisa é motivo para processo. Um médico vê uma pessoa passando mal dentro do carro com os vidros fechados, quebra o vidro para salvar a vida do indivíduo e é surpreendido com um processo porque quebrou o vidro do carro. Onde vamos parar?

Essa história de discutir que a música “atirei um pau no gato” irá fazer uma criança ser violenta só por ouvir a música, ou ver o desenho de Tom e Jerry excitar a violência, não acho que é bem por aí. Cresci ouvindo essa música e assistindo esse desenho e nem por isso me tornei uma pessoa má. Coube a meus pais me explicar que tudo isso era fantasia.

Os pais de hoje querem tirar a responsabilidade de educar seus filhos, de amá-los. Acham que trabalhar e ganhar muito dinheiro basta, mas esquecem que a criança segue simplesmente os seus passos. Educação se aprende em casa e não na escola e quando o professor tenta ensinar um pouco de educação é recriminado porque não pode mexer com meu filho…

Criança precisa de limites e compete aos pais mostrar tais limites. Temos que mostrar que liberdade não é libertinagem.

Sou recém casada e espero com todo o meu coração dar a mesma educação que recebi de meus pais, sabendo distinguir o bem do mal e o meu limite. Desculpa o desabafo, mas é o que penso do mundo em que vivemos hoje.

Um super beijo, parabéns por mais um excelente podcast. Sempre que posso recomendo o seu blog e podcast aos meus amigos. Vamos despocotizar o Brasil.”

Puxa, Áurea, muito obrigado! Continue prestigiando nosso cafezinho e preste atenção que hoje vamos falar disso mesmo: o politicamente correto.

Muito bem. A Áurea ganhou um kit DKT com a marca Prudence! Em 2011 ela era recém casada, se passaram apenas uns três anos, acho que o rala e rola continua, não é? Muito bem, a DKT distribui a mais completa linha de preservativos e géis lubrificantes do Brasil, e também apoia diversas iniciativas de prevenção a doenças sexualmente transmissíveis. E também ajuda no planejamento familiar! Acesse www.facebook.com/dktbrasil e conheça mais a respeito.

Então vamos lá? Na hora do amor, use PRUDENCE.

Cara, isso é uma delícia! É o George Carlin falando da linguagem politicamente correta. Carlin era genial… Pena que tá em inglês, né? Vamos dar um jeito nisso, hein? Faça um curso de inglês pelo Skype, no dia, hora e lugar que você quiser. Com um professor de carne e osso conduzindo a aula só pra você com base em acontecimentos do dia a dia, já pensou, hein? Isso existe sim! Conheça a LOI ENGLISH, veja os depoimentos dos brasileiros que estão aprendendo inglês com eles. Acesse. www.skypeenglishclasses.com. De novo www.skypeenglishclasses.com.

Vamos lá então ao programa de hoje, hein? Que foi escrito a partir do texto É CORRETO SER POLITICAMENTE CORRETO?, do linguista Aldo Bizzocchi , publicado na revista Língua Portuguesa, ano 3, n.º 30, de abril de 2008. 2008, cara. A coisa só piora. Mas vamos lá.

Embora a linguagem politicamente correta seja invenção norte americana, expressões eufêmicas, aquelas que empregam termos mais agradáveis para suavizar a expressão, já existem no português há bastante tempo.

A língua não serve só para comunicar. É também um poderoso instrumento de persuasão e manipulação. Afinal, dominar pessoas por meio de discursos é mais eficiente do que manter um soldado em cada esquina. E muitas vezes, a manipulação ideológica se oculta sob um manto de boas intenções. É o caso da chamada linguagem politicamente correta.

Tempos atrás, o governo Lula lançou o documento Politicamente Correto & Direitos Humanos, mais conhecido como “cartilha do politicamente correto”, com 96 palavras ou expressões consideradas pejorativas, como “beata”, “comunista”, “funcionário público”, “preto” e “anão”. Essa iniciativa foi, à época, duramente criticada na imprensa.

Antes disso, já havia sido apresentado um projeto de lei determinando que todo texto oficial distinguisse “cidadãos” e “cidadãs”. (Lembra o “brasileiras e brasileiros” de Sarney, não?). Esse projeto foi questionado por representantes da sociedade civil, incluindo linguistas e gramáticos, já que em português o gênero masculino também cumpre o papel do chamado gênero complexo, que serve para nomear seres de ambos os sexos. Ou seja, a palavra “cidadãos” já subentende as cidadãs.

Mas por que iniciativas desse tipo, aparentemente nobres e justas, terminam torpedeadas até por intelectuais, hein?

Primeiro, é impossível legislar sobre a língua, ao menos em regimes democráticos (nos ditatoriais, é possível até proibir línguas, como fez o ditador Francisco Franco, na Espanha, com o catalão e o basco).

Segundo, esse tipo de interferência do Estado na fala das pessoas é fascista.

Língua
Caetano Veloso

Gosto de sentir a minha lígua roçar
A língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar
A criar confusões de prosódias
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesias está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior
E deixa os portugais morrerem à míngua
“Minha pátria é minha língua”
Fala mangueira!
Fala!
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo choo de
Carmen Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da
TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homen
Adoro nomes
Nomes em Ã
De coisas como Rã e Imã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon Chevalier
Glauco Matoso e Arrigo Barnabé e maria da
Fé e Arrigo barnabé
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode
Esta língua?
Incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Se você tem uma idéia incrível
É melhor fazer um canção
Está provado que só é possível
Filosofar em alemão
Blitz quer dizer corísco
Hollyood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o
Recôncavo
Meu medo!
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria: tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta e prosa caótica
Ótica futura
Samba -rap, chic-left com banana
Será que ela está no Pão de Açúcar?
Tá craude brô você e tu lhe amo
Qué queu te faço, nego?
Bote ligeiro
Nós canto-falamos como que inveja negros
Que sofrem horrores no gueto do Harlem
Lívros, discos, vídeos à mancheia
E deixe que digam, que pensem e que falem

Segundo o filósofo francês Vladimir Volkoff, autor de A desinformação pela imagem, o politicamente correto é resultado da mistura dos restos de um cristianismo degradado, um socialismo reivindicativo, um economicismo marxista e de freudismo em permanente rebelião contra a moral do ego.

Vou ter que repetir essa ai: o politicamente correto é resultado da mistura dos restos de um cristianismo degradado, um socialismo reivindicativo, um economicismo marxista e de um freudismo em permanente rebelião contra a moral do ego.

É a observação da sociedade e da história em termos maniqueístas, do bom ou do mal, do preto e do branco, decorrente da decadência do espírito crítico, e de uso comum entre intelectuais sem raízes. Diz Volkoff:

“Se compararmos a demolição do comunismo com a explosão atômica, diremos que o politicamente correto constitui a nuvem radioativa que acompanha a hecatombe”.

Que tal, hein? Essa é LÌNGUA do Caetano Veloso que você ouviu primeiro com a Gal Costa. Agora aqui com o próprio Caetano, com Elza Soares no refrão… Cara: Língua é ótima!

Em A Era dos Direitos, o sociólogo italiano Norberto Bobbio afirma que nunca se falou tanto em direitos (humanos, civis, dos animais, etc.) quanto hoje. O conceito de direitos humanos e civis remonta aos filósofos iluministas e à revolução francesa, mas foi retomado com força após a segunda guerra e o holocausto, em 1948, ano em que a ONU lançou a declaração universal dos direitos humanos. Um dos corolários da ideologia do respeito aos direitos humanos foi a decisão de instituir uma linguagem eticamente adequada.

Os Estados Unidos tomaram a dianteira na defesa dos direitos humanos na década de 60, com o movimento pelos direitos civis, que questionava leis racistas. Mas foi no governo Jimmy Carter, na década seguinte, que a preocupação se intensificou. É mais ou menos nesse período que surge na língua inglesa o vocabulário politicamente correto (e começam também a pipocar ações judiciais absurdas com base nessa ideologia).

O fim da ditadura militar no Brasil levou a um extremismo oposto (se antes tudo era proibido, agora é proibido proibir). A constituição de 1988 é reflexo disso. Numa época de radicalismo às avessas, vale lembrar a velha máxima latina: virtus in medio (a virtude está no meio ou: nem tanto ao mar nem tanto à terra).

Afinal, nossa língua já oferece palavras perfeitas para expressar noções como “cego”, “surdo”, “aleijado”… Os próprios clássicos fazem um nada pejorativo uso desses vocábulos. Ou será que Machado de Assis e Eça de Queirós viraram politicamente incorretos? Por que mascarar a realidade com expressões mais longas e menos precisas? Se um deficiente (ou portador de deficiência, o que é ainda pior) é alguém cujas aptidões e características físicas estão abaixo do normal, então, do ponto de vista semântico, um míope não deixa de ser deficiente visual, um calvo (ou melhor, careca) também é deficiente físico, e assim por diante. Viu só Lalá? Já podemos pedir quotas pra carecas…

Os carecas são demais
John Lennon
Paul McCartney
Carlos Imperial

Ser cabeludo é bom
Mas ser careca é demais
Ser cabeludo é bom
Mas ser careca é demais
Hoje o careca chega
Eu sei que vai abafar
Pois os carecas são demais.

Eu não vou
Deixar o cabelo crescer, não
Eu não vou
Ser cabeludo eu não sei
Sei, ei
Eu sei que vão falar
E vão até me desprezar
Eu sei que vão falar
E vão até me desprezar
Quem tem cabelo não vai
Na minha turma não sai
Pois os carecas são demais

Rararara… OS CARECAS SÃO DEMAIS, versão de Carlos Imperial para A hard Day´s Night dos Beatles, com… Os Carecas em 1965… pode?Você reparou que a musiquinha começa com lalá, lalá, lalá……

Muito bem. Da mesma forma, por que se referir a negros como “afro descendentes” e não a brancos como “euro descendentes”, hein? Esse eufemismo criado pelos americanos e introduzido no português é,além de tudo, equivocado, como todos os termos politicamente corretos: um brasileiro branco descendente de egípcios brancos é um afro descendente, não é? Aliás, se a África é o berço da humanidade, então geneticamente todos somos afro-descendentes.

Nega do cabelo duro
Chico Science

Ondulado, permanente
Teu cabelo é de sereia
E a pergunta que sai da mente
Qual’é o pente que te penteia?…

Quando tu entra na roda
O teu corpo bamboleia
Minha Nêga meu amor
Qual’é o pente que te penteia?…

Teu cabelo a couve flor
Tem um “que” que me tonteia
Minha nega, meu amor
Qual’é o pente que te penteia?
Misamplia a ferro e fogo
Não desmancha nem na areia
Toma banho em Botafogo
Qual’é o pente que te penteia?…

Nêga do Cabelo Duro
(Oh minha Nêga!)
Qual’é o pente que te penteia?
(Qual’é o pente!)
Qual’é o pente que te penteia?
(Qual’é o pente!)
Qual’é o pente que te penteia?
Oh! Nega!…(2x)

Rararara…que delícia… Primeiro você ouviu um trechinho dos Trapalhões que jamais iria ao ar hoje. E depois é o Planet Hemp com NEGA DO CABELO DURO, uma variação do clássico de Davi Nasser e Rubens Soares que foi escrito e gravado lá em 1940 e que depois seria um arraso na voz sabe de quem? Elis Regina…

Nega do cabelo duro
Davi Nasser
Rubens Soares

Nega do cabelo duro
Qual é o pente que te penteia?
Qual é o pente que te penteia?
Qual é o pente que te penteia?


Quando tu entras na roda
o teu corpo serpenteia
teu cabelo está na moda:
qual é o pente que te penteia?


Misampli a ferro e fogo
não desmancha nem na areia
tomas banho em Botafogo
Qual é o pente que te penteia?


Meu! O que você tá esperando, hein? Baixa essa música ai no teu celular, no teu Ipod, no teu computador, no teu Iphone… Elis é o máximo, cara.

Mas, eu tenho que continuar aqui… olha só.

A verdadeira democracia se apóia em direitos iguais a todos. Mas há distância entre democracia e demagogia. (Aristóteles apontava a demagogia como a degeneração da democracia.) O que temos hoje em muitos países são discursos e políticas demagógicas em relação às minorias (que às vezes são numericamente maiorias), criando leis cosméticas e mudando só os nomes das coisas, em vez de combater a desigualdade com educação, serviços públicos de qualidade e redistribuição de renda.

Exemplo de lei demagógica: no Brasil, chamar um negro de “negro” (embora seja essa a sua cor) é crime inafiançável (racismo), mas matar um negro – ou qualquer pessoa – é afiançável (homicídio). Ou seja, o que a lei diz nas entrelinhas é: se você não gosta de negros, mate-os, mas não os chame de negros.

Embora a linguagem politicamente correta seja invenção americana que a mídia brasileira veicula acriticamente, os Estados Unidos não detêm o monopólio da hipocrisia: expressões eufêmicas já existem no português há bastante tempo. Chamar o negro de “moreno” ou “de cor”, embora pareça atitude de respeito, esconde um racismo: se evitamos usar “negro”, é porque consideramos ser negro um defeito.

Apesar da aparente boa intenção, a linguagem politicamente correta só contribui para acentuar o preconceito.

É claro que há linguagem adequada a cada situação. Nenhum jornal vai referir-se ao desfile do orgulho gay como “passeata de bichas na Paulista. Trata-se de usar a linguagem com respeito, não com falsa piedade. Nesse sentido, o conceito de “politicamente correto” deveria ser substituído pelo de “linguisticamente adequado”.

É possível e relativamente fácil manipular a opinião pública por meio de palavras e expressões como “exclusão”, “tolerância”, “não violência”, que representam conceitos maleáveis ideologicamente. Afinal, em relação a quem tem telefone e computador, quem não tem é excluído. Mas, em relação a quem tem casa com piscina e jatinho, quem não tem não é igualmente excluído? Enfim, qual o critério para definir o essencial e o supérfluo?

Em sociedades multiculturais e multiétnicas como a nossa, prega-se a tolerância. Mas tolerar é diferente de amar: tolerar é não agredir quem, no fundo, odiamos. Do mesmo modo, não violência é diferente de paz ou fraternidade: a palavra “não violência” remete a violência e é, portanto, só violência reprimida.

O que a linguagem politicamente correta faz é acobertamento ideológico pelo discurso, camuflando o problema em lugar de resolvê-lo. Ao darmos nomes bonitos a coisas feias, elas nos parecerão menos feias. Assim, “recessão” passa a “crescimento econômico negativo”, “morte” vira “cessação das atividades vitais”, e “morrer” é “ir a óbito”. “Favela” se torna “comunidade carente”, e “pobreza”, “exclusão social”. Quem tem cabelo pixaim ou carapinha pode ir a um salão especializado em “cabelo étnico”. Na linguagem corporativa, chefe virou “líder”, e empregado agora é “colaborador”.

O povo, mesmo, satiriza tais expressões porque percebe o ridículo delas (vide o “tucanês” do José Simão), e aí passa a denominar anão de “pessoa verticalmente prejudicada” e careca como “deficiente capilar”. O próprio povo não usa denominações bizarras: o morador de favelas se diz “favelado” o pobre se refere à sua condição como “pobreza”, não “exclusão” ou “carência”.

Enquanto ONGs fazem o policiamento linguístico da imprensa à caça do politicamente incorreto, os próprios negros de classe baixa se tratam uns aos outros e a si de “negro”, “preto” ou “negão”, sem conotação pejorativa, mas antes carinhosa.

A falsa intelectualidade brasileira, aliás, contribui muito para aclimatar em terras tupiniquins essa hipocrisia: se Nelson Rodrigues diz que a pior forma de solidão é a companhia de um paulista, ele é gênio da literatura se um cidadão comum diz a mesma coisa, é racista.

A linguagem politicamente correta é pseudo democrática: em nome da preservação da dignidade e dos direitos humanos, exerce patrulhamento ideológico e caça às bruxas, típicos dos regimes autoritários, vendo preconceito em tudo (por exemplo, ao achar que a expressão “a coisa tá preta” é referência pejorativa à raça negra, quando é apenas a constatação do toró iminente).

Palavras como “democracia”, “cidadania”, “inclusão social”, “direitos humanos” e outras, de tão repetidas, tornam-se desgastadas e vazias de sentido ou, pior, passam a significar o contrário do que diziam originalmente. Não por acaso, é nas ditaduras que palavras como “democracia” e “cidadania” são mais usadas, sempre com sentido distorcido. É por isso que Hugo Chávez falava tanto em democracia em seus discursos. Portanto, o fato de tais palavras estarem tão em voga no Brasil atual deve ser para nós um sinal de alerta.

Cabelo duro
Itamar Assumpção

Eu tenho cabelo duro
Mas não o miolo mole
Sou afro brasileiro puro
É mulata minha prole
Não vivo em cima do muro
Da canga meu som me abole
Desaforo eu não engulo
Comigo é o freguês que escolhe
Sushi com chuchu misturo
Quibebe com raviole
Chopp claro com escuro
Empada com rocambole
Tudo que é falso esconjuro
Seja flerte ou love story
Quanto a ter porto seguro
Tem sempre alguém que me acolhe
É com ervas que me curo
Caso algum tombo me esfole
Em se tratando de apuro
Meu pai Xangô me socorre

Pronto… a Zelia Duncan matou a pau! Em vez do cabelo duro deveríamos estar é discutindo o miolo mole.

E é assim então, ao som de Zélia Duncan com CABELO DURO, de Itamar Assumpção que este Café Brasil que não quer ser politicamente correto vai saindo de mansinho.

Entendeu o recado, hein? O fato do politicamente correto estar tão em voga no Brasil atual deve ser para nós um sinal de alerta.

Com o careca Lalá Moreira na técnica, a roliça Ciça Camargo na produção e eu, este branquelo, Luciano Pires na direção e apresentação.

Estiveram conosco a ouvinte Áurea Midori, Aldo Bizzocchi, Os Carecas, Gal Costa, Caetano Veloso com Elza Soares, Elis Regina, Planet Hemp, é mole? Ah, e Os Trapalhões e George Carlin! Hoje foi brabo, viu?

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Este é o Café Brasil, que chega a você com o apoio do Itaú Cultural e do Auditório Ibirapuera.

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Pra terminar, uma frase de George Orwell:

O maior inimigo da linguagem clara é a falta de sinceridade.

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