Bom dia, boa tarde, boa noite! Tudo bem aí? Aqui tá tudo bem. Meio caótico, mas bem… Hoje vamos falar das expectativas de algumas gerações que na juventude sonhavam em construir um mundo diferente, melhor, de sonhos. E que depois de 20, 30 ou 40 anos concluiram que alguma coisa deu errada. Prepare-se.
Pra começar, uma frase do escritor Victor Hugo:
Quando somos jovens, temos manhãs triunfantes.
Este programa chega até você com o auxílio de quem sabe que a humanidade evolui a partir do conhecimento. E que o conhecimento a gente adquire durante todas as fases da vida, especialmente quando expostos à cultura. Itaú Cultural. Acesse o www.facebook.com/itaucultural e dê uma olhada nos vários programas à sua disposição. Não importa sua idade, tem algo lá que vai te enriquecer…
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E o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA, além de um apimentado KIT DKT vai para…para… O Everson Rodrigo, que comentou o programa SOLTO NAS RUAS assim:
Olá Luciano, meu nome é Rodrigo, sou estudante de Direito na UFPA campus Marabá/PA. Aqui também teve esse manifesto, como em quase todas as cidades pequenas ou grandes desse país. O primeiro que teve aqui foi quinta-feira passada, logo após, eu escrevi esse texto a seguir. Gostaria que desse uma lida e me dissesse o que achou. Obrigado desde já.
E mesmo na multidão todos os sonhos são diferentes, as pessoas estavam ali por motivos diferentes. Gente que luta por liberdade, gente que luta por seu partido, gente que prefere o socialismo, gente que não tem preferência. Houve uns, em meio a multidão, que só estavam ali pela multidão, se fosse um comício de algum atual governante, estaria lá do mesmo modo. De longe nem ouvíamos o que gritavam os da frente, mesmo assim todos aplaudiam. Eu não.
Depois me disseram que era um movimento esquerdista. Nessa hora foi como se um peso caísse sobre mim, eu fiquei exausto, vim pra casa. Não estava ali para fazer volume para partidos, ou governos, ou modos de governar. Estava ali pela vontade do povo, eu sou do povo, estava em rebelião… Esquerdista? como os russos? ou como os cubanos? ou como os chineses? são a mesma coisa.
Parece que são rebeldes sem causa. QUEREMOS SAÚDE, QUEREMOS EDUCAÇÃO!!! gritava o povo ensandecido. Depois colocaram funk, dançaram axé, e foram até o chão. Que coisa engraçada, parece que fazemos de tudo uma grande festa. Não, o momento não é de festa. Festejar o que mesmo? Ainda não conseguimos nada. O que festejar? ir até o chão?
E se conseguirmos, como será? A Dilma vai chegar e falar: “vocês terão saúde agora, terão paz, terão estradas, chega de desvio de verba pública e etc. e tal, e tal…”
Isso não foi o que ela disse na eleição passada? Não é o que todo político fala antes de se eleger?
Rebeldes sem causa. Eu sempre fui rebelde, sou reacionário, mas tenho meus interesses e minhas metas.
Terça tem mais carnaval, vamos comparecer novamente.
Olá Everson. Eu compartilho de suas dúvidas, especialmente daquela que descreve a velha situação do cachorro que late para o carro. Quando o carro para, ele não sabe o que fazer… E agora? Ainda passará muita água debaixo da ponte e acho que o governo está brincando com fogo. Não porque seja burro, mas porque querem tirar proveito da situação. Vão se queimar…
E o Everson ganhou, além do livro, um apimentadinho KIT DKT, que tem uns produtos com os quais dá pra fazer uma farra… A DKT distribui a mais completa linha de preservativos e géis lubrificantes do Brasil, todos com a marca PRUDENCE. Viste a página www.facebook.com/dktbrasil e conheça mais sobre a DKT e suas ações de marketing social. E aproveite para participar da promoção da semana, concorrendo a mais um kit DKT.
Na hora do amor, aja com PRUDENCE.
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Tudo azul. Tudo Nakata.
Sou da geração de 1956, uma molecada que nasceu e cresceu meio que num hiato. Quando surgiu o amor livre eu era jovem demais. Quando fiquei maduro, para as delícias do sexo, apareceu a AIDS… Sou da geração que era jovem demais para curtir compreender Woodstock. E em 1968, o ano das grandes mobilizações, eu tinha 12 anos de idade e morava numa cidade do interior. Quando vim para São Paulo, em 1975, uma parte importante dos acontecimentos que mobilizaram o país já havia sido deixada para trás. Mas começava uma nova fase de ebulição e acabei tomando parte em manifestações que provocaram mudanças no país.
Aos 20 anos de idade, recém chegado do interior, eu era como aquele sujeito descrito por Álvaro de Campos: eu era nada, nunca seria nada, não podia querer nada. Mas à parte isso, eu tinha em mim todos os sonhos do mundo.
E parti pra briga. Fiz parte do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Mackenzie, fui editor do jornal Análise, fui orador da minha turma, ajudei a realizar os primeiros Salões de Humor do Mackenzie, que acabaram gerando o Salão de Humor de Piracicaba e fui para as ruas gritar abaixo a repressão. Eu tinha todos os sonhos do mundo. Sonhava com um Brasil livre, justo, com educação, saúde, trabalho digno para todos. Imaginava que quando nossa geração chegasse ao poder, tirando da frente aqueles velhos que não compreendiam a voz das ruas, teríamos o país que queríamos. E foi assim que eu cresci…
Mas alguma coisa deu errado.
Passados mais de 30 anos dos meus 20 anos, concluo que vivo num país infinitamente melhor, onde as pessoas tem mais recursos, mais conforto, mais liberdade, mais facilidades para ir e vir, mais acesso à bens, mais oportunidades para crescimento… mas ainda é um país muito longe daquele com o qual eu sonhava. Conquistamos muito, mas falta muito. E a cada dia parece faltar mais.
Aquela garotada que chegou ao poder não resolveu os problemas. Na verdade, parece que grande parte dos que chegaram lá, que conseguiram uma posição de poder que pode influir nos destinos da nação, são piores do que os que vieram antes. Parece que se havia algum altruísmo naqueles anos de chumbo, ele simplesmentedesapareceu. Altruísmo tem a ver com abnegação beneficência caridade desambição desapego desinteresse desprendimento entrega filantropia generosidade renúncia.
Palavras comuns ao nosso dia a dia, mas que tornam-se esquisitas quando aplicadas ao mundo dos negócios ou ao universo da política. No entanto, era por essas palavras que eu lutava.
Mas algo deu errado.
Como nossos pais
Belchior
Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos…
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa…
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado prá nós
Que somos jovens…
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz…
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva
Do meu coração…
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais…
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos pais…
Nossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu tô por fora
Ou então
Que eu tô inventando…
Mas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem…
Hoje eu sei
Que quem me deu a idéia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal…
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo, tudo,
Tudo o que fizemos
Nós ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Ainda somos
Os mesmos e vivemos
Como os nossos pais…
Ah! Pois é. Nossos ídolos ainda são os mesmos, e as aparências não enganam, não. Esse era o clássico COMO NOSSOS PAIS, de Belchior, aqui com interpretação imortal de Elis Regina, que a gente cantava a plenos pulmões em 1974. E que continuamos a cantar hoje, como se a realidade fosse a mesma. Cara, até hoje essa música me dá um frio na barriga…
Então eu descubro um delicioso texto de Kledir Ramil chamado Elevador, que também reflete sobre todos os sonhos do mundo que temos quando somos jovens.
Quando conheci o cantor Chico Cesar, ele me olhou e começou a cantar Elevador, música de minha autoria. E, para minha surpresa, sabia a letra inteira. Chico é natural de Catolé do Rocha e eu não fazia ideia de como uma gravação do Almôndegas tinha ido parar em uma cidadezinha do interior da Paraíba. O ouvido curioso de um radialista de lá, havia descoberto a canção e transformado em sucesso local.
Elevador canta o universo mágico de artistas plásticos, atores e músicos que circulavam nos anos 70 pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde eu estudava composição e regência. É uma homenagem através da figura do velho elevador de porta pantográfica que se arrastava para subir aqueles 7 andares. Para nós, simbolicamente, depois do sétimo chakra vinha o nirvana. Lá em cima, subindo mais um lance de escada, chegávamos ao paraíso, uma magnífica trindade formada pelo bar, o centroacadêmico e a sala de aula do professor Armando Albuquerque.
Era uma época em que vivíamos de sonhos. Ali, no paraíso do sétimo andar, fizemos planos de mudar o mundo através de um novo corte de cabelo, um novo figurino e, principalmente, através de uma nova postura de vida. Foi uma geração extraordinária, que rompeu com todos os tabus sobre sexo, drogas, comportamento e atividade política. Em plena ditadura militar, debaixo de uma violência brutal, estávamos determinados a construir um mundo de paz e de amor. Para chegar ao nosso bunker, era só pegar o elevador do Belas Artes.
Portas pantográficas me lembram minha irmã Branca, que mora em um prédio antigo no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Certa vez, voltando pra casa, pegou o elevador, mas a porta não fechou bem. Enfiou a mão através da porta pantográfica e deu um leve toque na porta. Foi o suficiente. A guilhotina fechou, como se fosse a boca de um jacaré e prendeu o braço dela. Desesperada, começou a gritar: Socorro! Por favor, alguém me ajude! Socorro!.
A porta de um apartamento do térreo abriu uma pequena fresta e Branca conseguiu enxergar o rosto de um senhor, já com uma certa idade. E ao fundo, ela escutou a voz da velha, aos gritos:
– Não te mete! Não te mete! Deve ser um assalto.
Estamos vivendo tempos difíceis. Nos anos 70 sonhamos com um mundo de paz, amor e solidariedade, mas terminamos assim, com o braço preso numa porta pantográfica.
Alguma coisa saiu errada.
Elevador
Kledir Ramil
Esse elevador não vai
Além do sétimo e eu canto pra me consolar
Esse elevador não vai
Além de cores duvidosas e pouco reais
Esse elevador não vai
Além de números impressos bancos nos botões
Eu não, nesse elevador não ponho o pé eu não, pé eu não
Eu não, nesse elevador não ponho o pé eu não
Esse elevador não vai
Além de plásticos artistas supersiderais
Esse elevador não vai
Além de místicos dramáticos e teatrais
Esse elevador não vai
Além de músicos neuróticos sensacionais
Eu não, nesse elevador não ponho o pé eu não, pé eu não
Eu não, nesse elevador não ponho o pé eu não
Esse elevador não vai
Além de plásticos artistas supersiderais
Esse elevador não vai
Além de místicos dramáticos e teatrais
Esse elevador não vai
Além de músicos neuróticos sensacionais
Eu não, nesse elevador não ponho o pé eu não, pé eu não
Eu não, nesse elevador não ponho o pé eu não…
Pois é, mas afinal, o que é que pode ter dado errado? Bem, imagino que são muitos os fatores.
Talvez o primeiro deles tenha a ver com a maturidade. Aqueles jovens que tinham todos os sonhos do mundo envelheceram. Foram aos poucos percebendo que nem tudo é tão fácil como parece. Nem tudo é tão simples como parece. É preciso muito mais que vontade e energia para fazer com que as coisas aconteçam. É preciso atender aos mais diversos interesses.
Outro ponto tem a ver com a ambição humana. O ser humano quer mais. Depois que experimenta algo, quer algo melhor. Sempre melhor. E no processo de busca pelo algo melhor, passa por cima do altruísmo. Ou olha em volta, vê todo mundo se dando bem, cansa de ser o otário e parte para fazer o que todo mundo faz. E entra no jogo…
Mais outro ponto: o esfacelamento das instituições. Nesta semana vi Dilma Roussef sendo interrompida e vaiada enquanto discursava na marcha dos prefeitos. Na plateia, centenas de… prefeitos. Gente que exerce o mesmo poder de Dilma em suas micro regiões. Gritando, vaiando. Senti uma profunda tristeza ao ver a expressão da presidente. Não importa se naquele momento ela merecesse, mas ver o líder máximo do país sendo interrompido e vaiado daquela forma é triste. Demonstra que se perdeu o respeito pela instituição presidência da república.
Pode-se argumentar que foi merecido, que isso e aquilo. Mas era uma instituição sendo esfacelada. Perda total de confiança.
Mais um fator: o cultural. O brasileiro tem a cultura de contemporizar, de deixar pra depois, de perdoar, de dar o famoso jeitinho. Não gosta de punir erros, de chamar as coisas pelo nome que elas têm. Brasileiros não gostam de responsabilizar e punir – os culpados. Preferem jogar a culpa dos problemas nas costas de entidades inimputáveis. Ou de deuses. E com isso conformam-se em conviver com o torto, com o incompetente, com o mentiroso. E jamais cobram as promessas que foram feitas.
Quer mais um? A ignorância. Desconhecemos nossos direitos, trememos diante de uma autoridade, não sabemos como são as leis e os processos que orientam a sociedade. Não sabemos concluir causa e consequência. Ficamos desbundados diante de uma celebridade. Achamos que porque apareceu na Globo é verdade. E assim vamos comprando gato por lebre.
Outro ponto: fomos treinados a odiar a política. Para nós, política é coisa de bandido, de gente desonesta, de aproveitadores. Não é coisa pra nós que somos honestos e temos boa intenção.
Queremos distância dela e, agindo assim, deixamos o trono vago para os oportunistas. E depois fazemos aquilo que mais sabemos fazer: reclamamos.
Então. Essa gravação é com Zezé di Camargo e Wanessa Camargo, pai e filha. Wanessa estava grávida, com um barrigão, e essa interpretação tomou outra dimensão, emocionante.
Pois bem, tem muito mais, mas vou resumir: tínhamos todos os sonhos do mundo, mas falhamos ao não transformar os sonhos em metas, ao não colocar em prática um plano de ação, ao não permanecer na luta. Quando nos formamos, tivemos que trabalhar, ganhar a vida… e aí ficamos ocupados demais para cuidar de nossos sonhos comuns. Fomos cuidar de nossos sonhos individuais. Cada um por si.
E aí alguma coisa deu errado.
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Pois é… Agora a moçada vai novamente às ruas. Mas vai de um jeito diferente, com aquela espécie de caos organizado que caracteriza estes novos tempos. Querem tudo ao mesmo tempo agora. E os velhos senhores e senhoras que estão lá em cima tem dificuldades de entender…ou resistem a entender. Continuam tentando articular para atender a seus interesses políticos, econômicos e partidários.
Nada de novo, afinal. Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais…
E é assim então, ao som de COMO NOSSOS PAIS numa rara gravação com Amelinha, Belchior e Ednardo, o Pessoal do Ceará, que este programa cheio de esperança vai saindo de mansinho.
Com o esperançoso Lalá Moreira na técnica, a engajada Ciça Camargo na produção e eu, este jovem senhor, apreensivo, ansioso e também esperançoso Luciano Pires na direção e apresentação.
Estiveram conosco o ouvinte Everson Rodrigo, Kledir Ramil, Elis Regina, Amelinha com Belchior e Ednardo, Almôndegas, e Zezé di Camargo com a filha Wanessa.
O Café Brasil chega até você com o suporte de quem contribui, e muito, para que as vozes das ruas sejam ouvidas: o Auditório Ibirapuera, que abre suas portas para artistas de todas as vertentes. Se você ainda não foi lá, não sabe o que está perdendo. Acesse o www.facebook.com/auditorioibirapuera e entre em contato com um universo cultural que vai ajudar você a enriquecer seu repertório cultural. E aí é partir pra ação…
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Pra terminar, que tal uma frase de Oscar Wilde?
Não há mão capaz de reunir e recompor as pétalas caídas da rosa da juventude.
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