Café Brasil 297 – Jabaculê

Bom dia, boa tarde, boa noite! Olha só, um dos desafios dos podcasts, assim como de todos os programas veiculados pelos mais diversos meios, é sobreviver. Encontrar fontes de renda que gerem grana suficiente para cobrir as despesas e ainda deixar algum para os autores e produtores é sempre um desafio. Tempos atrás alguém inventou o jabá, uma prática feia que acabou se solidificando e até hoje é importante.

Pois o programa de hoje vai tratar desse assunto. O jabaculê. E aproveitando o tema, vai apresentar uma promoção com um novo patrocinador, que a gente não é de ferro, né?  Lalá, solta ela ai… (ironia…)

Pra começar, uma frase de um desconhecido:

Dinheiro não traz felicidade. Me dá o seu e seja feliz….

Este pograma,  que na verdade agora é programa, chega até você com o suporte de gente que transforma dinheiro em cultura! O Itaú Cultural. www.itaucultural.com.br. Acesse o site e descubra um mundo de conteúdos que só o dinheiro não paga…

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E o exemplar de meu livro NÓIS…QUI INVERTEMO AS COISA desta semana vai para o ouvinte ….Diego Schultz Trein, que comentou assim o programa GRANA:

“Luciano, me chamo Diego, tenho 32 anos e moro na Suiça há pouco mais de 2 anos. Esta é a primeira vez que escrevo para dar um feedback para um podcast e olha que eu escuto vários. Tá bom, nem precisa dizer, eu sei que sou preguiçoso, mas isto vai mudar.

Gostaria de deixar registrado meu espanto em relação à tua resposta à questão do ouvinte que criticou o fato de teres um banco como patrocinador. Antes que fiques preocupado, já digo: foi um espanto positivo!

Enquanto eu ouvia o texto do ouvinte, fiquei imaginando qual seria a tua resposta, imaginei que tu dirias que se um dia ocorresse um escândalo com um patrocinador do programa, tu analisaria a questão, ou ainda que o Itaú é um banco diferente, etc… Jamais imaginei que tu terias a coragem e a sinceridade de dizer que às vezes, temos que ficar calados, aceitar momentaneamente uma situação com a qual não concordamos, mas com isso, continuar vivo na campo de batalha para continuar lutando.

Parabéns por mais uma vez me surpreender e me dar mais uma lição importante na vida.

Abraços de um amigo que mora longe, Diego”

Pois é Diego, eu acredito que não existe melhor resposta que a que é sincera, mesmo que doa. Aliás, isso já está me dando a ideia de fazer um programa sobre sinceridade. Aguarde! O Diego ganhou um livro pois comentou um programa. E você aí?

Muito bem, o programa de hoje vai falar do JABÁ, a forma carinhosa de se dizer JABACULÊ, conforme publicado no “comotudofunciona” em lazer.hsw.uol.com.br, O jabaculê é um “incentivo” oferecido aos meios de comunicação de massa em troca da divulgação de determinado artista ou produto artístico.

Considerado como uma espécie de suborno atualmente, o jabaculê (ou jabá) era uma prática comum e legal na primeira metade do século 20. Conhecido pelos termos em inglês “payola” e “song plugging”, ele fez parte da estratégia de marketing empregada pela indústria fonográfica.

Segundo alguns historiadores, a prática do jabaculê contribuiu para o sucesso do rock´n´roll nas rádios norte-americanas nos anos 50. Mas, foi justamente isso que levou à sua condenação.

O repentino sucesso do rock uniu a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos e um poderoso lobby conservador, preocupado com a qualidade daquela música e dos artistas que a cantavam, numa investigação que levou à “criminalização” do jabaculê. O DJ Alan Freed, criador do nome rock´n´roll e um dos maiores divulgadores do gênero, chegou a ser condenado por receber pagamentos e participações em troca de tocar determinadas músicas.

Não se sabe exatamente a origem do termo ou quando ele passou a ser amplamente usado no meio. Uma das versões seria a que um jornalista, apaixonado pela culinária nordestina, ao receber uma certa quantia para divulgar uma dupla de cantores, teria exclamado na presença de alguns colegas, “O jabá do almoço de hoje está garantido”. Dali em diante, esses colegas passaram a utilizar a palavra com o sentido que tem hoje nos meios de comunicação. Jabaculê seria uma corruptela da expressão, ao que se sabe, também cunhada nesse sentido pelo mesmo autor.

A prática foi criminalizada em 2006 pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados do Brasil, estabelecendo penas que variam de multa a detenção de um a dois anos, além da cassação da emissora que receber o dinheiro para colocar uma música no ar.

Freak Le Boom Boom
Mister Sam

Boom boom, freak le boom boom (2x)
Only you, you better all, I shake it up, cause awh!l
I need a man and my body is for you, oh, yes
Oh I, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind
I need you, te quiero, Je t’aime, oh
Boom boom, freak le boom boom (4X)
I remember you in my heart
I need you too all the night
right here, all by my side,
Oh, yes
Oh it’s all right, I love you baby, all the time
I want you, baby, in my mind
I need, te quiero, Je t’aime, oh
boom boom, freak le boom boom (1000 x)
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Uau! Gretchen no Café Brasil!!! Você está ouvindo o super clássico FREAK LE BOOM BOOM, de Santiago Malnati, o Mister Sam, que foi lançada no álbum MY NAME IS GRETCHEN, em 1979. My Name Is Gretchen vendeu mais de 5 milhões de cópias no Brasil e 2 milhões na Argentina. É mole?…

Gretchen frequentou muito o programa do Chacrinha, e num texto publicado no Estadão.com.br , chamado “E havia o lado sombrio do Velho Guerreiro…” encontrei um pouco mais de informações sobre o jabá.

Ao fundo, em homenagem ao Chacrinha, a versão karaokê de um dos clássicos de seus programas, NÃO SE VÁ, de Jane e Herondy…. Karaokê no Café Brasil. Lalá, Ciça (e Luciano Pires, não vem não……)

Quando eu falo que a gente se diverte gravando o Café Brasil, a turma não acredita… Olha só!

Foi Chacrinha o inventor do jabaculê? Bom, essa resposta você não vai achar na cinebiografia do Velho Guerreiro. Mas se não foi Chacrinha o pioneiro, foi ele quem elevou o jabaculê (ou jabá, como é mais conhecido) a um nível sofisticadíssimo. Quem denunciou isso não foi um aventureiro nem um denunciante anônimo. Foi André Midani, nos anos 1970, quando era então um poderoso executivo da indústria fonográfica.

Mas o que é jabaculê? “Dinheiro com que se compra um jogador para que se deixe vencer, suborno”, diz o Dicionário Houaiss. Segundo o pesquisador e sambista Nei Lopes, é uma palavra de origem banta que significa “molhar a mão, subornar”.

André Midani denunciou o jabá do Cassino do Chacrinha em 1978, quando era da Warner em 1978 e procurou o programa do Chacrinha para lançar Baby Consuelo e Pepeu Gomes, ex-integrantes dos Novos Baianos. Foi quando lhe dissseram que, se não pagasse, os artistas não apareceriam no programa.

“Mas ele não inventou esse esquema, não! Que eu saiba, a invenção é bem anterior a ele. O jabá sempre existiu. Não se pode atribuir ao Chacrinha essa responsabilidade”, disse Midani ao Estadão . Na época, Midani reclamou publicamente do jabaculê do Chacrinha, o que provocou o rompimento entre os dois.

Midani conta que o rompimento durou 10 meses. “Cada um fez um gesto simbólico de reconciliação. Fizemos as pazes ao vivo. Ele me convidou para ir ao Cassino do Chacrinha e me entregou um troféu que tinha inventado”, lembra. Midani não demoniza Chacrinha pelo esquema. “Toda pessoa tem seus lados bons e seus lados menos bons, virtudes e vicissitudes. Dentro daquele folclore dele, o Chacrinha tinha um sentido apurado do que era comercial e do que era artisticamente importante, e isso você não vê mais hoje.”

Para André Midani, todos os grandes nomes de sucesso no Brasil pagaram jabá para consolidar suas carreiras. “É uma perversão do mercado. Mas você sabe tanto quanto eu o quanto Chacrinha foi revolucionário. Tinha um sentido cômico, artístico e comercial que era único.” Assim como os artistas pagam, os programas cobram, e aí se incluem desde talk-shows famosos quanto aparições em reality shows de grande repercussão.

O jabá é caracterizado pelas seguintes atividades:

– Compra de um determinado número de execuções diárias de uma determinada música nas emissoras de rádio

– Compra de espaço para apresentação de artistas em programas de auditório

– Aliciamento de jornalistas para obtenção de comentários favoráveis

Com o jabá é possível construir do dia para a noite um grande sucesso musical. Dizem os especialistas que com cerca de 70 mil dólares é possível fazer uma música tocar seguidamente nas 80 principais emissoras de rádio do Brasil, que contaminarão as outras 5 mil emissoras, produzindo um sucesso instantâneo que passa como um meteoro, vende CDs, promove show e desaparece.

Mim Quer Tocar
Roger Rocha Moreira

Dinhero!; Dinhero!; Dinhero!; Dinhero!;

Mim quer tocar
Mim gosta ganhar dinheiro (dinhero!)
Me want to play
Me love to get the money (the money!)

Mim é brasileiro
Mim gosta banana (banana!)
Mas mim também quer votar
Mim também quer ser bacana (bacana!)

Mim quer tocar
Mim gosta ganhar dinhero (dinhero!)
Me want to play
Me love to get the money (the money!)

Mim gosta tanto tocar
Mim é batuquero (conhero!)
Mas mim precisa ganhar
Mim gosta ganhar dinhero (dinhero!)

Mim quer tocar
Mim gosta ganhar dinhero (dinhero!)
Me want to play
Me love to get the money (the money!)

The money! money!
Dinhero! dinhero!
Money! money!
Dinhero! dinhero!
Money! money!
Dinhero! dinhero!
Hei nheero! inheerooo!…

Dinhero! dinhero!
Dinhero! dinhero!

Mim quer tocar
Mim gosta ganhar dinhero (dinhero!)
Me want to play
Me love to get the money (the money!)

The money! money!
Dinhero! dinhero!
Money! money!
Dinhero! dinhero!
Money! money!
Dinhero! dinhero!
Hei nheero! i nheerooo!…

Rararara…essa é mais uma das pérolas do ULTRAJE A RIGOR, Mim Quer Tocar de Roger Rocha Moreira. Essa é de 1983

Bem, com o tempo o jábá passou a designar informalmente, de forma bem humorada, também qualquer outra forma de promoção de produtos, serviços e marcas em programas. Diz-se que uma propaganda é um jabá, por exemplo. Mas na verdade isso é apenas para dar um tom bem humorado.

Pois vamos ao mais novo jabá do Café Brasil!

Pois bem… Neste programa estamos começando uma promoção com um cliente muito especial: a NAKATA, fabricante de componentes de suspensão e direção para automóveis e veículos pesados. O cliente é especial pois fez parte da minha história quando trabalhei na Dana Indústrias e coordenei o processo de comunicação com o mercado quando a empresa adquiriu a Nakata. Por anos, eu fui o responsável pelas propagandas dos produtos Nakata no mercado. E agora a Nakata vem pro Café Brasil! Não é legal?

O negócio é o seguinte: a Nakata está lançando sua página no Facebook: www.facebook.com/componentesnakata , (Nakata com K) onde a empresa vai publicar conteúdos relacionados à SEGURANÇA NO TRÂNSITO  e MANUTENÇÃO PREVENTIVA. E nós vamos fazer um auê aqui no Café Brasil para que nossos ouvintes acessem a página da Nakata e dêem um “like” por lá. Mas a coisa não é tão simples assim… Vai pintar uma promoção e você tem que prestar atenção, veja só:

Ao acessar a página da Nakata no Facebook você poderá publicar um relato CURTINHO sobre uma situação em que você ficou na mão por falta de manutenção preventiva em seu carro. Sabe aquele mico que você pagou naquelas férias descendo a Serra do Mar, com o motor fervendo? Ou aquela vez que você ficou na estrada com uma pane elétrica? Pois é… a turma da Nakata quer ouvir a sua história!

Pra dar um exemplo, eu vou contar aqui uma historinha que é verdadeira! O ano era 1977 e eu estava em viagem com dois amigos pelo nordeste do Brasil, num Passat. Estávamos numa estrada entre Mossoró e Tibau, no Rio Grande do Norte, quando tivemos um problema com pneu furado. Na hora de trocar o pneu, cadê a ferramenta pra tirar os parafusos? Meu amigo havia usado para outra coisa e não voltou pro lugar. Nós ficamos ali na estrada sem ter o que fazer.

O dono do carro pegou uma carona num caminhão para Mossoró, para tentar achar a ferramenta e nós ficamos aguardando. Um morador de uma casinha na beira da estrada, bem humilde, um caipira mesmo, veio com os filhos nos procurar e insistiu para que fôssemos à casa dele, onde nos recebeu de maneira calorosa. Sentamos, batemos papo e ele nos ofereceu uma cachaça e outras cachacinha!

Ficamos encantados com a gentileza daquela pessoa, que interessante! Quando nosso amigo chegou nos despedimos para ir arrumar o pneu e o senhor gentil apresentou a conta. Ele cobrou as cachacinha que serviu! Aquela gentileza era só parte do negócio. Pagamos e fomos embora contabilizando o prejuízo que não foi financeiro, foi moral…

Viu como é simples? Uma historinha curta que você pode publicar no www.facebook.com/componentesnakata (Nakata com K). E atenção que agora vem o mais legal: a promoção vai durar seis meses. E a cada final do mês, as três melhores histórias serão escolhidas e aquela que tiver mais “curtir” ou “likes” vai ser a vencedora do mês. E vai ganhar sabe o que? Essa foi interferência nossa aqui. O vencedor vai ganhar um iPod Touch pra baixar o podcast Café Brasil direto do iTunes!!!! Sacou? São seis iPods Touch, um por mês, pelos próximos seis meses, que você pode ganhar se publicar sua historinha no www.facebook.com/componentesnakata . Que tal?

E então vem As Histórias do Jabá – Yes, nós temos jabá!!, publicada pelo músico Leoni em seu blog MUSICALÍQUIDA.

Ao fundo mais uma pérola… dessa vez o instrumental de FUSCÃO PRETO, de Atílio Versuti e Jeca Mineiro, que tornou-se sucesso na voz de Almir Rogério…. A Ciça e o Lalá estão desesperados pra cantar, mas dessa vez, não vai rolar….

Quando a maioria das rádios se interessava por música, o lançamento de um artista importante era disputado a tapa pelas principais emissoras. Todas queriam exclusividade. Por exemplo, quando a Warner ia lançar um novo single da Madonna, procurava saber que rádio estava em primeiro lugar na audiência em cada cidade importante e dava a esta uma ou duas semanas de exclusividade de execução.

Com tal privilégio a rádio era beneficiada com ainda mais audiência interessada em ouvir em primeira mão a nova música da artista. Um jogo com vários ganhadores: a gravadora, o artista e a rádio beneficiada. Com isso a gravadora conseguia convencer as rádios a tocarem outros artistas do seu cast. A moeda de troca era música.

Há alguns anos, quando os CDs vendiam horrores e o jabá imperava, se Deus, pessoalmente – o Deus que você quiser – viesse a Terra para visitar uma emissora de música jovem com retransmissoras por todo o território nacional e dissesse que compôs uma canção divina, com melodia sublime, uma letra celestial, embora escrita em linhas tortas, e que, na sua banda, o solo de guitarra foi tocado pelo Jimi Hendrix, o de trompete pelo Miles Davis, nas guitarras e nos backing vocals ele contou com John Lennon e George Harrison, que a Janis Joplin, a Cássia Eller, a Elis Regina, o Tim Maia e o Elvis Presley completaram o coro, ele ouviria um muxoxo desinteressado e algumas frases sobre a canção não se adaptar ao perfil da rádio, que os artistas não são jovens, que faz tempo que eles não lançam nada novo, que o programador tem que escutar, mas que tem muita coisa esperando na fila e no final viria uma sugestão de “promoção” que ficaria entre R$ 30.000,00 e R$ 50.000,00 para 40 dias de execução, duas vezes por dia e algo sobre renovar o “acordo” depois disso. E a música? Provavelmente nem seria ouvida. Porque isso não é mais o que importa. Claro que essa postura fez com que, cada vez menos, esse seja um veículo para descobrir artistas interessantes e diferentes. O veículo ficou mais importante que o conteúdo.

Eu sempre digo e insisto: nunca se fez tanta música boa como se faz no Brasil de hoje. O problema é que 99% do que se produz não toca nos veículos de alcance de massa. E a questão do jabá, como escreveu o Leoni, explica: o veículo ficou mais importante que o conteúdo, sacou o jogo? Esse é o grande prejuízo do jabá: ele só valoriza o mérito dos projetos de marketing, nunca dos projetos artísticos. Por isso tanto lixo tocando enquanto verdadeiros tesouros são esquecidos.

Mas você pensa que o jabá é só na música? Então ouça o texto a seguir, de Carlos Alberto Dória, publicado no blog e-bocalivre. Chama-se: Do jabaculê ao bundalelê…

Houve época em que certo crítico gastronômico de um prestigioso matutino ligava para os restaurantes e avisava: “Vou jantar ai com cinco amigos”. E ai de quem não os recebesse! Ia embora, agradecia muito e nenhuma menção de pagar. Depois, saia uma notinha elogiosa na sua coluna. Era uma troca clara, e ele nunca falhava. Era um homem de princípios. Vida dura essa do crítico que precisava sair à caça de cada jantar. Era injusto chamar de jabaculê.

Depois veio a moda das “assessorias de imprensa” que trabalhavam – e como! – para os próprios restaurantes. Levavam convidados, colunáveis que não pagavam e, numa troca nem sempre explicita, aparecia nas colunas sociais: “Fulano de tal jantou um filé em tal restaurante, junto com Beltrano, enquanto discutiam os destinos da Nação”.

Em seguida, veio a época dos press releases. As assessorias inundavam as redações dos jornais com folhas e folhas impressas contando as virtudes dos restaurantes e isso gerava alguma movimentação nos jornais, que saiam a campo para investigar.

Depois, os jornais reduziram custos, cortaram equipes e os press releases se tornaram uma forma privilegiada de contato com o mundo.

A gastronomia foi se tornando uma ideologia do bem-viver à qual, espontaneamente, mais e mais gente adere. E, por fim, parte da imprensa se desmaterializou. Hoje, além dos jornais, os blogs cairam nas graças das assessorias. As caixas de mensagens são abarrotadas de releases. E além de press releases, as assessorias tomam a liberdade – e bote liberdade nisso! – de sugerir que o blogueiro escreva isso ou aquilo, faça um post exaltando as qualidades de tal  e tal azeite, de tal ou qual carne; do restaurante x ou y; do festival de não sei onde; e assim por diante.  

Há também convites para degustações, bundalelês tipo “liberou geral”. Os blogueiros amadores se sentem vips. Do anonimato, para a festa por conta de alguma relevância detectada pelas ferramentas Google.

Excetuando o período daquele colunista que pagava honestamente o que comia com elogios, por que caminho os donos de restaurante foram convencidos de que poderiam medir a eficácia da difusão de informações por centímetros de colunas de jornais, sem qualquer mediação do leitor?

E por quais descaminhos as assessorias de imprensa chegaram à conclusão de que jornalistas e blogueiros estão sempre à espera de alguma coisa-bundalelê da parte de quem lida com alimentos? Muitos blogs (que não são fruto do jabaculê, mas de honesta dedicação), mostram como surfam numa eterna festa, noite após noite, sempre novidadeiros, sempre elogiosos. Um simples brigadeiro é motivo de grossa celebração. São os blogs-bundalelê. Eu só peço a Deus um pouco de malandragem!

O Ouro e a Madeira
Ederaldo Gentil

O ouro afunda no mar
Madeira fica por cima
Ostra nasce do lodo
Gerando pérolas finas

Não queria ser o mar
me bastava a fonte
Muito menos ser a rosa
simplesmente o espinho
Não queria ser caminho
porém o atalho
Muito menos ser a chuva
apenas o orvalho

Não queria ser o dia
só a alvorada
Muito menos ser o campo
me bastava o grão
Não queria ser a vida
porém o momento
Muito menos ser concerto
apenas a canção

E é assim, ao som de O OURO E A MADEIRA de Ederaldo Gentil com o Conjunto Nosso Samba que o Café Brasil de hoje que tratou do jabá enquanto anunciava seu mais novo jabá, vai saindo de mansinho.

Não esqueça: conte sua historinha lá no www.facebook.com/componentesnakata. (Nakata com K). Quem sabe você leva um iPod Touch pra casa?

Com Lalá Moreira na técnica, Ciça Camargo na produção e eu, Luciano Pires, na direção e apresentação e às vezes dirigindo o karaokê.

Estiveram conosco o ouvinte Diego Schultz Trein, Leoni, Conjunto Nosso Samba, Ultraje a Rigor e…Gretchen!

Este é o Café Brasil, um programa que não tem jabá para as musicas tocadas e que valoriza acima de tudo a produção artística, o conteúdo.

Este programa chega até você com o apoio do Auditório Ibirapuera, que também não dá chance ao jabá e toca o melhor da música, venha de onde vier. www.auditorioibirapuera.com.br , acesse o site e veja a programação dos projetos artísticos sinceros.

E pra terminar, uma frase de outro anônimo:

O dinheiro é a raiz de todos os males. Envie 20 reais para maiores informações.

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